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História " As Long As We Are Together " - Annabeth


Escrita por: itzandysrc

Capítulo 25 - Annabeth


Insistimos para que ela recebesse alta à tarde, quando acordasse do sono provocado pelos últimos remédios. Então Emori finalmente cedeu. Apesar do medo, e dos cuidados que precisaríamos tomar para que sua cabeça não sofresse impacto algum, queríamos levá-la para passar o aniversário em casa. Enquanto Lexa trocava suas roupas no quarto, Emori receitou alguns remédios caso ela tivesse dores de cabeça, me indicou fonoaudiólogos e fisioterapeutas, além de recomendar uma escola que oferecesse apoio especial. Observei todos os nomes no papel, minha mente me levando para bem longe dali.

—Você está assustada? — Ela perguntou, anotando alguma coisa em um papel. 

—Honestamente, muito. Eu não sei se vou ser tão boa nisso. Vou ter que lidar com uma nova Annabeth. 

—Bem, você pode começar conhecendo ela. Aprendendo quem é a nova Annabeth, fazendo amizade com ela. De uma coisa você já sabe: ela é sua filha. 

Sorri agradecida, e guardei os papéis na bolsa. Emori terminou de escrever o que estava escrevendo, e me entregou a folha, com um sorriso. Abaixei os olhos para ler.

“Atesto para devidos fins que tudo ficará bem. Conte comigo. Obrigada por tudo. 

Amo vocês.

Ps.: Sua proposta de me colocar em sua obra é perigosa demais. Eu gosto disso. Tente apenas me deixar legal.”

Sorri assim que terminei e pulei em cima de Emori, abraçando-a com força. 

—Obrigada, obrigada, obrigada. Você é incrível. 

Ela riu e me abraçou de volta, bagunçando meu cabelo —Ah, esse livro vai ser um sucesso!

Eu havia conversado com ela há algum tempo e ela me prometeu pensar no assunto. E ali estava minha resposta. Eu estava saltitando de empolgação. 

—Maaaa... — Ouvi a doce voz infantil atrás de mim. Afastei-me um pouco de Emori para encontrar Annabeth no colo de Lexa, usando uma blusa preta com algumas margaridas desenhadas e calça branca, pequenos coturnos pretos nos seus pés. Sorri, encantada. Pelas duas. Pela forma que Lexa olhava para Annabeth, como se ela fosse à coisa mais importante do mundo. E talvez fosse.

—Oi, meu amor. Você está bem? — Perguntei me aproximando devagar. Anna assentiu, e sorriu quando beijei sua bochecha rosada. 

—Então, meninas. Odeio despedidas, mas preciso ir para casa dormir até o mundo acabar. 

Olhamos para Emori com um sorriso de canto. Um sorriso agradecido. Emori sorriu de volta, mesmo cansada. Seu cabelo estava uma bagunça e ela tinha olheiras enormes, mostrando o quanto havia se esforçado. E ali estava nossa garotinha, viva, graças ao esforço, o sono perdido, a dedicação daquela médica. 

—Obrigada, Emori. — Lexa disse, sinceramente. 

—Obrigada. — Repeti, tentando segurar uma lágrima. Eu tinha mesmo que ser tão emotiva?

—Gada, Emori — Annabeth falou depois de nós, distraída enrolando os dedos no cabelo de Lexa, e nós explodimos em sons nasais como "owwwwn". Emori pediu para levar Annabeth até o lado de fora, e assim que a pegou nos braços, saiu da sala quase correndo, arrancando risadas da garotinha. 

—Sabe o que é incrível? — Lexa perguntou, me abraçando por trás e me guiando até a porta da sala. — Viemos parar aqui em um relacionamento indefinido, e agora vamos casar.

Abri um sorriso de orelha a orelha, me lembrando de tudo com amor, e não mais com dor. Encontramos Annabeth e Emori do lado de fora, observando como a primavera se aproximava lentamente, tentando vencer o inverno. O céu tinha um belo tom de azul e a temperatura era agradável. O inverno não tinha mais chance contra a felicidade e as cores das novas flores crescendo no chão.

xxx

Guiei o carro devagar, tentando não deixar que ele balançasse para que Anna não batesse a cabeça, tentando colocar meus pensamentos em ordem enquanto seguia. Tentando.

—Anna? — Chamei, pela terceira vez. Ela estava no banco de trás com Lexa - que provavelmente havia caído no sono - e eu não conseguia parar de me preocupar.

—Anna — Repetiu, como havia repetido todas as vezes que eu chamara. Suspirei, aliviada.

—Já vamos chegar em casa, certo?

—Hmm. Fome... Eu... Fome — A criança enrugou o nariz, parecendo desapontada por não conseguir terminar sua frase. Perguntei-me se ela sabia o que estava acontecendo com sua mente.

—Está com fome? É isso? 

Ela assentiu freneticamente. Ri observando seu sorriso satisfeito pelo espelho quando encostei o carro na frente de casa. Ela se inclinou e tentou empurrar a porta. Mas é claro que não abriu. Annabeth pareceu brava com isso, acertando socos aleatórios na janela. 

—Ei, Anna, não. Não pode abrir sozinha. Você pode cair. Que tal acordar a mamãe Lex? 

Ela pareceu brava por mais alguns segundos, antes de se inclinar na direção de Lexa, com um sorriso travesso.

—Ma-maaaaa! — Gritou. Um grito agudo que ecoou pelo carro, fez meus ouvidos doerem e Lexa saltar em seu lugar. Continuei tapando meus ouvidos quando ela olhou em volta tentando despertar, com medo da sua reação, mas logo vi pelo espelho quando Annabeth pulou em seu colo, abraçando seu pescoço, se esforçando para pronunciar um "bom dia". E então Lexa retribuiu o abraço, encantada demais pela filha para se importar com seu susto. E eu sorri. 

—Mama Lex. Eu...comer. Fome — Ela apontou para sua barriga, fazendo uma expressão de dor. 

—Você está com fome? Diga meu amor. Só "eu estou com fome" 

—É. Hm...eu fome. Comer. 

Lexa suspirou. Nós estávamos tendo algumas dificuldades para lembrar que Anna não era mais a mesma, e que aquilo era difícil para ela. Eu estava apenas torcendo para que fossemos devagar. 

—Sinto cheiro de Waffles. Quem quer? — Sugeri, tentando mudar de assunto. Annabeth comemorou quando eu fui até o outro lado do carro para ajudá-la a descer, mas quando colocou seus pés no chão, se desequilibrou e precisou me segurar para ficar de pé.

—Ela ainda não recuperou seu equilíbrio — Lexa suspirou, saindo do carro e pegando a criança no colo. Olhei em seus olhos quando tranquei a porta do carro e ela ficou de pé novamente. Parecia tão cansada com tudo, mas ainda conseguia me lançar um olhar carinhoso. Sorri, entre um suspiro, e ela bateu sua testa de leve na minha.

—Tudo bem? — Me preocupei. Ela sorriu e beijou meu nariz, antes de beijar o de Anna e voltar a me olhar.

—Estou me acostumando. Mas nós estamos juntas. Isso é o que importa. Apesar de que depois que nós comermos eu vou dormir até o mundo acabar. 

Ri suavemente e beijei seus lábios. 

—Waffles — Anna murmurou, parecendo entediada. Nós rimos e avançamos para casa.

Pequenos raios de sol iluminavam o mundo entre as nuvens aquela manhã, e eu pude ver a cicatriz atrás da orelha de Annabeth, que ia até o outro lado da cabeça passando perto da nuca, comprovando sua cirurgia. Mesmo com tudo tão diferente, eu ainda me sentia sortuda apenas por tê-la. Não poderíamos rejeitá-la nem pelo pior motivo. Nunca conseguiríamos. 

—Waffles! — Repetiu, quando entramos em casa. 

—Waffles de aniversário — Lexa sussurrou para Anna, antes de me entregar a garotinha e seguir para a cozinha. Liguei a TV, na esperança de que ela gostasse de algum desenho, mas a menina parecia mais interessada em me fazer cafuné, o que me faria dormir em questão de segundos. Não tentei impedir. Suas mãos eram macias e carinhosas, movendo-se devagar. Só percebi que tinha cochilado quando ouvi seu grito ao meu lado.

—Mama Lex! Waffles da Anna! — Gritou, agitando as mãos. Eu teria que me acostumar com essas reações, e com um novo despertador. Lexa trouxe o prato com quatro Waffles, um pote de nutella e outro pote com mel. Mas assim que ela se deitou, depois de entregar um Waffle com Nutella para Anna, abracei sua cintura e fechei os olhos. 

—Não vai comer? 

—Aham — Dei uma mordida no Waffle em suas mãos e voltei a deitar a cabeça seu peito — Pronto. Agora vou dormir. 

—Idiota — Ela riu e beijou minha testa, antes de ouvirmos Annabeth gritar. De novo. 

—Anna, não precisa...

—Chuva! — Apontou para cima. De fato, uma chuva leve caia lá fora. Mas Annabeth cobria a cabeça como se pudesse se molhar com isso.

—Ei, estamos do lado de dentro. A chuva não pode nos alcançar — Expliquei, tentando não soar cansada ou irritada. 

—Preciso... Aquilo, aquilo, aquilo! — Ela apontou para o guarda-chuva atrás da porta, balançando a mão freneticamente. Suspirei e enterrei a cabeça na curva do pescoço de minha noiva, tentando não surtar com o cansaço. 

—Querida, está tudo bem. Não caiu uma gota em você até agora, viu? — Lexa explicou, cansada, e então a criança começou a chorar. Não um choro com gritos apenas para conseguir o que queria, mas um choro com lágrimas, que soava desesperado. Era impossível que alguém conseguisse ignorar aquilo.

—Deus, fique calma só por um minuto! — Eu disse um pouco mais alto do que deveria assim que levantei para pegar o guarda-chuva. A chuva estava piorando e Annabeth só gritava mais alto, o que deixava minha mente em um nível de cansaço absurdo. Entreguei o guarda chuva preto para Lexa, que me lançou um olhar decepcionado e balançou a cabeça negativamente, puxando Anna para perto. Ela abriu o grande guarda-chuva acima delas e abraçou a garotinha, balançando-a devagar no colo, apesar de ela continuar chorando, tapando os ouvidos. Uma onda de culpa me atingiu. Droga. Eu não deveria ter gritado. Não deveria ter assustado a garotinha que eu jurei proteger. Senti-me o pior tipo de ser humano que poderia existir quando vi minha doce Annabeth erguer os olhos para mim e se encolher quando eu sentei ao lado das duas. 

—Ei. Eu não quis...

—N-não... Não g-gr...grita — Ela gaguejou, o rosto avermelhado, a língua enrolando mais do que o normal. A culpa veio dez vezes pior.

—Anna, não, eu não vou gritar — Falei baixo, quase sussurrando, tentando usar meu tom mais carinhoso — Eu não quero gritar com você nunca, nunca mais, me perdoe. Por favor, pequena. 

Ela pareceu pensar por alguns minutos que eu passei apenas observando seus belos olhos azuis, pensando no quanto ela era importante.

—Sai da chuva — Falou baixo, estendendo a mão. Senti-me quase incapaz de ir até ela. Envergonhada. Como ela podia ser tão boa enquanto eu era tão má? Lexa me puxou para perto, permitindo que Annabeth me abraçasse e que eu abraçasse as duas ao mesmo tempo, chorando por medo, arrependimento, felicidade, exaustão. Anna tocou cada lágrima, uma de cada vez, até que o choro parasse. E então eu dormi em paz, pela primeira vez, protegida da chuva e ao lado das pessoas que eu mais amava.

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Acordei quando ouvi um toque insistente em algum lugar perto de mim. Abri os olhos com dificuldade e olhei em volta. Lexa esticou a mão para pegar o celular no bolso, e atendeu ainda de olhos fechados. Voltei a deitar a cabeça em seu ombro, ainda com sono, e ela colocou o celular no viva voz, para deitar também. 

—Ei, Clexa. Onde está minha discípula? — Octavia berrou. Forcei-me a abrir os olhos para checar onde Annabeth estava, e sorri quando vi a pequena deitada no espaço entre nós, abraçando minha cintura e com as pernas jogadas nas coxas de Lexa.

—Dormindo. Como eu também estaria se você não tivesse ligado — Lexa resmungou, com sorriso de canto. 

—Assim você quebra o clima todo, docinho. Não vou deixar essa criança ser chata como vocês duas. Vamos festejar!

—Oi pra você também, Octavia — Murmurei, abrindo um sorriso sem querer. — Não vou deixar você levar minha filha para uma balada. Ela está fazendo seis anos. Não dezoito. 

—Uma pena, Griffin. Mal posso esperar para...

—Tavi? — A voz sonolenta de Annabeth fez a de Octavia morrer. A garotinha demorou alguns segundos para acordar e então ficar de pé por segundos até conseguir alcançar o celular e cair sentada novamente. — Alô, Tavi, Tavi. Cadê você?

Dei-me conta de que Octavia não sabia sobre a nova Anna, que juntava letras e falava devagar, e então de que ninguém sabia. Como eu poderia explicar? Lancei um olhar preocupado para Lexa. Ela se inclinou para poder falar no celular.

—Podemos "festejar" aqui em casa? Tem coisas para explicar. Tem alguém que você precisa conhecer.

Octavia respondeu algo como "Ahã", parecendo um pouco confusa. E então desligou. Annabeth olhou para o telefone, desapontada, e depois olhou para nós, os olhos brilhando com lágrimas.

—Tavi não disse aniversário da Anna. 

Apesar da frase ter ficado confusa por alguns segundos, nós a abraçamos ao mesmo tempo, suas lágrimas tocando meus ombros, fazendo meu coração apertar. Anna sabia que deveria receber um "feliz aniversário" de Octavia, e se sentiu decepcionada quando não recebeu. Ela sabia de muitas coisas que eu nem imaginava...

—Difícil falar — Ela falou baixo, sua voz tristonha quebrando meu coração. Oh. Ela sabia muito bem que tinha algo diferente acontecendo. Ficamos em silêncio, tentando confortá-la com um abraço porque simplesmente não tínhamos palavras naquele momento. Não havia nada para ser dito ali. Era apenas nosso momento. 

Quando Anna ficou mais calma, na medida do possível diante da situação desesperadora de não conseguir falar como antes, nós tentamos deixá-la mais animada anunciando que festejariamos seu aniversário, e funcionou. 

—FESTA! — Comemorou, gritando. Não ligamos para a dor no ouvido todas as vezes que ela gritava daquele jeito. Sua felicidade era a nossa. Não importava o quão alta fosse.

—Então vamos nos arrumar, mocinha. Estamos todas com cheiro de hospital — Lexa torceu o nariz, e levantou Annabeth no ar — São cinco da tarde. Deveríamos ganhar um prêmio por dormir tanto. 

—Eu... Não dormi... Muito— A garotinha murmurou, parecendo envergonhada. E então desviou o olhar para os Waffles. Ou só para o prato, vazio.

—Você comeu? — Eu ri o rosto de Anna ficando mais vermelho enquanto ela assentia. — Meu Deus, Anna, você comeu sozinha! Você é incrível!

Ela pareceu confusa quando beijamos suas bochechas, seu rosto mais avermelhado do que eu achei que fosse possível. 

— Pelo menos você está alimentada. Suas mamães vão morrer de fome daqui a pouco. 

—NÃO! — Ela gritou e agarrou minha noiva como se quisesse impedir que ela se movesse. Nós rimos novamente.

—Você está assustando ela, sua monstra. — Lexa repreendeu, colocando a menina em meus braços. — Vou pedir pizza e você dá banho nela, certo? — Assenti, ofegando com a proximidade. Ela sorriu da forma mais sedutora possível, e tapou os olhos de Anna antes de me dar um beijo cheio de saudade e felicidade. Como eu sentia falta daquele calor, daquela língua aveludada, do sentimento de poder respirar aliviada.

Ela se afastou repentinamente, piscando na direção de Annabeth, que nos encarava com uma expressão nada satisfeita.

—Monstra — Resmungou, com os braços cruzados. Imediatamente lembrei-me de uma coisa, um sorriso aparecendo em meu rosto.

"—Hipócrita — Lexa murmurou, quando conseguiu colocar a árvore para dentro. Annabeth correu para perto dela, e me olhou de volta.

—É, hipó...hm...hipopótamo? Hipopótamo! — Falou de braços cruzados. A morena a pegou nos braços abraçou e beijou a bochecha milhões de vezes, e eu derreti milhões de vezes vendo aquilo. Eu nunca iria conseguir me acostumar com o quanto eu amava minha família. 

—Obrigada por ter me chamado de hipopótamo, dona Annabeth. Muito obrigada — Falei, me aproximando. A garotinha escondeu o rosto no pescoço de Lexa — Você vai deixar ela mimada.

—Exatamente. E você também, se já não estiver — Minha namorada tapou os olhos da criança e me beijou. Não pude evitar as batidas aceleradas do meu coração quando ela puxou meu lábio inferior com os dentes e nos separou com um sorriso. Quando Annabeth finalmente conseguiu abrir os olhos, não havia nada para ver.

—Hipopótamas — Disse de braços cruzados, com um bico enorme nos lábios. Lexa e eu beijamos suas bochechas e ela riu, voltando a se animar"

 

Aquela era nossa Anna. A mesma de sempre. Sorri ao perceber que eu conhecia a nova Anna mais do que achava que conhecia. 

xxx

—VISTAM SUAS ROUPAS CLEXA — Ouvimos um grito no andar debaixo. Lexa rolou os olhos e se virou para ir até lá, ainda secando o cabelo. Anna arregalou os olhos e bateu palmas sentada na cama.

—Tavi, Tavi. Tavi Aniversário da Anna Pizza da Anna Festa da Anna Bolo da Anna — Falou rápido, comemorando. Eu estava tão feliz por ela conseguir falar e não se aborrecer por errar algo que nem me importei da frase não fazer muito sentido. Dei um beijo em sua cabeça e segurei suas mãos, para checar se ela podia ficar de pé. Anna tentou, mas se desequilibrou e agarrou minhas pernas, bufando e tentando andar de novo, mas dessa vez caiu sentada. Peguei a menina no colo, levantando o mais alto que pude, e ela voltou a sorrir. 

—Está tudo bem. As princesas são carregadas no colo. Você gostou do seu vestido? — Ela olhou para baixo, tocando o vestido azul bebê com flores rosadas que Lexa havia comprado para ela, e então balançou a cabeça para cima e para baixo com força. Sorri e beijei sua cabeça, ainda sem nenhum fio de cabelo. 

—Tavi. — Murmurou, apontando para a porta. Ela estava realmente muito ansiosa, quase pulando do meu colo enquanto descíamos a escada, meus ouvidos doendo quando ela berrava o novo nome de Octavia. 

Quando chegamos, Octavia estava sentada no sofá ao lado de Raven, Lexa na frente delas sentada na mesinha de centro. E eu sabia exatamente sobre o que estavam falando. Assim que chegamos, Anna enlouqueceu, estendendo os braços para que Octavia a pegasse. Mas a mulher parecia sem movimento.

—Ela vai estourar os tímpanos da minha noiva se você não for lá logo — Lexa alertou. Octavia pareceu despertar, passando as mãos no rosto e vindo até nós. 

—E-eu... Eu sou Tavi? —Ela perguntou olhando diretamente para mim.

—É. Ela está tendo um pouco de dificuldade com as palavras então ás vezes junta as coisas. Lexa é Mama Lex. E você é Tavi. Como...

Nesse momento, parei de falar. Meu coração disparou quando senti que perdia o equilíbrio de Anna em meus braços, como se tivesse derrubado. Só pude respirar aliviada quando vi que ela havia pulado no colo da mulher em minha frente, que agora abraçava a pequena com carinho.

—Oi, baixinha. Feliz aniversário — Ela sussurrou. Annabeth havia finalmente parado de se balançar, e agora abraçava a maior, brincando com seus fios bagunçados de cabelo. Afastei-me até cair sentada ao lado de Rae. 

—Clarke! —Ela comemorou, mas logo uma careta de dor tomou conta do seu rosto, e depois um sorriso. Arqueei uma sobrancelha para aquela reação. — O bebê parece bem animado com a idéia de que pode ficar...uh...me dando pontapés. 

—Ou com minha presença — Abri um sorriso quando me inclinei, deitando no sofá e espalhando beijos pela elevação na barriga, onde o bebê mexia o pé devagar. Ele pareceu se encolher quando encostei meus dedos no lugar, e eu ri. — Você é um quebra clima, Aden. Quando você nascer eu vou te pegar no colo e você não vai conseguir fugir. 

Levantei o olhar e encontrei belos olhos verdes me olhando com admiração. Ah, Woods. Quando ela iria aprender que me olhar daquele jeito só me causaria arrepios e faria meu coração querer pular para fora?

—Noivas e ainda parecem às mesmas de antes — Rae suspirou, nos olhando com um sorriso —Agora, vocês parecem exatamente como a Lexa e a Clarke que saíam para encontros de madrugada ou que em uma festa lotada não conseguiam tirar os olhos uma da outra. Vocês sabem quantos casais continuam assim apesar de tudo? Vocês são raras. O mundo precisa de menos paixões, e mais amor. Vocês entendem o que eu quero dizer? Acho que a gravidez me deixa emotiva. 

Troquei um olhar com Lexa. É claro que nós havíamos entendido, e isso era uma honra. Ter a confirmação de que depois de tudo nós éramos as mesmas, e nosso medo de perder todo o sentimento no meio da dor havia se perdido no meio da história. Abraçamos Raven ao mesmo tempo porque nada poderia nem deveria ser dito. As palavras estavam em falta naquela noite. 

—Rae, sua mulher vem vindo com essa criança que ela roubou. Importa-se se eu roubar a Clarke por um minuto? — Ouvi a voz de Lexa em um sussurro e sorri. Octavia caiu em cima de mim antes que pudéssemos receber alguma resposta sobre aquilo.

—Ai, isso dói, O.— Reclamei, tentando me virar e derrubá-la. Ouvi a risada desesperada das mulheres ao meu lado e bufei, procurando ar nos meus pulmões pressionados contra o sofá.

—Se eu cair daqui sua filha cai também. Sua coluna ou ela. Escolha.

—Saia daí, sua gorda mórbida — Lexa conseguiu dizer entre uma gargalhada. Senti o peso sendo diminuído e só tive tempo de respirar fundo, sentando para conseguir ar, antes que Anna caísse em meu colo. Ela me olhou com um sorriso por segundos antes de se inclinar para abraçar Rae.

—Pega sua criança. Vou embora. Não sou gorda e estou magoada.

—Ahh! — Lexa saltou do sofá e pulou em cima de Octavia, abraçando com força. — Só preciso falar com minha noiva um pouco. Você sabe. 

Elas trocaram um olhar rápido e então Octavia abriu um sorriso. "Inferno, você está parecendo a Rae quando tem ataques de estou-grávida-e-preciso-de-sexo. Vá logo.", ela sussurrou. Senti meu sangue concentrado em minhas bochechas e nem tive tempo de perguntar sobre as intenções de Lexa. Ela pegou minha mão e me levou até a cozinha.

—O que está acontecendo? 

—Niy estará aqui logo. Emori também. Ela provavelmente vai estar parecendo uma zumbi, mas é importante para Anna.

—Hm, certo. Então... Você precisava dizer isso aqui?

—Não — Ela sorriu com a expressão mais safada do universo e me puxou para onde não poderíamos ser vistas. — Não posso ficar muito tempo sem beijar você. 

—Abstinência, hm?

Lexa apenas assentiu antes de colar nossos lábios em um beijo quase desesperado. Apoiei minhas mãos em seus ombros quando ela segurou minha cintura, me inclinando para frente, sua língua explorando cada cantinho da minha boca como se fosse algo novo. Quando ela ameaçou me soltar, puxei seus cabelos. Ela cambaleou para trás e eu a encostei na parede, minhas mãos em seu pescoço segurando firme alguns fios de cabelo, nossas respirações desesperadas colidindo. 

—Alguém vai aparecer aqui e me ver com a língua na sua garganta — Ela murmurou, mordendo meu lábio, respirando fundo e depois voltando a me beijar. — As coisas vão ficar perigosas. Alguém...

—MAMA! — Ouvimos aquela conhecida voz bem atrás de nós. Virei-me com uma mão no coração porque senti que ele pularia para fora. Octavia segurava a criança nos braços e tinha um sorriso diabólico nos lábios.

—É isso que suas mães fazem quando ficam sozinhas — Octavia explicou. Anna nos olhava com a boca aberta, uma expressão confusa. E tudo só piorou quando o rosto de Niylah apareceu atrás das duas, com um sorriso travesso.

—Uh-la-la. Momento ruim? — Minha amiga perguntou, analisando cuidadosamente as expressões de todas naquela sala. Senti meu rosto ficar mais quente enquanto elas riam baixinho. Lexa estava parecendo um pimentão. 

—Odeio vocês. Eu vou gravar vocês duas quando estiverem dando o beijo mais quente de suas vidas e vou postar isso em todas as redes sociais existentes. — Lexa murmurou, acariciando minha cintura antes de sair da cozinha.

—Beijo! Mwah! Beijo! — Annabeth comemorou e começou a jogar beijos para o ar. Todas as atenções se voltaram para ela, como se os momentos anteriores tivessem sido apagados. E eu nunca me senti tão grata.

A conversa mais tarde na sala foi quase uma conversa em grupo. Todos queriam saber mais sobre Annabeth e quando Emori chegou, choveram perguntas sobre ela. Anna ficou surpreendentemente calma, vendo TV ou apenas fazendo cafuné em alguém, e eu concluí que ela se sentia em casa. Sentia-se bem ao lado daquelas pessoas que explodiam em sons nasais todas as vezes que ela nos surpreendia com suas frases espontâneas. Nós éramos seu lar, para onde ela sempre poderia voltar exatamente como estava.

Depois disso, a pizza e o pequeno bolo com Nutella em homenagem á Anna viraram apenas um complemento da noite incrível. Reunimos-nos ao redor do bolo com um palito de fósforo aceso no centro porque ninguém tinha uma vela, e cantamos parabéns para a garotinha, que batia palmas com força e rápido, aplaudindo e comemorando. Sua expressão de felicidade plena me faria feliz pelo resto dos meus dias. 

Ela pareceu um pouco confusa quando Lexa se inclinou para que soprasse a vela. A morena explicou como deveria soprar, mas bem quando Anna foi seguir as instruções, pareceu ter se assustado.

—Besouro! — Exclamou apontando para uma cereja no bolo. — Besouro, besouro, besouro! — Repetiu, o rosto e os olhos ficando vermelhos indicando que ela queria chorar. Olhei em volta um pouco desesperada por uma solução, mas até Emori parecia confusa com a reação. 

De repente, Octavia avançou na direção do bolo e pegou uma cereja, comendo na frente de Anna.

—Uau. Hmm, esse besouro é o melhor besouro do mundo.

Annabeth observou curiosamente quando Rae também comeu uma cereja, depois Emori e Niy, e então eu e Lexa, o olhar da garotinha o tempo inteiro em nós. Cerejas eram deliciosas, mas o que estávamos fazendo era mais como algo para ela. E nos sentíamos cada vez mais felizes a cada olhar curioso. 

—Você quer? —Perguntei. Ela abaixou a cabeça, tímida. — Ei, está tudo bem. O que você acha de apenas provar? Está tudo bem. 

Anna pensou por alguns minutos antes de se inclinar com a boca aberta. Lexa sorriu e colocou uma cereja na boca da pequena, que saboreou cada pedacinho, e depois nos olhou com um sorriso corajoso. 

—Mais!— Pediu. Nós rimos encantadas e aliviadas. Annabeth não era mais uma incógnita ou um enigma. Era a nossa filha. E nada nisso havia mudado.



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