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História " As Long As We Are Together " - As long as we are together


Escrita por: itzandysrc

Capítulo 29 - As long as we are together


Lexa nunca havia voltado estressada para casa antes.

Quando ela passou como um furacão por mim e não respondeu as meninas, senti meu coração pesar.

—Mama... — Anna sussurrou, mordendo a ponta do lápis que usava para pintar. Ashanti passou um braço sobre os ombros da irmã de forma protetiva e me lançou um olhar compreensivo, e eu entendi que devia ir resolver isso.

—Hm...Lex?

Abri a porta do quarto devagar, encontrando minha noiva de costas, segurando o celular no ouvido com o ombro e tentando equilibrar o notebook na perna direita.

—Exatamente, Sr. Lucas. Amanhã mesmo estaremos resolvendo isso. Claro. Sim. Boa noite, Sr. Lucas. AH, VÁ SE FODER.

O celular foi atirado na cama, e ela colocou o notebook na mesinha, antes de pegar uma agenda e riscar alguma coisa.

—Lexa... — Sussurrei. A morena tirou os olhos da agenda por um segundo, e eu suspirei. Ela tinha que saber o que me causava, não era possível. Ver Lexa Woods com os óculos na ponta do nariz, o cabelo longo caindo pelas costas, o decote na blusa social azul, ah, não era nada fácil. E ainda mais quando ela me olhava daquele jeito, imponente e firme. Fechei a porta atrás de mim quando ela girou em seus saltos, ficando de frente para mim. Céus, seu olhar, aquele olhar firme sobre mim, aquelas esmeraldas queimando. Me concentrei nelas e não percebi que a morena se aproximava.

Só quando ela me empurrou contra a porta, segurando meus pulsos. Arfei, olhando em seus olhos, queimando neles.

—Qual é o seu maldito problema, Woods? — Suspirei.

—Você. Eu nunca trabalhei tanto como hoje, porque você é uma puta escritora — Meu estômago revirou. Meu (nosso) livro havia sido terminado há um mês atrás e a editora trabalhara nele de forma magnífica. E no dia anterior, finalmente tinha sido espalhado pelas prateleiras de várias livrarias, das menores às maiores. Nervosismo nem era mais a palavra certa para o que eu sentia.

—O que houve?

—Como assim "o que houve"? Da noite para o dia, o estoque de livros acabou em sete livrarias. Nós colocamos um monte de livros nessas livrarias, teus fãs são loucos, e eu estou ficando.

—Posso saber o que diabos isso tem a ver com o aperto nos meus pulsos?

Ela pareceu se tocar daquilo, olhando para as próprias mãos. Seu olhar foi de susto á malícia, e eu entendi que, naquele momento, ela estava percebendo que era minha noiva, e não minha chefe.

—Oi, Clarke.

—Oi, louca — Ri. Lexa sorriu e olhou bem para meus lábios, não disfarçando o que queria — Acho que gostei de você daquele jeito.

—Gostou? — Ela segurou minha cintura e eu segurei em seus ombros, sendo levada para mais longe da porta. Quando assenti, Lexa já estava a centímetros do meu rosto, tentando me puxar para um beijo. Uma das mãos que estavam em minha cintura subiram até meu queixo e ela me puxou para perto até que eu não pudesse mais resistir. O beijo era lento e carinhoso, como se Lexa parasse para prestar atenção em cada detalhe da minha boca, parando e reconhecendo cada cantinho. Sorri entre seus lábios, e enfiei meus dedos entre aquele cabelo maravilhoso. Céus, como eu a amava, amava cada detalhe sobre ela.

—Hmm, se você não parar, eu não vou parar, e isso não vai dar muito certo. Aliás, você assustou as meninas. Vá já pedir desculpas.

—Seja respeitosa, Griffin. Eu sou sua chefe.

—Aqui não, Woods — Lancei meu melhor olhar firme para ela, que pareceu se encolher. Bingo. Ri vendo a mulher se arrastar para fora, para falar com as meninas. Fui atrás, não perderia aquilo por nada.

—Oi, pequenas... Hm me perdoem por... — Lexa murmurou, coçando a nuca. As duas garotas sorriram uma para a outra e se levantaram para pular nas costas da morena, como sempre faziam quando ela chegava do trabalho. Fiquei ali sorrindo como uma idiota, ouvindo as gargalhadas das três. Só então me permiti pensar no sucesso inesperado do livro. Esgotado em sete livrarias do dia para a noite. Queria dizer que um número incrível de pessoas estava lendo nossa história. A história que continuava sendo escrita ali, a cada segundo que se passava. A mais pura felicidade corria por todos os cantos do meu corpo, me fazendo fechar os olhos com um sorriso nos lábios. Mas a interrupção sempre vem.

—Maldito telefone, maldita pessoa que está ligando. — Lexa esbravejou, correndo de volta para o quarto para pegar o celular. As meninas riram juntas, imitando a mãe várias vezes e caindo na risada de novo.

—Vou mandar um vídeo de vocês duas para ela — Murmurei, sentando perto delas, no tapete perto da mesinha de centro da sala, onde estavam os desenhos. Fui atacada por duas crianças que me derrubaram no chão.

—Nem pense nisso.

—Nah-ah.

Sorri para as duas, que sorriam de volta, vitoriosas. Eu as amava tanto! Ashanti havia se tornado tão importante quanto Anna ali. Apesar de ainda não nos chamar de 'mãe', a felicidade em seus olhos fazia tudo valer a pena, e com toda a certeza do universo, seria tão especial e emocionante quanto foi com Anna, porque ela merecia.

—AI MEU DEUS CLARKE — Lexa gritou do quarto. Apenas trocamos olhares assustados antes de correr para lá, Annabeth em minhas costas porque ainda não havia recuperado todo o seu equilíbrio. No quarto, a morena estava simplesmente jogada na cama, com um sorriso enorme — Uma sessão de autógrafos marcada e uma entrevista com ELLEN DEGENERES! Por que eles perguntam essas coisas? Porra, eu diria "mas é claro que sim, seu fi..."

—ELLEN DEGENERES?? — Gritei, com a mão sobre a boca para tentar abafar o volume. Mas aquilo era simplesmente demais — Se você não tiver aceitado, estará demitida.

—CLARO QUE ACEITEI — Ela gargalhou e veio até mim, correndo, e então simplesmente nos levantou nos braços. Gritei e bati em suas costas, rindo demais para perguntar quando ficara tão forte. As meninas gargalharam, nem se esforçando para sair dali.

A felicidade havia vindo para ficar. Eu tinha certeza disso.

xxx

—Será que as duas gostariam de sentar essas bundinhas aqui?

Ri baixinho ouvindo a situação atrás de mim, enquanto tentava me concentrar na organização dos livros em cima da mesa. Ashanti e Annabeth agarraram minhas pernas, em uma crise de riso.

—Mama'Lex não pega n-n-ninguém — Anna gargalhou, tentando respirar.

—Ah, mas eu pego — Me abaixei o mais rápido que pude e agarrei a cintura das duas, que se debateram entre gargalhadas.

—Você não estava brincando, mamãe — Ash conseguiu dizer, e eu sorri como sorria todas as vezes que ouvia a nova palavrinha inaugurada há alguns dias atrás. Beijei seu pescoço e ela voltou a explodir em risadas, Anna já estava vermelha de tanto rir.

—Está me tirando da brincadeira, mocinha? Você vai ser punida com cócegas e beijos até pedir...

—DESCULPA — As duas gritaram, ao mesmo tempo, sem forças para rir por mais tempo. Observei por alguns minutos, com um sorriso nos lábios. O vestido de veludo na cor vinho combinava perfeitamente com Anna, e o laço vinho no cabelo era apenas mais um detalhe no quão bela ela estava. E Ashanti ainda nos surpreendia com suas escolhas de roupa. Quase pude ver minha noiva babar ao vê-la com aquela pequena blusa do Pink Floyd, coturnos e uma calça branca. "A-c-h-e-i m-i-n-h-a f-i-l-h-a" sussurrou várias vezes, a boca escancarada.

—Vamos abrir em cinco minutos, Srta. Griffin — Uma jovem avisou da porta da sala no fim da biblioteca. Assenti, com um sorriso, ficando nervosa de repente.

Dar autógrafos nunca fora meu forte. Escrever o livro era simples, mas lidar com pessoas depois... Era algo que eu não era boa em fazer antes. Antes. Me peguei, novamente, comparando minha vida antes daquelas três pessoas que agora formavam minha família. É incrível como coisas tão impactantes acontecem tão sutilmente. De repente eu era mãe e de repente eu era noiva. E de repente, eu era a mulher mais feliz do mundo.

  —Cinco minutos — Anna sussurrou, olhando para a porta. Beijei sua bochecha que estava corada de forma adorável. 

  —Vamos ficar com a mamãe Lexa, Anna, vem — Ashanti sugeriu, pegando a mão de Anna, agindo como uma verdadeira irmã mais velha. As duas andaram lado a lado até chegar perto de Lexa, que as ajudou a sentar e levantou o olhar depois, só para piscar para mim.

—Agora você tem que sentar aqui, duh — Lexa bateu no banco ao seu lado. Quase corri até lá, me sentindo nervosa. Minha noiva riu quando quase caí em cima dela, escondendo o rosto em seu pescoço — Não aqui, mas é válido. Olhe nos meus olhos — Demorei alguns segundos para obedecer, mas quando olhei, suspirei com o verde clarinho e o sorriso no canto dos lábios — As pessoas que vão entrar aqui daqui a pouco, são pessoas que se sentiram tocadas pela sua história. Pela nossa história. Elas estão gratas. Tudo o que você vai ver nos olhos delas é gratidão. E eu sei que elas querem ver mais do que pavor nos seus olhos — Lexa acariciou meu rosto, o sorriso nunca deixando seus olhos. Eu queria guardar aquele momento pra sempre — Nós estamos aqui por você. E nós te amamos. 

Depois daquilo, nada mais me tirou a paz. Quando todos entraram e a sessão de autógrafos começou, quase jurei que não era eu falando. Algo me fazia sorrir e cumprimentar todos transbordando em amor, entendendo suas lágrimas e seus sorrisos cheios de gratidão. Algo me fazia atribuir tudo às três pessoas ao meu lado, que também eram cumprimentadas - eu podia ouvir as gargalhadas de Ashanti e Annabeth quando alguém as apertava, dizendo "você é a personagem mais fofa do mundo" - e eu sabia que aquilo era amor. Amor pelo que eu fazia e havia nascido para fazer. Steven Pressfield havia cravado suas palavras em meu coração que agora ecoavam em minha mente. 

"Você nasceu escritor? Você foi colocado na terra para ser um pintor, cientista, apóstolo da paz? A verdade é que essa questão só pode ser respondida com ação.

Faça, ou não faça.

Pensar dessa maneira pode ajudar. Se você foi criado para curar o câncer, escrever uma sinfonia ou descobrir os mistérios da fusão a frio e não o faz, você não só machuca ou destrói a si mesmo. Você machuca suas crianças, você machuca a mim. Você machuca ao planeta.

Você envergonha os anjos que cuidam de você e desfaz de Deus, que criou você e apenas você com dons únicos, para o simples propósito de mover a humanidade um milímetro a mais no caminho de volta a Deus.

O trabalho criativo não é egoísta ou um simples pedido de atenção por parte do autor. É um dom para o mundo e todo ser nele contido. Não retire de nós a sua contribuição.

Nos dê o que você tem."

Ali estava minha contribuição e meu presente ao mundo. Ali estava meu legado. O sorriso nos lábios daquelas pessoas que eu talvez não fosse voltar a ver. Todas as palavras que elas me disseram e todas as palavras que eu disse. E o sorriso no rosto das pessoas que eu mais amava no mundo. Depois de algumas horas naquela sessão de amor, o lugar começou a esvaziar. Assinei dois livros para duas mulheres e depois de um abraço, fui até onde Lexa estava, com três garotas, dessas com os hormônios a flor da pele que dedicam suas vidas ás séries. Aquela fase geralmente me fazia rolar os olhos, mas nada comparado ao que eu senti quando vi aquelas garotas de um decote enorme se inclinarem sobre minha mulher.

—Oh, Lexa, achamos você tipo, tão sexy no livro, mas pessoalmente... uau.

—Eu podia ter tipo, um orgasmo com essa levantada de sobrancelha.

—E esse corpo... Sua esposa é tipo, tão sortuda.

Fervi por dentro e por fora, quase rosnando. Lexa parecia apavorada, a mão no peito e a boca aberta enquanto ouvia as meninas. Tentei respirar fundo antes de ir até lá, parando ao lado de minha noiva. As garotas empalideceram.

—Oi, meninas. Será que posso entrar na conversa? Sobre o que estavam falando?

Lexa me olhou como se eu fosse à última gota de água no meio do deserto e agarrou minha mão. Olhei em seus olhos por alguns segundos apenas para deixar claro que estava tudo bem.

—Hã, na verdade... Nós estávamos só... Tipo, comentando como gostamos do livro e tipo, a Annabeth é...

—Uma fofa. É. Brittany, a gente tem que ir. Tipo, agora.

—Ai, verdade. Foi bom conhecê-las, senhoritas.

As garotas nem me deram tempo de dizer nada. Apenas deram as costas e saíram da nossa vista. Lexa suspirou, aliviada, me puxando para um abraço. Anna e Ashanti tomavam seus milkshakes sentadas comportadamente ao lado de Niylah e Ontari, que vieram até lá para dar uma ajuda extra.

—Acabou? — Lexa sussurrou, beijando minha testa com carinho.

—Queria acabar com aquelas garotas — Suspirei, fazendo com que ela risse em meu ouvido — Mas ainda tem uns 10 minutos pra alguma leitora atrasada. Meus pulsos estão doendo...

—E lá vem à leitora atrasada.

Com um esforço quase doloroso, me virei para ver quem seria a última a abusar dos meus pulsos doloridos e dedos com calos. E lá estava Emori, vindo em nossa direção. Seus cabelos meio cacheados estavam incríveis, como sempre, e balançavam elegantemente enquanto ela andava seus saltos fazendo barulho no chão. As jóias deixavam o vestido longo mais elegante ainda, como se fosse possível. Lexa apertou meu braço e só então eu percebi que estava quase babando.

—Estou admirando o visual — Sussurrei.

—Claro que está.

Antes que Emori pudesse parar perto de nós, Annabeth correu e agarrou suas pernas.

—EMORI — Exclamou, olhando para cima para tentar ver a expressão da médica.

—Oh, oi, pequena Anna! Você cresceu, não é? Está linda — Riu enquanto levantava a loirinha nos braços — Como vão as coisas?

—Hmmmmm, bem, bem e bem. Eu fui pra a... es...escola. Com a Shanti. SHANTI.

Emori inclinou a cabeça com o grito, mas se existia uma pessoa que entendia "a nova Annabeth", essa pessoa era ela. Ashanti correu até lá e se aproximou um pouco envergonhada.

—Ei! Você é irmã dela, certo?

Lexa e eu trocamos olhares confusos. Não havíamos contado aquilo a Emori. Como ela poderia saber? Minha noiva me puxou para perto das três, e assim que Emori nos viu, abriu um sorriso enorme.

—Ai, vocês são tão lindas. Que saudade — A mulher nos abraçou depois de colocar a pequena Anna no chão — Finalmente atenderam  desejo da pequena de ter uma irmãzinha. E que irmãzinha linda, hm? Uma gracinha.

—Eu tenho certeza de que ela é uma filha que roubaram de mim. Acredita que ela adorou Pink Floyd? Perfeita.

—Que bom. Eu disse que tudo daria certo. Estou feliz de vê-las felizes. Mas enfim, meninas, não tenho muito tempo. Só vim passar informações.

Precisei sorrir ao ver seu sorriso empolgado.

—Advinha quem foi reconhecida pela "honestidade e bravura" no hospital e promovida? Graças ao belo livro de belas palavras que eu devorei em dois dias? Advinha!

—Ai meu Deus, Emori! — Abracei a mulher em minha frente com força, e um sorriso enorme nos lábios. E fiz questão de lembrar de cada segundo dos dias de dor de Annabeth, da ansiedade e da agonia infernal que nos tirava o sono e os sorrisos. E agora aquilo era uma história que ela mesma poderia contar um dia, graças á aquela mulher.

Gratidão. Era tudo naquele momento.

xxx

Eu era apaixonada por fins de tarde.

Apaixonada pelo clima agradável, pela coloração do céu quando o sol ia embora, morrendo para que a lua pudesse ter vida, tudo sobre fins de tarde me encantava e me fazia suspirar.

Por esse motivo, decidimos marcar o casamento para um fim de tarde, na praia. Apenas uma cerimônia simples para festejar o que já existia há muito tempo. Amor.

Uma semana antes, eu estava perfeitamente tranquila sobre tudo. Tudo já estava organizado, por mim e por minha madrinha obsessiva, Niylah. Um dia antes, eu me senti feliz e animada, mas naquele momento, uma hora antes do casamento, naquela casa de praia bem na frente, me senti como uma criança que perdeu a mãe no supermercado.

Me olhei no espelho pela milésima vez, nervosa, e não pude evitar o sorriso. O vestido branco e delicado que ia até meus joelhos e a coroa de margaridas davam um toque tão delicado e puro em tudo. Só ali eu parecia estar percebendo tudo. Estava noiva. Iria me casar.

Uma batida na porta interrompeu meus pensamentos. Provavelmente era apenas a ansiosa da Niylah. Peguei as sapatilhas brancas no chão e me abaixei para calçar, gritando que quem quer que fosse podia entrar.

—Eu estou nervosa pra caralho, isso não é normal.

Observei a mulher que havia entrado no quarto e agora andava de um lado para o outro. Minha boca e meu coração quase caíram no chão. Lexa Woods estava simplesmente divina. Usando um vestido branco, até os pés, com uma camada de renda da cintura para baixo, depois das pequenas margaridas na cintura. Seu cabelo caía como uma cascata, ondulado, até o meio das costas, e uma coroa de margaridas também enfeitava sua cabeça. Suspirei. Eu ia mesmo casar com aquela deusa grega?

—Você não está nervosa? — Perguntou, parando em minha frente. Terminei de calçar as sapatilhas e fiquei de pé, olhando naqueles olhos com um maldito sorriso bobo.

—Vamos casar — Sussurrei.

—Clarke...será que um raio vai cair na nossa cabeça porque nós fizemos amor antes do casamento? — Sussurrou, com uma expressão de pavor tão engraçada que eu tive que rir — Tô falando sério. Por que vamos casar de branco se somos tudo menos inocentes? Já fizemos tantas coisas que deveríamos casar de preto.

—Ok, você está nervosa — Ri, e a empurrei pelos ombros para que sentasse na poltrona atrás dela, e sentei em seu colo. Lexa apertou minha cintura como se precisasse se segurar — Você tem razão. Podemos ser atingidas por um raio. E só piorou, quando você entrou aqui. Não podia me ver antes, sabia?

—Bobeira. Coisa de heterossexuais.

—Essa é minha Lex. Sempre meio heterofóbica.

—Não existe heterofobia, Clarke. Essa palavra não existe e eles...

—Ei — Ri, enquanto deslizava os dedos por seus lábios. Lexa suspirou, olhando em meus olhos, e logo ergueu uma mão para acariciar minha nuca. Minha pele reagiu no mesmo instante, e a morena sorriu. Fechamos os olhos por motivo nenhum, e ao mesmo por um motivo mais forte do que todos. O amor. O que havia nos trazido de uma noite chuvosa até ali. Não havia dúvida que eu era dela e ela era minha. Era como se não apenas nossos corpos estivessem conectados, mas nossas almas também. Não são todos os casais que sempre voltam um para o outro, mesmo que precisem esperar o tempo que for necessário. Não são todos os que aguentam os defeitos e mudam por amor. Mas ali estávamos nós e eu arriscava dizer que era amor; essa palavra que pode ter perdido o sentido e pode ter sido banalizada, mas amor, no sentido de conexão, sacrifício. Amor no real sentido da palavra, que não enfraquece ou acaba, mesmo que sofra, mesmo que tenha mais baixos do que altos, ainda assim, amor. Isso era o que a vida havia nos dado.

—Você é o que eu estive procurando durante todo esse tempo... — Ela sussurrou, segurando meu rosto — Nós temos algo...

—Eu sei, é... Especial.

Sorrimos com o silêncio súbito, mas confortável.

—Podemos nos casar agora? Aqui? Só eu e você? Acho que vou me sentir menos nervosa assim.

Lexa sorriu seus olhos brilhando, e mesmo que o que eu havia dito não fizesse tanto sentido para a maioria das pessoas, ela entendeu. Observei enquanto a morena pegava minha mão, a brisa do mar vinda da janela balançando seu cabelo.

—Clarke — Sussurrou — Você me aceita como sua esposa, melhor amiga, e qualquer outra coisa que você quiser que eu seja? Aceita compartilhar as alegrias, as tristezas, os momentos e a cama comigo para o resto da sua vida? — Lexa riu suavemente, seu corpo balançando abaixo do meu, me fazendo rir também. Quando ela olhou em meus olhos de novo, suspirei com o verde em um tom clarinho, brilhante — Você me aceita? Com todos os meus defeitos que você já sabe de cor e com toda a infantilidade, mas me aceita?

—Para amar e respeitar, eternamente. A vida precisará de armas muito melhores do que a morte para nos separar. Eu aceito, Lex. Aceito, quantas vezes for preciso — Beijei seus dedos, dando uma atenção especial ao anel de noivado que logo seria trocado — E você, olhos verdes, me aceita como sua? Sem rótulo algum porque eu também serei o que você quiser que eu seja, contanto que seja sua. Aceita segurar minha mão quando tudo estiver caindo e me aquecer quando estiver frio?

—Ah, meu Deus, por que é que eu me apaixonei por uma escritora? Tudo é metáfora!  — Ela riu. Rolei os olhos e quase por instinto, perdi meus dedos em seu cabelo.

—Eu nem tinha terminado, sua idiota — Sussurrei.

—Você sabe que eu aceito. Deus, eu aceitaria você como minha mesmo se você tivesse feito um pacto de castidade e eu precisasse passar o resto da vida sem beijar, mas já que não preciso, vamos apenas pular para a parte do beijo. Direto ao ponto, hm? — Sussurrou a última parte me fazendo rir.

—Só dois minutos. Vou ter que retocar seu batom depois, se alguém desconfiar...

—TE ACHEI, SAFADA.

Encolhi os ombros quando ouvi aquela voz alta atrás de mim. Ok, agora nós estávamos ferradas. Octavia veio até nós com a mão na boca tentando esconder um sorriso. Aquele sorriso de "peguei vocês". Lexa escondeu o rosto em meu pescoço, suspirando.

—Uma rapidinha antes do casamento, é? Mas que feio, moçinhas, que feio. Imagine só se Niylah ficasse sabendo?

—Ai, só passamos um tempinho juntas. Guarda segredo pra mim, vai? — Lex pediu toda carinhosa, e Octavia gargalhou dramaticamente, com a mão no peito, mas no segundo seguinte sua expressão tornou-se carinhosa.

—Porra, olha só pra vocês. Estou tão... orgulhosa. A princess e a dona da sapataria — A mulher suspirou. Seus olhos brilhavam — Vocês merecem estar aqui, merecem estar juntas e merecem suas duas...

—TAVIA? TAVIA! TAVIA!

O grito da inconfundível Annabeth pareceu distante, mas foi o suficiente para que O arregalasse os olhos.

—Fodeu, Woods. Fodeu — A morena sussurrou, e puxou o braço da mulher abaixo de mim, os olhos apavorados como se fosse ser presa, e quando Lexa ficou de pé, eu caí no chão.

—CARALHO, AMOR, DESCULPA — Minha noiva gritou. Tudo girava quando abri os olhos, o baque surdo ainda ecoando em minha mente. Mas a primeira coisa que pude notar foram belos olhos verdes — Clarke, pelo amor de qualquer ser superior de qualquer crença existente nesse aquário que chamamos de planeta terra não me diz que eu matei você no dia do nosso casamento por favor não me diz que a gente vai casar em um hospital, eu imploro, Clarke, eu...

—Só vão casar em um hospital se você tiver um maldito ataque de pânico, maluca. Sai de cima dela. Ainda não morreu.

Octavia tentou puxar minha noiva desesperada, mas ela tropeçou no vestido longo e caiu, bem em cima de mim.

—AAAAAH, agora sim, morreu.

Me concentrei nos olhos verdes bem na minha frente e na respiração batendo no meu rosto. Eu estava bem. O som estava sumindo aos poucos e a dor aguda na cabeça se tornara apenas um incômodo. Na verdade, eu estava perfeitamente bem, apenas por tê-la por perto. Suspirei, sentindo um monte de emoções ao mesmo tempo, juntando palavras para conseguir formar uma frase.

—Contanto que estejamos juntas, importa para onde vamos? — Sussurrei. Ela sorriu, e se eu pudesse parar no tempo naquele segundo, pararia. Ou talvez não. O tempo ainda traria muito mais.

—ACHOU — A vozinha de Anna preencheu a sala — Oi mamães!

Lexa levantou o mais rápido possível e me ajudou a levantar. A garotinha nos observava com um largo sorriso de dois dentinhos faltando e um crescendo. Seu curto cabelo loiro estava preso em um belo coque, com margaridas em volta, e o vestido era igual ao de Lexa, só que menor. Bem menor.

—Oi você — Sorri. Minha filha retribuiu o sorriso, abrindo mais ainda a boca, mas repentinamente, correu e se escondeu atrás de mim. Ashanti entrou na sala logo depois, segurando o vestido branco enquanto corria e olhando para os lados, e logo nos encontrou. Soltei um suspiro. Ela parecia uma bonequinha.

—Achei você, Anna. Eu disse que a gente tinha que ficar no quarto, Tia O.

—É tudo culpa das tuas mães, pequena. Não liga. Vamos lá, filhotinhos de piolho, vamos voltar que eu deixei meu filho sozinho. Ai meu Deus, minha esposa vai...

—Clarke?

A voz de Niylah me fez fechar os olhos, sentindo-me como uma adolescente que foi descoberta depois de sair escondida.

—Oi...Niy.

—É...Bem, eu... tem uma carta para você aqui. Octavia, vamos levar as meninas lá para baixo — A loira disse rápido. Eu podia sentir o olhar de curiosidade de todos sobre mim, e droga, nenhum músculo meu se movia desde o maldito momento em que vi o selo de Londres na carta. Era uma típica carta humilhante de minha mãe.

Meu corpo ferveu. Lexa deu dois apertos em minha mão, só então eu percebi que estava machucando. Que estava alheia a todo o mundo em volta de mim por causa daquela mulher que tinha me causado tanta dor.

—Eu fico aqui com ela, tudo bem? — Lexa ofereceu, pegando a carta. Niylah nem precisou responder, apenas guiou as outras para fora  do quarto, me deixando sozinha com minha noiva. Eu queria que minhas filhas voltasse, que minhas amigas voltassem, queria gritar para que aquela mulher não me tirasse mais do que já havia tirado. 

—Não. Não quero ler. Lex... 

— Ei, Clarke. Ei, shhh.

—Eu não vou. Eu não posso. Ela não...

—Ei. Não entre em pânico. Estamos juntas — Lexa sussurrou, segurando meu rosto, olhando em meus olhos, lutando para que nossos olhos se encontrassem, porque eu não conseguia parar de olhar para um ponto fixo na parede. Assim que meus olhos encontraram os seus, meu coração se quebrou em milhões de pedacinhos. Brilhantes, vermelhos em volta, indicando que ela estava prestes a chorar — Eu entendo você. Clarke, eu juro que entendo. Você lembra quando eu fui te pedir em namoro, e ela me tratou como se eu fosse uma pessoa doente que podia passar um vírus para você? Como ela me fez pensar que eu não era o melhor? Eu conheço o jogo, meu amor. E eu estou nele com você. 

Suas palavras me deixaram calma, mas não tanto quanto seus olhos e o carinho que vi neles. Assenti e tentei relaxar o corpo. A morena me puxou para um abraço, e logo estávamos sentadas na poltrona. Me encolhi em seu colo quase que como tentando ficar menor, sentindo como a Clarke de seis anos que costumava se encolher no colo da mãe. Lexa me perguntou se eu queria abrir a carta. Eu disse que não. Ela me perguntou se eu queria ler. Eu fiz que não com a cabeça. Apertei os olhos, pedindo que aquilo fosse apenas um pesadelo quando ela suspirou, antes de começar a ler.

"Clarke,

Eu soube sobre as coisas que tem vivido. Soube sobre sua história, sobre suas filhas, seu casamento... E eu devo dizer, meus parabéns..."

Troquei um olhar com Lexa, quase implorando para que parasse. Mas ela não parou.

"Quando li seu livro, eu estava internada. Sim, internada. Você estava certa quando dizia que eu e seu pai não deveríamos trabalhar demais. O stress e a depressão  tem me derrubado aos poucos, e adivinhe só, como você disse, seu pai fumou tantos charutos que seu pulmão acabou adoecendo.

Você tinha razão sobre tudo, Clarke. Você tinha razão sobre tudo e principalmente sobre nós. Não fomos uma família para você. Família quer dizer nunca abandonar ou esquecer, e eu sei que você sabe que por um tempo, eu tentei te abandonar, e eu tentei te esquecer. Eu não fui uma boa mãe, não como você está sendo. Não passei tempo com você como você passa com suas filhas, não te protegi como você protege suas filhas. E eu estou tão orgulhosa que tenha se tornado essa mulher apesar de tudo.

Não posso escrever por muito tempo. Mas eu quero que saiba que eu estou contente com você, filha. Eu estou contente por ter encontrado amor verdadeiro, e por ter sua família. Você mudou os meus conceitos, Clarke. Estou grata por isso.

Ps. Será que um dia eu poderei conhecer minhas netas? Só com sua permissão, é claro, mas eu gostaria. E um beijo para sua Lexa. Eu sempre soube que seria ela.

Amo você.

Mamãe."

Ficamos em silêncio depois daquilo, encarando a carta como se ela fosse algo desconhecido. Como se encarássemos minha mãe. Sra. Abby e seus cabelos loiros perfeitamente arrumados, olhos castanhos e a pele impecável pelo dinheiro gasto em produtos de beleza exterior. Não, não esse lado dela. Era como se, pela primeira vez, estivéssemos vendo sua alma. 

  —No que você está pensando? — Lexa sussurrou enquanto tentava arrumar meu cabelo. Balancei a cabeça negativamente. Nem eu sabia o que estava pensando. Só sabia que algo parecido com um sorriso começava a aparecer em meus lábios e algo parecido com felicidade começava a aparecer em meu coração. Minha mãe havia mudado. Mudado por mim  — É, eu também. 

Lexa Woods e sua capacidade de me interpretar. Ela sorriu da mesma forma que eu, lágrimas se formando em seus olhos. Ali, parecia o final perfeito para qualquer filme ou história que fosse. Toda a dor e ódio que formavam uma barreira entre mim e minha mãe indo embora com as lágrimas. Nós poderíamos ter ficado ali para sempre. Não há nada tão absolutamente libertador quanto perdoar, e nós poderíamos ter apreciado aquela libertação por horas, se não tivéssemos sido interrompidas.

  — MAMÃES, NÓS VAMOS CASAR AGORA —  Annabeth entrou no quarto gritando, como se estivéssemos muito longe — Não chorem! Eu estou aqui! Nós vamos casar!

 Existia alguma possibilidade de não amar aquela criança? Respirei fundo e foi como se o ar estivesse mais puro, o mundo estivesse mais puro. Aquilo, definitivamente era o capítulo do "final feliz".

—Sim, meu anjo. Vamos casar agora. Tia Niylah mandou você aqui, não foi? Onde está Ash? 

—Está lá em baixo, esperando e esperando. Tavia disse que vocês estavam tendo uma... uma rap...rapidinha. Uma rapidinha — Sussurrou a palavra como se fosse um segredo, mesmo que não soubesse o que significa. Pelo menos eu esperava que não. 

  —Não escute ela, ok? E não repita as palavras que ela diz — Lexa murmurou, rolando os olhos quando pegou a pequena mão entre a sua.

—Nem se ela disser... moranguinho? 

—Até isso ela deve falar com malícia. É o seguinte: você só pode repetir o que ela disser se suas mamães disserem isso também, ok?

—Mas vocês disseram pra eu não dizer... caralh...

—Annabeth Catarina, eu desisto de ter qualquer discussão com você agora. Vamos marcar uma reunião séria na sorveteria logo logo para discutir sobre isso, ok? Aguarde. 

É claro que a pequena comemorou. Os momentos depois daquilo foram quase um flash. Meu pensamento estava longe demais para pensar nas coisas que aconteciam ali. Sorri para as pessoas e para minhas filhas quando entraram, respondi o juiz e disse algumas palavras, quase que repetindo o que havíamos feito no quarto, e logo, estávamos casadas.

Por que aquilo deveria significar grande coisa quando nós já estávamos perfeitamente ligadas? Quando os anéis foram trocados, e um beijo foi trocado, todos comemoraram enquanto eu e Lexa apenas nos olhávamos. Extasiadas por nosso final feliz que não podia nem ser imaginado quando o mundo estava caindo sobre nossos ombros. Mas nós permanecemos juntas. E permanecemos de pé. 

Niylah havia organizado uma festa ali na praia mesmo. E como eu imaginei, não era simples. Annabeth e Ashanti se divertiram correndo por aí enquanto Lexa e eu tentávamos nos despedir, já que uma lua de mel nos esperava. 

—Niy, eu estou deixando minhas filhas com você e isso é sério. Nada de comer Nutella demais ou ficar acordada até tarde. Elas não tem problemas em ir para a escola, mas Annabeth só faz a lição de casa de Ashanti fizer com ela. Annabeth tem medo de escuro de vez em quando e se começar a chover você vai precisar pegar um guarda-chuva, não importa onde estiver. Ela também é alérgica...

—Clarke, você me deu umas sete folhas com todas as informações possíveis sobre elas. Você. Está. Paranóica. Relaxe!  — Minha melhor amiga sorriu gentilmente, e deu um gole no vinho.

  —Hmm. Tudo bem. Só... Tome cuidado.

—E tente não gemer muito alto com sua namoradinha. Minhas filhas não são obrigadas —  Lexa piscou, e Ontari quase cuspiu sua bebida de volta no copo.  

  —Como se elas não ouvissem vocês duas todas as noites. Hipócritas.

  —Também vamos sentir saudades — Suspirei, pulando para frente para abraçar minha melhor amiga. Lexa trocou um aperto de mão com Ontari ao meu lado  — Obrigada por tudo, Niy. Você foi a melhor amiga do mundo. Tive sorte de ter te encontrado. 

—Você me deixa emocionada assim, Clarke. Hm... Tenha uma boa lua de mel. Eu te amo. E sai daqui que eu não sei falar essas coisas bonitas. Metida.

Me afastei entre uma gargalhada bem quando Octavia estava passando com o pequeno Aden nos braços. Meu Deus, ela simplesmente não largava o bebê. Suas mãos tremiam como se fosse à primeira vez, beijando sua testa de segundo em segundo. Quando percebeu que Lexa se aproximava, ela virou as costas.

—Nem vem. Acabei de pegar ele.

—Mentirosa você segurou o tempo inteiro. Não deixou nem sua esposa pegar.

—Ela segurou essa criatura por NOVE MESES! Você não entende porque seus dedinhos não fazem filhos. 

  —Os seus fazem, Octavia Blake? Eu vim tentar ser carinhosa e me despedir, mas você não merece mesmo. Ingrata. Tomara que seu filho seja hetero.

—Você é uma ogra mesmo. Venha aqui  — As duas mulheres trocaram um abraço carinhoso por cima do bebê que dormia. A amizade delas sempre me deixaria assustada, eu havia aceitado isso. Ouvi um grito e precisei acalmar os arrepios para perceber que era apenas Lexa comemorando que havia conseguido pegar Aden. Exagerada.

  —Podemos nos despedir educadamente? — Pedi para O, baixinho. Ela sorriu gentilmente e me puxou para um abraço.

—Delicada como uma Princesa. Eu adoro você, garota. Obrigada por cuidar da minha irmã retardada. Boa lua de mel, ok? — Ela olhou em meus olhos com carinho e eu jurei que estivesse falando sério, sem nenhuma piadinha suja. Mas era Octavia —  Sabe, o kamasutra é útil nessas...

  —AI MEU DEUS! — Empurrei a mulher. Minha esposa continuou enlouquecendo com o bebê enquanto eu me despedia de Raven, Emori, e mais algumas pessoas que fizeram parte daquilo tudo. Não havia ninguém ali que não havia sido importante em algum momento, e eu estava feliz por saber que não era uma cerimônia superficial. 

Depois das despedidas - a mais difícil foi a das meninas, que queriam ir junto. Foi doloroso ter que deixá-las. Sempre seria - nós estávamos prontas para ir. Lexa me puxou pela mão até o nosso carro que estava na estrada, nossos pés descalços tocando a areia até lá. A cada passo eu me sentia mais viva. A cada passo eu me sentia mais dela, se é que é possível. 

O carro tinha algumas fitas com flores enfeitando. Foi impossível não rir com o quão gay aquilo estava. Entramos no carro agora com cheiro de café e perfume de bebê, e enquanto eu abria um mapa em minhas pernas, Lexa ligava a rádio. Nossos olhos se encontraram e eu sorri quando reconheci a música que tocava. Home, Gabrielle Aplin. Se nós fossemos um filme, aquela seria nossa música. 

With every small disaster

(Com cada pequeno disastre)

I'll let the waters still

(Deixarei as águas se acalmarem)

Take me away to some place real

(Me leve para algum lugar real)

'Cause they say home is where your heart is set in stone 

(Pois eles dizem que seu lar é onde seu coração está gravado em pedra)

Is where you go when you're alone

(É para onde você vai quando você está sozinho)

Is where you go to rest your bones

(É onde você vai descansar seus ossos)

It's not just where you lay your head

(Não é apenas onde você deita sua cabeça)

It's not just where you make your bed

(Não é apenas onde você faz sua cama)

Sorri sozinha quando percebi que ela já havia ligado o carro, os vidros estavam abertos enquanto deslizávamos pela estrada. Nenhum destino planejado. Nenhum roteiro ou hotel esperando por nós. Só algum dinheiro e roupas no porta malas.

  —Para onde nós vamos, Woods? 

Nossos olhos se encontraram de novo. O verde no azul. A floresta infinita e o mar calmo. E nós nos apaixonamos de novo. 

  —As long as we're together, does it matter where we go? — Cantou baixinho, acompanhando a música. E definitivamente, não importava. Nada importava. Contanto que estivéssemos juntas. 



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