corra, pequeno.
pois o tempo não nos espera
e nem tolera
atrasos.
venha sem demora e tente alcançar
o último resquício de lucidez
em nossos traços dançar.
não se desespere
mas venha depressa,
pois loucura nenhuma se difere
de uma como essa.
sorri ao ler tamanha baboseira
nem sentido faz, repito
mas insisto
em continuar...
vomito as lágrimas presas na garganta, choro sangue
tudo nubla, tempo fechado
- acho que vai chover.
escuto do quarto ao lado
já choveu, mãe.
respondo, mas para mim mesmo...
lava as calçadas, levam as cenas dos crimes cometidos
recolhe as roupas do varal da vida
e não me restou (mais) nada além da minha poesia barata
alguns desenhos borrados
uns vinte reais
e um livro cheio de grifos
que inclusive não foi eu quem os fez
odiava vê-los marcados.
contagem regressiva na preparação para a morte súbita
- três.
me preparo para outra vez meus textos serem ignorados
inexplorados
e meus olhos ficando nublados
- dois.
penso de novo em parar
porém me pego novamente a encarar
meu eu escrito no papel.
- um.
desisti, mas permaneço.
puta resistência chata do caralho!
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