História In Between Love And Hate - Esboço De um Sorriso

"Eu sinto seu sabor em minhas veias, e baby eu agora posso com certeza dizer, você virou meu vício."

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Seu olhar era tão intenso sobre o meu, que por um mísero segundo jurei ter visto pequenos feixes de labaredas vermelhas, como fogo vivo em seus olhos de tons semelhantes a um castanho escuro.

Seu maxilar estava travado fortemente e me sentia constrangida sobre seu olhar imponente, sem conseguir impor limites ou ordenações ao meu corpo naquele momento eu o senti se arrepiar ligeiramente e quase ao contrário da sensação calorosa que eu sentia quando a brisa do inverno me alcançava, eu não gostei nada do sentimento que me apossou naquele instante.

- Eu te fiz uma pergunta senhorita Somers, está procurando algo? - perguntou com sua voz resoando suavemente, mas permanecendo com seu olhar sombrio.

Seu olhar caiu sobre a pasta amarelada que eu mantinha em meus dedos, que automaticamente se apertaram mais sobre o mesmo e voltaram-se novamente a mim.

- Eu estava te procurando na verdade, já fiz tudo que me pediu e apenas vim deixar a cópia da pasta com os arquivos dos sócios aqui, se quiser conferir.

Ele acenou negativamente.

- Confio no seu trabalho.

Assenti em resposta e engoli a seco. Eu tinha uma pergunta, não uma dúvida na verdade. Por que ele tinha uma pasta cheia de documentos meus em sua sala? pensei que isso era de acesso do RG da empresa. Além do mais, não me lembrava daquelas fotos que mais pareciam recentes a mim junto às outras mais antigas quando me pediram na entrevista de emprego.

Não me contive.

- Por que tem uma pasta minha aqui na sua sala? Uma pasta pessoal eu diria.

Eu poderia a descrever assim não? Como eles sabiam o nome dos meus antigos namorados, se eu não os havia mencionado em nenhum momento em que respondia aquelas perguntas no meu primeiro dia?

Isso tá muito estranho.

Ele caminhou até mim pegando a pasta amarelada com meu nome e a guardou em uma gaveta com uma tranca de chave que ficava em sua mesa, e me olhou em seguida.

- Isso não é nada. Precisava de algumas informações suas que faltavam no arquivo de trabalho em caso de alguma falha e pedi ao RG pra que me mandassem seu currículo a mim. Não se preocupe com isso.

Ele sorriu.

Não disse mais nada. Apesar de ainda achar aquilo muito estranho, não queria o aborrecer mais. 

- Bom se você já terminou seu trabalho hoje, sugiro que vá para casa descansar. Se quiser eu posso te dar uma carona, afinal já esta tarde e acho que todos já foram pra casa a essa hora .

- Ah, não precisa. Eu posso chamar um táxi.

- Eu insisto, como pedido de desculpas pela minha grosseria hoje mais cedo.

O olhei por mais alguns segundos, eu realmente precisava de carona mais por outro lado sua companhia não me parecia certa naquela hora, ou talvez nunca. Tinha algo nele que despertava um sininho irritante em meu sensor de alerta toda vez que ele ficava próximo a mim,  como um aviso de 'perigo a vista'.

Decidi ignorar aquela sensação.

- Tudo bem, eu aceito sua carona.

Lembrete mental: comprar logo um carro novo.

Ele sorriu mais largamente e logo se pôs a ligar para o estacionamento para pedir que retirassem o seu carro. Enquanto isso me ocupei em pegar meus pertences e logo já íamos em direção a saída.

Não foi surpresa alguma o frio da noite me atingir agressivamente quando saímos do prédio, eram por volta das oito e já se podia ouvir a correria dos carros levando seus donos ao conforto de seus lares em mais um fim de noite de trabalho. E eu só queria fazer o mesmo.

Mais surpresa mesmo foi dar de cara com um Porsche preto estacionado em frente a saida, um que mesmo não querendo admitir, já era bem conhecido por mim. Um Justin de terno e gravata escuro se encontrava encostado majestosamente no automóvel, sua roupa em contrate com o tom da lataria e sua perna direita cruzada em frente à esquerda com suas mãos enterradas misteriosamente nos bolsos de sua calça.

Como pode ser tão irritantemente atraente assim?

O homem ao meu lado olhou em direção a Justin e senti seu corpo se contrair em retorno ao olhar do mesmo a si.

Ele caminhou até nos mantendo seu olhar em mim e parou em nossa frente, fazendo o senhor Houch circular seu braço em minha cintura.

- Somers.

Não acelere coração.

- Bieber.

Demorei a responder por ainda estar hipnotizada com sua imagem, como sempre acontecia quando nos víamos.

Ele olhou para o homem ao meu lado e fechou seu semblante ao ver a intimidade com que o mesmo descansava seu braço em minha cintura, me senti desconfortável com isso.

- Não me avisaram que tínhamos alguma reunião - disse o senhor Houch secamente a Justin.

- Não temos. Vim buscar a Somers.

Respondeu no mesmo tom, mais desconfiava que eles mantivessem uma conversa mental pelo jeito que se olhavam.

- Eu vou levá-la até sua casa.

O vi estreitar seus dourados olhos em nossa direção.

- Ela não vai pra casa. Vai pra minha, então não precisa de incomodar.

O olhei sem entender, mais que droga ele tava fazendo?  

- Não acho que ela vá querer ir pra sua casa. 

Senhor Houch fez questão de aumentar o aperto da minha cintura, segurei um gemido de protesto pois temia enterromper os dois que agora se mantinham como dois leões brigando pela sua refeição. Era assim que eu estava me sentindo.

Justin sorriu com escárnio.

- Ah, ela vai.

Fiquei em silêncio apenas olhando aquela cena constrangedora em minha frente.

- Vocês...

Arregalei os olhos.

- Não, não é nada disso. 

Justin riu quando o homem soltou lentamente minha cintura e me olhou curiosamente.

- Olha muito obrigada pela carona, mais e melhor eu ir com ele.

Senhor Houch não pareceu muito contente com minha resposta.

Não podia deixar ele desconfiar mais ainda de alguma coisa  entre nós dois, e se continuássemos ali era bem possível que isso acontecesse. Até fiquei mais aliviada por não precisar ter que compartilhar o mesmo espaço com o senhor Houch depois desse dia em que ele se encontrava tão irritado  por alguma razão comigo, como hoje mais cedo.

- Tenha uma boa noite Senhor Houch.

Ele ainda relutou um pouco, mais por fim acenou com a cabeça e retornou seu caminho em direção ao seu carro, antes lançando um olhar nada amigável a Justin. Pegou seu carro e partiu em direção a algum lugar.

Justin riu debochado.

- Acho que ele não gostou de perder a caça dele.

O olhei irritada.

- Você é tão idiota.

Sai caminhado em direção a estrada, desviando do carro do mesmo e ouvindo seu chamado.

- Espera!

Continuei andando tentando sem sucesso o ignorar.

- Pra que isso hein?! Você acha isso divertido? Acha que é algum dos seus joguinhos infantis? Ele é o meu chefe, ele que paga minhas contas e você fica aí, achando que tem algum direito idiota sobre mim.

Bufei irritada.

- Se quer saber eu estou te fazendo um favor Somers.

Gargalhei.

- Sério isso?! 

Ele ainda andava até mim.

- Ele tá sempre trocando de secretaria, você não acha isso estranho? Além do mais, não gosto do modo como ele te olha.

Deti meus passos.

- Você acha o que? Que eu vou me deitar com meu chefe como talvez outras fizerem, é isso?

- Não disse isso.

Revirei os olhos.

- Eu não sei por que ainda perco meu tempo com você, sinceramente.

Continuei a andar agora mais rápido, só queria chegar em casa e dormir até esquecer quem era.

- Okay, eu sinto muito se te ofendi.

Me virei e o encarei. Ele parecia sincero, talvez, só talvez ele estivesse mesmo arrependido. Quando em outro tempo ele admitiria estar errado? Isso que me irritava, antes era mais fácil tudo e ele era previsível, nós éramos previsíveis e agora...eu nunca sabia o que esperar dele é isso me irritava ao extremo.

Mordi minha língua para conter um sorriso.

- Continua sendo um idiota.

Ele bufou. Caminhou mais um pouco até parar em minha frente.

- Será que podemos ir agora?

O olhei. Que outra opção eu tinha? Parecia que o destino gostava de zuar comigo, ou eu que era muito azarada mesmo.

-   O que eu fiz pra merecer isso?

Joguei teatralmente meus braços em direção ao céu estrelado e ouvi Justin grunhir em impaciência.

- Cala a boca e vamos logo Somers.

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O olhei surpresa.

- Espera, você quer o que? - disse.

Justin revirou os olhos diante minha fala.

Estávamos em seu apartamento, jantando um delicioso prato da senhora Blaine nesse exato momento. Já havia avisado minha mãe que está na casa do Justin, agora não fazia mais sentido mentir pra ela, claro que ela veio com um papo de "usem camisinha, adoraria um netinho mais não agora" que me fez gargalhar e confirmar o pensamento de que minha mãe era louca.

Justin retomou a conversa.

- Desde de pequeno eu tenho esses sonhos, eu não sei o que significam, não sei que droga e essa. E acho que talvez se você passar a noite comigo você possa me observar,  quem sabe não digo algo no meio dos sonhos.

Eu não sabia se aquilo era um tipo de pedido entreados em linhas imaginárias da minha mente como um pedido pra passar a noite com ele, ou se ele estava tão desesperado para descobrir sobre esses sonhos de verdade que estava me pedindo para dormir com ele em seu quarto. Claro que não seria a primeira vez mas agora era diferente, pois das últimas vezes isso era apenas consequência de uma noite que ou transavamos ou como seu pesadelo, não por um pedido seu.

Isso me intrigava também, aquela noite em que eu o vi daquele jeito depois de acordar do sonho/pesadelo apertou meu coração de um jeito inexplicável. O modo como ele me olhou, como se eu fosse o que ele precisa pra diferenciar o real do imaginário, saber que ele estava a salvo de algo e estando tão vulnerável, me despertou um sentimento como proteção sobre ele, algo mais forte talvez.

Apesar de tudo que aconteceu entre a gente no passado eu sabia que nunca negaria ajuda a ele. Ainda mais quando eu sabia de alguma forma que só eu poderia o ajudar.

E foi naquele momento que eu prometi a mim mesma que eu não descansaria até descobrir o que esse sonho significava.

- Por mim tudo bem.

Rezava para o meu corpo colaborar em só o ajudar também, o que já era bem difícil só de estar perto dele.

Logo após terminarmos tudo, agradecemos a senhora Blaine e fomos em direção ao seu quarto e nos deitamos um de cada lado da cama.

Silêncio.

- Então...

- Se eu dizer alguma coisa, qualquer coisa já vai servir de algo.

Ouvi com atenção.

- Okay. Só não acho que eu seja a pessoa perfeita pra isso.

Ele encarava o teto pensativo, e demorou um pouco para responder e quando ela veio eu pude jurar ter sentido meu coração subir até minha garganta e voltar logo depois.

- Eu acho que você é perfeita pra mim.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, não consegui formular alguma piadinha pra contornar sua fala é isso bastou para ele  se virar para mim e me surpreender com um beijo calmo e doce.

Sua língua explorava todos os cantos conhecidos da minha boca, com avidez e destreza ele cordenava os movimentos de seus lábios a suas mãos que percorriam meus cabelos claros. Suspirei entre o beijo é isso foi o bastante para ele se encerrar com um selinho que ele sempre me dava ao final.

- Boa noite Somers.

Sussurrou baixinho e sorriu de uma forma que eu pensei nunca mais ser capaz de esquecer.

O esboço de um sorriso perfeito.

Naquele momento aquele sentimento cresceu mais um pouco no meu peito.

- Boa noite Bieber.

Continua..