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História ... mas com muito amor. - Capítulo VII


Escrita por: sqfanfic

Notas do Autor


Boa noite, galera!
Mais uma "rodada" de capítulos para vocês. Espero que leiam com muito amor e que gostem...
PS: "Dois Mil e Dez" não entrou nessa rodada porque o próximo capítulo já será o último e eu quero postá-lo separado.

Boa noite, bom fim de semana e boa leitura! <3

Capítulo 8 - Capítulo VII


 

 

Emma

 

 

— Ok... — levantou-se e comentou a andar de um lado para o outro ao lado da mesa. — Então você se tornou uma espécie de babá da sua vizinha?

— Stella, não... — suspirei e deixei o corpo relaxar sobre a cadeira. — Não é bem isso que estou lhe contando.

— Você está me contando que tem passado a maior parte do seu tempo cuidando da sua vizinha, do filho e do cachorro dela. Qual é o contexto, então? — perguntou-me, com as mãos cruzadas sobre os seios.

— Eu não sei qual é o contexto, mas você quis saber o que ando fazendo e... E é isso. — dei de ombros e ela deu uma risada enquanto negava com a cabeça. — O que foi?

— Comigo era impossível formar uma família, Emma! — exclamou. — Comigo era impossível ser feliz, largar o trabalho e várias coisas. — enumerou nos dedos e eu suspirei novamente. — Nós não perdemos o nosso filho por minha culpa, mas parece que é o que preza em sua mente.

— Como é que é?

— Você me culpa pela morte do nosso filho. — afirma.

— Quando foi que eu disse isso, Stella? Nunca mais diga essas bobagens, pelo amor de Deus! — falei nervosa e comecei a massagear o meu peito ao começar a sentir um grande desconforto. — Não vamos entrar nesse assunto agora, por favor. — ajustei o tom de voz. Minha ex-mulher apenas meneou a cabeça e voltou a se sentar a minha frente.

— E como você está se sentindo? — questionou enquanto remexia o macarrão que estava em seu prato. — Você está feliz com isso?

— Eu não sei como me sinto... — fui sincera. — Ao mesmo tempo em que acredito ser a melhor pessoa para eles, sinto que estou fazendo o papel de uma outra pessoa.

— O papel do pai do bebê, no caso. — pontuou e eu fiz menção de respondê-la, mas não o fiz. Porque pensando bem, ela tinha razão. — Onde ele está?

— Não sei. Regina ainda não me disse muito sobre ele... — respondi. — Eu só sei que se chama Matthew e que é mais novo do que ela.

— Provavelmente não quis arcar com a responsabilidade de ser pai e a abandonou grávida.

— Será?

— A história é sempre essa, querida. — piscou um dos olhos em minha direção.

— É... Pode ser!

Eu já estava á uns sete dias sem ver Regina, Max e Lola. Por conta do trabalho e de algumas cirurgias de emergência que tive durante a semana, não consegui passar no apartamento de Mills para dar um ‘oi’; e como ela também não me enviou nenhuma mensagem, eu optei por dar espaço e focar nos meus afazeres.

Enfim, sexta-feira havia chegado e com ela uma pilha de roupas para serem lavadas, assim como algumas outras precisavam ser tiradas da máquina e guardadas em seu devido lugar.

O silêncio que se enfrenta quando se mora sozinha, é uma das piores coisas do mundo. Eu, que sempre adorei conversar com Stella enquanto fazia as coisas da casa, me via ainda mais sozinha quando as roupas eram dobradas em meio ao som do motor da geladeira. Se isso é ruim? Hoje, sim. Amanhã, não. E talvez depois de amanhã também não seja tão ruim assim. Depende do dia. Depende do meu humor e da minha necessidade de voltar a dividir a vida com alguém.

Foi em meio a esses pensamentos que eu terminei de organizar todas as roupas – tanto as que estavam sujas, quanto as limpas – e me permiti tomar um banho demorado. Coloquei uma boa música, deixei apenas uma das luzes acesas e me deitei na banheira para relaxar e descansar. Eu poderia ter pego uma taça de vinho, mas acabei me esquecendo.

Por mais que os meus princípios saudáveis fossem contra a isso, hoje eu me permitiria pedir uma pizza, ao invés de passar um longo tempo na cozinha, sendo que eu poderia passá-lo curtindo a minha própria companhia.

O meu celular sempre estava ao meu alcance, independente da situação. Afinal, era da minha responsabilidade algumas pacientes e eu sempre fazia questão de estar disponível a qualquer horário. E foi com o barulho de uma notificação que eu saí do meu estado de relaxando no banho. Assustei-me, quase derrubando o meu aparelho telefônico dentro d’água.

Assim que desbloqueei e vi que se tratava de uma mensagem eletrônica da minha operadora, esbravejei por ser esse o motivo pelo qual eu fui incomodada. Mas aproveitei o momento para trocar a música, e foi aí que eu acessei a galeria do meu celular e vi uma sessão de fotos de Max que eu havia tirado há uns dias.

“Oi, tudo bem com vocês?” — enviei para Regina, a fim de saber como eles estavam.

“Olá! Estamos bem e você?”

“Estou bem também. Obrigada por perguntar!”

E por mais que eu não tenha contado, passaram-se 4 minutos até que eu enviasse a próxima mensagem:

“Você sumiu... Aconteceu alguma coisa?”

“Não, está tudo bem.”. — ela respondeu brevemente. — “Você que sumiu, na verdade rs.”.

“Essa semana foi bem corrida mesmo.”. — respondi. — “Sei que isso não é uma desculpa, mas... Você sabe!”.

“Sim. Eu vi também que você estava com visitas e achei melhor não atrapalhar.”.

“Não era bem uma visita. Era minha ex-mulher, Stella. Ela esteve aqui para conversarmos.”.

“Entendo...”.

“E como está o meu garoto favorito?”.

“Está ótimo! Acho que entramos nos eixos, sabe?! Estou conseguindo relaxar e curtir essa fase gostosa que estamos vivendo...”.

“É muito bom ler isso, Regina. Fico muito feliz!”.

“Sim, mas isso não quer dizer que não sentimos a sua falta.”. — e junto com essa mensagem, ela também enviou um emoji mostrando a língua.

“Ele já está dormindo?”.

“Está aqui mamando, enquanto puxa o meu cordão.”. — eu sorri ao ler.

“Eu posso vê-lo?”. — perguntei, na expectativa de que ela me enviasse uma foto de Max. Mas a resposta que eu obtive foi outra:

“Acho que ele adoraria receber um beijo de boa noite da tia Emma hoje.”.

Como eu estava morrendo de saudades de estar com Max, não hesitei em ir até lá rapidinho para vê-lo. Saí da banheira, me enrolei em uma toalha aquecida e corri até o quarto para vestir o meu pijama. Afinal, era comum que Regina me visse vestida dessa forma. Coloquei um par de meias e calcei os meus chinelinhos de inverno.

Em menos de 10 minutos eu já estava parada em frente a porta de Mills, esperando para ser atendida. Ouvi o barulho da chave destrancando a fechadura e abri um enorme sorriso, ansiando ver Regina a seguir. Mas não foi isso o que aconteceu.

Ao invés de me deparar com a figura da minha vizinha, deparei-me com um homem alto, loiro e com um par de olhos azuis – até porque era impossível não vê-los.

— Ér... — balbuciei enquanto o olhava.

— Olá! — ele exclamou. — Até onde sei, você é a Emma. — ele disse cordialmente e deu espaço para que eu adentrasse. — Prazer, eu sou Robin Walt! — estendeu-me a mão e eu o cumprimentei de forma educada.

— Pelo visto você já sabe quem sou... — falei em um tom divertido e ele sorriu.

— Eles estão no quarto... — apontou para a porta do quarto de Max e, no mesmo instante, Lola veio correndo e pulou em minhas pernas.

— Olá minha garota favorita! — abaixei-me para acarinhá-la.

— Acho que todos nessa casa estão com saudades de você. — Robin piscou um dos olhos e seguiu em direção a cozinha.

Após ter dado atenção a Lola, caminhei até o quartinho de Max. Assim que cheguei a porta do mesmo, vi Regina sentada na poltrona de amamentação, remexendo os dedos de sua mão na altura dos olhinhos de Max. Ele observava atento aos movimentos da mão de sua mamãe e parecia estar extremamente interessado naquilo.

— Psiu! — ela exclamou, e só assim percebi que estava os olhando sem ter anunciado minha presença.

Ela me sorriu com ternura e veio em minha direção enquanto segurava Max com cuidado. O meu olhar caiu para ele, que estava bem sonolento, e foi inevitável não sorrir.

— Oi meu amorzinho! — exclamei ao passar a mão em sua cabecinha. — Como você cresceu...

— Eu também acho. — Regina concordou.

— Posso pegá-lo?

— Claro, ele é todo seu! — exclamou ao passar o bebê para os meus braços. Beijei sua testinha e entrei com ele para o quarto, sentando-me no lugar onde Regina estava e usando daquele tempo para me desculpar.

— Nós seremos amigos para sempre, ‘tá bem?! Às vezes a tia Emma vai precisar trabalhar um pouco mais e vai ficar uns dias sem vir aqui. — ele balbuciou um som de bebê, como se estivesse concordando. — É... Infelizmente. Mas isso não significa que nós não seremos mais amigos, ok?

E ficamos ali por alguns minutos, eu e ele, batendo ‘altos papos’. Depois de um tempo eu me levantei e comecei a rodar pelo quarto enquanto o ninava nos braços. Aos poucos ele foi se entregando ao sono e relaxando o corpinho.

Eu o beijei na testinha novamente e o coloquei no berço, deixando sua girafinha por entre os seus braços, do jeito que ele gostava. Saí do quarto, encostei a porta e segui até a sala para dizer a Regina que eu já estava de saída.

— Você sabe como as coisas são difíceis... — ela dizia a Robin quando me juntei aos dois na sala. — Ei! Ele dormiu? — olhou-me imediatamente, cortando o assunto que estava tendo.

— Desculpa atrapalhar! — exclamei. — Sim, eu já o coloquei no berço e vim avisar que já estou de saída. — aproximei-me dela, que estava sentada no sofá, e depositei um beijo no topo de sua cabeça.

 — Já? Nós nem conversamos, poxa... — disse de forma entristecida. — Você e Robin nem se conheceram direito, Swan. Amanhã você trabalha?

— Oh não, não! — falei. — Só quero relaxar e descansar da semana...

— Relaxe e descanse aqui conosco. — disse. — Robin trouxe uns vinhos do Chile e, como eu não posso beber, seria ótimo que você o acompanhasse.

— Não quero atrapalhar o momento de vocês, Regina. Falo sério! — ofereci a ela um sorriso, deixando claro de que estava tudo bem.

— É a primeira vez que vejo alguém recusar um vinho chileno. — diz Robin. — Mas eu te entendo, Emma! Não deve ser fácil ser médica por aqui. A rotina deve ser bem desgastante... — eu assenti com a cabeça. — Teremos outras oportunidades para nos conhecermos.

— Com certeza! — exclamei e segui em direção a porta. — Boa noite! — assim que eu abri a porta e saí, não tive tempo de fechar, pois Regina a abriu novamente, saiu e a fechou, ficando comigo no corredor.

— Está tudo bem? — questionou-me enquanto me olhava com veemência.

— Sim... — respondi.

— Eu acho que não está tudo bem. — pontuou com firmeza. — Eu fiz ou falei algo que te magoou?

— Regina... — suspirei. — Claro que não. Jamais! — segurei-a pelos ombros enquanto os massageava. — Relaxa!

— Então ‘tá! — relaxou os ombros e eu a abracei brevemente. Ela sorriu sem mostrar os dentes, beijou o meu rosto e voltou para dentro do apartamento após ter me desejado uma boa noite de sono.

A próxima semana seguiu da mesma forma. Por mais que isso fosse improvável para mim, eu e minha ex-mulher estávamos criando uma amizade com base na sinceridade e honestidade quanto aos nossos sentimentos. Stella veio jantar comigo na terça-feira e acabou dormindo aqui, visto que tomamos algumas taças de vinho e eu achei melhor que ela ficasse, ao invés de dirigir ou pegar um táxi.

Quando eu estava voltando para casa, na quarta-feira, encontrei Regina no elevador e nos cumprimentamos. O que me chamou atenção foi o fato de ela estar sozinha com Lola, mas eu não a questionaria sobre isso. Porém, ela mesma me disse que Max estava dormindo e que Robin estava o olhando enquanto ela ia ao mercado.

Antes de sair do elevador, minha vizinha me convidou para jantar em sua casa naquela mesma noite, pois era de sua vontade que eu e Robin nos conhecêssemos e nos tornássemos amigos, assim como eles eram. E mesmo estando cansada do dia, querendo nada além de deitar na minha cama e dormir, eu acabei confirmando que iria. Afinal, eu não tinha nada a perder.

Coloquei uma roupa bem simples, mas caprichei em algo que eu não fazia há bastante tempo: maquiagem. Não era fácil caprichar nas composições de look quando se mora em um lugar que vive em constante frio. Mas eu queria estar com a aparência vaidosa e elaborada.

Mesmo com calça preta, bota – com salto – e jaqueta preta de couro, eu consegui compor um bom conjunto final com uma leve maquiagem nos olhos e batom puxado para o tom vinho. Os meus olhos sempre se acendiam quando eu pintava os lábios com uma cor vibrante, e isso me deixava ainda mais iluminada.

Borrifei um pouco de perfume na extensão da calça, já que provavelmente eu pegaria Max e não seria legal estar cheirando a perfume atrás da orelha. Peguei um cachecol no guarda-roupa e enrolei no pescoço, deixando-me ainda mais ‘invernal’.

A última vez que olhei para o celular estava marcando 07:52pm. Saí de casa sem muita pressa e caminhei até a porta de Mills, que me recebeu completamente sorridente. Era bom vê-la assim. Muito bom.

— Confesso não ter confiado quando você disse que viria... — cumprimentou-me com um beijo no rosto. — Não precisava caprichar tanto. Só seremos eu, você e Robin.

— Você acha que exagerei? — perguntei um pouco constrangida, ao vê-la me olhar de cima a baixo.

— Não acho que exagerou. — pontuou. — Acho que está linda! — piscou um dos olhos e saiu andando até o sofá. — Olha quem chegou, Pumpkin! — disse a Max, que estava deitado em sua cadeirinha no meio da sala.

Sentei-me ao seu lado no sofá e ficamos brincando com Max, que vez ou outra nos oferecia um sorriso banguela. Lola se juntou a nós e ali ficamos por alguns minutos.

Regina se levantou quando ouviu um barulho na cozinha e pediu para que eu olhasse Max por alguns instantes. Como ele já estava sonolento, eu não precisei fazer nada, pois logo ele adormeceu. Certifiquei-me de que ele estava preso ao cinto de segurança, antes de seguir até a cozinha.

— O cheiro me trouxe até aqui... — falei enquanto ela fazia algo na pia.

— Cheiro bom? Eu fiz lasanha. — olhou-me brevemente. — Você gosta, né?!

— Gosto... — respondi. — E Robin? Pensei que chegaria e ele já estaria aqui.

— Ele disse que iria passar na casa da mãe, algo assim. — deu de ombros. — Daqui a pouco ele chega aí. Você quer beber alguma coisa?

— Não. Vou esperá-lo! — ela assentiu com a cabeça. — Você quer ajuda com algo?

— Não, não. Não tem mais o que fazer, na verdade. — disse ao colocar com uma travessa de vidro para dentro do forno. — Agora é só esperar... — bateu uma mão na outra e sorriu.

Regina parou ao meu lado quando passou por mim e eu a olhei, esperando que dissesse ou perguntasse algo. Mas, ao invés de fazer qualquer uma dessas coisas, ela deu uma risadinha e saiu andando.

Robin chegou pouco tempo depois, extremamente animado e falador. Sentamo-nos na sala para jogar conversa fora e, enfim, tomar o vinho chileno. Regina ia ao quarto, vez ou outra, para olhar Max e ter a certeza de que estava tudo bem.

— Quando Regina me contou como tinha sido o parto, eu não acreditei. — disse Robin enquanto nós três ríamos de algo. — Eu sabia que seria um evento histórico, mas não imaginei que seria tão histórico assim.

— No final se tornou um evento de sorte. — disse minha vizinha ao me olhar. — Tivemos muita sorte com a aparição de Emma. Eu realmente não sabia o que fazer e para quem ligar. Você não estava aqui, minha irmã não mora aqui...

— Mas as coisas acontecem da maneira que devem acontecer. — Robin disse. — Você mora aqui esse tempo todo e nunca havia visto Emma, não é isso? — eu e Regina meneamos a cabeça. — Foi preciso alguma coisa acontecer para que a vida de vocês se cruzasse. Eu não sou de acreditar em destino, mas aqui vejo uma obra dele. — disse, referindo-se a nós.

— Emma foi a melhor coisa que aconteceu dentro desse ano louco da minha vida. — Regina disse ao me olhar novamente. — O meu filho veio para me mostrar que as coisas não são como imaginamos, mas que talvez elas possam ser melhores.

— Sem dúvidas. — Robin também me olhou. — Porque você sabe, né?! Foi inventar de se relacionar com um moleque...

— Não conte a história do seu jeito. — Regina deu um tapa no ombro de seu amigo, que fez uma careta. — Matthew tinha idade suficiente para ter um filho. A diferença foi que ele não quis ser pai.

— Viu? Moleque! — Robin exclamou. — Não é questão de querer ser. Ele já era pai quando você descobriu que estava grávida.

— Sim, eu sei. Só que, assim como eu escolhi ser mãe, ele escolheu não ser pai. — Regina disse naturalmente. — E está tudo bem.

— A mulher sempre carrega consigo a maior responsabilidade. — falei após tomar um pouco do vinho que estava na taça. — A maioria dos homens sempre tem uma palestrinha de ressalvas para viver qualquer coisa que seja.

— Exatamente. E esse cara não merecia ser pai do seu filho, principalmente depois das coisas que você me contou que ele fazia. — Robin disse alusivo, e o semblante de Mills mudou no mesmo instante.

— Ele era agressivo? — questionei.

— Sim. Mas não me batia, nem nada. — gesticulou. — Pouco tempo depois que eu descobri a gravidez e dei uma surtada, eu também descobri que ele estava mexendo com coisa errada e tudo mais. Descobri por um amigo dele, que cansou de ‘guardar esse segredo’. — ela fez aspas com as mãos. — E depois disso, eu não o procurei mais.

— Como assim? — Robin perguntou.

— Eu não o procurei mais, ué. Não falei mais com ele, não atendi as ligações e depois ele sumiu. — disse Regina.

— Então ele não sabe que você teve Max? — Robin a questionou, endireitando-se no sofá.

— Não. — Mills respondeu cabisbaixa. — Não sabe e nem precisa saber.

Eu realmente não sei qual foi a minha expressão ao ouvi-la. Na minha cabeça martelavam inúmeras coisas, mas se ela quis assim, com certeza foi por se sentir segura.

— Quando conversamos e eu contei que estava grávida, discutimos bastante e eu falei a ele que estava pensando em não prosseguir com a gravidez. Eu realmente tinha os meus medos... — ela dizia olhando para a própria mão. — E quando ele disse que também não queria, eu fiquei ainda mais aliviada. Só que alguma coisa mudou em mim nos dias seguintes e eu quis ter o meu bebê. Eu sabia que, de alguma forma, eu teria algo que só ele poderia me trazer. Depois descobri que Matthew estava envolvido com o tráfico e resolvi me desvincular totalmente. — sua voz estava embargada, e foi nesse momento que eu toquei uma de suas mãos, assim como Robin. — Eu me vi grávida, sem minha mãe, sem minha vida de antes e... e sem o pai do meu filho.

— Regina, eu sinto muito! — exclamei.

— Isso é passado. Hoje eu me reinventei e me tornei uma pessoa que eu jamais imaginei que seria. — levantou a cabeça e respirou fundo. — E boa parte dessa pessoa que me tornei e estou me tornando a cada dia, é graças a você. — disse a mim. — Robin é o meu amigo fiel, que está comigo em todos os momentos, mas você...

— Não me faça chorar, Pequena! — Robin a beijou no rosto.

— Sério... Emma entrou na minha vida e quebrou todos os conceitos. Emma cuidou de mim, do meu filho e da minha cachorra, sem ter noção alguma de quem éramos e se poderíamos ser um risco para ela. — o meu coração acelerou ao ouvi-la. — E isso diz sobre tantas coisas...

— Gentileza é um princípio lindo e que poucas pessoas têm.  E desde quando Regina me contou sobre você, eu sabia que não era uma pessoa qualquer. — Robin disse.

— Eu posso não ser a melhor pessoa do mundo, mas... — dei de ombros.

— Mas é uma pessoa com muito amor. — disse Regina. — E o seu amor por nós foi o que nos curou.

Ouvir aquelas palavras era, sem dúvidas, a maior declaração de amor que eu já havia recebido durante toda a minha vida. Não que ela tivesse essa conotação, mas saber que você, sua presença e sua essência fazem bem a alguém, é algo inexplicável.

Após a nossa choradeira na sala, fomos para a cozinha e nos sentamos à mesa para comer a lasanha de Regina. Robin era um cara muito educado e divertido, e a todo momento nos fazia cair na gargalhada com suas histórias.

No meio do jantar o chorinho de Max preencheu a casa, fazendo Regina abandonar o seu prato para ir atendê-lo. Logo ela voltou, dizendo que a chupeta havia caído da boquinha do pequeno e por isso ele havia se incomodado.

— Então você ficou com a mulher se passando pelo seu irmão? Não acredito! — eu estava incrédula com o que Robin havia contado, mas não conseguia parar de rir. — Mas vocês são tão parecidos assim? Deixa eu ver uma foto. — ele pegou o celular no bolso, selecionou uma foto em que estava ao lado do irmão e me mostrou. — Idênticos!

— Ele fazia isso sempre... — Regina revirou os olhos. — Às vezes eu estava no escritório da boate e ele chegava com alguma moça. Já vinha piscando os olhos e eu já sabia que ele estava se passando por Carlo.

— Vocês homens são impossíveis... — falei negando com a cabeça. — Meu Deus!

— E você, Swan? Regina e eu já falamos tanto e você não falou nada. — ele disse. — Você é casada?

— Eu era casada... Me divorciei há uns três meses, no máximo. — gesticulei. — Mas foi tudo bem tranquilo. Tanto que somos amigas hoje em dia e ela não sai da minha casa.

— E isso dá certo? Não rola uma recaída? — ele perguntou.

— No início nós discutíamos ainda mais. Stella é uma pessoa difícil de lidar, mas tem um coração enorme. — pontuei. — Recaída? Não. Acho que nossa relação se limita a amizade.

— Mudando de assunto... — Regina disse um pouco mais alto. — Eu fiz uma sobremesa, mas não sei se ficou boa. — ela se levantou e foi até a geladeira. — Preparei uma torta de maçã, com chantilly para acompanhar.

— Uau! — exclamei. — Regina Mills é uma Chef de cozinha e eu não sabia?

— Você não sabe de muitas coisas... — piscou um dos olhos ao colocar a torta sobre a mesa.

Comi uma fatia pequena, pois já estava bem cheia, e estava uma delícia. Regina não quis comer, porque sabia que o excesso de doce e gordura poderia causar cólicas em Max.

Conversamos por mais alguns minutos, até que Robin anunciou que precisava ir embora. Lamentamos a sua partida, pois ele realmente era muito divertido. Regina o acompanhou até a porta e, enquanto isso, eu também me preparei para ir, pois estava bem tarde e eu precisava trabalhar no dia seguinte.

— Não acredito que você também já vai. — ela disse ao me ver em pé no meio da sala. — Não quer dormir aqui?

— Já são quase 03:00am. Eu preciso me levantar as 06:00am para ir trabalhar, querida. 

— Por isso mesmo. Se você dormir aqui, vai economizar alguns minutos de sono até chegar em casa. — disse de forma divertida. — Você mora bem longe...

— É, Regina... Eu realmente moro muito longe... — ironizei.

E sem que ela perguntasse novamente, eu assenti e retirei minha jaqueta e o cachecol, antes de seguir até o banheiro para escovar os dentes. Eu não lembrava, mas havia deixado uma escova de dente aqui.

Cheguei ao quarto e Regina estava amamentando Max enquanto andava de um lado para o outro. A luz estava baixinha, deixando o clima bem aconchegante para que ele não despertasse.

Só que de repente o cenário mudou, e da calmaria se deu uma grande euforia. O bebê começou a chorar sem parar, chegando a perder o fôlego algumas vezes. O olhar de Regina era firme, como quem sabia o que estava fazendo e como lidar com aquela situação. Mas mesmo estando totalmente segura, ela não conseguiu acalmar Max.

Andava com ele de um lado para o outro, ninando e tentando mantê-lo próximo ao seu rosto, para que pudesse sentir o calor de sua pele. Mas nenhuma das coisas que ela fez foram suficientes para sanar o choro de seu filho.

Eu me levantei da cama quando ela parou em minha frente e suspirou, deixando os ombros caírem, em sinal de redenção. Ela negava com a cabeça e emitia o som ‘Shhh’, na intenção de que ele se lembrasse do ruído do útero.

Na intuição, fui até o seu quartinho e peguei uma manta. Voltei para o quarto de Regina e nós duas enrolamos ele bem apertadinho, deixando os bracinhos presos junto ao corpinho. O chorinho cessou, mas os resmungos permaneceram.

Numa ideia de deixá-lo ainda mais aquecido, eu fui de encontro a Regina e a abracei, deixando-o entre os nossos corpos. Max jogava a cabecinha para trás, como se quisesse ver quem é que estava ali e, após se certificar de que era eu, ele se acalmou. Era engraçado ver sua segurança com um simples ato. Era engraçado ver que ele sabia que podia confiar em nós e que não faríamos nada além de protegê-lo.

“You are my sunshine, my only sunshine...”. — comecei a cantar e Regina sorriu. — “You make me happy when skies are gray...”.

“You’ll never know dear, how much I love you...” — nós duas cantamos juntas, bem baixinho. — “Please don’t take my sunshine away...”. — nós duas beijamos a cabecinha de Max no mesmo tempo e sorrimos ao nos afastarmos.

— Não é só o repertório musical da mamãe que é bem fraco, filho. — Regina sussurrou para Max.

— É o necessário! — eu sorri ao exclamar e, naturalmente, nossas testas se uniram enquanto balançávamos de um lado para o outro, como se estivéssemos ao som de uma canção.

Os nossos narizes estavam próximos e chegavam a se tocar de forma delicada. Os meus olhos se fecharam e eu me deixei levar por aquela boa sensação. Eu ouvi Regina sorrir e, assim que eu abri os olhos, pude vê-la tão entregue ao momento quanto eu.

Os seus olhos estavam fechados e o desenho de sua boca formava um sorriso sutil.  

— Emma? — ela me chamou e eu me afastei para olhá-la. — Acho melhor se deitar. Daqui a pouco você precisa se levantar...

— Tem razão! — dei outro beijinho na cabeça de Max e logo Regina o levou para o quarto. Eu me deitei na cama, sentindo falta do meu travesseiro, e tentei pegar no sono.

Lembro-me de ter sentido a presença de Regina pouco tempo depois de as luzes do quarto terem se apagado. Ela sussurrou um ‘Boa noite!’, acredito, e logo o silêncio tomou conta do ambiente.

Talvez eu estivesse equivocada ou emocionada devido aos assuntos que tivemos hoje, mas o questionamento de Stella voltou a habitar em minha mente.

Eu ainda não sei se posso respondê-lo, mas se existe um sentimento que me define quando estou junto de Regina é: felicidade.

 

 


Notas Finais


Olá! Obrigada por ter lido o capítulo até aqui. Fico muito feliz por tê-lo como leitor!
Nos vemos no próximo.
Beijos!♥


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