História -Sugar Crash-(BoruMitsu) - Capítulo 2

---------------------------------------------------- 

“Capítulo 2: I ain't got no fuckin cash” 

---------------------------------------------------- 

(...) 

A chuva pingava sobre seu parapeito, um vaso de flores mortas também acompanhava o local. Observava as ruas levemente lotadas da Califórnia, era mais agradável do que parecia o clima para si. 

Aquela seria seu último dia na cidade de San Francisco, e partir não lhe despertava os ânimos, principalmente sabendo seu destino. Odiava cada rua de L.A. Odiava o cheiro e o clima do lugar, mais do que odiava qualquer coisa. 

Suas malas todas prontas e seu quarto totalmente vazio. Sem caixas ou qualquer outro móvel, apenas ele e ele.  

Sua nova vida o esperava. E riu ao lembrar da noite que pensou que nada poderia piorar, a prova estava ali, naquele carro e no barulho da buzina.  

Respirou fundo antes de descer as escadas da casa onde havia ficado pelos últimos meses, pensando que daquela vez, não poderia piorar; 

Como estava enganado. 

(...) 

O trajeto silencioso não lhe incomodava, sentado a janela, olhando todos os outros carros e pensando nas situações que poderiam estar acontecendo dentro deles. Sabia que Sarada não viria lhe incomodar tão cedo, e muito menos seu pai.  

Começaria no internato na próxima semana, e então tudo de novo. Se enturmar, fazer amigos passageiros, se apegar aos professores, para no final algo vir e lhe jogar no chão. Seja suas loucuras próprias ou o mundo ao seu redor. Não importava de qualquer jeito. Estava sozinho pela primeira vez em anos; 

Era drama adolescente apesar de tudo. 

O aeroporto era movimentado, os sons das malas se arrastando pelo piso tão branco quanto a neve, os chamados e anúncios dos últimos e próximos voos. Sua irmã correu para uma loja de conveniência junto da Uchira, ambas sorriam e iam atrás de coisas significativas para levar até seus avós. 

O garoto de cabelos loiros se sentou no banco pulando uma cadeira de seu pai, olhava um ponto fixado sem nem piscar, mas sua mente era um branco total, nem mesmo a letra de uma música se permitiu recitar. Gostava daquele silencio, mesmo o local sendo bem barulhento.  

Mas um olhar começou a lhe incomodar. 

Virou e as orbes pretas lhe olhavam, seu pai não estava mais ali, eram apenas os dois com duas cadeiras de distância. Olhares indecifráveis para os demais. 

-Não conversamos desde as suas férias- Comentou o adulto virando para frente, o corpo reto e roupas impecáveis, cabelos alinhados e olhos escuros como as noites. 

Não era difícil ver pelo que seu pai havia se “apaixonado” 

-Lhe dei parabéns pelo casamento- Disse não querendo entrar no assunto sobre o último ano, o pior, entre todos os anos de sua vida. 

A risada doce, mas meio desconfortável invadiu seus ouvidos. Sasuke dava pequenos risos apenas para os mais próximos, mas mesmo assim era estranho velo sorrir.  

-Está animado para começar seu último ano? -Falou dando um sorriso nostálgico, deveria ser a felicidade pós-casamento, nunca o viu sorrir tanto, e tão espontaneamente. 

Concordou sem muita animação. 

-Estudei no mesmo lugar para onde ira, e o meu último ano foi uma loucura- Disse olhando para o menino, que por incrível que pareça queria ouvir as histórias, queria apenas distração. 

E talvez, só talvez, criar laços com alguém. 

-Meu irmão havia acabado de anunciar que ia voltar para Tokyo, e assim eu teria que ficar com a empresa- Falou super nostálgico despertando um pequeno sorriso no Uzumaki.- Eu era um adolescente besta que só queria zuar e fazer coisas para se arrepender no futuro- Sorriu batendo no banco ao seu lado, e mesmo receoso o garoto se aproximou para ouvir e captar melhor a história. 

-E então bem no começo do ano, eu pulei na fonte da escola sem roupas- Não se aguentou rindo baixinho com as lembranças, o sorriso do Uzumaki cresceu, não sabia se era pela vergonha alheia, ou apenas pelas caretas que Sasuke fazia ao lembrar do acontecimento. 

E continuaram ali, Sasuke compartilhando os segredos sobre a escola, e vez ou outra ganhando risos e respostas com palavras do mais novo. 

E de longe um certo loiro sentiu um calor no peito ao ver a cena, e decidiu que poderiam atrasar um pouco o voo. 

(...) 

(...) 

A escola era grande, extravagante- ousaria dizer. Mas era mesca. Apenas pelos poucos alunos na entrada conseguiu ver aquilo, a maioria daquele lugar nunca deveria ter ouvido falar em pirata. 

O que dê certo lado era bom. 

A garota Uchira assim que entraram no local com suas malas o puxou para a diretoria, os corredores eram largos, mas finos, os armários sem nenhum adesivo ou qualquer coisa para diferenciar, - como em sua antiga escola. 

Era um internato afinal. 

Depois da “dolorosa” despedida da família, a Uchira encontrou algumas amigas na entrada, mas foi interrompida por um loiro nem um pouco satisfeito. Queria ir para seu dormitório, dormir e fazer sua dancinha da vitória por conseguir se afastar do pai. 

Um homem de cabelos marrons lhe guiou a sala do diretor, pelo caminho quadros e mais quadros de conquistas dos alunos que estudaram ali, riu ao ver uma de Sasuke, pelas histórias era alguém marcante.  

-Bom dia Sr.Hatake -A cabeleira prateada se virou para eles como em filmes, a cadeira de rodas girou dando a visão do homem sentado sob pilhas e pilhas de papel. 

-Bom dia Iruka- Falou docemente para o secretário que sorriu em resposta. 

“Que climão” - Pensou Boruto olhando para ambos. Só queria um café com chantilly e canela. Oh sim, precisava de um café com chantilly e canela. 

-Esses são Boruto Uzumaki e como já conhece, a senhorita Sarada Uchira- Quase cuspiu todo seu café ao ouvir Uzumaki sair dos lábios morenos, mas logo se recompôs olhando atentamente para os três presentes em sua frente. 

-Voltou para nós Senhorita Uchira?- O sorriso fez um leve relevo em sua máscara, e a menina se curvou em resposta. - Seja bem-vindo Senhor Uzumaki, é um prazer recebe-lo em nossa escola- Disse também sorrindo para o garoto, que se sentiu obrigado a se curvar perante a autoridade. 

-Bem, Iruka ficara responsável do garoto, querida pode ir se acomodar em seus aposentos, as aulas oficiais só começaram na próxima semana- Falou recebendo um adeus animado e em menos de segundos a garota sumiu da sala. 

Logo ambos também saíram deixando o homem sozinho na sala. 

“A cara do pai” -Riu com a comparação, e rezou para que tivesse puxado a calma da mãe, não aguentaria mais um Uzumaki. Não mesmo. 

Já na secretária o homem com os longos cabelos lhe entregava alguns papéis, eram sobre a escola em geral, clubes, horários, atividades físicas, aulas extras, entre diversas outras coisas. 

-Bem, seu quarto é o 7-A, irá dividir com mais três garotos, esse papel que lhe darei agora são as regras da escola. Seu uniforma está sobre sua cama. - Disse sorrindo e entregando as últimas papeladas ao garoto, que se despediu com a missão de achar seu dormitório. 

(...) 

Estava perdido. Sarada levou sua mala, pois segundo o que ela disse no telefone: “Sá sabia seu quarto, e como é perto do meu despachei lá”. Irritante. 

Andava pelo terceiro andar, -onde ficava os dormitórios-, e a frustração era imensa. Já passou por quase todos os corredores, mas eram iguais, apenas diferenciados pelo número em sua porta. 

Considerou correr para o Sr.Iruka e obriga-lo a achar seu quarto, mas até que chegasse no tério, iria morrer novamente. 

-Perdido? -Uma voz perguntou atrás de si, se exaltou dando um leve pulo com um arrepio pela espinha, se virou vendo um garoto quase de seu tamanho, cabelos esbranquiçados e uma pele tão pálida quanto. 

-Sim...- Resmungou derrotado, precisava de seu café com chantilly e canela o mais rápido possível, junto de um longo banho quente. 

-Deve ser Boruto Uzumaki não? -Disse vendo a confusão no rosto do garoto- Sou Mitsuki, um dos seus colegas de quarto, vem, te levo até lá- Só poderia ser um anjo, pensou seguindo o garoto pelos frios corredores do lugar. 

Ao passar pelos quartos vozes eram ouvidas, sejam exclamações sobre estarem com saudade ou não querer nunca mais ver aquela pessoa. Sua mente vagou por mais um tempo até chegar no dormitório, sua vida iria realmente recomeçar, e com esse pensamento que entrou no quarto. 

Poderia ter desistido, e ao ver um rosto tão conhecido deitado sobre umas das quatro camas pelo dormitório, pensou em como a sorte conspirava sempre ao seu favor. 

Com a brusca parada chamou a atenção do garoto, que arregalou os olhos ao o ver. 

Um grande passo para trás;  

Se sentia feliz por ter trazido uma caixa de cigarros. 

---------------------------------------------------- 

“Eu estava bem. Pisquei e aquele peso voltou e me levou para o fundo do poço. De onde acho que nunca sairei. Me isolo porque o mundo dentro de mim é mais seguro. Mas ultimamente nem mesmo minha mente é um lugar para onde quero voltar...” 

Obrigada por ler! 

----------------------------------------------------