Desde jovem eu era complicado, frequentemente dava trabalho para os meus pais. A questão sempre foi: "Como eu me tornei o Diabo?". Isso era o que todos me perguntavam, mas nunca teve um porquê… Ou será que teve?
Mais um dia normal na minha vida, estou saindo para a escola como sempre faço. Tomo meu café preto e extremamente forte. Sentir a sensação da cafeína quente e fervorosa descendo pela minha garganta é como se eu estivesse tomando uma Vodka Balkan, mas ainda é apenas café.
Saio de casa e começo a minha longa caminhada até a maldita escola. No caminho encontro uma pessoa extremamente desprezível e desagradável, alguém que me odeia tanto quanto a odeio.
Essa pessoa faz bullying comigo desde que éramos crianças, mas o idiota é tão covarde que não tem coragem de fazer sozinho, então ele o faz com a ajuda dos seus amigos.
Se você queria uma resposta do porquê me tornei o Diabo, bom ele é a sua resposta.
Quando não aquentava mais sofrer decidi tentar aprender a me defender e no momento que compreendi todos os ensinamentos dos meus treinamentos decidi me vingar, e bem… acabei espancando ele e seus amigos. Aquilo foi apenas um aviso para não mexer mais comigo, porém só funcionou por um tempo.
Os humanos são falhos em tantos aspectos e a prática do bullying é uma dessas falhas, porque até mesmo um simples defeito na visão deles é um motivo para fazer você sofrer, e foi isso que fizeram comigo.
Porém eu não tive ajuda de ninguém, nem dos meus pais. Eu tive que fazer àquilo, era preciso me tornar um monstro para eles pararem. Só que isso não afetou apenas a minha pessoa, mas afetou todos ao meu redor.
Ao me tornar o Diabo eu não quis mais voltar a ser um humano cheio de falhas e erros. Desejei apenas ser aquele monstro. A melhor coisa que tinha era ver a cara de medo das pessoas, me causava uma sensação de relaxamento, felicidade e ansiedade para ver mais rostos cheios de pavor.
Ver aquele menino que antes me provocava pânico e apreensão experimentar exatamente o mesmo sentimento que eu tinha só que de uma forma pior, deixou-me maravilhado. E quando estrangulei ele até não sentir sua respiração no meu rosto e nem em minhas mãos, me deixou embevecido. Foi a melhor sensação da minha vida.
E para comemorar a sua morte levei seu corpo atlético ainda quente para a sala dos professores e passei um café preto e forte, coloquei o garoto sentado ao meu lado em uma cadeira de escritório estofada e saboreei o café.
Foi deste modo que me tornei um monstro: o Diabo, um psicopata louco por sangue e dor. Como o Diabo eu adorava botar fogo e causar sofrimento. Como um monstro eu amava a destruição dos corpos e como um psicopata eu gostava de matar e ouvir os gritos de socorro ou de perdão. Não tinha coisa melhor do que admirar o sangue quente escorrendo na ponta dos meus dedos, e regularmente eu prezava em causar tanta dor.
Mas eu não tive culpa de me tornar o Diabo, isso foi culpa dos humanos. Sou culpado de todos os meus pecados, todavia causar um inferno na vida dos outros a todo momento era muito adorável de se fazer.
O mundo não é perfeito, nós não somos perfeitos, e eu sou só um reflexo da imperfeição humana e das suas falhas. Vocês me criaram para por a culpa dos seus atos impuros e perversos em mim, a minha pessoa é o reflexo no espelho dos seus medos mais sombrios e hediondos, sou apenas a sua impureza em forma humana.
Eu sou O Diabo.
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