História 00:01 de sempre - De 00:00 até você;

Não o conheço direito, mas tendo a acreditar na personificação que construo a cada dia. 

Pra mim, é como se me colocassem em um espaço cheio de vazio. Branco e vasto; sem limites para chão, teto, murros, quinas, laterais, rodapés, lustres. Absolutamente eu no vazio. E eis que vem a vontade de "pintar aquela parede de azul cobalto. Só me vê a tinta que eu faço isso." 

Por que quero e nada mais. Unicamente a vontade de fazer, sem ferramentas, material, sem muito fundamento também, ou ajuda.  

Você aparece pra mim como uma pergunta ainda com nenhuma resposta e que não sei se quero ouvi-la. Mas seria bom enfiar as mãos na lata de índigo e sujar toda a volta com mais cor e seus sorrisos. E mergulhar no estigma dos seus olhos. E dar pé pra contornar seus sonhos... E te encontrar livre para ensinar como as coisas podem ser unidas sem cola. 

Apenas pela força da vontade. 

Hoje, em dias, percebo que minhas pedras lançadas voltam com mais força centrípeta e desordenadamente aceleradas do que há alguns meses, pela pouca resistência do ar que emprego no sentir. Emanando desejo sem filtro, arriscando me perder em vincos, ainda não me apaixonando pelo processo. 

O quão complexo esse caminho se tornou? Cadê as doses medicadas aos poucos de volúpia? 

Um talvez com certeza é tudo que norteia a vontade de colar: sejam as rotas, os orbes, os fundos de alma, os dedos mínimos, as bochechas, os corpos, os infinitos desenhados por crianças crescidas e descabeladas. Colar se torna vontade, vontade se reinventa em juntos somos mais que um, um único e veemente credor de confiança. 

Um passo; 

Dois assobios 

Três acenos 

Quatro sinais 

Cinco desejos; 

Seis virtudes; 

Sete batidas; 

Oito desistências; 

Nove esperanças 

Dez-necessariamente contadas em destinos colados com cuspe, sustentando toneladas de querer ser descoberto.