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  3. Tempestade em Seattle II

História 03 ( beyond the love - choni ) - Tempestade em Seattle II


Escrita por: chxnidale

Capítulo 23 - Tempestade em Seattle II


Fanfic / Fanfiction 03 ( beyond the love - choni ) - Tempestade em Seattle II

 

Cheryl B. Topaz – Point Of View

O meu dia iniciou normalmente, a cidade nublada e fria que provavelmente receberia uma tempestade. Era o que os noticiários indicavam e as próprias pessoas falavam, até o movimento nas aulas da escola se tornou mínimo.

Estava tudo indo como todos os outros dias, trabalho em dobro pela ausência da Sabrina, o cansaço batendo ao final de expediente e mais uma vez, Maeve junto de mim na sala. É algo que tem se repetido, a mais nova quase sempre fica comigo após o horário de trabalho, fazendo companhia enquanto conversamos. Nunca neguei porque querendo ou não sinto uma leve carência de ficar sozinha, já basta chegar em casa e ter aquele enorme local completamente vazio, sentia falta da minha pequena família. 

— Finalmente acabei por hoje. 

Falei junto com um suspiro, retirei o óculos de grau o colocando sobre a mesa, o meu corpo ergueu enquanto desligava o computador. O tempo lá fora já estava escuro, não por estar anoitecendo, mas sim pela chuva que viria com força.

— Estamos liberadas? 

Maeve sorriu ao falar, levantando da cadeira.

— Liberadas e livres... 

— Livres? Isso significa que podemos ir a algum lugar? 

— Maeve?! – franzi a testa. — Você vê as notícias? Vai cair a maior chuva do ano e quer sair, só pode estar ficando louca. 

Balancei a cabeça em negação, comecei a recolher as coisas que estavam sobre a mesa para colocar dentro da bolsa. Me sentia exausta e com certeza amedrontada, odeio tempestades e Toni sempre esteve lá para me manter calma, hoje estaria sozinha em minha enorme casa.

— Ei.

Maeve chamou minha atenção, a loira estava bem ao meu lado, uma mão sobre a mesa e o corpo perto. Não dei importância continuando a organizar as coisas.

— Lembra de quando ficamos juntas em um dia de chuva? – ela divagava ao falar. — Quero dizer, naquela noite as coisas foram diferentes. 

— Diferentes? 

A encarei com a expressão confusa.

— Sim. – sua mão subiu, colocando uma mecha de meu cabelo para trás da orelha. — Você parecia mais sensível, arrisco dizer que até carente. 

Riu ao final, revirei os olhos.

— É sério, o beijo naquela noite tinha um gosto diferente... – sussurrou, o olhar conectado no meu e os dedos deslizando por meu rosto. — Tinha sentimento. 

Maeve tinha razão sobre aquela noite ser diferente, nós tivemos nosso único momento como realmente um casal – sendo que não éramos um, foi no seu apartamento e em um sofá de couro velho. A chuva caía em Boston e decidimos assistir um filme. A loira foi carinhosa, gentil, atenciosa e incrível. Em meio a tantas loucuras que fizemos juntas houve um dia que tivemos nossa calmaria, nosso pequeno aconchego.

E de repente me vi em uma tensão, a minha respiração falhou quando Maeve segurou meu queixo com a ponta dos dedos e a outra mão tocou minha cintura puxando-me para perto dela. Estávamos nos encarando, porém vi o exato momento que o olhar da loira caiu para meus lábios analisando devagarinho cada pedaço de minha boca.

— Por que não repetimos aquele beijo? 

Murmurou voltando a me encarar. 

Me senti estática, as minhas mãos espalmaram em seu peito para afasta-la. O meu coração começou a bater mais forte, Maeve esperava uma atitude minha, uma permissão ou qualquer sinal de que poderia continuar. Não sei por quanto tempo fiquei parada, apenas a encarando...

Meu primeiro e único pensamento naquele momento foi em Toni, toda nossa turbulência, as brigas e o que me fez chegar até aqui com a boca quase junto da minha ex. O meu peito doeu ao cogitar a possibilidade de trair minha esposa, de beijar Maeve e magoar a lutadora de forma que poderia ser irreversível. Não poderia fazer isso com ela, não com a mulher que amo e amei a vida inteira, a única que desperta coisas inesquecíveis em mim. Eu a amo e não seria uma atração que faria tudo que construímos até aqui acabar.

Foi ali naqueles poucos segundos que fiquei a um passo de fazer a maior burrada da minha vida e que percebi o estrago que poderia causar. O quão imatura, irresponsável e claramente impulsiva estava sendo, um simples movimento sem pensar poderia levar meu casamento para o fim, só bastava uma atitude para perder Toni pra sempre. 

Uma adrenalina correu por minhas veias quando os meus braços se moveram, empurrando Maeve para longe e me negando a deixar levar por um momento. Um trovão alto, estremecendo as paredes da escola fez com que apoiasse as mãos na mesa firmando os dedos na madeira e sentindo meu peito subir e descer com força, rapidez. 

— Ruiva?! – me chamou. — Era só dizer que não, não precisava me empurrar desse jeito. 

— Merda. 

Praguejei, minha mão indo de encontro a testa.

— Cheryl? Tudo bem, não aconteceu nada. – Maeve se aproximou novamente. — Fica tranquila, foi só um flerte...

— Não, não... – balancei a cabeça. — Quase te beijei, Maeve! 

— Isso é um crime? 

Ela riu achando graça da situação.

— Eu sou casada, a Toni... Deus, como vou contar isso pra Toni?

— Ruiva, é só não contar. 

Suas mãos tocaram em meus braços, a encarei.

— Não contar? Você acha que vou conseguir olhar pra minha mulher depois de quase te beijar? As coisas não são assim, Maeve. Eu me sinto suja de chegar perto de trai-la. 

— Caralho. – a loira murmurou. — Então, é assim que funciona o amor? Esse drama todo só por um quase beijo. E se tivesse acontecido?

— Nem eu mesma me perdoaria.

Levei as mãos aos cabelos, puxando o ar com força e soltando devagar tentando não surtar com a possibilidade de minha esposa não querer mais nada comigo. Nós estávamos em uma fase péssima, mas meu coração ainda é totalmente dela, não posso esconder o que aconteceu e vem acontecendo, preciso ser totalmente sincera com Toni e tê-la novamente. 

— Pode ficar calma? Não fizemos nada.

Maeve pediu. 

— Preciso ir. – falei apressada, pegando minha bolsa e recolhendo as chaves. — Fecha a escola pra mim.

Coloquei o molho de chaves em sua mão. 

— Cheryl. – ela me segurou. — Você vai se cuidar, certo? Está chovendo e vai dirigir.

— Não se preocupe. – me desvencilhei. — Só quero que o que aconteceu hoje nunca mais se repita, por favor. 

— Nunca faria nada contra sua vontade, você sabe. 

Arqueou as sobrancelhas, suspirei. 

— Eu sei.

O caminho até meu carro era curto, a maior parte do trajeto estava coberto, mas os poucos metros que andei ao ar livre para chegar até o veículo peguei a chuva que caia, forte e sem piedade encharcando meu corpo em menos de um minuto. 

Assim que bati a porta, inspirei sentindo meu peito subir e descer com força, eu queria gritar e chorar. Queria acabar com essa confusão toda na minha cabeça, terminar com esse drama que estamos vivendo e voltar para nossa vida juntas, para nossa família. No momento não me importava com mais nada, apenas não queria perder minha mulher novamente e muito menos por um erro meu.

Odiava dirigir na chuva, porém não iria perder mais nenhum segundo para finalmente deixar todo meu orgulho de lado, sentar com minha esposa e esclarecer nossa situação. Chega de brigas, de omitir, acusar ou simplesmente ignorar nossas diferenças, nossas mágoas. Não posso viver mais um segundo sem ter pelo menos tudo a limpo, inclusive o que acabará de acontecer com Maeve. 

×××

 

— Toni?!

O meu tom era alto enquanto a chamava por cada cômodo da casa, havia encontrado Lion no tapete da sala, o corpo esticado enquanto tirava uma soneca. Ainda tinha uma chave da casa comigo, consegui adentrar com facilidade e no momento, molhava todos corredores e passagens, pingando por conta da chuva que caia lá fora.

— Toni. 

Repetia seu nome na cozinha e sala de jantar. 

A morena não estava em nenhum cômodo do primeiro andar, subi as escadas indo direto ao nosso quarto, a porta estava aberta e no mesmo instante vi Toni saindo do banheiro, os cabelos molhados indicavam que havia acabado de tomar banho.

— O que está fazendo aqui? 

O seu tom ríspido me pegou de surpresa, os castanhos parecendo cansados me analisavam de cima a baixo enquanto a mesma jogava uma toalha recém usada em cima da cama. Umedeci os lábios, engolindo a seco e sentindo minhas pernas fraquejarem.

— Eu quero... uhnm... 

Meu queixo tremeu, estava quase congelando.

Forcei a garganta.

— Quero conversar. 

A voz falhou, me praguejei internamente. Toni desviou nossos olhares, o seu peito subiu e desceu com força, seus dentes maltratavam o lábio inferior. 

— Porra. 

Murmurou, a cabeça balançando em negação.

— Você precisa de um banho e roupa quente. – sumiu ao adentrar nosso closet, voltando com uma toalha. — Depois conversamos.

Aconselhou, alcançando-me a toalha. O meu desejo era conversar naquele momento, contar tudo logo e nos resolvermos, mas não consegui. Estava tremendo de frio, a água e vento gelado me deixaram sem forças para falar com Toni.

Um banho rápido, mas quente, roupas confortáveis e pantufas nos pés. Me senti melhor, principalmente porque tudo nessa casa tinha o cheiro da minha esposa, o aroma que amo inspirar profundamente e que aquece meu coração. Melhor que isso foi encontra-la na cozinha, me esperando com café quentinho.

— Toma... – me ofereceu empurrando a caneca sobre o balcão que nos separava. — Vai se sentir... Se sentir melhor. 

O seu tom nervoso me deixava curiosa, talvez fosse porque apareci do nada em nossa casa novamente, mas ao mesmo tempo não consigo ver Toni pensando que correria para outra pessoa em uma tempestade, ela é a única a me deixar completamente tranquila. 

— Obrigada. 

Curvei os lábios em um sorriso sem mostrar os dentes, segurei a caneca com as duas mãos firmando para me concentrar em não derruba-la a cada trovão que soava lá fora. 

— Eu quero falar, Toni. 

Confessei, não conseguindo beber nem um gole do líquido.

— Claro, eu... – forçou a garganta. — Eu estou ouvindo. 

Diferente de mim, levou a caneca até a boca tomando uma grande porção de café. A maneira que Toni engoliu parecia ter dificuldade, mas não me concentrei nisso. 

— Primeiramente quero começar dizendo que tudo que menos desejo nesse momento... – o meu tom falhou, o nó se formou em minha garganta e as lágrimas vieram antes que o esperado. — É que nosso casamento acabe. 

O meu olhar caiu para a caneca, senti minha bochecha molhada e minhas pálpebras pressionadas por alguns segundos. Quando a encarei novamente, Toni tinha uma expressão indecifrável, havia um receio que depois de ser totalmente sincera poderia nunca mais ter a morena novamente. 

— Talvez falte um pouco de sinceridade da nossa parte, menos orgulho e muito mais diálogo por isso que vim correndo pra cá, não quero esconder nada de você.

— Cheryl...

— Espera. – levantei a mão, deixei minha caneca sobre o balcão. — Disse sobre a Maeve, mas nunca fui totalmente clara. Infelizmente, ela chegou em um momento de fragilidade, onde nós duas erramos várias vezes e acabamos não dando chance uma pra outra. Sim, é verdade que por vezes me sinto sufocada e sim, me senti livre com ela. 

Encarei os castanhos que desviaram dos meus na hora.

— Foi algo momentâneo, na amizade e que quando aconteceu, assim que cheguei em casa tudo que queria era você, Toni. Ainda não entendo o que senti pela Maeve se foi carência, atração ou só uma forma de provar que ainda sou eu, que me divirto e posso fazer o que quiser. – suspirei, negando. — Nós tivemos aproximações, várias, mas hoje foi diferente... – funguei, pressionando os lábios um contra o outro. — E nós quase nos beijamos. 

Puxei o ar após a confissão, o olhar da morena finalmente veio até o meu, havia um certo analise em seus castanhos. A sua reação tão calma me assustava, esperava gritos e muito ciúmes de sua parte, mas não aconteceu. 

— Me senti tão mal, tive que vir correndo te contar porque não conseguiria olhar pra você sabendo que me aproximei tanto de outra mulher a ponto de quase beija-la. 

E lá estavam as lagrimas novamente, silenciosas e sorrateiras.

— Não sei o que aconteceu comigo, Tee. – pausei, engolindo o choro que queria vir com força. — O meu coração é totalmente seu, nunca conseguiria ficar com outra mulher e nunca te magoaria dessa forma, quando a Maeve se aproximou...

— Você fez o que, Cheryl?

Interrompeu-me, o tom ríspido me fez estremecer.

— Pensei em você. 

— Pensou em mim? Piada. – riu ironicamente. — E depois? 

— A afastei, Toni. 

Respondi como se fosse óbvio. 

— Pare de mentir. 

Rosnou, brava. 

Franzi a testa. 

— Não estou mentindo, acha que viria até aqui para mentir? – enxuguei as lágrimas encarando os castanhos. — Eu não queria beija-la, fui uma idiota por me deixar levar por momento e acabar aceitando flertes só porque estávamos afastadas. Você é a única que pode me tocar, beijar ou me ter, Toni. 

Declarei, esperando uma reação positiva sua. 

Toni balançou a cabeça em negação. Via com a maneira que mordia a parte de dentro da bochecha que havia algo errado, engoli minha saliva com dificuldade, esperando uma fala sua. 

— Betty esteve aqui. – seu tom era mais frio que a tempestade que caía lá fora. — Veio me dizer para lutar por você e por nosso casamento, deu vários conselhos que incentivaram-me a ir até a escola... E adivinha?!

Minha esposa estava sendo sarcástica, tanto que demorei a raciocinar e juntar todas suas palavras, no fim acabei chegando a uma conclusão. A minha boca abriu, mas não consegui dizer nada. Minha garganta secou, um buraco se abriu em meu peito enquanto Toni me encarava demonstrando que todas minhas suspeitas estavam certas.

Um arrepio percorreu minha espinha e tudo pareceu piorar na minha cabeça. Toni viu meu momento com Maeve? Diabos, ela viu?! Não! Por que o destino seria tão cruel com nós? Comigo? Fechei os olhos, as lágrimas descendo com facilidade, a maneira que doía cada vez que percebia minha mulher mais perto de não ser mais minha. 

— Toni, eu não fiz nada... – murmurei em meio as lágrimas. — Não beijei ela, se você estava lá... 

— Sim, estava lá para ver suas mãos no peito dela e não afasta-la. – seu olhar desviou do meu novamente. — Se quer ficar com sua ex é só me dizer. 

— Mas não quero. 

As minhas pernas automaticamente deram a volta no balcão parando ao lado de Toni que se afastou de imediato como se não quisesse tocar em mim.

— Toni, precisa acreditar em mim... – implorei. — Não fiz nada. 

— Esse é o problema, Cheryl. – sorriu tristemente. — Você não fez absolutamente nada. 

Pronunciou cada palavra.

— Ficou parada esperando ela te beijar. 

— Não, não deixaria, eu juro. 

— Você estava deixando, Cheryl! 

O seu tom soou alto explodindo comigo, um clarão invadiu nossa casa e junto dele um trovão que fez tremer as paredes. Minhas mãos foram as orelhas, a cabeça doeu e fechei os olhos com força. Fiquei alguns segundos nessa posição, o meu coração parecia que iria sair para fora do peito e os pés ficaram cravados no chão.

Quando abri os olhos novamente estava um completo breu, o primeiro instinto foi procurar por Toni. Fiquei um pouco aliviada quando toquei em seu braço e a morena não recuou, a minha vontade era de me jogar contra a lutadora, pedir para que cuide de mim e me proteja, mas no momento esse provavelmente seria o único pedido que não atenderia.

 

Toni Topaz – Point Of View

Não havia uma situação pior para me encontrar do que a que estou vivenciando nesse momento. Minha esposa acabou de ter um momento com sua ex, quase se beijaram e presenciei boa parte. Quer dizer, elas não sabiam que estava lá e acabei saindo antes de ver o que realmente aconteceu. A tempestade chegou com força, a luz de toda cidade parece ter ido e a ruiva junto comigo por mais corajosa e forte que queira transparecer para os outros, sei o quanto é sensível a coisas desse tipo. 

Minha cabeça está uma bagunça, não esperava ter Cheryl em nossa casa contando sobre Maeve e quando a vi, pensei que pediria o divórcio porque sentiu que quer viver com a mais nova, que percebeu o quanto gosta dela e não acha que podemos mais nos amar. Sim, tive muitos pensamentos, inclusive tudo que ocorria em minha mente agora é que tenho a palavra da ruiva contra o que vi. 

Deveria ser simples, não presenciei nenhum beijo, mas porra... Elas estavam tão perto e em um clima tão fodido que parecia impossível não terem tido nenhum contato. 

— Posso sentar aqui?

O tom de Cheryl soou baixo. 

Levantei o olhar, nós tínhamos pouca visão uma da outra, havia uma vela na mesa do centro da sala, Lion continuava esticado no tapete e a ruiva havia ido no banheiro junto da lanterna do seu celular.

Balancei minha cabeça em positivo, ela sentou ao meu lado sofá, mas não muito perto, uma distancia consideravelmente segura. No fundo, sabia que Cheryl deveria estar louca para grudar o corpo no meu, segurava minha vontade de atender os pedidos que seus castanhos pareciam me implorar.

— Não sei mais o que dizer ou como me desculpar, odeio ter nos colocado nessa situação e mais ainda que você tenha visto.

Voltou a falar, seu olhar estava nas mãos enquanto brincava com os dedos da mesma. Cheryl aparentava estar completamente arrependida, por agora não conseguia sentir raiva e sim tristeza, era como se Maeve finalmente tivesse conseguido tirar minha mulher de mim, isso doía de maneira inexplicável. Para mim, a ruiva ainda não tinha certeza de seus sentimentos ou teria a afastado de imediato, quem sabe nem ter deixado se aproximar.

— Acho que preciso ir. 

Anunciou, a mão percorrendo a bochecha para limpar as lágrimas que ainda caíam. Sou uma completa trouxa por quase ser traída e ainda sim, querer cuidar dela, abraça-la com tanta força até que se sinta bem e segura. 

— Não precisa ir. – me pronunciei, ela me olhou. — Seria uma filha da puta se te deixasse dirigir com essa chuva e sem luz na cidade, nunca faria isso com alguém.

Fui direta e fria para demonstrar que tudo não passava de empatia. Ela entendeu, sua cabeça balançou devagar enquanto fungava e desviava nossos olhares. 

— Você... Quer conversar? Me dizer alguma coisa?

Me encarou esperançosa, suspirei negando.

— Não. – levantei o corpo ao falar. — Só quero tentar dormir, Cheryl. 

— Claro, desculpa... Eu... 

Se enrolou para falar, perdendo-se nas palavras.

— Fique no quarto principal com o Lion. – indiquei, puxando o ar enquanto a via segurar o choro. — Nós vamos conversar amanhã.

— Ok. – murmurou tão fraco que quase não ouvi. — Vou subir. 

Me olhou uma última vez, silabando um “boa noite” enquanto chamava Lion para junto dela. Acenei com a cabeça, observando a ruiva iluminar seu caminho com o celular e o cachorro segui-la de forma obediente. 

O meu corpo caiu no sofá, para mim não teria sono ou boa noite, era uma péssima noite e duvido que consiga cochilar sabendo que minha mulher esteve tão perto de outra. Me sentia exausta, os sentimentos confusos dominando, a raiva tentando tomar o lugar da tristeza. 

Porra, eu chorei a noite toda naquele sofá, as minhas lágrimas misturando com o barulho da chuva contra a janela. 

A dor tomou conta, a dor de perda e insuficiência, Maeve não a sufocava ou deixava sua vida ser monótona. Por mais sincera que Cheryl dissesse estar sendo, não conseguia acreditar que não havia sentimento ou desejo de ambas as partes, ela queria, eu vi. A maneira que ficou parada esperando pela sua ex, por um contato... Como queria ter ficado lá, presenciado tudo para ter uma luz no fim do túnel porque as únicas certezas que tinha eram de minha confiança ter sido quebrada e de que minha mulher pode não ser mais minha.


Notas Finais


Olá?

Não, a Toni não se acidentou.

Enfim, agora que está tudo esclarecido quero saber a opinião de vocês....


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