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História 03 ( beyond the love - choni ) - Eu vou ficar com o cachorro


Escrita por: chxnidale

Capítulo 3 - Eu vou ficar com o cachorro


Fanfic / Fanfiction 03 ( beyond the love - choni ) - Eu vou ficar com o cachorro

 

Hoje a noite as recém casadas chegariam da lua de mel, Veronica se viu preocupada para organizar a casa onde está hospedada, deixando-a totalmente arrumada como sua melhor amiga adora. Sabe muito bem das manias de Cheryl, a ruiva odeia qualquer tipo de desordem e se esforçou para manter o local em perfeito estado.

De folga do trabalho só lhe restava esperar as outras duas, ainda não havia arranjado outro lugar para morar – nem ao menos procurou, mas tinha noção que precisava sair dali para não atrapalhar suas amigas. Em meio a tarde, uma mensagem de sua – quase, ex mulher apareceu em seu celular. Betty queria encontra-la para uma conversa, a verdade é que a médica tem fugido da loira desde o dia do casamento. 

Antes da festa, elas haviam falado sobre divórcio somente uma vez, mas Veronica não levou tão a sério, pensava que sua esposa não teria coragem de acabar com um relacionamento de mais de dez anos. Porém, Betty não aguentava a falta de atenção e até afeto da mulher, precisava tomar uma atitude por si mesma.

Após muito tempo pensar, Veronica tomou coragem para aceitar o convite, marcando de ir na antiga casa que morava para conversarem. No mesmo dia, a morena se viu parada ao local que antes era delas, batendo na porta e esperando Betty aparecer.

— Oi, entra.

Deu espaço para a morena passar.

— Oi. 

Respondeu, adentrando a casa. 

Puxou o ar discretamente, o cheiro do local a fazia ter uma dor no peito por saber que provavelmente não estaria mais ali. No fundo, ainda havia uma esperança de Betty desistir dessa loucura.

— Senta, eu fiz café se quiser.

A loira ofereceu, uma bandeja na mesa do centro da sala havia xícaras que saíam fumaça do líquido quente. Veronica apenas negou com a cabeça sentando em um sofá, Betty fez o mesmo em uma poltrona bem a sua frente.

— Veronica, eu te chamei aqui porque... – respirou fundo, não era fácil pra ela também. — Porque irei procurar um advogado para encaminhar nosso divórcio.

— Betty, nós falamos apenas uma vez sobre isso.

— Mas não aguento mais! – retrucou. — Te pedi várias vezes para diminuir um pouco o trabalho, pra ficar mais em casa, porém você ignorou.

Veronica suspirou, desviando os olhares.

Ela sabia o quanto Betty têm razão, que sempre escolheu ir trabalhar do que ficar em casa, mas adora estar naquele hospital e salvar vidas. Não achou que sua esposa se incomodaria com o fato de amar o emprego.

— Só não entendo pra que tanta pressa. – a morena voltou a falar. — Nós deveríamos conversar mais, parece que vem pensando nisso a tempos.

— Quem sabe seja porque você deixou de ser esposa a um ano?

Betty rebateu de forma rápida.

— Amor... – Veronica a chamou, arrependendo-se no segundo seguinte e forçando a garganta. — Betty, vamos nos encontrar outras vezes e tentar conversar, você me diz o que te incomoda tanto...

— Além de você ter um caso no hospital?

A loira não poupava suas palavras, se sentia brava, magoada, chateada, traída... Não entendia como a mulher que ama tanto se tornou alguém obcecada por trabalho, só poderia ter outra, não viveria tanto tempo sem afeto.

— Não sei da onde tirou esse absurdo!

O tom de Veronica se elevou.

— Me acuse do que quiser, Cooper, mas nunca de infidelidade. Eu te amo e respeito, te prometi no altar, lembra? Você está agindo como se não me conhecesse, não soubesse do meu caráter.

— Talvez eu não conheça mais.

Betty murmurou, o olhar focado nos dedos das mãos enquanto brincava com os mesmos. Veronica bufou, balançando a cabeça em negação e levantando corpo do sofá.

— Já que não confia em mim, é melhor acabarmos mesmo. Irei procurar um advogado, acredito que era isso que queria ouvir então, nossa conversa acabou aqui. Está solteira, Cooper.

Encerrou, dando as costas para a loira e em passos duros foi até a porta, saindo da mesma e a batendo com força sem se importar com o que causaria. Agora era definitivo, estavam se divorciando.

×××

 

O clima no carro que chamaram para chegar até a casa de Cheryl não era dos melhores, mesmo com sua esposa nos braços Toni a percebeu muito mais calada – o que se tratando da ruiva era quase impossível. Haviam ficado assim desde a pequena discussão sobre a casa, a verdade é que a maior focou o tempo para pensar em toda a situação, achava justo terem um espaço delas, mas odiava o fato de ter que sair da sua casa.

— Vocês voltaram!

Veronica comemorou, abrindo os braços assim que atendeu a porta. Cheryl foi primeira a abraçar de forma rápida, apenas para cumprimentar a amiga. Logo depois foi Toni que carregava as malas das duas consigo.

— Estou exausta, vou subir com as malas e tomar um banho. 

A lutadora falou, um suspiro saindo por entre os lábios enquanto carregava as coisas para o andar de cima. Veronica olhou para a melhor amiga, percebendo que o casal não parecia muito animado com a volta.

— Eu sei que voltar de uma lua de mel é meio ruim, você vai ter que trabalhar e não terão mais tanto tempo juntas, mas... Algo de errado?

Arqueou as sobrancelhas, Cheryl colocou uma mecha ruiva para trás da orelha, o olhar foi até as escadas para confirmar se Toni já havia subido e soltou o ar, negando.

— É bobagem. – falou por fim. — Esquece. 

Não queria dar mais problemas para a amiga.

— Hum... – murmurou. — Mas então, como foi? 

— Incrível! A Grécia é um paraíso, você precisa ir um dia. 

Seu tom era animado, caminhando para o sofá e jogando o corpo no mesmo. Se sentia cansada da viagem, do fuso horário, mas principalmente de estar em um clima ruim com sua esposa.

— E você? Como passou esses dias?

— Bem, obrigada por me deixar ficar aqui. – pegou na mão da amiga, firmando o toque em agradecimento. — E... Encontrei a Betty hoje.

— Sério? Como foi?

Cheryl ajeitou sua postura, interessada no assunto.

— Ela vai dar início ao pedido de divórcio, continua achando que tive um caso e agora até prefiro assim, Betty não confia em mim.

— Isso é uma droga, Ronnie. 

A ruiva lamentou, Veronica balançou a cabeça concordando. Pensou que com Betty seria pra sempre, foi o seu primeiro amor e a primeira namorada, a primeira esposa... Tinham tudo para serem uma da outra até a morte. 

— Ah! – encarou a amiga. — Irei procurar um lugar para ficar, ok? Sei que posso atrapalhar e...

— Ei, não. – Cheryl a interrompeu. — Você pode ficar o quanto quiser.

Confortou a amiga.

— Tem certeza?

— Absoluta, minha casa é a sua casa. 

Sorriu e a morena fez o mesmo, sabendo que Cheryl sempre estaria ali por ela independente de qualquer coisa. A ruiva realmente se sentia como uma protetora de Veronica agora, a mesma a ajudou no momento que mais precisou e seria o seu porto seguro como foi para si, esperava não se arrepender de lhe oferecer um dos seus bens mais preciosos: A sua casa. 

×××

 

Talvez, Cheryl já estivesse se arrependendo.

De volta a rotina do trabalho, chegava cansada em sua casa que por vezes parecia uma zona. Não importava muito com a bagunça da esposa, prometeu no altar que iria ser paciente com todos seus defeitos, mas aceitar as desorganizações de sua melhor amiga era quase o cúmulo. E o pior, Veronica conseguia superar Toni. 

Após um mês da volta de lua de mel, o assunto sobre trocar de casa não era mais incomodativo, mas também não falaram mais nele. Toni morava com ela e parecia feliz, mal parava em casa por estar a procura de um treinador em Seattle, conversava com várias indicações de Dimitri, porém ainda não havia encontrado um que se adaptasse.

Chegando em casa após mais um dia, Cheryl suspirou ao abrir a porta, cansada da correria da escola e dos tantos afazeres. Assim que colocou os pés na sala, uma bola de pelo - pequena e fofa, cheirou os seus calçados, fazendo a ruiva focar o olhar no pequeno animal amarelo. 

— Antoniette!

Gritou o nome da esposa sabendo que só poderia ser coisa sua. 

O cachorrinho que ainda a cheirava, se assustou com o tom de Cheryl, expressando um choro e correndo em busca da mulher que a achou. A ruiva levantou seu olhar novamente, percebendo duas figuras com sorrisos nervosos em sua direção.

— Surpresa!

Toni e Nicholas falaram juntos, a maior bufou revirando os olhos. Retirou sua bolsa, jogando as chaves no primeiro sofá que viu. Havia um em específico que já estava maltratado pelas dormidas de Veronica, as malas dela espalhadas no cômodo fazia sua cabeça doer.

— Amor, não vai me dar um beijo?

A lutadora perguntou, seguindo a esposa que ia para a cozinha preparar um café. Queria descanso, alívio e principalmente uma casa organizada. Pensará que após a lua de mel, o início de seu casamento seria tudo as flores, mas ficava difícil quando tinha uma inquilina que por mais que a irritasse não conseguia mandar embora.

— Não quero beijo, quero esse cachorro fora da minha casa. – o seu tom não era bom, a morena até estremeceu com medo do que viria. — Nicholas. 

Apontou para o rapaz que também as seguiu, talvez por querer ouvir a discussão ou tentar ajudar de alguma maneira. Era comum o mesmo estar ali, saia do trabalho a hora que quisesse e depois de dar um vídeo game de última geração a lutadora, viraram quase amigos. 

— Leve o cachorro. 

Mandou, usando o tom autoritário e bebendo um gole do seu café, puro e sem açúcar. Nicholas trocou olhares com Toni, o cachorrinho que havia ficado perdido na sala, voltou a encontrar os pés da lutadora.

— Red, ele gosta da Toni. – justificou, apontando para a bola de pelo. — Além do mais o Salem mataria ele. 

Cheryl revirou os olhos, o estresse hoje estava quase no limite e ainda teria que aguentar as duas crianças a sua frente. Voltou a caminhar, desviando dos dois e indo para a sala. Toni e Nicholas se entreolharam, dando passos para segui-la. A ruiva assim que viu as roupas de Veronica jogadas em cima das bolsas, virou o corpo para retornar a cozinha – que era o local mais organizado, dando de cara com os dois idiotas. 

— Nicholas, não está na hora de ir para sua casa? 

O tom ameaçador, estreitando o olhar para ele.

— Nossa, Red. – olhou para o relógio em seu pulso. — Tem razão, estou até atrasado, sabia? 

— Leve o cachorro. 

Voltou a repetir, o outro assentiu no calor do momento. Cheryl voltou para a cozinha, bebendo o café quentinho que estava em suas mãos. Toni nem iria se despedir de Nicholas, virando o corpo para ir de encontro a esposa, mas o amigo a segurou.

— Se eu levar um cachorro pra casa a Sabrina me mata.

Sussurrou em pavor.

— Você concordou que iria levar.

Toni retrucou, caminhando com ele em direção a porta de saída, o cachorrinho a todo momento a seguia. Nicholas o pegou em mãos, levantando na altura de seu rosto.

— Ele gosta de você, olha essa carinha.

A morena suspirou, o cachorrinho parecia saber muito bem como a conquistar com os olhos cor de mel. Era a coisinha mais fofa que já havia visto, uma bola peluda e amarela, que ao ver na rua perdido não conseguiu fazer outra coisa a não ser parar pra pegar.

— Quer saber? Seja a mandona da relação, se a Cheryl pode ser, por que você não pode? – Nicholas colocou o cachorrinho nos braços de Toni, encorajando a amiga. — Vá até ela e diga que vai ficar com o cachorro.

— Nicholas...

— Repita: Eu vou ficar com o cachorro! – Toni ficou em silêncio. — Vai, fala.

Eu vou ficar com o cachorro.

— Firme, você é uma lutadora e pode enfrentar aquele dragão.

— Chamou minha esposa de dragão?

Toni arqueou as sobrancelhas.

— É modo de dizer. – coçou a nuca. — Agora seja firme e faça o que quer, Cheryl não pode mandar assim em você e... 

O som do celular do homem tocando o interrompeu, pegou em mãos e tremeu ao ver o nome de Sabrina brilhando na tela, ela nunca ligava, ao menos que estivesse brava.

— Merda, a Sabrina vai me matar que não estou em casa... Tenho que ir, tchau.

Se apressou para falar, abrindo a porta e correndo em direção ao seu carro. Toni ficou com o cachorrinho em seu colo, rindo consigo mesma ao ver o quanto Nicholas é um bobão. Respirou fundo, tentando focar nas palavras que iria dizer a esposa.

Eu vou ficar com o cachorro.

Ensaiou em sua mente, parecia fácil ao pensar, desceu a bola de pelo de seu colo e deu passos em direção a cozinha. Fazia o menor barulho possível, sabia os dias que a mulher estava estressada e hoje era um deles. Eu vou ficar com o cachorro. Firme, forte. Você pode mandar na relação. Fechou os punhos, parando no batente da porta, Cheryl estava concentrada em seu celular e apoiada no balcão.

Eu vou ficar com o cachorro!

Na sua cabeça, as palavras saíram fortes e autoritárias, mas não passou de um tom normal e amedrontado que fez a ruiva levantar o olhar em sua direção.

— Quero dizer... – deu passos em até a esposa, forçando a garganta. — Posso, por favor, ficar com o cachorro?

O tom era melancólico, apoiando o braço no balcão para encara-la de forma melhor. Usava do seu melhor olhar pidão, tentando achar uma fraqueza na ruiva.

— Toni, já não tem gente demais nessa casa? 

Cheryl parecia mais calma, estava na sua segunda xícara de café e lia sobre como não surtar com coisas desarrumadas. Respirar fundo não funcionava, isso já estava comprovado.

— Cherry, é só um filhote. – argumentou, pegando a bola de pelo em mãos e o posicionando contra sua bochecha. — Prometemos não bagunçar e te dar muito amor.

Uma voz fina e infantil saiu por entre os lábios da lutadora, Cheryl rolou os olhos rindo da esposa. Toni formou um beiço, apelando para que a maior aceitasse seu cachorrinho. A mesma suspirou, relaxando os ombros ao encarar os castanhos que mais pareciam duas frases de “deixa, por favor”.

— Pode ficar.

Falou por fim, Toni comemorou sorrindo largo.

— Mas... – parou, prestando atenção na mulher a sua frente. — Você vai ter total responsabilidade, é seu, Toni. Não irei me envolver em leva-lo para passear ou...

Os lábios da morena entraram em contato com os seus, sem o cachorro em mãos, abraçou a cintura da ruiva que suspirou em meio aquele selar, morria de saudades dela durante o dia.

— Aceito todas as condições, nem preciso saber quais!

— Então, tudo bem. – Cheryl deu de ombros. — Agora, volte a me beijar, estou louca por você...

Toni sorriu, beijando a esposa e o aprofundando. Segurou na cintura da maior, impulsionando-a para sentar no balcão e ficando em meio as suas pernas, o clima não demorou a esquentar. Cheryl agarrou-se aos cabelos da esposa, acelerando cada vez mais o beijo, porém infelizmente ele foi separado pela morena. 

A barra da sua calça estava sendo mordida, assim como a canela, a bola de pelo parecia focada em devorar o tecido moletom da lutadora. A ruiva respirou fundo, revirando os olhos.

— Cherry, sinto muito, mas ele deve estar morrendo de fome e...

— Ok, Toni. – a interrompeu. — Vai lá. 

Desceu do balcão, tomando o último gole de café que havia em sua xícara.

— Posso pegar seu carro? 

— Amor, não precisa pedir, você sabe onde estão as chaves. – lhe de um selinho. — Preciso de um banho.

Fez questão de comentar, insatisfeita por não ter conseguido o que queria da esposa. Toni suspirou, não a deixando sair da cozinha com o semblante chateado.

— Vou te recompensar, prometo. – selou os lábios. — Veronica vai trabalhar a noite toda hoje, poderá gemer sem preocupações.

Sorriu, mordendo o lábio da esposa.

— Agora quero que vá para voltar logo. 

— Estou indo, vou correndo, Cherry...

— Não precisa se apressar tanto. – falou percebendo que Toni estava realmente falando sério. — Se cuide e não ultrapasse os sinais. 

Usou o tom autoritário, a morena sorriu.

— Sim, mandona. 

Selou os lábios uma última vez, partindo em direção a porta, Cheryl que estava na ponta das escadas voltou correndo, lembrando do pequeno animal que agora – também, habita sua casa.

— Leve o cachorro! – gritou para a esposa que já abria a porta, Toni voltou lhe obedecendo. — Ai não, ele vai sujar meu carro e... Droga!

— Amor, levo seu carro pra lavar amanhã. 

Toni argumentou, dando de ombros e saindo com o pequeno animal nos braços. Cheryl passou as mãos no rosto, talvez nem sexo conseguisse a acalmar no momento, mas era certo que não via a hora de sua esposa voltar para poder aproveitar de seu corpo. 

Infelizmente, Cheryl não teve o que queria naquela noite. Sua lutadora voltou com rações, uma cama para cachorro, coleira e vários outros utensílios que talvez nem fosse usar. De banho tomado, a ruiva a esperava na cama, Toni também tomou uma ducha rápida e foi de encontro a sua mulher. 

Assim que iniciaram os amassos, o cachorro começou a chorar na porta como uma criança que precisava da mãe, tentaram ignorar, mas Cheryl percebeu que a esposa estava mais concentrada fora do quarto do que dentro e acabou com o contato. Em poucos minutos, tinham uma pequena bola de pelo em meio a seus corpos, parecia o único jeito do animal parar, e a noite tirando atrasos não ocorreu naquele dia.

A vida parecia querer realmente tirar a compositora do sério, no dia seguinte focada em dar um jeito de comer sua esposa, foi surpreendida com cólicas e sua menstruação dando sinal. A semana inteira parecia ter acabado, estar em seus dias era como não ter ao menos vontade de viver. Para sua sorte Toni estava tão feliz com o cachorro que mal percebeu sua falta de cobranças para retornarem o que nem começou na noite anterior.

Duas semanas após, sentia que sua cabeça iria explodir. Nos primeiros dias com o cachorro, achou que Veronica até iria finalmente embora, ele comia seus sapatos e usava suas roupas espalhadas para brincar. Mais bagunça, mais barulho. 

“Toni, olha seu cachorro!”

Era a frase mais ouvida naquela casa.

Estava disposta a conversar com sua melhor amiga e dizer que não daria mais para ficar, mas quando a viu extremamente abalada por receber o pedido de divórcio sem ao menos ter contrato um advogado, desistiu. Era melhor esperar mais um pouco, não poderia lhe expulsar em um momento tão complicado.

A vida de casadas não era um sonho já estava claro, mas Cheryl e Toni estavam conseguindo levar numa boa. A lutadora cada vez mais apaixonada com o seu cão, lhe levou em um veterinário para dar as vacinas necessárias e ao final da consulta descobriu a raça do mesmo. Um labrador de quase três meses e que provavelmente ficaria enorme, com a carteira de vacinação em mãos adentrou a casa da esposa, decidindo esconder dela o quanto o animalzinho cresceria. 

— Amor? 

Chamou pela ruiva, não era mais horário da escola e esperava a encontrar, aparentemente havia ido a outra lugar já que não estava em cômodo nenhum da casa. Veronica quase sempre estava fora, apenas sua bagunça ficava.

Toni subiu para um banho deixando o cachorrinho solto, era normal ficar correndo por entre os cômodos ou dormindo nos cantos, ele estava cada vez mais adaptado a morar junto delas.

Quando Cheryl chegou em casa, cheia de sacolas do mercado e com aquele pequeno ser lhe rodeando os pés, quase caiu tentando desviar para que não pisasse no mesmo. Caminhou para a cozinha, o chão estava completo de ração espalhada, o saco rasgado caído no chão... 

— Antoniette! 

Gritou o nome da esposa ao largar as sacolas em cima do balcão, cuidando a si mesma para não escorregar naquelas pequenas bolinhas que agora o cachorro se encontrava deitado as devorando.

— Arg! Topaz!

A chamou novamente, brava. 

Em alguns segundos, Toni apareceu correndo na porta da cozinha arregalando os olhos ao ver o estado que se encontrava o chão da mesma.

— Esse... – apontou para o animal, não sabendo como chama-lo. — Esse seu cachorro só sabe bagunçar!

— Ah, Cherry, não fala assim dele. – usou um tom melancólico. — E agora ele tem nome, coloquei na carteirinha de vacinação. Tiramos até uma foto dele, acredita? Três por quatro igual de documentos, linda e tão fofa...

— Qual o nome? 

Cheryl a interrompeu, sem paciência para toda a melosidade da esposa com um cachorro. Poderia até parecer um pouco de ciúmes e talvez era, tendo em vista que Toni passava um grande tempo com o animal.

— Lion. 

Sorriu ao falar.

— Pois bem... – caminhou até a esposa. — É melhor o Leo limpar essa bagunça e guardar as compras porque estou cansada. 

Forçou um sorriso para a mulher passando pela mesma.

— É Lion!

Toni a corrigiu. 

— Tanto faz.

Gritou de volta subindo as escadas.

×××

 

Toni finalmente conseguiu achar um treinador que lhe agradasse, após tantas buscas, encontrou um que era no mínimo bom. A verdade é que estava a todo momento procurando por Dimitri, mas não iria acha-lo, ele está em Los Angeles e treinando outras lutadoras. Sentia falta do seu treinador, das pessoas conhecidas em sua academia e da cidade em si, mas não podia negar que era muito melhor estar com a esposa.

Chegou animada em casa, o seu cachorrinho – ainda sem nome, veio correndo lhe receber. Fez um carinho no mesmo, perguntando por Cheryl já que era quase tarde da noite. Subiu para o quarto, não encontrando a mulher em lugar nenhum então, caminhou para seu escritório/sala de música, no inicio achou que se tornaria um quarto para Veronica, mas sua esposa não parecia muito disposta em se desfazer do espaço.

— Oi, amor. Achei que chegaria mais tarde...

Cheryl falou ao perceber sua presença na porta. 

Concentrada no computador, não notou sua mulher perder o ar ao vê-la. Toni tinha os olhos fixos em Cheryl de coque, camisa social branca, somente de calcinha, sem maquiagem, pés descalços e óculos de grau.

Ah, era exatamente por isso que ela não volta de jeito nenhum para Los Angeles, nunca teria essa visão do paraíso lá.

— Caralho, eu sou muito sortuda...

Murmurou em êxtase. 

Cheryl a olhou, estranhando as palavras ditas pela esposa. Antes que pudesse responder, sua cadeira foi afastada da escrivaninha, Toni a pegou no colo, sentando com a mesma em seu lugar.

— Ei, o que...

A ruiva ria, confusa ao sentir o óculos ser retirado de seu rosto.

Toni colocou os lábios sobre os da esposa, a calando com um beijo enquanto deslizava as mãos por suas coxas, as apertando com força e fazendo a ruiva suspirar contra sua boca. Aprofundaram o beijo, acelerando o contato cada vez mais. Cheryl se remexeu sobre o colo da menor, fazendo um atrito gostoso entre seus corpos e instigando a lutadora a continuar.

— Hum... Não sei o que aconteceu, mas adorei. 

Cheryl falou sentindo seu pescoço ser explorado, agarrando os cabelos rosas e esquecendo até mesmo do trabalho. Toni subiu as mãos por seu corpo, acariciando os seios livres de sutiã por debaixo da sua camisa, sentindo os bicos enrijecerem em seus dedos. A ruiva a puxou para mais um beijo, escorregando a língua por cada pedacinho da boca da menor, aproveitando de seu gosto. 

Antes que pudessem continuar, Lion pulou em meio ao espaço mínimo que havia entre as duas e se não fosse Toni segura-lo, iria cair de volta por estar tão gordo que não conseguia subir sozinho.

— Quero transar! 

Cheryl reclamou. 

— Nós vamos. – Toni confirmou, colocando o cachorrinho no chão. — Vai, bebê, depois te dou carinho... Agora, preciso fazer carinho na mamãe. 

A lutadora riu com suas próprias palavras, Cheryl revirou os olhos.

— Ele não é uma criança. 

— Não fale assim do nosso filho!

Retrucou, fingindo estar brava.

— Que tal voltarmos para o que estávamos fazendo?

Segurou o rosto da mulher entre as mãos, não esperando respostas e beijando os lábios com força. Toni abraçou sua cintura, colando os corpos enquanto sentia sua boca ser sugada. Suspirou, dando possibilidade para que a ruiva chupasse sua língua lentamente fazendo seu sexo pulsar.

— Cheryl? Toni? 

Veronica chamava as duas subindo as escadas.

— Eu trouxe pizza!

Anunciou. 

Os olhos de Cheryl se reviraram e não era de prazer, estavam sendo interrompidas novamente. Levantou do colo da esposa, bufando enquanto ajeitava a camisa.

— Ih, merda! – Veronica tinha uma expressão culpada ao aparecer na porta. — Atrapalhei vocês, não é? Desculpa...

— Não se preocupe, V. 

Toni deu de ombros, pegando Lion que pedia por atenção.

— Não, eu já estou a tempo demais aqui, é melhor ir para outro lugar e...

— Que isso, Veronica?! Você é nossa amiga, fique o tempo que precisar.

A lutadora a interrompeu, Cheryl a encarou não acreditando que sua esposa queria sua melhor amiga ainda hospedada em sua casa, mal tinham a privacidade que desejavam.

— Ok... – a médica sussurrou. — A pizza está na cozinha se vocês quiserem. Irei sair com um pessoal e não sei que horas volto. 

— Está com sua chave? Não dirija bêbada.

Cheryl se pronunciou, Veronica atrapalhava sua vida sexual, a irritava por ser tão bagunceira, mas se preocupava mais do que tudo com a morena. Principalmente nesse momento, se sentia como uma mãe para a amiga.

— Bombshell, eu sei me cuidar, ok?

Ela riu, se despedindo das duas e indo para o primeiro andar novamente. Mal havia chegado e já iria sair novamente, não parava muito em casa, sua rotinha era toda voltada para o hospital.

— Por que falou aquilo pra ela? 

Cheryl encarou a esposa, com Lion no colo Toni colocava os dedos na boca dele para o mesmo morder, fazendo o pequeno animal rosnar bravo. 

— Aquilo o que?

A lutadora nem a olhava, brincar com o cachorro parecia mais interessante.

— Pra ela ficar o tempo que precisar. Toni, Veronica está aqui a quase dois meses!

— Mas você sempre diz isso pra ela.

Olhou para a ruiva, o tom confuso.

— Não digo a mais de um mês, ela consegue ser mais bagunceira que você e... Af, esquece! Eu vou comer.

— Cherry, mas...

— Me deixe, estou irritada!

Esbravejou, saindo de sua sala e caminhando até as escadas, desceu as pressas a procura da pizza. Seu humor não estava dos melhores, mas pelo menos estaria alimentada o que poderia aliviar o estresse. 

×××

 

No outro dia, Cheryl tentava focar todas suas energias para não se irritar com nada, até mudou o som do despertador para uma musica mais calma. Acordar e ver que Toni não estava ao seu lado não ajudava muito, mas estava familiarizada com sua mulher levantando todo dia para correr. Ontem a noite a lutadora se esforçou ao máximo para melhorar seu humor, até conseguiram ter o tão esperado momento de prazer a noite sem interrupções. 

A ruiva fez sua higiene com o cachorro sempre em seus pés, era assim toda a manhã e até já havia acostumado. A bola de pelo parece estar presente em qualquer movimento de uma das duas. Após se vestir e pegar todas coisas necessárias, desceu as escadas com calma, iria ser um bom dia e cada vez mais tinha certeza. 

Estranhou quando Lion saiu da sua volta para ir até o sofá onde Veronica dormia, sem reparar se a amiga estava ou não ali, resolveu checar o que o animalzinho cheirava tanto.

— Mas que caralho?!

O tom alto assustando as figuras nuas porém cobertas em seu sofá fez as mesmas acordarem no susto. Veronica estava com uma desconhecida nos braços, sem roupas e em sua casa! Isso nunca havia acontecido, a morena nem ao menos falava sobre ficar com outras pessoas.

— No meu sofá, Lodge? Não é possível.

Encarou a melhor amiga, bufando com a cena.

— Cheryl, está cedo e...

— E eu quero vocês duas vestidas! – usou de seu tom autoritário. — Olha, se isso foi uma vingança, parabéns porque estou puta com você, Veronica.

Virou as costas, saindo as pressas de casa e batendo a porta com uma força desnecessária. Definitivamente não teria mais nenhum dia de paz naquela casa. Era pra ser só ela e sua mulher, mas agora tinha uma intrusa e um cachorro. Tudo parecia colaborar para que surtasse.

Antes de chegar em seu carro, percebeu Toni vindo em passos calmos, fones de ouvido, copo de café em mãos e abdômen desnecessariamente amostra. Não entendia porque sua mulher corria com roupas tão curtas sendo que o clima em Seattle é frio. 

— Bom dia, Cherry...

— Nada bom! – interrompeu a morena que franziu a testa. — A Veronica estava com uma mulher nua no nosso sofá.

— Ah, é isso.

Ela riu, negando.

— Você viu e não fez nada?

— Ah, amor, não é como se não tivéssemos feito a mesma coisa...

— Eu não aguento mais.

Desabafou, pegando o copo de café da mão da esposa, estava quentinho e cheio, deveria ser para ela. Bebeu um grande gole, analisando sua mulher de cima a baixo, se Veronica não morasse junto poderiam andar nuas em uma casa só delas. Transar em qualquer cômodo sem ter o receio de alguém chegar e lhes interromper. Respirou, encarando os castanhos.

— Tee, estou pensando em uma coisa.

— O que?

Percebendo que a ruiva estava mais calma, aproximou-se abraçando sua cintura e deixando um selinho nos lábios grossos que tanto ama. Cheryl os mordeu, tendo mais uns segundos consigo mesma para decidir se realmente iria falar.

— Estou pensando em você nua na nossa casa. 

Toni riu, confusa com as palavras da esposa. Cheryl tocou seu rosto, retirando uma mecha de seu cabelo para trás da orelha e deslizando os dedos por sua bochecha. 

— Peça pra Marina mandar os endereços que acha mais seguro, nós vamos comprar uma casa só nossa

O sorriso que se abriu nos lábios da lutadora quase não cabia em seu rosto, os olhos brilhando com a informação fizeram Cheryl sorrir e em comemoração juntaram as bocas por darem mais um passo na relação.


Notas Finais


Feliz dia das mães, porque mãe de pet também é mãe...

O Lion terá muito destaque na fic. 🐶🥰

Beronica está divorciando real e oficial, mas esse divórcio ainda vai render um pouco...


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