História 10 coisas que eu odeio em você - renmin - Renjun

Ao final da aula, fui até uma sorveteira que fica a algumas quadras de distância da escola. Fui com o Mark, um dos poucos seres não desprezíveis da escola.
Havíamos combinando de estudar durante a tarde, mas estava quente demais para nos enfiarmos em qualquer cubículo. Então fomos para a sorveteira e ficamos ouvindo algumas músicas enquanto esperávamos nosso pedido.

- Qual é, Renjun. Na Jaemin é um gato! Ele tem alguns problemas e, talvez, alguns sejam com a justiça, mas ninguém tem certeza disso. – Contei o que havia acontecido mais cedo, naquele mesmo dia.

É claro que Mark apoiaria a minha saída com Na Jaemin, ele apoiaria um encontro meu com qualquer ser humano. Meu amigo concorda com a maioria, de que estava mais do que na hora de eu arrumar alguém e "dar uns beijos" - palavras dele.

- Isso é estranho, Mark. Eu não comprei essa de encontro. – Me afastei da mesa e cruzei os braços.

Eu não achava impossível alguém querer sair comigo, mas ser do mesmo colégio que eu e ainda querer isso, sim, é estranho. A maioria ali sente medo ou raiva de mim. Sei que posso ser um pouco assustador e intimidador as vezes, mas, acredite em mim, é só auto preservação. E o que fazia Na Jaemin ser insento desses pensamentos? Até onde eu sei, nada.

- Você devia dar uma chance, é a minha opinião. Um encontro te faria bem...

- Huang Renjun terá um encontro? – Posso ver Lee Jeno se aproximando e rindo com alguns amigos enquanto Mark soltava um "me desculpa" inaudível – Quem é o felizardo? Eu conheço?

- Quieto, Lee. Isso não lhe interessa! – Me levanto, indo pegar o meu sorvete e passo apressado pelo coreano, que estala a língua em descontentamento.

Eu não estava em um dia bom para implicâncias, só queria descansar em paz e não precisar lidar com as piadinhas de Lee Jeno, de novo não.

- Qual é, Renjun. Eu só quero saber quem é o corajoso que vai arriscar a própria vida saindo com você.

Ele ria tanto e aquilo estava tirando a minha paz. Eu não sei dizer qual o problema desse garoto e o porquê de ele continuar implicando comigo, mas isso já fazia anos e agora estava começando a me deixar irritado de um jeito diferente. Eu seria capaz de socar aquela cara perfeita e idiota, só para tirar o sorriso de seus lábios. Mas eu não poderia. Não iria tão longe.
Por isso, quando pego meu sorvete, faço questão de dar um lambida nele todo e chamar Lee Jeno, de forma alta e audível para todos ali presente. Lhe acertando o sorte na testa e arrastando por todo o cabelo e deixando respingar na roupa. Limpo meus dedos em sua jaqueta e saio do estabelecimento a tempo de só conseguir ouvi-lo gritando e me xingando.

Puxei Mark para a parte de trás e ficamos escondidos por um tempo, rindo muito de como chocolate não ficava bem em Lee jeno.

- Estou começado a ficar com ciúmes. – Pude ouvir alguém se aproximando atrás de mim e Mark Lee ficou mais vermelho que seu sorvete de frutas vermelhas – Tanta atenção voltada só para o Lee, que injusto.

Suspiro fundo e me viro, dando de cara com um Na Jaemin me encarando profundamente. Ele estava perigosamente perto demais para o seu próprio bem.

- Na Jaemim. – O cumprimentei e puxei meu amigo pelo pulso novamente, voltando para a rua. Relaxei quando vi que não havia mais confusão nenhuma por ali e aproveitei um Mark distraído para morder em sua casquinha, recebendo um tapa na nuca por isso.

- Posso pagar um só para você, Jun. Que tal irmos lá para dentro? Só nós dois... – Ele olhou o Mark – Sem ofensas, cara.

Mark deu de ombros. Ele é uma pessoa, relativamente, tímida. Não gosta de conversar com estranhos e dificilmente faz novos amigos. Por isso somos tão próximos e eu protejo-o com toda a minha coragem, mesmo sendo o mais novo.

- Você é muito insistente, sabia? Mas isso não significa que vamos sair juntos. Agora, se nos der licença, eu estava indo para casa.

- Vai ficar fugindo de mim assim até quando? –Ele parou na minha frente e me encarou outra vez e eu desviei o olhar para o outro lado.

- Jun, eu vou indo para casa. Fiquei de ensaiar com a minha irmã para a peça da escolinha, se lembra? Me mande mensagem quando chegar em casa, por favor. E tome cuidado... – Mark olhou para Jaemin e logo beijou a minha testa, se afastando. Bufei de raiva e afastei o mais novo da minha frente.

- Viu o que você fez?

- O que eu fiz? – Ele me olhou incrédulo – Você tem essa intimidade com todo mundo, mas se recusa a sair comigo. Não vá me dizer que não me acha bonito, sei que seria mentira! – Ele se aproximou novamente, dessa vez caminhando ao meu lado – Eu também beijo bem, quer descobrir?

- Eu passo, obrigado! ‐ Revirei os olhos só de imaginar essa cena. Eu jamais ficaria com alguém tão desesperado por atenção, isso é muito estranho.

Não que eu ache o Jaemin feio, ele só está sendo insuportável. Nunca nos falamos antes, nem ao menos um "bom dia" e, agora, do nada ele quer sair comigo? Com certeza não é pelo meu charme ou minha bela educação para com os outros ao meu redor.
Na Jaemin é muito bonito, é um aluno inteligente, sei que tem opiniões fortes e sabe defender seu ponto de vista - tivemos debates sobre vários temas na primeiro ano, antes de ele sumir por seis meses e voltar como se nada tivesse acontecido, o que foi muito estranho. Os rumores acerca disso são: ele foi preso por causa de drogas; ele desacatou um policial; ele vendeu um órgão e estava debilitado; se casou com uma mulher da noite e fugiram juntos.

É uma opinião popular: Na Jaemin é encrenca, uma bela encrenca. Mas ainda assim, problemas são problemas.

Cansado daquela conversar, apressei o passo e puder ver que ele soube respeitar meu espaço, ficando para trás. Só queria chegar em casa logo e me trancar no quarto, podendo começar mais um livro novo, talvez.