História 180 Days - Chapter 1

Point of view — Emma Heard

Blair joga seus cabelos ruivos para o lado esquerdo enquanto faz carão para o espelho, eu apenas retoco o batom vinho e ajeito o vestido preto colado, e recém comprado, em meu corpo.

— Estou animada para nossa noite em Vegas, vou me esbaldar e quem sabe encontro um milionário para mim.

Blair me olha pelo espelho e passa em seus lábios um batom vermelho sangue, mandando um beijo para ela mesma depois de terminar de pintar seus lábios carnudos. Ela está totalmente provocante no vestido vermelho que molda bem a sua cintura. E eu me pergunto como me deixei convencer a ir com eles.

— Olha, não é por nada não, mas nós estamos gostosas demais, sou capaz de apostar que seremos alvo de olhares a noite toda. Uma pena que Benjamin irá conosco. — Blair me olha sugestivamente através do grande espelho a nossa frente. Conhecendo minha amiga como conheço, sei perfeitamente o que a mesma está insinuando.

— Sabe que jamais irei trair meu namorado, Blair. Eu posso estar em qualquer lugar do mundo que sempre vou respeitar nosso relacionamento. — Ela revira seus olhos verdes e depois rir.

— Bom, sobra mais homens para mim. Se bem que se não aparecer um milionário hoje, eu abro minhas pernas fácil fácil para o Bieber. — não consigo evitar o som de nojo que sai dos meus lábios — Uma pena que ele tem fama de pegar apenas mulher mais velha, mas as poucas sortudas que ele fodeu dizem que ele tem uma língua dos céus e que dura muito. Não é um coelho. Vou investir essa noite nesse loiro, tenho plena certeza que minhas chances são grandes.

Mesmo com nojo ao imaginar aquele caipira, não consigo evitar a gargalhada por causa de Blair, que sempre foi descarada.

— Se ele não fosse pobre seria o pretendente perfeito, ele é lindo e segundo lendas sabe agradar uma mulher.

Blair mais uma vez mostra o quão ambiciosa é e isso me preocupa. Tenho medo do que ela pode fazer consigo mesma para chegar ao topo.

— Dinheiro não é tudo na vida, Blair.

Ela se vira para mim e cruza os braços fazendo com que seus seios fiquem ainda mais evidente.

— Olha quem fala, a mulher que chama o Justin de caipira. E você fala isso porque já nasceu em berço de ouro. Seu pai é um juiz e sua mãe uma advogada conceituada, namora Benjamin que tem dinheiro como você. Eu sou somente a filha da governanta da sua casa, e não é pecado eu desejar um futuro melhor para mim, ou é?

A ruiva se vira e fica se admirando no espelho.

Blair e eu crescemos juntas, mamãe sempre gostou muito de Amélia — nossa governanta —  e quando a mesma descobriu que estava grávida, logo após o marido sumir, mamãe decidiu que ajudaria criar a Blair e as duas vivem conosco desde então.

— Meus pais nunca fizeram distinção entre nós duas, Blair. Tudo que eu tive você também teve. E sobre o caipira, eu não o chamo assim por causa de sua classe social e sim porque ele não sabe se comportar, ele é grosso e estúpido, não tem classe alguma.

Minha amiga olha para suas unhas pintadas em vermelho tentando não me olhar nos olhos pois sei que ela odeia se mostrar frágil.

— E eu sempre serei grata por isso, Emma. Mas eu não posso viver de caridade pelo resto da vida. Seus pais tem obrigação com você e não comigo, eu preciso olhar para meu futuro. E sobre o gostosão, isso o torna mais atraente por não se importar com nada.

Apesar de nós duas termos opiniões bem diferente de como levar a vida respeitamos a decisão uma da outra.

— Então eu vou torcer para que esse futuro apareça hoje, Deus me livre te ver com aquele caipira! Meus olhos vão sangrar e eu ficaria traumatizada para sempre.

— Deus te ouça, Emma. — socos soam na porta e eu pulo devido ao susto.

— As duas princesas não estão prontas? Não podemos perder tempo.

— Já estamos indo, Ricardo. — Blair grita e se analisa uma última vez. Sigo seu exemplo e sacudo meus cabelos para que eles fiquem soltos e levemente bagunçados.

Meu vestido preto é curto e totalmente colado, olho meus pés e o salto quinze da Louboutin me deixa ainda mais sexy, sem dúvidas as comprinhas de última hora foram essenciais. Estou um arraso.

Vamos até a porta e damos de cara com os meninos que estão todos de terno preto para entrarem no cassino mais badalado de Vegas e estão fantásticos, até mesmo o caipira.

— Você está linda! — meu moreno me beija na testa, sabendo que eu detesto quando estou de batom e ele me beija, atrapalhando meu belíssimo trabalho.

— Estão lindos, meninos. — olho para o homem mais insuportável da terra, faço questão de sorrir o mais cínica possível — Até você parece gente, caipira.

Ele passa a língua em seus lábios e pega um cigarro em sua cartela levando o mesmo até seus lábios e acendendo com calma, puxando a fumaça para que o mesmo se acenda. Ele joga sua cabeça para trás e solta a fumaça lentamente.

— Eu já não posso dizer o mesmo de você, patricinha. Se eu fosse você, voltava para o banheiro e ficaria por mais meia hora para ver se tem algum resultado.

Os meninos riem, Benjamin fica sério e Blair tenta a todo custo segurar a risada, mas falha miseravelmente. Eu abro a boca sem ter uma resposta. Eu odeio esse ser, juro por tudo que é mais sagrado.

— Você é um estúpido e grosso.

— Pode ter certeza que sim. Grosso, grande e rosado. É o que elas dizem. — Justin olha para minha melhor amiga e pisca seu olho para ela, que sorri encapetada.

— Espero descobrir até o fim da nossa noite, Bieber.

A bile sobe por minha garganta e tenho vontade de vomitar aqui mesmo no meio do shopping.

— Vamos parar com essa palhaçada e vamos logo, estamos perdendo tempo e temos cinco horas de estrada. Quem vai dirigir? — Brandon pergunta enquanto esfrega as mãos uma na outra.

— O mauricinho vai dirigindo, pois como eu, está sem álcool no sangue. A ruiva, a patricinha e Brandon vão com ele e Ricardo vai comigo na moto. E para voltarmos só Deus sabe como faremos. Estão de acordo?

Todos confirmam e, para eu não ser a estraga prazer, fico na minha. Vamos até o estacionamento,  Brandon e Ricardo acionam o alarme do carro e resolvem deixar aqui mesmo. Me sento no passageiro ao lado de Benjamin, ele coloca a mão na minha perna enquanto sorri lindamente para mim.

— Está animada? —  apenas confirmo —  Podemos nos casar na Capela do Elvis, hum?

— Jamais, terei um casamento digno de princesa.

Ele sorri sabendo que eu jamais abriria a mão de uma igreja, meu vestido e a festa dos sonhos. Justin passa por nós com a moto e buzina, sumindo logo depois com Ricardo.

Benjamin manobra o carro depois de todos colocarem o cinto de segurança e pisa no acelerador, indo em direção a Vegas.

Não planejamos nada e foi algo momentâneo que surgiu em nossa mente. Já ouvi falar que as coisas sem planejamento nos proporcionam os melhores momentos, e eu espero que isso seja verdade, pois quando chegar em casa amanhã meu pai vai me matar.

(...)

Olho as horas em meu celular, ainda é meia noite e como as pessoas dizem aqui: a noite é uma criança! Fico encantada com o brilho da cidade, os outdoors enormes e acesos, mostrando a todo instante o que Vegas tem a oferecer. Pessoas andam de um lado para o outro enquanto riem animadas.

— Era disso que eu estava falando, porra! — Brandon grita completamente bêbado e observa a cidade do pecado.

Ele passa seu braço nos ombros de Benjamin, que também ri por estar um pouco bêbado.

— Quanto vocês ganharam? — Blair pergunta contando suas moedas. — Eu perdi mais do que ganhei, eu deveria voltar lá e fazer um barraco. — ela joga as moedas longe — só tenho oitenta e cinco centavos. Já era minha mesada do mês.

Ricardo corre e cata as moedas que consegue e volta todo feliz.

— Achado não é roubado. Moedas aqui podem significar ser um milionário da noite para o dia nos caça níqueis. — começo a rir quando Blair pula nas costas dele e tenta pegar suas moedas.

— Me devolve, Ricardo. Você é filho do cara que ganha dinheiro apenas por respirar.

— Não, eu achei. Vou ficar milionário e vou mandar o velho mão de vaca do meu pai para a puta que pariu.

— Vou chamar a polícia, essas moedas são minhas.

— Você as jogou fora, ruiva! — eles começam a discutir feito duas crianças por vários minutos com o mesmo argumento até decidirem que se ganharem, irão dividir o dinheiro do prêmio.

— Eu não joguei, esses jogos são apenas para nos tornar dependentes e nos roubar o máximo que podem. — sorrio ao escutar a voz do meu namorado que se encontra lenta devido o álcool em seu sangue. Ele é tão inteligente.

— Que se foda, Benjamin! Estamos em Vegas, hoje podemos tudo.— Brandon começa a rebolar no meio da rua quando escutamos a música que está tocando e eu me junto a ele gargalhando.

— Então me fala se alguns de vocês ganhou alguma coisa. — e o lado pretensioso de Benjamim aflora.

— Eu ganhei cento e cinquenta dólares. — a voz rouca e arrastada de Justin nos interrompe fazendo com que todos nós olhemos para ele que até então estava calado. — Eu joguei vinte e um e ganhei.

— Porque não me chamou, seu imprestável? —Ricardo dá um tapa na cabeça do Justin que o olha nada satisfeito.

— Então eu levaria seu dinheiro, otário. E encoste mais uma vez em mim que eu arrebento sua cabeça em alguma parede.

Arregalo meus olhos assustada. Eu nunca o vi ameaçar alguém, será que ele fica violento quando está bêbado? Era só o que me faltava.

— Calma aí cara, estou apenas brincando, e a primeira rodada de shot na Bachelor Vegas é por sua conta.

Justin apenas assente e leva um cigarro até os lábios.

Vai morrer de câncer no pulmão esse ser, só pode.

Olho para ele que está com os olhos vermelhos, o terno já sumiu do seu corpo e nem o segurando está, com certeza deixou no cassino porque quis.

Sua blusa branca está toda arregaçada mostrando suas tatuagens do braço e dois botões da camisa está aberto.

Ele é até que bonitinho. Que merda de pensamento é esse? O pouco de álcool que bebi está falando por mim. Isso, é isso mesmo.

— Me beija? — faço o pedido inusitado a Benjamin que me olha sem entender — Só me beija.

Ele apenas me puxa parando de andar e segura minha cintura com força, colando seus lábios no meu. O beijo é selvagem, sua mão entra por dentro do meu cabelo e agarra os fios curtos, fazendo com que uma dor gostosa tome conta do local, me deixando arrepiada.

— Deixem para se comer dentro da boate! — Blair me puxa para seu lado e eu posso ver a enorme boate a minha frente. É uma das coisas mais lindas que eu já vi, luzes brincam entre elas a todo instante, a música alta pode ser ouvida e já sinto vontade de entrar e dançar até o dia amanhecer.  As pessoas estão em uma fila única e entram sem problemas, mostrando a eficiência do local.

— Eu nem sei porque o casal mais comentado veio junto. Se eu se namorasse, o que nunca vai acontecer, exigiria no mínimo um passe livre para esta noite. — o idiota faz questão de cagar pela boca e eu prefiro nem responder, pois estou fascinada com o que eu vejo aqui.

Vamos pra fila e não ficamos mais que vinte minutos no aguardo. O interior da boate é uma coisa de louco, o preto e vermelho predominam o local arejado e espaçoso. Apesar de ter muitas pessoas, não nos sentimos em uma lata de sardinha.

Blair grita e me cutuca, apontando para o dançarino que está dentro de uma gaiola e acabou de arrancar sua cueca, ficando totalmente nu. Caio na gargalhada junto com minha amiga e olho para meu namorado que está de boca aberta olhando as dançarinas que estão de calcinha e salto no momento. Eu não vou bancar a mulher ciumenta ou tentar tapar seus olhos, ele pode olhar o quanto quiser, ainda mais estando nesse lugar que é o paraíso... E no fim das contas, eu sei que ele é meu.

— Regras? — ele pergunta e eu começo a rir por ele não conseguir olhar para mim, homens são tão patéticos às vezes.

— Desde que não haja traição, seja feliz amor.

— O mesmo eu digo a você ,bebê.

Nós dois nos beijamos rapidamente e ele segue seu rumo com os meninos, que comemoram sua “liberdade”.

— Vamos, Em. — a ruiva agarra minha mão — No fim desta noite quero estar pior que os meninos.

Nós duas rimos enquanto vamos para a pista de dança ao som de Jason Derulo, Blair some por alguns segundos e volta com uma bandeja com oito shots de tequila.

—  Esses aqui são os aperitivos. — Blair grita no meu ouvido

— Vamos ficar muito loucas.

Seu pequeno copo bate no meu e nós duas viramos ao mesmo tempo, jogando a cabeça para trás. Eu sinto a queimação comum do álcool e pego a próxima dose.

Começo a dançar ao som de Demi Lovato enquanto sinto minha mente leve. Deslizo a mão pelo meu corpo e rebolo devagar. Me sinto observada e olho para trás e me surpreendo que sou alvo do caipira que está dançando com uma mulher que aparenta ter mais de trinta anos. Brindo em sua direção e ele sorrir safado, rebolo bem devagar ao som de just that girl. Fico satisfeita ao ter sua atenção para mim e faço o que eu sempre tive vontade, mostro meu belíssimo dedo do meio a ele.

Não espero sua reação apenas me viro de costas voltando a dançar com Blair que alisa meu corpo, atraindo a atenção de homens, como ela adora.

— Essa noite será memorável! — Blair bebe mais uma tequila e eu acompanho.

—Que assim seja, vadia! — grito bebendo outra dose.

(...)

Remexo meu corpo desconfortavelmente ao sentir Benjamin agarrado a mim, seu braço e perna são pesados. Eu não me lembro de nada, muito menos como vim parar em uma cama. Viro meu corpo sem abrir meus olhos, abraçando meu namorado para que eu possa voltar a dormir.

Abraço seu peitoral e o sinto o cheiro forte de cigarro. Bom, mesmo não lembrando de nada até o momento, tenho a certeza que não foi só eu que bebi até ter um coma alcoólico.

— Mas que porra é essa? — um frio passa em minha espinha ao perceber que não é a voz de Benjamin. Mesmo com medo, abro meus olhos e tenho vontade de fechar de novo para ter certeza que é um pesadelo.

— Eu perguntei a você, Emma. Mas que porra aconteceu aqui?

Levanto-me tão assustada com o que eu vejo que caio de bunda no chão, percebendo que estou completamente nua.

— Eu não acredito nesse caralho, eu ainda estou bêbado e alucinando, só pode ser isso.

Justin se levanta, ficando de frente para mim com os olhos cheio de fúria. Abro a boca em total choque ao vê-lo completamente pelado, porém o que me faz entrar em desespero é que ele está perplexo olhando a aliança em sua mão esquerda. A mesma que está na minha mão.