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História 1860 - Capítulo 16 Corças e Morcegos


Escrita por: Doidorotto

Notas do Autor


A Fic "1860" busca esclarecer pontos que ficaram obscuros durante o episódio especial de Halloween de 2011 do jogo Amor Doce. Por isso, os personagens do jogo terão nomes e papéis levemente alterados, para encaixar-se nesse novo contexto.

Neste especial, sua docete é enviada ao passado, no ano de 1860, e conhece um morcego falante chamado Noir. Ele fala sobre o lorde vampiro do castelo, Dimitry, e a história de Mary Magdaleine.

Dimitry e Noir apresentam fragmentos do que aconteceu naquele lugar. Mary, e todos da cidade, foram infectados por uma misteriosa doença e a única esperança de salvá-la era levar a moça para o castelo, o único lugar seguro e livre da doença.
Dimitry se transforma em um vampiro e deseja transformá-la, mas, por algum motivo, ele não chegou a tempo e a garota morreu.

Qual foi a origem da doença? Quem era o vampiro que transformou Dimitry? Por que ele não chegou a tempo? Por que o castelo era o único lugar seguro? Estas são algumas respostas que a fic "1860" busca esclarecer.

Espero que gostem.

Capítulo 16 - Capítulo 16 Corças e Morcegos



Como um animal, Dimitry entrou na floresta usando todos seus novos sentidos aguçados para caçar sua presa. Deedra havia sido tola de entrar em uma floresta tão profunda e densa que não permitia que o sol entrasse por elas. Era perfeito para ele caçar. Escura e perigosa. Tudo o que ele precisava para cumprir sua missão.

Seus olhos enxergavam dez ou cem vezes melhor do que antes. Era capaz de ver as formigas movimentando-se entre a terra e as folhas caídas as árvores. Era capaz até de ouvir elas se movimentando sob a terra. Suas mãos tocavam o tronco das árvores, que mesmos frios pelo sereno da noite, conseguiam lhe dizer exatamente onde o calor de um corpo humano tocou aquela madeira poucos segundos antes.

Mas nada se comparava a seu novo e melhorado olfato. Ele podia sentir o cheiro do sangue quente a quilômetros de distância. Era capaz até de saber o que acontecia em Sucré Hollow, só pelo cheiro. Podia farejar o ferro das armas, o sangue derramado e fétido dos doentes, os animais furiosos correndo pelas ruas do lugar.

Tudo estava em seu alcance.

– Deedra! – Ele gritou, entrando na floresta, ainda um pouco cambaleante, por não conseguir se adaptar a sua nova força e agilidade. – Eu vou te encontrar! Não vamos tornar isso mais difícil!

Mas não houve resposta.

Apenas o som de passos correndo pela lama. Ela estava próxima do rio. É claro que devia estar lá. Dimitry correu pelas árvores atrás do som e chegou em poucos segundos até a margem do rio. Aproximou-se com cautela da margem, procurando qualquer coisa incomum nas águas.

– Não vai poder ficar aí por muito tempo… Não vai poder prender o fôlego tanto assim… – Dimitry mantinhas as garras em posição de ataque.

Novamente ouviu passos na lama, mas agora atrás dele. E novamente. Na esquerda. Na direita. Dimitry ouvia os barulhos e observava atentamente. Não conseguia discernir com clareza a origem, mas sabia que estava perto. O cheiro do sangue estava cada vez mais forte.

Então, os passos ficaram mais próximos. Mais perto… Mais e…

RROOAARR….

Dimitry rugiu como um leão em fúria e pulou sobre a sombra próxima, encravando suas garras no pescoço da vítima, mas, sem o controle da força, arrancou sua traqueia e mandando-a para longe. Dimitry ficou desesperado com a situação, já que, pelo tempo de convivência, ele queria, ao menos, lhe dar uma morte rápida e pouco dolorosa, então, puxou o corpo da presa para mais perto de si e, para seu alívio, não era ela.

Era só uns dos carniçais decrépitos que serviam de corte de seu novo mestre. Contudo, havia algo nele. Um pedaço de tecido manchado de sangue. Aquele cheiro incomodou o nariz de Dimitry. Era sangue de… Era o sangue das “regras” da garota (“Ainda há algo de mulher nela?” pensou o rapaz, já que, às vezes, até esquecia que ela era uma garota).

Ele ficou um pouco enojado com aquilo e empurrou o cadáver do carniçal para longe. O cheiro parecia ter impregnado nele e incomodava seu nariz. Parecia que ele… Na verdade, não parecia. Ele estava rodeado por aquele cheiro. Ele estava em todas as partes da floresta. Dimitry olhou em volta e reparou nos pedaços de tecido manchados, pendurados nas árvores, nas moitas e o sangue de Deedra mesmo… havia sumido.

Dimitry pensou em chamas, raios ou qualquer coisa, mas não manifestou nenhum poder. Não tinha nenhuma arma de longo alcance. Precisaria continuar a caça com o seu faro e visão, além de…

– Dimitry…

A voz de Deedra estava logo atrás dele. Ele se virou para olhar e deu de cara com a garota. Tudo foi muito rápido e, mesmo com a velocidade sobre humana dele, o rapaz não conseguiu evitar o soco direto no rosto que a caçadora atingiu.

O punho dela encontrou o osso do nariz dele e explodindo em sangue e em uma nuvem amarelada. O cheiro daquele pó entrou pelas narinas sangrentas e pelos olhos do rapaz, fazendo-o lacrimejar. Ele ficou confuso com o ataque, cambaleando e batendo no ar às cegas, na esperança de atingir a caçadora, mesmo que por acaso.

Ele ouviu os passos dela afastando-se até não ouvir mais nada.

Ele tentou abrir os olhos, mas, as lágrimas não o deixavam enxergar corretamente. Estava com uma irritação persistente, além do nariz que não parava de sangrar. Tudo isso misturado ao cheiro insistente de alho e pimenta que a caçadora espalhou pelo ar.

– O que… oque aconteceu…? – Dimitry caiu no chão sentado, tentando limpar os olhos. – O que você fez…?

– Está ruim de enxergar, Dimitry… – A voz de Deedra vinha de todos os lados. – Não consegue mais usar esse olfato maravilhoso? Pois é, não é? Pimenta e alho fazem essas coisas…

– Não consigo ouvir você direito? – Dimitry tentou apoiar-se em uma árvore para ficar de pé. Estava zonzo. – O que você está fazendo… que bruxaria é essa?

– Ventriloquismo. Nada de mais!– Deedra cantarolou com sua voz ecoante. –Qualquer circo mambembe tem alguém que faz isso… Não imaginava que poderia ser tão útil, não é?

Dimitry tentou ficar de pé, apoiando-se em qualquer lugar que conseguisse. O sangue não parava de escorrer, assim como as lágrimas. Não conseguia focar em nada, exceto no cheiro do alho e do sangue espalhado pela mata. Quando ele estava quase de pé…

Tchú!

– AAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHH…. – Dimitry caiu no chão com a dor.

-Eu disse! Eu te avisei que eu ia enfiar o virote que você acertou no meu pé bem no seu… – Deedra parou. –Bom, não preciso dizer, não é… Você está sentindo.

Ele rolou no chão com a dor, mas, quando o virote bateu em uma pedra, ele se contorceu e gritou. Com muita dificuldade, ele agarrou o virote e puxou, fazendo um ferimento ainda maior. Aquilo era muita humilhação para um duque. E iria fazê-la pagar.

Sem seu olfato, visão e sua velocidade superior, devido a ferimentos que não convinham a um duque descrever, a caçada parecia mais difícil. Ele tentou se concentrar em sua audição, mas, por um momento, pensou que a garota já deveria esperar por isso.

Ele precisava se antecipar.

Deedra era uma caçadora. Mas, ele já havia caçado corças com seu pai antes. O truque era prever os movimentos do adversário antes dele e então atacá-lo. Não devia ser tão difícil.

***
“Não devia ser difícil”.

Esse devia ser exatamente o pensamento de Dimitry naquele momento. Deedra estava oculta entre as árvores, usando sua faca para fazer uma ponta em uma estaca de madeira, apenas observando o rapaz que, pela sua atitude, estava agora tentando não depender apenas de seus ouvidos. Era até engraçado, por que ele estava tentando fingir que a procurava com os olhos.

Não imaginava que o lorde vampiro da Fortaleza era tão burro a ponto de subestimá-la tanto enviando um neófito para caçá-la. Sinceramente, ela estava até um pouco ofendida. Mas, a realidade é que, ela sabia. Dimitry era apenas uma distração. Alguma coisa que serviria apenas para minar suas forças e recursos. Para que, depois, ela fosse enfrentá-lo enfraquecida.

Contudo, aquilo não aconteceria. Não seria necessário. Se ela quisesse, teria terminado com esse jogo de gato e rato no primeiro momento. Após o soco. Encravaria uma estaca no peito dele e partiria para enfrentar o mestre.

Mas, não. Ela estava com muita dor e raiva, física e emocional, para deixar que ele escapasse sem uma punição.

Primeiro, precisava lembrar-se de agradecer a Sra. Shermansky por sua insistência em dar-lhe banhos constantes. Além de evitar que ela tivesse contraído aquela praga que está exterminando a cidade (e que não era problema dela), ainda lhe deu a ideia de banhar-se no rio e se livrar do jeito de sangue. Nunca imaginava que usaria os panos de suas regras como isca, mas, está funcionando.

Depois, queria saber quanto tempo Dimitry perceberia que ia precisar recolocar o osso de seu nariz no lugar para que ele possa regenerá-lo e estancar o sangramento. “Esse rapaz nunca quebrou um braço? Que tipo de florzinha de estufa ele é?”, pensou. Também teria dificuldades para regenerar o ferimento do virote, já que, a ponta de prata impedia a cicatrização dos vampiros.

Sinceramente, nem tinha vontade de usar sua dose de bellamorte, a poção que esfriava seu sangue e dificultava sua localização, por que o rapaz não oferecia um desafio suficiente nem para isso.

Contudo, não ficaria ali parada esperando. Ela sabia que a adaptação não era um processo demorado e que, em pouco tempo, Dimitry começaria a dominar sua nova força e velocidade, e então passaria a ser um adversário perigoso. E tudo o que ela não precisa é outro adversário perigoso. Naquele momento, ela seria perigosa.

Naquele momento, em que Dimitry provavelmente pensaria em suas caçadas de nobres e reis, nas quais perseguiam, em ambientes controlados e seguros, pequenas e indefesas corças, ela tinha que lembrá-lo que…

…ela poderia ser tudo, menos uma corça.

***
O nariz dele sangrava tanto que começou até a sentir fome. Pensava que precisaria alimentar-se de Deedra antes de entregá-la ao mestre, apenas para repor o sangue perdido. Cada passo que dava era um tormento, porque aquele maldito virote tinha alguma coisa errada nele (ele esperava que o pé dela estivesse doendo da mesma forma). Mas, ele precisava continuar.

Quase cego e com o nariz machucado, Dimitry tentava prestar atenção ao menor som de movimento. Ao menor sinal de passos ou qualquer coisa que denunciasse a presença da caçadora. Como aprendeu. Antecipar os movimentos… Numa caçada. Numa luta. Como na dança…

Conhecer o adversário…

Ele conhecia Deedra. Ele sabia como ela lutava. Já viu a destruição que ela poderia causar. Sabia que ela era esperta e tinha anos de experiência em matar criaturas como ele. Foi forjada em fogo e ódio. Então, qualquer deslize significaria sua morte. E a de Mary.

Tentar prever seus movimentos…

Ele estava cego e sem seu olfato. Estava machucado e impossibilitado de usar sua velocidade (ou pelo menos, não queria usar porque doeria demais). Em uma floresta. Sua defesa era sua força e suas armas naturais. Sempre ouviu falar que os vampiros tinham poderes sobrenaturais, mas ele não sabia de nenhum. Será que teria algum? Precisaria aprender com o seu mestre depois…

Então, com base em tudo isso, ele imaginava que o mais provável é que ela tentasse atacá-lo pelas costas. Era o seu ponto mais vulnerável. E precisava protegê-lo. Dimitry foi até a árvore mais próxima e encostou suas costas, ficando com elas protegidas. Qualquer ataque agora viria pela frente, onde ele poderia se defender.

Esperar o momento certo…

Agora ela teria de vir até ele. Se ela tentasse um ataque a distância com sua besta, bastaria ele usar sua velocidade e desviar do tiro. Ele ouviria o barulho do disparo e aí, bastaria esquivar. Não teria como ela atacá-lo de outra forma. Ela precisaria vir para o corpo a corpo.

Ele ouviu as folhas farfalhando. Ela estava vindo. O barulho aumentou. Mais rápido. Mais rápido. Ela viria correndo. Ele tentou abrir os olhos, apesar da irritação e das lágrimas. O vulto dela se aproximando ficava cada vez maior. A aproximação era cada vez mais rápida. Ele sentiu as garras brotando na ponta dos dedos. Seria um único golpe que acabaria com a luta.

E…

…Atacar!

Dimitry atacou, com toda sua força e velocidade, pronto para encravar as garras no peito da garota. Mas, para seu desespero… Ela jogou o corpo para trás, quase como se estivesse caindo no chão de costas e escorregando por baixo do golpe com as folhas.

Quase como se ele visse em câmera lenta, Dimitry encarou o sorriso sádico da caçadora que jogou uma corda por cima de um galho da árvore que ele achava ser sua proteção e caiu diretamente em volta de seu pescoço.

Com o embalo da velocidade da corrida, Deedra jogou todo o seu peso para frente e puxou a corda, içando Dimitry no ar pelo pescoço. O rapaz sentiu sua traqueia sendo esmagada pela corda e os pés deixando o chão. Ele tentou segurar o laço para impedir o enforcamento mais era tarde.

Deedra, em um movimento rápido e treinado a exaustão, pisou na corda e usou uma de suas estacas de madeira para encravar a ponta da corda no chão e usou o cabo do machado para fixar a estaca na terra. Infelizmente, a terra era fofa e molhada. Não manteria o vampiro muito tempo no ar.

Dimitry sentiu o ar faltando. Sentiu-se sufocando. Era agoniante a corda envolvendo seu pescoço, tirando-lhe o precioso ar. Ele se debatia e tentava chegar ao chão, onde poderia voltar a respirar. Deedra achou a cena engraçada, embora soubesse que não podia ficar assistindo por muito tempo. Mas, era engraçado ver que o rapaz não tinha percebido que não precisava mais respirar.

Sem perder muito tempo, Deedra pegou o machado com firmeza e preparou o golpe. Naquela posição, não daria para decepar a cabeça do vampiro ou atingir um ponto mortal. Então, ela faria o possível para encravar o aço o mais fundo que pudesse nas costas do monstro e impedir ele de fugir. Seria uma machadada certeira na coluna vertebral e depois uma que separaria a cabeça do corpo, enquanto Dimitry ainda estivesse se contorcendo de dor no chão.

E aquela intenção não passou despercebida por Dimitry. Ele viu nos olhos âmbar da caçadora a  vontade de encravar aquele machado perigoso em seu corpo e, preso naquela corda, ele não tinha como evitar aquilo.

Dimitry só pensava em escapar. Evitar aquele golpe fatal. Voltar para salvar Mary. Preso ali, ele não conseguiria. Sua visão falhava. Seu nariz doía. Ele sacudia seu corpo, mas não conseguia se livrar daquele laço. O som da lâmina afiada cortando o ar e zunindo em sua direção era alto como um grito. O grito de Mary. Sofrendo. Morrendo. O grito que ele não podia calar.

Seu sangue borbulhou. A fúria fez com que ele sentisse uma força estranha e nova correndo por todo seu corpo. Ele viu todo o mundo entrando em uma penumbra assustadora. Sentiu que seus braços e pernas estavam leves. Ele sentiu o laço afrouxar e o mundo tornar-se etéreo. Tudo ficou escuro e silencioso.

Dimitry desapareceu em uma nuvem de pequenos morcegos que se espalharam pelo ar. O golpe de Deedra passou ao largo de atingir o alvo. Ela girou o machado e tentou não encravar a lâmina na árvore, mas não conseguiu, por causa da própria força. O rapaz viu o mundo através dos milhares de pequenos olhos e procurou afastar-se o máximo que conseguia.

Quando voltou ao chão, sentiu que sua vista e… a outra parte da sua anatomia prejudicada pelo virote… já não doíam, embora o nariz continuasse sangrando e dolorido. Ele sentiu suas forças renovadas com aquela virada de mesa. Ele tinha poderes afinal. Poderia se desmaterializar. E agora, poderia correr. Mesmo com o nariz machucado, Dimitry sorriu.

– Merda… – Deedra soltou o machado da árvore e correu.

Dimitry, empolgado com sua nova vantagem, transformou-se na nuvem de morcegos e voou em direção a Deedra. Não demorou para que ele a alcançasse e mordiscasse a garota com as diversas pequenas bocas dentadas.

Deedra girava o machado e acertava um ou outro morcego que se transformava em fumaça e voltava a sua forma animal em seguida. Dimitry voltou a se materializar e envolveu Deedra em um abraço mortal, usando sua força de monstro para esmagar os braços da garota.

A caçadora gritou com o aperto e tentou se livrar usando sua própria força, mas era inútil. Ela ouviu o rosnado de Dimitry e sentiu o hálito do rapaz em seu pescoço. Ele estava pronto para mordê-la e, talvez, matá-la, oi pior, transformá-la em um deles.

Deedra jogou as pernas para cima e depois impulsionou o seu corpo para frente com todo o seu peso. Esse movimento fez uma alavanca com as costas de Deedra e ela lançou Dimitry para frente, jogando o vampiro no chão com as costas. Só que, antes dele bater no chão, Dimitry tornou-se sombras e morcegos, afastando-se da garota.

Ele materializou-se a alguns passos de distância e olhou para a garota, com raiva.

– Não pode fugir, Deedra. – Dimitry falou. – Não pode sair dessa floresta!

– Quem falou que eu quero sair? – Deedra sacou uma de suas adagas e atirou contra o rapaz.

Dimitry esquivou-se com facilidade e sorriu, mostrando a caçadora que seus ataques eram inúteis. Porém, em poucos segundos, ele ouviu a adaga encravar na madeira de uma das árvores e o som de alguma coisa estranha. 
Ele preparou-se para avançar contra a caçadora, mas um galho com estacas pontudas amarradas a ele voou em direção a suas coxas, encravando a ponta da madeira na carne e o deixando preso naquele lugar. Ele gritou com a dor dos ferimentos nas pernas. Quando ele tentou andar para trás e sair da armadilha, alguma coisa extremamente pesada atingiu o rapaz pelas costas, derrubando-o no chão.

Depois que o peso caiu sobre ele, prendendo-o no chão, junto com as estacas nas pernas, Dimitry, estava esmagado sobre um pesado tronco de madeira, sabia que tudo tinha acabado. E que ele perdeu.

– Deu muito trabalho cortar essa árvore durante a noite. – Deedra sentou-se em cima do tronco, impedindo Dimitry de usar sua força para movê-lo. - Mas, ver você caído aí, valeu a pena.

– Me solte!! – Dimitry tentava mover o tronco, mas não conseguia. – Eu preciso salvá-la…

– Tá bom, conheço essa história, Dimitry… – Deedra puxou um pedaço de corda enterrado entre as folhas. – Me fala, eu quero saber sobre o vampiro da Torre. Me fala, e eu te mato bem rápido.

– Vá para o inferno!! ARRGGHHH… - Dimitry forçava o tronco, mas, estava sem forças. O sangue que escorreu de seu nariz agora fazia muita falta. – Eu vou… Arrgghhh…

– Ok… faremos isso do jeito mais complicado. – Deedra puxou a corda, deixando que a luz do sol entrasse por entre os galhos das árvores.

- AAAAARRRGGGHHHHHHHHH…. – O sol queimou a pele de Dimitry. Era uma sensação horrível. Era como se a sua pele e carne eram arrancadas por uma faca quente e deixando um pedaço de metal em brasa sobre os ferimentos. Deedra afrouxou a corda e as folhas voltaram a tapar o sol. – Desgraçada… Aarrggghhhh…

– Segunda chance, duque! – Deedra enrolou a corda no pulso. – Não tô com paciência e muita raiva. Me dá alguma dica útil.

– Eu… eu vou… te matar… – Ele sentia a carne regenerando e era tão doloroso quanto o momento em que era queimada. – Eu vou matar você… me tire daqui…

– Tá legal! Você pediu. – Deedra puxou a corda e deixou o sol entrar novamente, fritando o rosto e metade do tronco de Dimitry.

– AAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHH… – Dimitry sentia sua carne queimando como se tivesse sido mergulhado em metal derretido. – AAAHHHHHHHHH…. SOCORROOO….

– Adeus, Dimitry! – Deedra amarrou a ponta da corda no tranco que prendia o vampiro. – Eu tentei te avisar…

– AAAAHHHH…..AAARRGGHHHELAESTÁVIVA!! – Dimitry forçava sua prisão para salvar-se, mas não conseguia. – ELA ESTÁ VIVA!!

– É mentira! – Deedra virou-se para ver o vampiro queimar. – Está mentindo!

– EUJURRROOOARRRGGHHHH… – O braço do rapaz agora era apenas osso e tecido do casaco. – EEUUU JUUURRRO….AARRRGGHHH….

Ignorando todos seus instintos de sobrevivência, Deedra correu até a corda e desfez o nó. Os galhos taparam o sol imediatamente. Dimitry parou de queimar. A carne e a pele voltaram a recobrir seu corpo e os ferimentos cicatrizavam rapidamente. Mas, ele sentia-se cada vez mais fraco.

– Fala! – Deedra colocou um dos pés sobre o tronco e pressionou o vampiro. – Fala logo, antes que eu mude de ideia.

– Argh… ele está prendendo ela… não há matou… – Dimitry gemia e respirava com dificuldade, mesmo não precisando mais de ar. – Eu posso ajudar… Posso ajudar vocês…

– Você queria me matar a dois minutos atrás! Por quê acha que eu confiaria em você?

– Ele é cego… Está fraco… – Dimitry tentava manter as forças. – Ele não vai saber que você está viva… com aquela poção… Pode fingir que… eu te levei lá… e surpreender ele…

– Hahahaha… Você só pode estar brincando! Você acha mesmo que eu vou me deixar ser capturada? Eu vou lá, entrar desarmada e me fingindo de morta?

– E-eu juro… Ele não saberá a diferença… Você pode salvar a Airis… por favor….

Deedra respirou fundo. Confiar em alguém que estava querendo matá-la. Mas, se havia uma mínima chance de salvar Airis… Ela não poderia ignorar aquilo. Ela precisava… Mas não podia. Dimitry já havia traído antes. Ela não poderia deixar Airis… Mas…

O peso do tronco de árvore saiu das costas do vampiro. Ele respirou profundamente, sentindo seus ferimentos de queimadura regenerar e…

Cláck…

– AARRGGHHH… – Ele gritou com a dor aguda.

Deedra torceu violentamente o osso do nariz fraturado do rapaz, e, em poucos segundos, ele não sentia mais dor. O sangramento tinha parado. Mas, logo após isso, a lâmina afiada do machado surgiu em frente ao seu nariz.

– Eu juro… – Deedra tinha até dificuldades em falar por causa do ódio. – …eu juro por Deus… Eu juro por tudo o que é mais sagrado… Se você me trair mais uma vez, eu vou viver mais de 100 anos, só para te manter em uma tortura eterna… Acredite, eu sei como fazer você sofrer muito… mas, muito mesmo!

– Sem traições… – Dimitry ficou de pé. – Eu juro. Eu juro. Te ajudo… Entrego você, como se estivesse morta… Ganho os poderes para salvar Mary e depois você pode matá-lo! Eu salvo Mary e você salva Airis! Todos ganham…

– Está certo. – Deedra falou. – Mas, depois disso… Depois que salvar Mary! Você não morderá mais ninguém! Nunca mais!

– Prometo! – Dimitry respondeu. – Mas, agora, eu preciso de forças… Perdi muito sangue… Preciso recompor minha força e me mostrar triunfante. Ele não acreditará se eu chegar assim e…

Splash...

Deedra jogou água de seu cantil no rosto do rapaz, para limpar o sangue do nariz. Entregou o cantil para ele e começou a procurar alguma coisa na mata.

– O que está fazendo? – Dimitry limpava o rosto e bebia um gole da água. Aquilo não matou sua sede. – Precisamos agir logo…

– Estou procurando algo para alimentar você. – Deedra procurava rastros no chão. – Um esquilo, um coelho… um rato… qualquer coisa…

– Precisaríamos de uma floresta de ratos para me alimentar agora… – Dimitry observava os movimentos da caçadora. Precisava de força para não atacá-la mais uma vez. – Tem que ser você…

– Você não está falando sério, não é? – Deedra sacou o machado novamente. – Eu ainda tenho armadilhas espalhadas por essa floresta. Eu ainda posso te matar hoje mesmo, antes do almoço.

– O tempo está correndo… Para Mary e para Airis…

– Desgraçado! – Deedra puxou a gola da armadura de couro e exibiu o pescoço branco e liso. – Eu juro… Eu juro que eu vou te matar… Se alguma coisa me acontecer… Eu vou… merda… Vai logo!!

Ela fechou os olhos e esperou a mordida. Pelo menos ele não insinuou tomar o sangue de outro lugar. Se tivesse feito isso, ela certamente o teria matado.

Continua…


Notas Finais


Esta fic é um spin-off da Fic, "Você é Meu Amor Doce", mas funciona em um universo único e separado, não sendo necessário a leitura de uma para a compreensão da outra. Mas, eu recomendo você ler. É uma fic muito boa! ;)
http://www.amordoce.com/forum/t31179,1-gl-iris-voc%C3%AA-%C3%A9-meu-amor-doce-parte-2-por-realdoido.htm


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