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História 2 - A Casa Vermelha - Ataque à Croatoan


Escrita por: Samuel_Super_

Notas do Autor


Desculpem pelo tempo sem postar. Quem me conhece sabe que eu gosto de mudar umas coisas no meio da história. Mas também eu estava nem Internet então... Espero que gostem!

Boa leitura!

Capítulo 4 - Ataque à Croatoan


Fanfic / Fanfiction 2 - A Casa Vermelha - Ataque à Croatoan

Os gritos, além de cortarem o ar, cortavam meus soluços.

Donovan e eu corremos desesperados para o térreo. Do corredor do primeiro andar, podia ver pelo canto do olho uma luz meio amarelada que se movia, como se estivesse crepitando... Esbarrei no ombro de Donovan e quase o derrubei escada a baixo.

Outro grito surgiu de fora da casa. Mas dessa vez parei. Era o grito de Lacy.

            - Anda Sally! – ordenou Donovan.

Aquilo me despertou. Não podia deixar nada acontecer com minha família. Pisei duro na madeira depois da escada e atravessei a sala avistando pequenos pontos de fogo pelas janelas. Puxei um castiçal de cima da mesa de madeira e abri a portal.

A cena era horrível. Cerca de cinquenta ou mais pessoas estavam juntas em uma roda enorme cercando todo o perímetro da casa. Elas vestiam roupas coloniais com tochas nas mãos e uma expressão séria no rosto. Ao som de tambores, eles batiam os pés no chão enquanto entoavam um cântico estranho, como música de acampamento.

O pior era o que ficava no centro em frente à porta principal da casa. Uma enorme fogueira iluminava o espaço preenchido por quatro mulheres com roupas esfarrapadas que dançavam ao ritmo dos instrumentos ao redor da fogueira. Junto a elas, um homem com expressão fria segurava em uma mão uma tocha e na outra um punhal. Quando olhei para cima, avistei duas pessoas amarradas em troncos em cima da fogueira fritando iguais a porcos enquanto dois homens fortes com roupas indígenas giravam os troncos. Elas gritavam desesperadamente pedindo socorro. Num susto percebi que quem estava sendo fritada eram Lacy e minha mãe.

Lágrimas correram pelos meus olhos. Dei dois passos rápidos pronta para correr quando Donovan me segurou e me jogou pela pequena cerca da varanda caindo atrás de um deque. Debati-me em seu colo em prantos.

            - Você está louco? – perguntei. – Deixe-me salvá-las! Deixe-me salvá-las!

Ele me apertou com mais força.

            - Shiiiiiuuuu! – repreendeu-me. – Como você quer salvar alguém estando morta? – perguntou ele. – Temos que ter um plano.

Olhei para as pessoas que formavam uma roda ao redor da fogueira e entoavam a música estranha.

            - O que eles são? Satanistas? – perguntei.

Donovan olhou para eles com uma expressão diferente nos olhos.

            - Se eu dissesse que são fantasmas você acreditaria? – ele falou.

Revirei os olhos. Às vezes eu me cansava dos joguinhos dele de mistério. De repente os tambores pararam e as pessoas ficaram mais atentas à fogueira. As mulheres caíram no chão dramaticamente e ficaram lá. O cara com a adaga na mão deu passos em direção à fogueira. Minha mãe e minha irmã gritaram ainda mais.

            - Amigos! Estamos aqui essa noite como sempre fazemos para consagrar nossa oferenda para a deusa Croatoan! – ele levantou a faca e as pessoas ficaram alegres e saltitantes. – Para saciar a sede e a fome dela, afinal, precisamos defender nossa criança, entregamos a ela o sangue e o corpo de outras moradoras!

Uma pessoa no meio da multidão ergueu o braço.

            - Mas existem outras duas pessoas lá dentro. – disse ela com urgência. – E não vamos entregá-las também?

O cara balançou a cabeça em sinal de reprovação.

            - Se elas sobreviverem até o ano que vem as oferecemos. Precisamos de mais recursos. – ele se virou e pareceu olhar para mim. – Sempre precisamos de novas caças.

Estremeci. Cutuquei Donovan e ele suspirou.

            - Ei! Já pensou em alguma coisa? – perguntei.

Então foi nessa hora que meus piores pesadelos despertaram. O homem com a adaga se aproximou de Lacy e cortou o braço dela. Sangue escorreu e caiu no fogo enquanto ela gritava junto com minha mãe. Entretanto as duas estavam muito brancas por causa do fogo próximo. Então tive uma ideia. Contei o plano para Donovan.

            - Ei idiotas! – gritei. – Vocês querem oferecer sangue ruim para essa mulher ai? Croa não sei o que? – perguntei.

As pessoas me olharam assustadas. Deveriam estar surpreendidas pro eu ter surgido do nada. O homem sorriu.

            - Estamos vigiando você faz dias! – ele revelou. – Até dois de nós brincaram um pouco com você semana passada na festa, certo?

As pessoas riam com um olhar sedento. Estremeci e segurei mais forte o castiçal que estava na minha mão.

            - Ela toma remédios. – menti. – Provavelmente vocês não querem dá remédios de sono para Croatoan, okay?

Eles pareceram ponderar sobre a situação. Um deles tentou desmentir.

            - Mentiras! Estamos vigiando vocês por toda hora na casa, e ela não toma remédios nenhum!

Fiquei um pouco perdida. Precisava ganhar tempo para meus parentes e para Donovan agir. Desci as escadas de madeira e me aproximei deles.

            - Ela coloca na bebida. É tipo um elixir. – disse. – Se não quiserem acreditar tudo bem! Agora quando Croatoan se sentir mal e se vingar de vocês, não me culpem!

As pessoas faziam gestos com a cabeça assustadas. Até o homem temia demais essa Croatoan aí. Precisava de informações para entender mais o que acontecia naquela casa e quem eram aquelas pessoas.

            - Não queremos atingir Croatoan de jeito nenhum. – ele falava mais na intenção da floresta. Então ele me olhou de um modo maníaco. – Já que ela não pode, usaremos a outra e você, que tal? – ele gritou para as pessoas. – Peguem ela e tragam a oferenda de Croatoan!

As pessoas começaram a andar segurando as tochas bravamente.

            - Esperem! – milhões de pensamentos vieram à minha cabeça. – Eu soube o que acontecerá com a criança de vocês se me matarem!

Eles pararam abruptamente. Pareciam me observar mais atentamente.

            - Como assim? Ele está bem protegido! – gritou uma mulher com uma faca na mão. – Nunca deixaremos nada acontecer com ele!

Comecei a pensar em como eu poderia fluir aquela conversa. Quando o cara que fazia os sacrifícios falou as coisas para mim, senti que foi na direção da floresta, ou seja, na direção de Croatoan. Provavelmente Croatoan, quem quer que fosse, estava na floresta.

“Para saciar a sede e a fome dela, afinal, precisamos defender nossa criança”. Se eles não matassem meus parentes e, consequentemente, não alimentassem Croatoan, poderia acontecer algo muito ruim com a tal criança. E quem era a criança? Então comecei a analisá-los: eles eram antigos. Acreditavam que o fogo podia defendê-los de tudo e as armas seria para ataque. Assim a forma que eles se reuniam em círculo ao redor da casa parecia como se estivesse espantando alguma coisa para não entrar na casa com o fogo.

Essa coisa era Croatoan. Tudo se encaixou na hora. Eu só tinha que misturar o que eu sabia com meu conteúdo de história do ano passado.

            - Eu sou descendente das bruxas de Salém! Sei o futuro do seu protegido e sei o que Croatoan pretende fazer! – disse.

Houve um arquejo coletivo. Então as mulheres que ainda estavam caídas se levantaram e me olharam.

            - Seu sangue não diz isso... Somos bruxas e reconhecemos uma das nossas... – uma delas disse.

            - Sou muito nova. Ainda não alcancei meus poderes demais, mas tenho vislumbres do futuro. – a mentira estava tão boa... – E ainda mais que sou uma descendente muito distante delas. Apesar de terem sido mortas, foram apenas algumas... Os dons pularam três gerações, mas ressurgiram em mim.

Elas estavam sérias. Talvez começassem a acreditar no que eu dizia. Uma das senhoras se aproximou.

            - Então diga o que acontecerá com nossa criança? – perguntou suplicante.

Engoli em seco. Tinha que conseguir tempo, entretanto eu poderia adquirir essa imagem de bruxa. Fechei os olhos e pensei. Eles queriam proteger a criança de Croatoan, que deveria ser um ser muito mal. Eu não sabia a identidade de Croatoan, apenas que, segundo algumas lendas indígenas, era um espírito feminino persuasivo.

            - Croatoan quer matar o protegido. Eu já a vi – menti. – e li seus pensamentos. – apontei dramaticamente para tudo ao meu redor. – Tudo isso será destruído, tudo. Inclusive vocês...

            - Ei! – gritou o homem com a faca me interrompendo. – Você está mentindo! Somos mortos e não podemos mais morrer!

Algumas pessoas assentiram.

            - Eu sei disso. – como assim eles eram mortos? Então comecei a ver furos e arranhões em suas roupas. Não podia acreditar nisso. – Vocês irão perder a alma de vocês! – me lembrei do massacre que teve naquele lugar e juntei os pontos.  – Vocês morreram por Croatoan e perderam sua existência por ela de novo. – andei em círculos. – Mas vocês podem defender sua criança e vocês se lutarem contra isso...

Eles estavam com os olhos arregalados. Até as bruxas pareciam surpresas.

            - Como você sabe disso? – perguntaram.

Olhei para a bruxa que tinha falado comigo.

            - Eu sou uma bruxa de Salém. – disse. Acrescentei: - E sou esperta!

Murmúrios tomaram o ar. Atrás deles a fogueira crepitava na noite, entretanto uma nova figura se destacava: Donovan desamarrava minha mãe e minha irmã silenciosamente. Eles não olhavam para trás. O plano dava certo.

            - Você, bruxa – disse o homem com a faca na mão apontando para mim -, sabe mais que ninguém que Croatoan é um espírito maligno. Nunca podemos detê-la...

            - Mas vocês deixarão ela afetar sua criança? E ainda a vocês? – perguntei. – Vocês sabem que Croatoan é um espírito persuasivo. Toda morte que vocês sofreram nessa casa foi orquestrada por ela. Ela quer destruir vocês, porque sabem que vocês vão defender o que está dentro da casa e o que ela quer: a criança.

Uma das bruxas deu um passo à frente e se virou para as pessoas.

            - Confirmo tudo o que uma de nossas irmãs diz! – eu era irmã deles? Tá marrado! – Prevejo um segredo que Croatoan guarda... Algo que ela quer fazer... – falou olhando para o chão como se quisesse achar vestígios do futuro. Então ela me olhou. – Sally, pressinto e sinto em você um poder muito grande. Não falo do dom da previsão e sim de algo mais forte. Começo a enxergar o fogo de uma característica das bruxas: a determinação. E sei que você quer nos ajudar.

Fiquei lisonjeada e assenti.

            - Sei que vocês sentem medo de Croatoan. – disse. Então compreendi o que eles eram e que não eram do mal: eles queriam proteger uma criança dentro da casa que eles deixaram vivos. Fizeram aquilo com meus parentes para proteger a criança de Croatoan que era a verdadeira maligna. Eu só tinha que proteger também minha família e faria de tudo para cumprir isso. Assim como eles. Então nada melhor que ter um exército na sua mão e um pequeno confronto. Eu precisava colocar eles contra Croatoan por meio da vingança. – Mas temos que defender essas crianças e vocês. Nunca se esqueçam o que Croatoan fez com vocês, tantas mortes que ela causou. A vida era boa para vocês. A América era um ótimo futuro. Por isso, por vingança, precisamos lutar contra a nossa única inimiga: Croatoan.

Um grito de horror não humano percorreu as pessoas. Elas ficaram assustadas. Então direcionei meus braços para a floresta sem que elas vejam.

            - Tenho outros truques sem ser a previsão. – falei e eles ficaram estupefatos.

As bruxas me olharam felizes.

            - Sei que você pode proteger nossa criança, afinal: você está viva. – então ela ficou séria do nada. – As bruxas de Salém tinham dons para cada bruxa. Entretanto todas tinham um poder em comum. Mostre o seu para termos certeza que você é uma bruxa.

Puts! Me ferrei, pensei. Tinha que fazer algo extraordinário para dizer que eu era uma bruxa. Então olhei para a fogueira e apontei.

            - Olhem para trás e verão as suas caçam sumirem. – eles olharam e arquejos foram ouvidos.

            - An??.... – o cara com a faca na mão deixou a arma cair.

            - Eis o símbolo de vocês! – disse uma das bruxas. – Uma fogueira viva, sem mortes para Croatoan. A partir de hoje vamos lutar contra o mal. – ela apontou para mim. – E você liderá o ataque.

Merda. Influenciei-me demais. Mas eu tinha de fazer de tudo para minha família.

            - Mais é claro. Um ataque à Croatoan. 



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