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História 2012 - A última farra


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 40 - A última farra



No capítulo anterior, a turma se deu conta de que o tempo estava se esgotando e cada um resolveu aproveitar como achasse melhor.

2 DE JULHO DE 2012

Não dava mais para fugir e nem se esconder. Estava na hora de enfrentar a fera e não havia mais nada que ele pudesse fazer para adiar aquele momento desagradável.

D. Morte entrou no escritório dele com a pior cara possível e pisando duro.

- Por que demorou tanto para me atender? Você sabe que o tempo está se esgotando!
- E-eu s-sinto muito...
- Sente muito? Certo. – Ela o olhou bem desconfiada, tentando saber o que aquele anjo estava lhe escondendo.
- E então, o que lhe traz aqui? – ele perguntou procurando disfarçar o nervosismo.
- Os dois casos que eu tenho para a próxima semana.
- Algum problema? Achei que tudo já estivesse definido.
- Sim, há um problema. Por que eu tenho que levar uma pessoa cuja a hora ainda nem chegou? Você sabe que eu não gosto disso!
- Ah, por favor! Até parece que é a primeira vez que você faz esse tipo de trabalho!
- Só que nesse caso não há razão alguma para eu levá-la! A outra sim, a hora dela já chegou e não dá pra fazer mais nada, mas por que eu tenho que levar essa também?

Ele respirou fundo, tomou coragem e levantou o rosto para encará-la.

- Eu não posso falar. Sinto muito.
- Como assim não pode falar?
- É um assunto muito delicado. O destino dela pode mudar a qualquer momento.
- Pois eu não gosto dessas coisas e não pretendo sair daqui sem uma explicação decente!

O anjo remexeu inquieto na cadeira e logo conseguiu pensar em um jeito de se livrar dela.

- Esse assunto está definido, mas há outro pendente que ainda precisa de solução.

O plano funcionou e ela explodiu socando a mesa dele com força.

- Nem pensar! Já falei que não farei isso!
- Você precisa. O tempo está correndo e você ainda nem pensou no assunto!
- E nem pretendo pensar, pode tirar essa idéia da cabeça!
- D. Morte, você não está sendo razoável!
- Não interessa! Eu não vou fazer isso e ponto final!

A morte saiu dali mais furiosa do que quando tinha entrado, deixando Serafim aliviado por ela ter ido embora. Tocar naquele assunto sempre a irritava e ele sabia disso, era por isso que ele precisava tomar as rédeas da situação. Se dependesse da boa vontade dela, aquele problema jamais seria resolvido.

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A música tocava no volume máximo enquanto todos dançavam e riam. Era dia de festa na casa da Carmen, que ela tinha organizado como uma espécie de despedida.

Para o espanto de todos, Titi e Jeremias cantavam desafinadamente enquanto cada um segurava uma garrafa de cerveja. Quando foi que aqueles dois fizeram as pazes? Ou estariam apenas sob o efeito temporário do álcool? Ninguém sabia. Pelo menos Titi havia aceitado o convite para a festa, talvez por saber que ia ter muita comida, bebida e talvez a chance de ficar com alguém.

Denise dançava com Xaveco (dançava ou se agarrava?) sem se importar com quem estivesse olhando. Não havia por que se preocupar porque os pais e os tios da Carmen não estavam em casa e ela queria dar uma última festa para os amigos e mostrar seu novo guarda-roupa para as garotas morrerem de inveja.

- Ô Ângelo, vem cair na piscina com a gente! – alguns rapazes convidaram espirrando água para todos os lados.
- Não, valeu. Aqui tá bom...

Ângelo estava sentado em uma cadeira ao lado de Nina, um tanto escandalizado com o comportamento dos amigos. Se ele soubesse que eles iam se comportar daquela forma, não teria insistido tanto para que a namorada fosse a festa com ele.

- Vixe, parece que o pessoal endoidou!
- Parece mesmo, Ângelo. Isso não é bom.

Maria atacava a churrasqueira, disputando os melhores pedaços com Magali e Quim estava com dificuldade em aplacar a fome daquelas duas. Irene conversava com Lucas, sentada em seu colo e DC dançava tomando um copo de caipirinha e flertando Mônica de vez em quando, fazendo o Cebola bufar de raiva.

- Credo, quando a Carmen falou que isso seria uma festa de despedida, não pensei que fosse virar essa bagunça! – Mônica falou olhando em volta.
- Nem eu... – Cebola concordou. – Agora, se o DC vier com gracinhas pra cima de você de novo, eu arrebento a cara dele!
- Ai, Cê! Vai brigar logo agora? Ele só tá fazendo isso porque andou bebendo!
- Humpt! Até parece que eu não sei que ele vive se engraçando pro seu lado! Tô de olho, ó!
- Aff!

Mônica resolveu tirá-lo dali antes que acontecesse uma briga e os dois foram se sentar perto de Ângelo e Nina, já que eles pareciam um dos poucos a terem alguma lucidez. Dorinha também se juntou a eles com medo daquela bagunça.

- Cebola, como vão indo os preparativos?
- Estão indo bem. O Licurgo disse que a casa já tá pronta e que vai pra lá no fim da semana que vem. Eu já levantei o preço das passagens aéreas e estou só esperando o momento certo pra comprar as passagens.

Os dois discutiam sobre o assunto e Mônica reparou que Nina estava um pouco inquieta, como se alguma coisa a incomodasse.

- Que foi, Nina?
- Er... eu... – a ninfa começou a gaguejar, tentando escolher as palavras certas. – É essa bagunça toda e... eles estão maltratando as plantas...

Mônica seguiu a direção do seu olhar, viu uns rapazes sambando em cima das flores e foi até lá distribuir alguns petelecos para fazê-los criar juízo. Nina suspirou aliviada por ela ter acreditado naquela desculpa e procurou se policiar melhor para não acabar revelando o que não devia. Aquilo devia ficar em segredo até o último instante.

Após se certificar que DC estava muito distraído para querer xavecar a Mônica, Cebola foi até a churrasqueira tentar pegar alguns pedaços de carne que Magali e Maria ainda não tinham devorado. Enquanto se preparava para agarrar a próxima remessa de carne antes daquelas duas esfomeadas, Cebola viu Cascão saindo de trás de uma grande moita junto com Cascuda. O amigo fazia uma cara de satisfeito enquanto ajeitava a samba-canção. Pelo visto aqueles dois estavam realmente se esbaldando e ele pensou que talvez estivesse na hora de ter AQUELA conversa com a Mônica.

A festa transcorreu animada e bem agitada apesar dos protestos do mordomo ao ver aqueles delinqüentes fazendo estragos no jardim da casa. O que tinha dado naquele pessoal?

- Ah, deixa eles! – Carmen falava tentando evitar que o mordomo estragasse a festa.
- Mas senhorita, seus pais ficarão furiosos!
- Deixa que eu me entendo com eles. Agora vai descansar um pouco, vai!

Ele ainda foi resmungando um pouco e ela voltou a festa. Uma sensação ruim em seu estomago apareceu de repente e num segundo ela acabou perdendo todo o contentamento.

- Ih, que cara é essa? – Aninha perguntou ao ver o rosto da amiga, que tinha perdido as cores.
- Sei lá, uma sensação tão ruim!
- Logo hoje? Procura se animar, criatura!

Carmen olhou para o céu, pensando se havia mesmo aquele grande portal sobre a cidade e se os tais anjos de asa negra estariam voando pelo céu. Não havia nada ali além das nuvens e do céu azul. Mesmo não vendo nada, algo dentro dela dizia que havia muito mais ali do que seus olhos podiam ver.

Aninha viu que Carmen estava entretida demais olhando para o céu, totalmente alheia a tudo ao seu redor, e resolveu falar com Ângelo. Talvez ele pudesse esclarecer tudo aquilo e acabar de uma vez com aquela cisma da Carmen.

- O que houve com a Carmen?
- Eu não sei. Ela anda tendo uns sonhos estranhos e tá bolada com isso. Dá pra você ir falar com ela?
- Tranqüilo. Você me espera aqui, amor? – ele perguntou a Nina lhe dando um beijo no rosto.
- Claro, pode ir.

Ele foi até Carmen, que continuava olhando para o céu como se estivesse em transe. Ela estava tão distraída que levou um susto quando Ângelo lhe cutucou o ombro.

- O que houve? A Aninha disse que você anda tendo uns sonhos estranhos...
- E ando mesmo, viu? Toda vez que eu durmo, sonho com a mesma coisa!
- Você sonha com o quê?
- Com... com...
- Ai, essa não! Ela vai dormir de novo. Segura ela, Ângelo!

Foi por pouco que Carmen não caiu no chão. Ângelo a carregou até uma das cadeiras na beira da piscina e em pouco tempo todos se reuniram ao redor dela. Cebola tentou dissipar a pequena multidão enquanto Mônica dava pequenos tapinhas em seu rosto para fazê-la acordar.

- Não adianta. – Aninha disse – quando é assim, ela só acorda sozinha e falando umas coisas sem sentido.
(Mônica) – O que tá acontecendo com a Carmen, Ângelo?
- Nem faço idéia! Ela ia me falar de uns sonhos que anda tendo e acabou desmaiando!
(Aninha) – Na verdade, ela está dormindo. O Fabinho disse que isso tem acontecido muito...
(Ângelo) – Que sonhos são esses?
(Aninha) – Pelo que eu entendi, ela sonha com...

O mordomo apareceu afobado entre os jovens e segurou a mão da Carmen.

- Senhorita! Senhorita! Ah, céus! O que vocês fizeram com ela?
(Mônica) – Ninguém aqui fez nada, cabeção! Ela desmaiou sozinha!
- Humpt! Aposto que andaram dando alguma bebida para ela!
(Cebola) – Claro que não!
- Melhor vocês irem embora. A festa acabou!

Não adiantou ninguém protestar. O mordomo se mostrou irredutível e todos tiveram que ir embora dali, até Aninha e Ângelo. Ele a levou para dentro de casa com a ajuda de uma empregada e assim que foi colocada na cama, Carmen abriu os olhos e sentou-se rapidamente ofegando de aflição. Mais um daqueles pesadelos.

- E os meus amigos?
- Eles foram embora, senhorita.
- Como é? Você estragou a minha festa! E eu nem pude mostrar minhas roupas novas!

Ele balançou a cabeça.

- Mais tarde, talvez. Por enquanto, procure descansar. mandarei os empregados darem um jeito no jardim.

O homem saiu, deixando-a sozinha com seus pensamentos. Que coisa desagradável! Ela acabou não podendo falar com o Ângelo sobre os sonhos e pensou que quando tivesse uma chance, ia falar com ele sem falta.

- Qual o problema do anjo saber desses sonhos? – Agnes perguntou quando saiu da mente de Carmen, deixando a moça continuar acordada. Serafim respondeu.
- Ele pode acabar contando para a D. Morte e ela vai arrancar as penas das minhas asas se souber o que está acontecendo.
- Glup!

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Ao chegar em casa, Aninha resolveu descansar um pouco. Apesar do final desagradável, a festa da Carmen tinha sido muito boa e ela se divertiu bastante.

“Que coisa... a Carmen ficou tão cismada com aqueles sonhos que agora fica desmaiando por causa deles. Deve ser psicológico.”

Ela sentiu alguns arrepios pelo corpo e resolveu colocar uma música bem alegre para espantar aquelas sensações ruins e sentou-se na cama para ler com mais calma o folheto com aquele curso de acampamento. Felizmente era um curso rápido, que não ia durar mais do que uma semana. Assim ela e Carmen estariam preparadas para qualquer eventualidade. Pelo menos ela estaria.

“Coitada da Carmen... fresquinha daquele jeito ela não vai sobreviver de jeito nenhum! Pelo menos não sem ajuda.” Aninha ficou pensando em como Carmen ia ficar na casa do Licurgo, tendo que viver sem suas regalias de sempre. Por quanto tempo ela ia agüentar sem enlouquecer? Sobreviver era só para os mais fortes e corajosos. Ela era forte, aprendeu muita coisa desde que terminou com Titi e se tornou mais independente.

Aninha tinha muitas habilidades, sabia fazer muitas coisas e se o pior acontecesse, com certeza ela teria como se virar sozinha. Já Carmen... seus pais também eram uns inúteis, especialmente sua mãe que só sabia fazer compras e fofocar sobre futilidades. Talvez seus primos Luisa e Felipe pudessem ajudá-la. Menos mal. Sozinha ela não ia conseguir sobreviver de jeito nenhum.

“É... não é qualquer um que vai agüentar a barra que está pra vir...”  

D. Morte balançou a cabeça ao ouvir os pensamentos da jovem e resolveu ir embora. Ela não deixava de ter razão. Carmen era mesmo muito fraca para agüentar o peso da mudança que estava por vir. 



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