História 23 32' 56'' Sul - 46 38' 20'' Oeste

taehyung não gostava de falar sobre o futuro nem um pouco – sempre acarretava em lágrimas e crises existenciais –, mas não se importaria se fosse para conversar com namjoon. seja sobre as faculdades que poderiam cursar juntos; as cidades que poderiam morar e os apartamentos que dividiriam ou os lugares que poderiam fugir.

andar por aí até ver o céu estrelado numa cidade de nome desconhecido e, de preferência, infinitos quilômetros afastados de qualquer sinal de humanidade — não, não iriam cometer nada ilegal, infelizmente, só não gostavam de humanos. no final, não se importaria nem um pouco se os dois ficassem igual idiotas, perambulando por aí sem saber aonde ir, guiados pelo google maps. mas taehyung teria que dizer: aquilo seria uma tragédia tremenda. afinal, nenhum dos dois era tão bom quanto a direção.

conheceram-se da maneira mais aleatória possível: um grupo de dança que nem conseguira chegar aos pés de dar certo — brincavam mais que qualquer coisa antes de tudo. mas apenas trocaram mensagens um ano depois e sem perceber, já havia se passado mais de um ano com conversas infinitas. e a primeira coisa que taehyung pensava, na hora que se conheceram, era que namjoon com certeza, não era dali da região — e realmente não era. tinha um sotaque engraçado, parecia ser a junção de alguns, mas era um charme a mais para o garoto.

mas agora, o mais velho se fora — não de vez, apenas foi morar em outro estado — e taehyung passava algumas coisas sobre namjoon em sua mente.

tudo em namjoon cativava o mais novo. como lutara pela sua vida, sem programação nenhuma de desistir, os bichos, que cada vez pareciam de uma espécie total e definitivamente, não adequada para se criar dentro de casa.

até mesmo as atitudes inconsequentes de namjoon o faziam rir — ao mesmo tempo que preocupavam. como quando bebera álcool mesmo sabendo que não era permitido ou comera quase uma caixa inteira de surpresas de uva, ainda pensando se era intolerante a lactose.

taehyung amava namjoon. só não sabia dizer isso com todas as palavras e ações. e se algum dia acabassem separados, não iria culpar ninguém, não — sequer a si mesmo, como costumava fazer em qualquer ocasião. o que viveram até ali foi bonito e nada poderia estragar aquelas memórias.

23° 32' 56'' sul, 46° 38' 20'' oeste: era ali onde seu coração se encontrava agora. são paulo, agora, tinha nome e cheiro de namjoon. e era ali que taehyung queria se situar.

e juntos, ou iriam conquistar o mundo inteirinho, ou o destruir por completo — essa última ideia soando melhor para os dois.