História 2402: A Era Alfa - Nove

No fim, o alfa acabou dormindo em casa naquele dia. Dormimos de conchinha, após ficarmos até tarde jogando no vídeo game e o Hwang perder diversas vezes, principalmente no Mario kart. Talvez seja porque eu tinha muito tempo livre para ficar jogando e tenha decorado todos os atalhos do jogo. Fui acordado com bastante carinho pelo mais velho, que fazia um cafuné em meu cabelo enquanto chamava por mim com a voz baixa e deixava beijinhos pela minha mandíbula.

Meus pais pareciam saber de algo que eu não sabia, mas ignorei, talvez fosse a ansiedade de me verem tão tranquilo e próximo de alfas, aumentando a possibilidade de eu ter alguém para passar o cio comigo, por mais que eu tenha dito a eles que acreditava que iria passar sozinho novamente.

O grande problema foi, Hyunjin me deixou cheio de marcas roxas, tanto pelo pescoço quanto pelas coxas. As das coxas ainda eram fáceis de esconder, contudo, não era possível dizer o mesmo do meu pescoço. Assim que cheguei na escola, ao lado do alfa, todos nos olharam. Vi Yugyeom hyung começar a rir, o que chamou a atenção dos outros meninos que viraram para nos olhar no momento em que nos aproximamos. Jeongin fechou a cara e tentou disfarçar olhando para o celular, digitando algo. Minho, primeiro ficou surpreso, depois sorriu malicioso e então levou uma cotovelada do namorado e ficou sério, enquanto Jisung sorriu falso, mas em seu olhar era nítido o quanto estava incomodado.

— O que aconteceu com você? — Christopher perguntou.

— Caí da escada. — Menti, dando de ombros.

— E por que você está fedendo a Hwang Hyunjin? — Foi Changbin quem perguntou.

— Hyunjin era a escada. — Yugyeom respondeu, rindo alto.

— Em minha defesa, Felix é solteiro e eu também. — Hyunjin se escondeu atrás de mim enquanto respondia e eu fui obrigado a rir do medo dele. Não nego, Christopher bravo dá medo em todo mundo mesmo, afinal, ele é um puro. E aparentemente ele e o namorado ficaram bravos. Revirei os olhos, vendo Yugyeom parar de rir aos poucos e murmurar algo como “isso acabou de ficar melhor ainda”. Notei Christopher abrir a boca, provavelmente para começar algum sermão sobre eu “ser um bebê e blá blá blá” e me adiantei.

— Antes que comece a se achar o meu pai ou meu dono, devo lembrar-lhe, senhor Bang, que eu sou um híbrido livre e desimpedido. E que se eu quiser sair dando pra todo mundo, isso é um problema único e exclusivamente meu, então é bom você ir colocando o rabinho entre as pernas e parar de impor a sua presença de macho alfa, ou eu vou ser obrigado a arrancar o seu pau fora com as minhas presas. — Sentenciei, colocando minhas mãos na cintura. — E isso é válido para você também Changbin hyung.

Notei os dois alfas darem uma leve recuada e o Kim colocar ambas as mãos na boca para segurar a risada. Caramba, nem meus pais me perturbaram com isso, não vai ser esses dois que vão vir me dar sermão! Não hoje! Não vou cair nessa de me deixar abalar pelo alfa puro e colocar o rabinho entre as pernas, miando e me esfregando nele.

— E mais uma coisa, se eu souber que vocês intimidaram o Hyunjin hyung, seja lá pela caralha que for. — Os olhei sério e então olhei para Minho. — Eu não vou hesitar em chutar a cara de vocês e ensinar ele a fazer isso. To nem ai que aqui na Coreia as coisas são diferentes. Meu cu, meu pau, minhas decisões! Lidem com isso!

Vi Chan se encolher e deitar a cabeça no ombro do namorado.

— Ele ta me ameaçando, Binnie! O que fizeram com o meu Lixie? — Ele choramingou e eu revirei os olhos.

— Ele nunca foi seu, hyung. — Jeongin murmurou. — Minsung tinha mais chances de adotar ele do que você.

— Cadê os honoríficos? — Minho bronqueou com o mais novo, que apenas deu de ombros. Jisung suspirou e me estendeu a mão.

— Vamos para aula! — Ele parecia desanimado, mesmo quando eu segurei a mão dele e saímos andando, com a trupe toda atrás da gente. Jisung desviou o caminho para o banheiro, pedindo baixo para que eu fosse com ele, então apenas avisei os outros que aonde iria primeiro.

Ao entrarmos no banheiro, milagrosamente vazio, o Han indicou que eu me sentasse na pia e passou a mexer em sua mochila, tirando de lá algumas maquiagens.

— Vamos evitar que você se encrenque com os professores, okay? — Ele murmurou, começando a passar a maquiagem em meu pescoço, principalmente onde estava arroxeado. — Dói?

— Não, pode cobrir. — Respondi, observando-o calmamente.

— Hyunjin podia ter pego mais leve. — Ele suspirou e sorriu triste. — Pelo menos se divertiram, certo?

— Não fomos até o fim. — Senti a necessidade de explicar, meu peito estava pesado e ver que Jisung parecia triste, me fazia pensar que a culpa era minha e talvez fosse. Ele me olhou confuso. — Foi só… um boquete recíproco.

Então ele riu baixo ao notar minhas bochechas corarem e eu desviar o rosto.

— Foi bom?

— Foi… Acho que aprendi algumas coisas com isso. — Ficamos em silêncio estranho após isso e eu me sentia cada vez pior. — O que houve? Minho te machucou?

— Não, bebê. Está tudo bem! Prontinho, parece inteiro novamente! — Ele tentou sorrir, se virando em seguida, para guardar as maquiagens. O impedi de se afastar, segurando seu pulso e o puxando de volta, o mantendo no meio das minhas pernas, as quais eu circundei sua cintura. — Lix?

— Por que está mentindo para mim? — Questionei, abaixando minhas orelhas e sentindo os olhos lacrimejarem. — Se eu fiz algo que te machucou, apenas reaja. Brigue comigo, diga, xingue, até mesmo me bata, mas não finja que está tudo bem Ji.

— Você não fez nada de errado, Lixie. Eu quem fiz. — Ele suspirou, deitando a cabeça em meu peito. — Eu amo o Minho! Muito! Mais do que eu consigo imaginar! E eu queria muito que ele ficasse bravo comigo quando eu entendi o que fiz. Porém ele me disse que estava tudo bem, que não era errado e que eu não tenho como controlar essas coisas.

— Pode me contar, Ji, eu não vou te julgar!

— Eu me apaixonei por outra pessoa, Lixie. — Ele levantou o rosto e me olhou nos olhos. Jisung estava prestes a chorar, assim como eu.  — Eu me apaixonei por você!

Senti como se o tempo tivesse parado e o chão sumido. 

Nota mental: O que eu faço da minha vida agora?