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4 Contra o Apocalipse - Pesadelos da meia noite


Escrita por: akiracristian

Notas do Autor


Bem-vindos!
Se você já conhece o universo de Os Últimos Jovens da Terra de Max Braillier, você tem bom gosto, parabéns. Se você não conhece essa série incrível, recomendo!

Capítulo 1 - Pesadelos da meia noite


Fanfic / Fanfiction 4 Contra o Apocalipse - Pesadelos da meia noite

Normalmente eles não iriam para cama tão cedo, ainda nem era 1 hora da manhã, não, eles estariam na sala, fazendo uma maratona de filmes de terror, como se não estivessem em um apocalipse ou jogando algum jogo, o favorito sendo Mario Kart. Porém aquela havia sido uma manhã de verás enervante para os quatro jovens. 

Era uma missão simples, uma pequena competição, como uma caça ao tesouro.

 - Claro que Jack transformaria uma simples tarefa em uma competição - falou June revirando os olhos. 

- Vamos lá, vai ser divertido ! O primeiro a pegar todos os suprimentos da lista e voltar para a casa da árvore ganha! - gritou Jack segurando sua lista de compras. 

Eles saíram correndo, cada um para um lado, eles sabiam se cuidar, e estavam com seus walkie-talkies nas mochilas que carregavam. 

Se passou meia hora quando o rádio de Jack começou a chiar, uma ligação, ele não sabia o que havia acontecido depois de atender. Em um momento Jack estava animado, cantarolando e conferindo sua lista de compras, feliz por estar próximo de cumprir sua meta, ele com certeza seria o primeiro a chegar na casa da árvore, no outro minuto ele estava correndo mercado afora enquanto apertava fortemente o fatiador (um taco de beisebol quebrado e pontudo) em suas mãos. Sua mente gritando, se realmente fosse possível, cada vez mais alto para que ele corresse mais rápido. 

Seus amigos estavam em perigo.

Eles estavam cercados, Jack os viu cercados, eles estavam em perigo. June estava caída no chão em uma posição desconfortável, Dirk segurava uma mesa como uma barreira, usando a mesma para empurrar os zumbis para longe, Quint atacava com suas misturas desconhecidas de produtos químicos, em pequenos frasquinhos de vidro, os zumbis que se aproximavam de mais. Jack não sabia o que fazer, não havia abertura, eles estavam cercados. 

Eles o viram, seus amigos o viram ali parado, fora do cerco mortal que os rodeava. O pânico ameaçou o dominar, mas aquele não era o momento certo. Os zumbis continuavam a avançar, eles estavam muito perto deles. Jack não sabia o que fazer.

Então ele gritou …

Jack acordou de repente, com um grito mudo. Seu coração estava batendo a mil por hora contra seu peito, ele sentia como se seus pulmões estivessem sendo pressionados por uma força invisível, sua respiração estava acelerada, doía respirar, suor frio escorria por sua testa e por suas costas, suas mãos estavam trêmulas. Jack já não sabia mais o que estava sentindo, mas estava com medo, apavorado, seu quarto parecia muito escuro, muito largo e ao mesmo tempo muito estreito, as sombras da parede, formadas pela clara luz da lua, pareciam dançar ao seu redor de um lado para o outro como uma brisa suave mas criando imagens assustadoras de zumbis e monstros. Ele estava alucinado? Provavelmente. Ele conhecia esse sentimento. Sim, claro que sim. Ele o viu chegando, mas o afastou, aquele não era o momento. 

As sombras pareciam cada vez mais assustadoras, cada vez mais próximas.Jack podia ouvir a pulsação de seu sangue em seus ouvidos, sua respiração mais rápida, difícil, sua visão não era confiável, não havia como aquilo ser real. As sombras estavam cada vez mais próximas, Jack queria gritar, queria chorar, ele só queria que aquilo acabasse. 

  Ele lutou pelo que pareceram horas, mesmo sabendo que provavelmente foram apenas alguns minutos, para estabilizar sua respiração, ele mordeu com força o lábio inferior em uma súplica miserável, enquanto suas unhas cravaram nas palmas de suas mãos, tentando voltar à realidade. Jack sentiu uma vontade sufocante de gritar e chorar presos em sua garganta, era extremamente sufocante, mas se forçou a permanecer em silêncio, abafando cada pequeno gemido agonizante que insistia em sair de seus lábios, enquanto lágrimas rebeldes insistiam em cair por suas bochechas. 

  Enrolado em um simples lençol, ainda trêmulo, com os olhos fortemente fechados, Jack pôde sentir como sua respiração voltava gradualmente a um ritmo mais estável, quase normal, menos sufocante, e isso lhe deixou aliviado mas seu coração parecia não entender que também deveria se acalmar, assim como sua mente que ainda parecia uma caixa de pandora, cheia de surpresas imprevisíveis, perigosas, como memórias de um passado a muito esquecido ao ser abandonado ou memórias irreais como seus amigos, sua família sendo devorados por monstros, destroçados por zumbis, o abandonando. 

Jack em algum momento começou a se perder em seus pensamentos, tentando ao máximo ignorar qualquer outro pensamento intrusivo. E ele se deixou sonhar por um momento, imaginando como seria dormir, deitar em um travesseiro macio com um edredom quentinho com a estampa de seu personagem favorito, poder simplesmente deitar e esperar tranquilamente o sono vir o levar para o mundo dos sonhos. Ele não pode deixar de dar uma pequena risada sem graça.

Isso não seria impossível, era simplesmente um pensamento feliz, um sonho muito, muito agradável. Seria mais fácil Quint, seu melhor amigo e o “ garoto da ciência “ , encontrar uma cura para os Zumbis do que Jack conseguir dormir direito. Ele já estava acostumado a passar as noites em claro, se virando de um lado para o outro em sua cama enquanto encarava vez ou outra o relógio na parede esperando que as horas passassem mais rápido. Jack continuou perdido em seu mundo enquanto encarava tristemente as sombras da parede. 

Ele estava tão imerso em seus próprios pensamentos que nem percebeu uma sombra familiar, real, o observando com preocupação por uma pequena abertura em sua porta.

Como ele acabou tão abalado, Jack não entendia afinal isso era algo normal, comum de se acontecer. Apesar de que esta era a primeira vez que isso aconteceu desde que os seus amigos vieram morar com ele. Um ataque… qual era o nome? Uma vez Quint havia lhe contado o que poderia ser, após uma meia hora de explicação científica, lógica, médica não oficial ? Ataque de pânico? Terror noturno talvez ? 

Independente do nome, ao qual ele realmente não se lembrava, isso não era algo incomum para ele, esse sentimento avassalador que dominava sua mente, seu corpo quase todas as noites. Às vezes Jack sentia como suas mãos começavam a ficar geladas, a suar, como sua respiração começava a ficar mais difícil, ele sabia que esse sentimento estava chegando, ele podia se preparar mentalmente para o ataque, mesmo que na maioria das vezes só saber que estava para acontecer não fosse o suficiente para controlar, o impedir. 

E nessas horas que Jack saia correndo, falando uma desculpa qualquer como - Preciso ir ao banheiro - ou - Esqueci o fatiador lá - e se afastava de seus amigos para tentar se acalmar sozinho. 

Seu corpo parecia extremamente pesado quando ele se levantou, Jack sentiu como se ainda pudesse sufocar, mesmo com sua respiração de volta ao normal, como se estivesse debaixo d’água a cada passo cuidadoso que dava, implorando em sua cabeça como um mantra “respire, respire, respire…” quanto mais perto ele chegava da porta que o levaria para a pequena varanda da casa da árvore.

 - Jack? - chamou uma voz atrás dele, faltavam apenas alguns passos, apenas alguns e ele estaria do lado de fora da casa da árvore, mas claro que sua sorte teve em aparecer. Jack se virou, um sorriso preguiçoso se formando facilmente em seu rosto, mas sua postura tensa era visível quando ele encarou seu amigo, que parecia observá-lo como um falcão. De todos os seus amigos, porque justamente Dirk estava acordado ?

 - Dirk, cara, que susto você me deu. O que você está fazendo acordado a esta hora? - Jack perguntou, ele olhou rapidamente para o relógio que estava em cima do console de videogame a poucos metros de si, era meia noite em ponto. Suas mãos estavam ficando cada vez mais frias, o nervosismo a um passo de dominá-lo por ter sido descoberto a cada minuto que se passava sob o olhar imutável de Dirk. 

 - Acho que poderia te perguntar a mesma coisa - disse Dirk, cruzando os braços sobre o peito. Jack riu nervosamente coçando a cabeça levemente, tentando não desviar o olhar para o lado. 

 - Vim buscar um copo d’água – disse Jack. Dirk olhou para o lado, em direção à cozinha, levantando levemente uma sobrancelha como se dissesse para o ele 

“ Sério? “. Se Dirk não estivesse olhando para Jack naquele momento, ele teria se esbofeteado por dar uma desculpa tão obviamente falsa como essa. Ele estava bem longe da cozinha, e ele de todos seria o menos provável de errar algum cômodo da casa na árvore. 

  Dirk manteve o olhar fixo em Jack, permanecendo em silêncio esperando que este falasse mais alguma coisa. Ele sabia que algo estava acontecendo com seu amigo, não foi a primeira vez que ele percebeu e muito menos o único que percebeu. Quint vinha dizendo há dias que havia algo errado com seu melhor amigo, ele só não sabia dizer o quê ainda porque acreditava que Jack iria até um deles se precisasse de ajuda, e Quint e o gênio do grupo, se o nerd número um disse que o nerd número dois estava com problemas, era certo que algo estava errado. Mas Dirk sabia que o outro não iria procurá-los, Jack era teimoso, animado e parecia não importar o quão ruim as coisas estavam ele estava sorrindo, achando um modo de se divertir e fazer os outros sorrirem e relaxarem. June pareceu perceber isso também e tentou do seu jeito, uma aspirante a repórter, conseguir informações sobre o que estava acontecendo, mas não adiantou. Por mais difícil que fosse admitir, Jack era bom em desviar de assuntos sobre os quais não queria falar começando sorrateiramente a desviar do assunto, e quando percebesse já era tarde. E suas perguntas continuariam sem resposta.

 Mas ele não conseguiu. Não havia como ele se abrir e dizer a verdade, não agora, talvez um dia, mas não naquele momento. 

  Com um longo suspiro como se o ar estivesse preso em sua garganta Jack sorriu, desta vez não um sorriso preguiçoso e despreocupado ou mesmo um sorriso feliz e brincalhão que significava que seu dia seria um mar de confusão e planos idiotas aos quais todos acabariam concordando em fazer. De uma forma ou de outra. Mas um sorriso que refletia a tristeza que ele tentava esconder, uma máscara que se tornava cada vez mais difícil de manter a cada noite que se passava. Ele olhou nos olhos de Dirk e viu uma preocupação sincera por ele, e doeu saber que por causa dele seu amigo tinha aquela expressão.   

Parecia cada vez mais errado não dar a Dirk uma explicação real e verdadeira, mas isso seria um fardo com o qual ele não queria se preocupar para aqueles que realmente se importavam. Muito menos para algum de seus amigos, sua família. Ele talvez pudesse desabafar com um zumbi, é claro, se esses não tentassem fazer dele o almoço do dia, mas dificilmente seria uma boa opção. Ele estava bem assim não ? Sozinho e em silêncio.

 - Estou bem, Dirk, e só que … hum…- disse Jack, mas suas palavras foram sendo cortadas, havia algo em seu tom que parecia incomum, como se ele próprio tivesse dúvidas sobre a como deveria continuar. Ele se virou em direção à cozinha, sem mais nenhuma palavra, como se estivesse no piloto automático, dando as costas para Dirk que o olhou com preocupação e certa irritação também. 

 Dirk não queria o pressionar, essa nunca foi sua intenção, ele só queria ajudar, mas de todos do seus amigos ele também não era muito bom em se abrir, bom com sentimentos mas ele conhecia Jack, há tempo suficiente saber que havia algo errado mesmo antes de Quint começar a falar sobre o assunto. 

Ele seguiu Jack até a cozinha, viu ele próximo a pia parado como uma estátua, preso em seu mundo. Dirk parou, o que ele poderia fazer ? O que dizer ?

Antes que Dirk pudesse dizer alguma coisa, Quint passou correndo por ele, agarrando-se ao braço de Jack e o virando meio bruscamente para o encarar, ele olhou para seu melhor amigo de cima a baixo como se estivesse o analisando, o que realmente estava fazendo, Jack o encarou assustado. Quint também estava acordado ? A quanto tempo ? Jack voltou a sentir sua ansiedade e nervosismo subindo novamente em seu peito, ele estava incomodando seus amigos. 

Quint parecia prestar a chorar quando Jack se deu conta, o que ele estava fazendo, isso era culpa dele ? Ele olhou para Dirk que agora estava encostado na porta da cozinha. Jack estava preso. Será que doeria muito pular pela janela ? Pensou.

 - Não - falou Quint. Jack o encarou - Você não pode estar pensando em pular pela janela somente pra escapar de uma pergunta Jack Cristian Sullivan - falou Quint. 

- Cristian ? - perguntou Jack 

- Eu precisava que seu nome fosse maior pra parecer mais sério - falou Quint dando de ombros. Jack riu.

 - Mas é sério, você precisa conversar. Estamos aqui, você sabe né ? Somos seus amigos Jack. Você não precisa carregar isso sozinho. - Quint disse, Jack sentiu que ia chorar, mas não queria. 

  O silêncio na sala tornou-se opressivo. Dirk e Quint o encarando preocupados,pareciam estar esperando que Jack se abrisse sobre o que estava acontecendo, ao menos um pouco. 

Jack se afastou lentamente das mãos de Quint que pareceu magoado com sua ação, não era sua intenção, com as mãos torcendo-se nervosamente ao lado do corpo Jack suspirou. Queria dizer alguma coisa, contar-lhe sobre a confusão que sentia, sobre os dias em que se sentia afundar sob uma pressão invisível, algo que não conseguia explicar nem para si mesmo. Mas de alguma forma, as palavras nunca chegaram à sua boca. Culpa, Jack se sentia culpado por não explicar, por não poder explicar, era tão difícil colocar em palavras o que sentia, isso era egoísta de sua parte não era ? Eles estão preocupados, sente isso, e Jack não era capaz de dar nem uma simples explicação. Jack sentiu seu peito arder, ele realmente queria chorar agora. Ele se sentia um monstro

 - Pode ser apenas... — Jack começou, tentou novamente falar alguma coisa, explicar mas depois hesitou, a frase morrendo na ponta da língua. Ele não conseguia expressar tudo o que sentia. O medo do julgamento, a preocupação de ser visto de forma diferente... tudo isso o paralisou. O jogo performático que ele jogava há tanto tempo tornou-se sua própria prisão. Ele não conseguiria se abrir tão facilmente. 

June entrou na cozinha, Jack a viu. Ela também estava acordada ? Todos estavam acordados ? 

June, que estava ali parada somente observando o desenrolar da história, escondida, viu como Jack hesitou. Ele se sentia pressionado ? Era difícil de acreditar, Jack sempre tomava decisões sobre pressão, decisões estúpidas e 100% perigosas que poderiam um dia o matar mas ele nunca hesitava. June não conseguia acreditar, Jack estava em completo silêncio, desconfortável com a situação e evitando os olhar. Com passos longos e determinados, June adentrou a cozinha, chegou ao lado de Jack e deu-lhe um grande e doloroso tapa em seu braço, que o fez soltar um grito de dor, nada masculino, antes de se virar para ela em estado de choque. 

Dirk ria histericamente na porta da cozinha, certamente divertido com a reação do outro, Quint estava em choque ao lado de Jack. 

 - Você é um completo idiota - gritou June - Não estamos aqui para forçá-lo a dizer nada, só queremos que saiba que estamos aqui se precisar de nós. - falou mais calma. 

  - É isso mesmo amigo, leve o tempo que precisar – disse Quint antes de dar um abraço apertado em Jack. June juntou-se desajeitadamente ao abraço. Os três olharam para Dirk que se mexeu em seu lugar ao lado da porta revirando os olhos, antes de simplesmente se juntar ao abraço coletivo. 

- Obrigado - falou Jack. 

Após mais algum tempo eles se soltaram, meio envergonhados. Todos indo para seus quartos. 

- Jack ? - chamou Dirk ao perceber que ele não estava indo para seu quarto mais sim para a porta que daria para a pequena varanda 

- Já vou. Daqui a pouco - respondeu Jack. Dirk olhou para seus amigos e todos assentiram, indo cada um para seu quarto.

A primeira coisa que Jack percebeu quando finalmente conseguiu sair foi que estava frio, o céu ainda estrelado e a lua ainda estava brilhando, sob as casas abandonadas.

 Ele suspirou feliz, estava tudo bem. 

Se passaram alguns minutos e Jack continuava ali parado apoiado na madeira da sacada observando as estrelas, a lua, as casas e um ou outro zumbi que aparecia na rua. Como eles eram feios. Com uma última olhada para o céu, Jack abriu a porta e voltou a entrar. 

Ele se surpreendeu ao dar de cara com seus amigos na sala, todos espalhados em um canto com seus travesseiros e cobertores dormindo pacificamente no chão de madeira, no meio deles estava um lugar vazio, não completamente vazio, ali estava seu travesseiro e seu lençol juntamente a mais duas cobertas. Ele se deitou, feliz. Talvez um dia ele lhes contasse o que estava acontecendo. 

E talvez o sonho impossível de uma noite de sono sem pesadelos não fosse tão impossível assim.



Notas Finais


Sei que todos já sabem disso, mas não custa reforçar: não possuo os direitos autorais da obra, esta é uma história alternativa que se passa sem qualquer ligação com a história original. Espero que tenham gostado, até mais !

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