História 5 dias com o chefão (Namjin) - Chapter 1: Curiosidade

Acordar cedo é definitivamente algo que nunca pude me acostumar, e ao que parece, nunca irei conseguir fazer essa tal proeza, entretanto a  minha vida —  vida em milhares de vezes — depende desse ato matinal. O preço a se pagar pela riqueza e eu ao menos nem estou perto disso. 

Bufo olhando mais uma vez a hora no meu relógio de pulso. Estou sentado no banco de trás do táxi e me sinto nervoso por a tal viagem. Felizmente não estava atrasado, quer dizer, a não ser que entremos em um engarrafamento que dure em torno dos meus minutos restantes e antecipados ao atraso. Com isso em mente, movi minha cabeça e meu olhar foi na estrada da avenida pela qual estamos passando no momento e suspirei um pouco aliviado ao ver que não havia indícios disso ocorrer por agora. 

Após mais alguns minutos, o motorista enfim chegou ao destino, o aeroporto. Paguei-o corretamente e saí com minha mochila nas costas e com uma mala de rodinhas. Estava curioso para saber para onde iríamos, já que meu querido chefe não havia dito até então. 

— Onde será que ele está? — pergunto para mim mesmo, olhando ao redor em busca dele.

Passei por algumas várias pessoas e continuei olhando em volta, mas não havia ninguém parecido com ele. Será que eu cheguei cedo demais? Ou será que meu horário está completamente errado e eu acabei perdendo essa viagem? 

— Oh, não — choramingo por essa minha última teoria — Eu estarei mortinho quando ele me ver. 

Prendi meu lábio inferior entre os dentes sem muita força e então decidi aguardar mais alguns minutos. Fiquei parado junto a minha mala azul, apertei as alças da mochila enquanto olhava para aquelas várias e várias pessoas perambulando em uma volta ou para uma ida à algum lugar, vi familiares se abraçando, alguns outros casais fazendo o mesmo e, em contrapartida, também vi muitos outros se despedindo aos prantos e em uma enorme melancolia. 

— Secretário Kim?

Olhei para trás assim que escutei a voz firme e logo vi meu chefe chegando calmamente. Que hipocrisia, ele me pede para não atrasar e é ele quem se atrasa, uma pena eu não ter o cargo ou direito de reduzir o salário dele. 

Seokjin como sempre estava muito bem vestido, terno preto e camisa social branca, sapatos pretos e muito bem limpos — sério, quase consigo ver meu reflexo neles —, seu cabelo também está impecável. Juro que se ele não fosse empresário ele seria modelo, mas não duvido nada de que já tenham tentado escalá-lo para essa profissão. 

Pigarreio ao notar que estava fazendo aquilo de novo. Parecia até que uma miniatura de Jimin tinha aparecido ao meu lado para me avisar sobre isso, dizendo algo como “Você está secando ele novamente, Hyung!” ou então “Por que não chama ele pra sair de uma vez?”, Aigoo, até aqui aquele loiro consegue marcar presença.

Faço uma breve reverência assim que o Kim termina de se aproximar. 

— Espero que não tenha esperado muito tempo. 

— Não. — Sorrio brevemente enquanto nego.

— Certo, temos um longo dia pela frente — fala me olhando sério — Aqui está sua passagem.

O mesmo estica em minha direção e levei alguns milissegundos para então pegar. Voltei a olhar nos olhos penetrantes dele e ele também parecia atento em mim. Por que diabos parece que algo está estranho? Balanço minha cabeça discretamente para espantar alguns pensamentos e escuto o mesmo soltar o riso nasal. 

— Faltam poucos minutos para pegarmos o voo — comenta, olhando o horário pelo celular — Quer comprar um café? 

— Perdão? 

Havia ficado um pouco confuso, seria essa a primeira vez que ele me perguntava aquilo, já que diariamente é ele quem pede para que eu vá buscar café para ele. 

— Não quer? 

— A-ah, aceito, claro — digo um pouco atrapalhado enquanto confirmo com a cabeça. 

— Vamos. 

Logo eu estava seguindo meu chefe até a cafeteria mais próxima dentro do aeroporto. Implorei mentalmente para que minha barriga não fizesse barulho assim que vi aquela parte dos pães, doces e salgados dentro das vitrines no estabelecimento, pareciam ter sido feitos na hora, além de estarem com uma ótima aparência, e quando digo ótima aparência — normalmente — me refiro a um alto nível de gostosidade, vez ou outra eu digo isso valendo para pessoas também, mas não vem muito ao caso. 

— Quer algo para comer também? 

Poderia responder um sim, mas estava querendo economizar no momento. 

— Eu estou pagando por nossa viagem, então irei pagar por isso também — ele fala e eu fico atento, mas ainda com um pé atrás, não sei se devo ceder e ser bancado pelo meu próprio chefe em algo não relacionado ao trabalho. — Não se preocupe, uhm? 

— Certo… Vou querer dois Hotteok. 

(...)

Estava me deliciando com aquelas panquecas. Seokjin havia comprado apenas um café, um café personalizado de acordo com o que ele disse. Tomei outro gole do meu e voltei a sentir o olhar do CEO sobre mim. 

— Como consegue comer algo doce logo de manhã? 

— São meus favoritos, não dispensaria nem de madrugada — comento em resposta e dou mais uma mordida enquanto escuto um riso fraco dele. 

Então acabamos por escutar aquela voz anunciar nosso voo, declarando que seria a primeira chamada e que partiria dentro de quinze minutos. Arregalei os olhos vendo que faltava metade da minha última panquequinha. 

— Vamos.

— E-Espere por mim. 

Pego o copo com o café e seguro a panqueca com a boca para enfim ir até minha mala e seguir o Kim até a área de embarque. 

Seguimos junto com outras pessoas, fizemos o que foi necessário e não demoramos muito para estarmos dentro do avião. Acompanhei meu superior, coloquei minha mochila no espaço acima de nós assim como o outro Kim e me sentei na poltrona perto da janela, já que era meu lugar marcado. 

Os outros ainda estavam entrando, aproveitei e me ajeitei no lugar, coloquei o copo no suporte e então tirei a panqueca da boca para dar um término nela de uma vez. 

— Heol. Você realmente parece gostar disso.— diz e noto ele pegar alguns guardanapos de dentro da mochila mediana que trouxe consigo. 

Logo ele leva os papéis em minha direção e coloca eles em meus lábios, segurei neles e limpei o local ao entender o motivo dele ter feito aquilo. 

— Obrigado. 

— Certo. Irei dormir um pouco, faça o mesmo se quiser — fala ajeitando a inclinação da poltrona e eu confirmo com a cabeça. 

Fiquei ali parado ainda raciocinando os atos alheios. Nada que eu pensava poderia bater em coincidência ao que Seokjin fez, meu chefe estava — bem — estranho e isso está ocorrendo desde ontem. Não que eu estivesse odiando aquilo, mas o fato de que nunca tivemos algo mais amigável fora dos assuntos do trabalho estava contribuindo demais para essa estranheza. Eu só tenho que tentar me acostumar, certo? 

Acho que passei um tempo a mais ali refletindo, pois quando me dei conta já estávamos nos movendo. Suspirei e então olhei pela janela para ver a  vista. Aos poucos o avião ia se afastando para então tomar velocidade e enfim sair do chão, quando aconteceu eu fiz questão de me atentar na cidade, Daejeon. Vivo aqui desde meus cinco anos e essa seria a sétima vez dentro dos meus quase vinte e cinco anos que iria para Seul.  

Ficávamos cada vez mais longe da cidade ao passar dos minutos. Olhei meu relógio de pulso novamente e vi que ainda eram oito horas e treze minutos; soltei um bocejo e terminei de beber o restante do meu café. Olhei para Seokjin e vi o rapaz dormindo como disse que iria fazer. 

Queria olhar para outra coisa, mas meus olhos pareciam se recusar naquele momento, observei alguns detalhes de seu rosto ali e isso só confirmou minha teoria de que ele se daria muito bem como modelo. Fiquei surpreso ao notar que estava olhando para os lábios carnudos do mesmo e logo virei o rosto enquanto me repreendia por aquilo mentalmente e voltava a me sentir um pouco envergonhado. 

Não demorei e decidi tirar alguns minutos de sono que fosse.

 

(...)

Despertei escutando alguns passos, franzi o cenho e fui abrindo os olhos devagar e de relance vi alguns passageiros levantados e pegando suas coisas. Comecei a estranhar o local onde minha cabeça estava apoiada, fui movendo meu olhar calmamente e vi de perto os braços cruzados do homem ao lado, então pude sentir um certo peso sobre minha cabeça. Fiz careta ao enfim  notar que estava com a cabeça deitada no ombro do meu chefe e ele fazia o mesmo sobre minha cabeça.

Ah, que vergonha…

— Onde foi que eu me meti? — murmuro envergonhado enquanto mantenho uma careta na face.

Respirei fundo e, antes que eu iniciasse minha fuga do ombro alheio, senti o Kim se movimentar, agora era ele quem estava despertando. 

Assim que me vi livre, ergui minha cabeça e olhei para o CEO.

— Já chegamos? 

— C-Como? — Acabei desassociando sua questão, mas então olhei pela janela apenas para confirmar — Oh, sim, chegamos sim. 

— Entendi — ele responde se ajeitando na cadeira, mas logo parou e me encarou ao perceber que eu ainda olhava para si — O que houve? Por que está me olhando? 

— Por nada. 

Continuei sentado enquanto ele se levantava e abria o compartimento para pegar suas coisas. 

— Algum motivo especial para estar corado, secretário Kim? — pergunta risonho e eu engulo em seco — Vamos, a primeira reunião será às dez e meia. 

— Certo, espere por mim.

Pedi ao ver que ele já estava caminhando pelo corredor em direção à saída do avião. Apressei-me e peguei minha mochila no compartimento e corri para alcançá-lo. 

Seul continuava crescendo, isso é fato. Desde criança conseguia pensar em como seria viver aqui e agora posso ver que o custo de vida não é tão barato por aqui, quer dizer, dependendo muito da região, mas com toda certeza é possível, então quem saiba eu não venha de forma definitiva. 

Seguimos caminho após pegarmos nossas malas, chamei um táxi e então dei o endereço do hotel em que iríamos ficar. Ainda ontem no trabalho havia reservado dois quartos neste hotel e parecia ser um local bom e chique pelas cinco estrelas e ótimas avaliações. 

Descemos em frente à entrada do lugar, algumas pessoas saíram e nós entramos, andamos juntos até a recepção e uma mulher bem vestida sorriu em nossa direção. 

— Bem-vindos, em que posso ajudá-los?

— Meu secretário fez duas reservas de quartos aqui ontem. 

— Certo, nomes por favor. 

— Kim Seokjin e Kim Namjoon. — Aguardava em silêncio e olhava ao redor enquanto dava as informações.

— Woah, você é mesmo o famoso CEO de Daejeon que faturou milhares de wons sendo o mais novo membro do Grupo Kim em seu primeiro ano? — aquela mulher perguntava curiosa e surpresa, parecia estar falando com a maior das celebridades, o que não é uma mentira de certa forma. 

— Sim, sou eu sim — fala sorridente e a mulher faz reverência mais uma vez — Fico feliz que pessoas daqui saibam quem eu sou. 

— É um prazer, senhor Kim. Aqui estão suas chaves, seus quartos estão no sétimo andar, espero que aproveitem bem sua estadia aqui! 

Pegamos as chaves metálicas e fizemos mais uma reverência de despedida antes de caminharmos até o elevador. Observo o Kim parar mais atrás de mim e então eu aperto o botão do nosso andar.  

— Estou cansado.

— Poderá descansar até a reunião, senhor. — comento simples. 

— Irei descansar melhor quando conseguir mais investidores para minha nova filial. 

— Vai dar tudo certo — digo e olho um pouco para trás, em segundos vejo que Kim já estava olhando para mim, com as mãos nos bolsos da calça social e um olhar sério e até sensual direcionados à minha pessoa —Não se preocupe. 

Voltei à realidade ao escutar as portas daquele cubículo de metal de abrirem, saímos para então outras pessoas entrarem. Andamos no corredor grande e procuramos por nossos quartos. 

Acabamos por sermos vizinhos de frente. 

— Quero que vá comigo nas reuniões durante os dias, irei precisar de você para anotar os números dos meus próximos investidores. 

— Sim, senhor — confirmei, e então faço reverência.

Kim entra e eu franzo o cenho enquanto entro no meu quarto, fecho a porta atrás de mim e continuo parado. 

— Só para anotar os números daquelas pessoas? — pergunto-me enquanto retiro meus sapatos para ver o local — Fazer o que, sou o secretário de qualquer forma. 

Bufo e levo minha mala até a pequena sala ali, retiro a mochila de minhas costas e coloco-a no sofá de dois lugares. Caminho de meias pelo piso e vou abrindo as duas portas ali, uma dando para o banheiro e a outra para o quarto onde irei dormir. O local em si era grande, dando espaço até para uma pequena cozinha. 

Suspirei vendo que teria longos cinco dias pela frente, já poderia até sentir o estresse das reuniões, das longas reuniões. Fui até o quarto, deitei-me na cama e sorri pela maciez dela, peguei meu celular e conectei ao wi-fi, logo vi que Jimin estava mandando mensagens.

— O que será que ele quer? — falo calmo indo até a conversa, curioso com o que viria. 

E aí já chegaram?
O supervisor que o chefe deixou
no lugar dele por esses dias, é um saco,
ele não larga do meu pé.

Jimin baixinho — 09H48min.

Já chegamos sim.
Bom, vai ver que ele gostou
de você.

Enviado — 09H49min

Credo, Nam.
Ei hyung, não se esqueça
do que eu disse sobre
você errar de quarto, ein!

Jimin Baixinho — 09H51min 

JIMIN!!

Enviado — 09H51min

Ah esse baixinho me paga. 

Deixo o celular de lado e fecho os olhos para tentar dormir um pouco antes da primeira reunião. 

 

[...]

Hoje seria o terceiro dia em Seul. Sentia meu corpo um pouco cansado depois das reuniões que tivemos até agora — mesmo sendo apenas um secretário — e no momento meu chefe se encontrava em mais uma. Desejo internamente que ele consiga mais algumas parcerias lá e termine com isso logo. Lembro que a lista que fiz com os números dos interessados já estava ocupando e quase passando de duas páginas. 

Levei a borda do copo de café até meus lábios e dei mais um gole enquanto espero por ele. Essa seria a última reunião da noite e eu estou louco para descansar. Nunca imaginei que uma viagem a negócios poderia ser assim, tão estressante. Seokjin disse que queria mais parcerias para suprir àquelas que havia perdido e parecia que ele estava conseguindo bem mais do que esperava. 

Suspirei mais aliviado e voltei com a postura assim que o vi sair pelas portas duplas da sala. O mesmo aparentava estar confiante, sem contar do sorriso em seus lábios, ele caminhou até mim e parou em minha frente. Entreguei-lhe o sobretudo marrom que ele havia deixado comigo e observei-o vestir a peça de roupa sobre o corpo trajado em um roupas sociais pretas, o homem estava realmente elegante. 

— Como foi, senhor Kim? 

— Foi uma reunião bem sucedida, consegui mais duas parcerias — comenta animado e eu sorrio.

Os outros homens que estavam lá dentro com ele tratando dos negócios, começam a sair, eles acenam e fazem reverência para nós em uma despedida e fizemos o mesmo. O Kim ao meu lado suspirou calmamente, olhei em sua direção e o menor estava com as mãos na cintura, ainda mantendo um semblante simples e nada estressado na face — ao contrário do que ocorreu durante esses dias aqui. 

— Acredito que cumprimos nossa missão. 

— Sério? 

— Sim. Conseguimos bons investidores e então vamos iniciar nossos projetos em relação às filiais com eles — explica enquanto andamos juntos em sentido da saída do prédio — Acho que podemos comemorar essa noite, o que me diz? 

— Woah, seria bom. — Sorrio abertamente e animado com a ideia, Seokjin sorri também e pega o celular. 

— Certo, então, vamos comemorar. Eu estava vendo alguns bares por perto, aceita ir? 

— Claro.

As ruas estavam muito bem movimentadas, muitas pessoas circulando por ali, muitas lojas abertas, música em diversos locais e sem contar nas luzes coloridas que deixam a cidade mais atrativa visualmente. Praticamente segui o Kim até o tal bar, confesso sentir meu corpo querer algo mais quente por causa da brisa fria que insiste em vir contra a direção em que estamos indo. 

Atravessamos algumas ruas e demos mais alguns passos até chegarmos no local. Adentramos pelas portas duplas de vidro e minha visão passeou pelo bar. Haviam luzes led de algumas cores em pontos específicos ou onde as mesinhas estavam e uma música calma tocava ao fundo. Pude ver alguns rapazes já bêbados e começando a falar alto, há alguns grupos de amigos e colegas de trabalho também; aqui parece ser bem conhecido. 

— Venha, vamos fazer nossos pedidos. 

Andamos até o balcão, nos sentamos nos bancos ali, um ao lado do outro e em seguida o bartender veio até nós. 

— O que desejam? 

— Vamos querer… — Ele para e olha para mim — Soju? 

— E cerveja. 

— Certo, dois Soju e duas cervejas — ele diz e o homem de, aparentemente, vinte e poucos anos, confirma e sai. — Você não é fraco para bebida, não é? 

— Claro que não.

— Sei — Seokjin diz risonho e eu o encarei confuso. — Er… você tem cara de que é fraco para isso. 

— Irei mostrar então. 

O homem estava voltando com as garrafas e os dois copos de vidro, olhei para meu chefe e sorri de lado. 

— Manda ver, secretário Kim. 

Brindamos e rimos. Nossa, nós estávamos mesmo disputando sobre quem era mais forte para bebidas? Bom, tenho que dizer, essa viagem está me mostrando um lado que nunca havia visto do CEO e se não fosse por esses dias com ele, eu iria passar muito tempo sem saber que por trás daquela cara séria e semblante superior que vejo quase todos os dias na empresa, ele teria uma versão divertida dentro de si. 

Passamos um bom tempo ali, mas não consegui prestar o mínimo de atenção nas horas, já que a conversa entre nós dois estava muito mais interessante. Estava cada vez mais confortável com esse lado recém descoberto e acho que meu chefe estava sentindo o mesmo pois parecia que cada vez mais ele estava se abrindo comigo. 

A cada riso, dávamos novos goles nas bebidas misturadas, ora ele bebia mais que eu, ora eu bebia mais. Queria ganhar essa “aposta”, no entanto já podia sentir alguns indícios do efeito das bebidas.

— Acabou — comenta segurando a garrafa de soju — Vamos pedir mais? 

— Não está satisfeito, chefe? 

— Não, não — Ele nega risonho e então ficou sério novamente. — Ei, por que insiste em me chamar de chefe agora? Não estamos trabalhando, pode conversar informalmente comigo. 

— Desculpe, tentarei não fazer isso .— digo sorrindo abertamente e ele faz o mesmo. 

— Certo. Bom, acho que podemos parar por hoje. — Ele diz olhando a hora pelo celular. — Está tarde e ainda vamos poder aproveitar o restante dos dias aqui. 

— Me parece bom. 

Concordamos juntos e pagamos pelo que bebemos. Enquanto esperava por ele, peguei meu celular para conferir as horas também e logo vi que faltavam poucos minutos para dar dez da noite. 

Woah, passamos quase uma hora e meia bebendo. 

— Vamos? — Aparece ao meu lado e eu afirmo em balanceios de cabeça — Wah, Namjoon, parece que você provou mesmo. 

Olho em sua direção enquanto caminhamos pela calçada. 

— Eu avisei — respondo sorrindo —, mas você parece um pouco bêbado. Suas bochechas estão coradas. 

— As suas também estão. 

Coloco as mãos sobre minhas maçãs do rosto e as sinto geladinhas. 

— Posso até estar assim, mas eu não estou nenhum pouco bêbado.

— Digo o mesmo. 

Rimos e continuamos o caminho. Seria muito estranho dizer que estava realmente gostando de sua companhia? Não sei se o motivo do meu corpo estar mais quente seria um resultado da bebida ou disso, mas talvez eu esteja apenas pensando demais. Em segundos o mini Park imaginário voltou a aparecer em minha mente e antes mesmo que ele falasse algo eu tratei de espantá-lo de meus pensamentos. 

Andamos mais algumas ruas até voltarmos para o hotel, fomos até o elevador e o Kim apertou o número do nosso andar, ao fazer isso seu corpo se aproximou do meu ao ponto de que pude sentir o cheiro de seu perfume misturado suave ao cheiro da bebida. Nossos olhares se conectaram por breves segundos e senti um tipo de choque em meu corpo, como uma reação a essa aproximação repentina. 

— Está nervoso? — ele perguntou com a voz grave. 

— N-Não. 

As portas do elevador abriram e eu fui o primeiro a sair, agora Seokjin estava me seguindo. Suspirei ao chegar perto da porta do quarto em que fico e então parei antes de abrir. Olhei para trás e vi o Kim me encarando com um sorriso no canto dos lábios. 

— Deseja, algo? — ele pergunta se aproximando.

— Não — nego vendo ele mais perto — E você? 

— Não, nada de importante — dá de ombros. 

O corredor estava vazio, apenas nós dois ali parados e de frente um para o outro. Não poderia negar que tinha surgido uma tensão entre nós e eu estava ficando ansioso com aquilo. Engoli em seco por estar sendo observado diretamente por aquele par de olhos penetrantes, não sabia o que fazer, então eu estava paralisado ali. 

Vi novamente o Kim sorrir e soltar um riso nasal e então me surpreendi quando ele aproximou seu rosto do meu. 

— Ei, você me provoca até sem fazer nada…

Fiquei confuso com o que ele murmurou e fiquei ainda mais quando o moreno selou meus lábios com os dele. Senti suas mãos em meus ombros e então meus olhos se fecharam em rendimento, assim como meus lábios começaram a se mover em sincronia aos dele.  Ter o corpo do Kim perto do meu e ainda mais próximo do que no elevador me trazia uma sensação diferente, algo que senti com pouquíssimas pessoas. Agora, sentir os lábios dele sobre os meus era algo sensacional e único. 

Ele se separou de mim e olhei-o, logo notei o brilho em seu olhar. Kim parecia ter adquirido...ou melhor, parecia estar me mostrando — exclusivamente — outra personalidade, uma mais sedutora e cativante.

— Por que fez i-isso?  — gaguejo outra vez sem intenção e ele aproximou sua boca para perto de minha orelha. 

— Bom, pelo que eu me lembro bem, foi você quem disse sobre querer meu corpo sobre o seu — responde calmo e eu arregalo os olhos ao recordar disso — Então...o que acha de realizarmos nossos desejos agora? 

— A-Agora? 

— É... — Ele confirma ainda próximo de minha orelha e logo eu sinto ele deixar selares molhados em meu pescoço, causando-me arrepios na região. — Que tal entrar no quarto errado de propósito?