Capítulo IX - Parte 1/2
A imagem de Christian na revista Paparazzi fez-me abrir os olhos. A figura dele, apenas de calção de banho, uma cor azul desbotada provavelmente pelo sol. Abro a revista à pressa, procurando a página onde o artigo está expandido.
«Christian Grey, no dia 19 de maio, passeou pela praia de Malibu, na Califórnia. O multimilionário, que reside atualmente em Seattle com a sua mulher e filho recém-nascido, não pareceu notar a presença de fotógrafos, tendo agido naturalmente. De acordo com a revista Mirror, o relacionamento está longe de continuar, visto que com o multimilionário estava presente uma outra mulher de cabelo louro, que não temos informação. Parece que Annastasia Grey vai voltar ao cargo de Stelle!»
Fiz as contas mentalmente e deduzi que dia 19 fora exatamente no dia em que a minha mãe chegou. O 50 tinha saído e deixara aquele bilhete misterioso, não posso crer que me mentira. Além disso, a mulher loura parecia-me, ou estava a ficar louca, a Sra. Robinson.
- Christian! – gritei, com os nervos a flor da pele.
- Meu amor, fala mais baixo, Teddy está a dormir! – estava deitada no sofá, Teddy estava ao meu lado na alcofa. Ele que não me diga o que fazer!
- Não me digas o que fazer! – resmunguei, formando perplexidade na sua face ingénua à situação.
- O que se passa! – Devia ser eu a perguntar isso.
- Andas a trair-me com a Sra. Robinson.
- De que é que estás a falar. Eu não falo há meses.
- E o que tens a dizer sobre isto? – peguei na revista de rompão e coloquei-a nas suas mãos dramaticamente. Ele observou a capa minuciosamente e quando percebeu ao que me referia, arregalou os olhos vacilante.
- Este não sou eu? – declarou.
- Então, diz-me quem é? Eu não sou de certeza.
- Anna confia em mim... Este não sou eu.
- Christian, não me mintas assim descaradamente! Eu não sou burra e eu conheço-te. Este és tu.
- Anna, eu sei que as características físicas são completamente iguais, mas ... este não sou eu, acredita em mim. Eu não estive neste sítio. Este foi o dia em que houve outro incêndio na empresa.
- O quê? – exclamei. Ele não me tem contado nada.
- Eu não te queria preocupar, desculpa – ia-me abraçar, mas eu não o deixei. Como é que podia acreditar nele se tinha aquelas provas à minha frente? Simplesmente não podia.
- Desculpa, mas não ... não posso. Deixa-me sozi...
- Anna, filha, eu tenho que ir para casa. – Porquê? Pensei que ficasse mais tempo – Não acreditas! Um morto apareceu em minha casa!
Ainda fixava os olhos em Christian e ele em mim. Virámo-nos ao mesmo tempo para a minha mãe.
- Tu não vais sozinha! – É muito perigoso!
- Não, Bob vem comigo, filha! – respondeu. Mãe, não era esse sozinha a que eu me referia.
- Mãe, eu não posso ir. Mas, Christian vai com vocês. – apesar de tudo que aconteceu, ele continua a ser o meu marido – Não vais? – perguntei, dirigindo-me para ele, com um sorriso irónico na minha cara.
- Claro. Só preciso de tempo para preparar as malas.
- Oh! Obrigada, Christian. Leva o tempo que precisares.
A minha mãe já tinha saído da divisão deixando-nos novamente sozinhos.
- Vou para o quarto com Teddy! – falei arrogantemente. Era duro fazer-lhe isso. Não gostava de magoá-lo. Todavia, as pessoas têm que receber as consequências após os seus atos. É uma das leis da vida.
- Anna!
Esperei um pouco e virei-me discretamente para trás. Estava a chorar. O meu 50 tons estava a chorar. O que me apetecia agora era abraça-lo e retirá-lo de todo aquele sofrimento, mas não podia. Simplesmente não podia.
Entrei no meu quarto e não consegui aguentar mais as lágrimas. Parei, porém, poucos segundos depois de começar. Não podia dar parte de fraca perante o meu bebé. Dei-lhe de mamar cautelosamente, ainda sentia claustrofobia ao pegar naquele ser, tão pequenino, que eu e o meu marido tínhamos gerado. Teddy adormeceu no meu colo no meio da refeição. Deitei-o no berço. E adormeci a seu lado, por tempo indeterminado.
Acordei com um beijo na face. Quando abri os olhos, Christian estava a despedir-se de Teddy. O seu cabelo estava molhado e o aroma a morango do nosso gel de banho invadiu-me as narinas. O relógio indicava 7 da tarde. Tinha dormido 2 horas.
Levantei-me e abracei-o. Não para confortá-lo, porque naquele momento estava a ser demasiado egoísta, mas para nos despedirmo-nos. Não queria que nada lhe acontecesse.
- Eu amo-te – sussurrou, durante o forte abraço, ao meu ouvido. Não consegui responder. Lágrimas escorriam-me pela cara. Dei-lhe um beijo na bochecha e voltei para a cama.
- Irei tomar conta de Teddy! Boa viagem.
- Obrigada. Anna, eu ...
- Falamos quando voltares. Liga-me quando chegares e põe-me a par da situação.
- Eu irei – aproximou da cama e sentou-a à minha frente. Surpreendeu-me um beijo. Aqueles que nós precisamos de sentir quando estamos em baixo. E saiu do quarto, sem mais nada dizer.
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