História 7 Kiss - Quinta feira, 11 de fevereiro

“— Finny, você mora sozinho não é mesmo? – perguntou Sebastian ao loiro. – E você também gosta de animais, não é mesmo? – Sebastian olhou para o pequeno gato que dormia profundamente no pano improvisado. – Minha mãe me mataria se eu aparecesse com ele...

— Então eu posso ficar com ele? – o loiro disse alto e animado.

— C-claro! – Sebastian sentia seu peito apertar, uma de suas paixões eram os felinos, mas não podia ter por seus pais não gostarem. O moreno arrumou suas coisas e despediu-se do loiro, deixando o pequeno animal junto a Finny após acariciar as orelhas do gato”.

Sebastian lembrava-se do dia anterior, definitivamente queria ficar com o gato, mas infelizmente não podia, calmamente o moreno voltava para a sua casa, sentia seu corpo ficar mais gelado e suas bochechas doerem com o vento que colidia em seu rosto, apressadamente fechou além do limite o gorro de sua blusa e enfiou as mãos nos bolsos, aumentou a velocidade dos passos para chegar o mais breve possível em sua casa, para então se deliciar em um banho quente e relaxante e uma boa xícara de chá para terminar de lhe aquecer, mesmo que a casa oferecesse aquecedor nos pisos e os portáteis nada se comparava a bebida que ele tanto gostava.

— Cheguei! – Sebastian tirou seus tênis e estranhou o par ali. – Mãe... – chamou um pouco mais alto, não ganhando a resposta.

— Sebastian até que enfim você chegou! – disse o irmão do moreno aparecendo na sala. – A mamãe saiu, papai ainda não voltou do trabalho e não tem nada feito e tô com fome! Faça algo para comer! – o irmão de Sebastian colocou a mão na cintura e encarou-o sério.

— Faça você mesmo! – deu à costa e foi em direção ao seu quarto sendo seguido pelo irmão mais novo. – Estou cansado garoto, me deixa em paz!

— Mas eu tô com fome! – aumentou ao voz.

Sebastian sentiu sua sobrancelha tremer, ele realmente não queria fazer nada e ainda mais ter que aguentar seu irmão lhe irritando. Resignado, tirou a sua blusa ficando apenas com uma outra de manga longa, olhou para seu irmão e fulminou, deu meia volta e foi para a cozinha deixando a blusa pendurado na cadeira.

— O pirralho, é algum amigo seu que está aqui? – olhou por cima dos ombros. – Porque se for, você vai ter que ajudar na cozinha sim e sem reclamar! – Sebastian ditou claramente ao mais novo, recebendo um bico desagradado.

— Tsc, é o seu amigo que está aqui! – o moreno olhou para o outro. Sebastian não tinha nenhum amigo que tinha um pé pequeno.

A princípio Sebastian ignorou seu irmão achando que era apenas uma brincadeira para não ajudá-lo, mas lembrava-se de que o irmão mais novo não levava nenhum amigo para casa, o que significava apenas uma coisa: Ciel estava ali. Durante todo o preparo da janta tentava não ir até onde o menor estava e ver com os próprios olhos, mas não precisou fazer isso, o mesmo apareceu na cozinha.

— Porque você veio aqui? – Sebastian indagou sem olhar para Ciel.

— Bem... Amanhã não terei aula, então pensei em passar o tempo com você...

Sebastian desligou o fogo, e arrumou a mesa sem pensar na resposta que daria a Ciel, tinha sido um erro teu dizer que ele poderia acompanhá-lo até ao aeroporto, mas também se não aceitasse ele poderia ir sozinho de qualquer forma. No mesmo silêncio deixou as travessas de comida e foi chamar seu irmão, pretendia terminar as coisas o mais rápido e mandar Ciel de volta para sua casa.

— Sebastian cozinha muito bem! – Ciel limpou a boca logo após as primeiras garfadas. – Não imaginava que você fosse tão bom na cozinha...

— Você não viu nada, ele faz um bolo de chocolate com avelã que é de deixar qualquer um com inveja. – o mais novo se gabou. – Até o melhor confeiteiro!

— Se já terminaram então levem a louça para a pia! – Sebastian ordenou. – E você para sua casa! – direcionou-se para Ciel.

O moreno começou a limpar a mesa e guardar o restante da comida, enquanto o seu irmão mais novo levava as louças para serem lavadas. A cozinha ficou vazia bem como ele gostava de ficar, não queria que ninguém lhe atrapalhasse ou fosse um empecilho. Sebastian deu um sorriso satisfeito ao ver a cozinha em perfeita ordem, como se nada houvesse acontecido ali, com uma xícara de chá fumegante o moreno pegou sua blusa e atravessou a casa chegando até seu respectivo quarto, dando de cara com Ciel sentado em sua cama.

— Não vou nem perguntar o que você faz aqui! – Sebastian suspirou, deixou sua xícara em cima do criado mudo e foi separando as suas roupas para dormir.

— Sebastian, você sofre de algum transtorno bipolar? – o moreno quase se engasgou com a pergunta, demorando alguns segundos para se recuperar. – Sabe, uma hora você age amigável e na outra é como se não desejasse me ver.

— Isso se chama cansaço do trabalho. – murmurou. – Você pretende ficar aqui até que horas? Amanhã eu tenho que acordar cedo, então…

— Vou passar a noite aqui! – Ciel deu um largo sorriso. – Meus pais tiveram outra viagem a negócios, e sua mãe deixou passar a noite para irmos te levar até o aeroporto.

Não tinha jeito, ele teria que aguentar mais um em sua despedida. Em poucos goles Sebastian tomou o seu chá e foi para o banho, sentindo que todas as suas energias tinham sido sugadas e que grande parte da culpa era sua. Trancado dentro do banheiro o moreno se olhava no espelho vendo uma única gota escorrer de seu cabelo e seguir pelo seu rosto pálido, soltou um suspiro cansado e abriu a porta sendo abraçado pelo vento gélido, bruscamente Sebastian secava seu cabelo enquanto ia para o seu quarto, o mesmo estava com pouca claridade sendo iluminado apenas por seu abajur, olhou atentamente e viu o colchão aos pés de sua cama e um amontoado de edredons.

“Hoje não dei o beijo em Ciel” pensou.

Sebastian parou ao lado de Ciel e sentou no chão vendo-o dormir e o seu ressonado quase que inaudível chegava a seus ouvidos, minimamente o menor foi se movendo e o corpo sonolento foi acordando.

— Ah… Sebastian… – Ciel esfregou os olhou e sentou no colchão. – Bo…

Antes mesmo que o menor pudesse terminar de falar algo, Sebastian segurou o rosto de Ciel firmemente e selou os lábios, deixando-o surpreso com o ato inesperado. — Boa noite Ciel! – a voz calma e baixa atingiu o menor, fazendo seu corpo arrepiar.

— B-boa noite Sebastian! – o menor sorriu.