História 7 Tons mais intensos - Visita Inesperada!

 Oque ela queria comigo? Como ela sabia meu endereço? Droga, mil vezes droga!

 Miguel: Dona Giovana?

 Disse ele interrompendo meus devaneios.

 Giovana: Ah... Oi Miguel... É... Pode mandar subir! – murmurei atordoada. -

Miguel: Sim senhora!

 Coloquei o interfone no gancho.

 Voltei para a cozinha e desliguei o fogão.

 Minhas mãos estavam suando de nervoso. A campainha tocou. É, ela chegou.

 Encarei-me no espelho por alguns segundos. É não estou tão nervosa quanto parece.

 Destranquei a porta e a abri.

 Jade: Oi. – disse ela timidamente. -

Giovana: Oi... – sorri fracamente. – Entra. – abri passagem. -

Jade: Licença? – ela entrou. -

Ela parecia um tanto quanto nervosa, sua expressão estava séria de mais, pude notar em seu rosto vestígios de choro.

 Giovana: Senta... – apontei para a poltrona branca no meio da sala de star. – quer tomar alguma coisa?

 Ela se sentou em uma poltrona e eu na outra.

 Jade: Não obrigada – ela arriscou um sorriso. –

Giovana: Ta tudo bem?

 Ela suspirou.

 Jade: Ta... Bom, eu vou ser o mais breve possível. – ela colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. -

Giovana: Aconteceu alguma coisa?

 Jade: Aconteceu e não aconteceu... – ela suspirou. – Eu tô super arrependida de ter vindo aqui, mas eu não vou sair correndo fingindo que nada aconteceu...

 Encarei-a na tentativa de adivinhar o que ela estava dizendo. Realmente eu não sabia o que tanto ela queria dizer, mais o motivo eu já imagina qual era. Luan.

 Jade: Você deve ta achando estranho eu ter vindo até aqui sem avisar não é?

 Assenti com a cabeça positivamente.

 Jade: Vou ser direta... Fiquei durante duas semanas viajando, e essas viajem era pra me ajudar nos meus estudos, mais acabou servindo de refúgio ou algo parecido... – ela dizia calmamente. – Vou ser sincera, nunca tive aquele afeto enorme por você, e depois de perceber que as coisas andavam um pouco estranhas a situação só piorou...

 Senti um frio na barriga.

 Jade: Bom mais eu não tô aqui pra falar do grau de afinidade entre eu e você, e sim entre você, Luan e eu...

 Gelei.

 Jade: As coisas entre vocês estão bem mais quentes de uns tempos pra cá, não é?

 As palavras custavam a sair, eu não sabia o que falar, e nem como reagir.

 Giovana: Jade não é isso que você ta pensando... – ela ergueu a mão pedindo para que eu não me explicasse. -

Jade: Eu já sei o que aconteceu...- ela bufou. - Antes fossem coisas da minha imaginação, mas não são... O Luan ta estranho comigo há muito tempo... – seus lábios contraíram. – Quando vocês estão juntos no mesmo lugar fica aquele clima chato, troca de olhares... – ela passou a mão sobre seu rosto. – O pior que todo mundo já percebeu, e isso é o que mais me irrita...

 DROGA!

 Giovana: E-Eu... – gaguejei, ela mais uma vez levantou a mão. -

Jade: Deixa eu falar por favor... – disse ela calmamente. – Minha vontade era chegar aqui e te encher de tapas, mais eu não sou assim, e não quero fazer isso... – ela arriscou um sorriso. - Podia culpar você por ter acabado com meu relacionamento, mais eu sei que você não tem culpa... – ela se levantou e caminhou até a porta de vidro da sacada. – Eu tô voltando pra França essa semana ainda, e pretendo terminar meu curso de moda lá...

 Saltei da poltrona.

 Giovana: Mais e você e o Luan? – murmurei assustada. -

Ela se virou, e pude notar as lagrimas que escorriam sobre sua face.

 Jade: A gente terminou, ou melhor, eu terminei... – ela apertou os olhos. -

Giovana: Olha Jade você pode me chamar de falsa, mais eu não quero nada com ele nunca quis se rolou alguma coisa, foi coisa de momento... Ele ama você, e vocês... – travei, não consegui dizer uma palavra se quer a mais. Minhas pernas ficaram bambas com tudo aquilo. Senti-me a pior pessoa do mundo por saber que o motivo dela estar assim eram consequências de atitudes imaturas minhas e do Luan. Por mais que eu não tivesse qualquer vinculo com ela, e assim como ela eu o amasse tanto eu jamais queria fazer mal a uma pessoa assim, por um momento me vi no lugar dela e sinceramente eu não faço para os outros o que eu não quero que façam para mim. -

Jade: Não mente pra você mesma Giovana... – ela murmurou impaciente. – Eu conheço o Luan como a palma da minha mão, eu sei o significado de cada sorriso dele, cada olhar, tudo... Não foi um namoro que surgiu assim de dois meses, foram de anos, anos que a gente se conhece... – ela me encarava. – A gente foi sim um casal bonito mais eu sei que isso não vai voltar acontecer, passou, acabou... – as lagrimas escorriam sobre seu rosto. – Eu dei duas semanas pra ele organizar tudo o que tava sentindo, e ele tomou a decisão que pra ele foi a certa... – ela engoliu o choro. – Ele te ama, e de verdade... – ela sussurrou. - E eu te digo que você em menos de três meses conquistou o coração dele.

 Senti minhas mãos formigarem, eu queria muito falar alguma coisa, mais nada saia. Logo me veio na mente àquilo que ele havia dito no carro quando estávamos voltando da enfermaria.

 Giovana: Mas eu não quero... – sussurrei. -

Jade: Quer, eu sei que você quer... E ele também te quer muito. – ela passou as mãos pelos longos cabelos. – Eu o amo demais, mais aprendi que amar significa querer ver a outra pessoa que você ama feliz, mesmo que isso custe a sua felicidade. – ela enxugou as lagrimas com a manga de sua blusa. Sorriu fracamente e pegou sua bolsa encima da poltrona e foi andando calmamente até a porta. –

Tentei ao menos acompanhar ela até a porta mais, mal conseguia me mover, suas palavras ainda estavam em um lento processo em meu cérebro. Era difícil de entender tudo que havia acontecido ali, tudo muito confuso.

 Jade: Posso te pedir só mais uma coisa? – murmurou ela calmamente quase num sussurro. -

Balancei a cabeça com concordância.

 Jade: Abraça ele pra mim como se fosse o ultimo abraço? Beija ele como se fosse o ultimo beijo? – suas palavras se abafaram conforme as lagrimas caiam. - Fala que ama ele como se fosse o ultimo dia de vocês se verem? Cuida bem dele como se fosse o ultimo dia que você poderia cuidar, dá carinho e amor pra ele? Faz isso pra mim?

 As lagrimas que já estavam se acumulando em meus olhos, escorreram sobre meu rosto.

 Mais uma vez balancei a cabeça, as palavras não saiam.

 Jade: Obrigada... – sussurrou ela. – Eu te garanto que você não vai se arrepender, ele é a pessoa mais carinhosa e fofa, que eu já conheci, e eu tenho certeza que se você deixar acontecer, ele vai ser assim com você, ou até melhor. – ela sorriu fracamente, abriu a porta e saiu. -

Permaneci em pé, ali no meio da sala de star fitando o piso de madeira, como se ali eu fosse descobrir a cura dos meus problemas.

 Suas palavras me pegaram de surpresa, estava difícil processar tudo que ela havia dito.

 Joguei-me de costas na poltrona e ali fiquei, uma, duas talvez até três horas, avaliando cada palavra, cada gesto que ela havia dito.

 É... É nessas horas que o tal colo de mãe iria cair bem. Mais o de melhor amiga também servia.

 Peguei meu celular que estava jogado no sofá e disquei rapidamente o numero da Tathi.

 *Tathi: Oi Gi? – disse ela ao atender. *

 *Giovana: Tathi, - desabei a chorar. *

 *Tathi: Giovana? Você ta chorando?*

 *Giovana: Vem aqui em casa, por favor? – mal conseguia falar. - *

 *Tathi: O que aconteceu? – murmurou ela assustada. -*

 *Giovana: Preciso conversar! – solucei. -*

 *Tathi: To indo, já, já chego ai. *

- Ligação finalizada. -

Abri a porta da sala e ela entrou quase que correndo.

 Tathi: Amiga o que aconteceu? – disse ela me abraçando. -

Chorei, chorei como há muito tempo não chorava, ainda mais por amor.

 Por que dói tanto?

 Ela me levou ate o quarto e se sentou me fazendo deitar no colo dela.

 Tathi: Me conta o que ta acontecendo Giovana? Eu to ficando preocupada!

 Giovana: Eu não sei mais o que eu faço isso dói sabe? É horrível.

 Tathi: É o Luan?

 Balancei a cabeça com concordância.

 Tathi: Sabia. – ela suspirou. -

Giovana: A Jade veio aqui. – sentei-me na cama e limpei as lagrimas com a manga da blusa do pijama. -

Tathi me olhou com uma cara de “Quem é Jade?”.

Giovana: A namorada... Ou melhor, ex... Ah sei lá. – bufei. -

Tathi: O que ela queria?

 Contei tudo pra ela, desde a conversa com a Jade até tudo que havia rolado no carro e na festa, tudo que ele havia me dito e feito.

 Giovana: Cara, eu jamais me imaginei falando isso de novo mais eu amo ele. – passei as mãos sobre o cabelo.

Tathi: E você acha que eu não sei? Seus olhos brilham só de ouvir o nome dele. – ela sorriu. -

Giovana: Mais sei lá, eu tenho medo, e se ele for só mais um querendo aproveitar?

 Tathi: Amiga... – ela pegou minhas mãos. – Eu sei o quanto traumatizante foi tudo aquilo que você passou mais você tem que agora é olhar pra frente Gi... Para de olhar pra trás, você já sabe onde esteve, precisa agora saber aonde vai... Se continuar assim você acaba perdendo a chance de ser feliz do lado de alguém que você gosta.

 Olhei atentamente pra ela.

 Tathi: Ela, que foi a namorada dele disse pra você que ele te ama... E ele disse pra você dar uma chance não é?

 Balancei a cabeça com concordância.

 Tathi: Então amiga! – murmurou ela. – Para de ser boba, eu sei que você tem medo, mais uma coisa eu aprendi com você que é não deixar o medo tomar conta de mim, e comigo esse conselho deu certo, agora é tua vez de tentar. – ela sorriu. -

Giovana: Não sei. – sussurrei. -

Tathi: Gi... – ela segurou meu rosto e me olhou nos olhos. - Você tem que decidir o que é importante para você! Manter esse seu medo ai e não ter nada, ou correr o risco e, talvez, ter tudo.

 Não respondi apenas a abracei com toda força. Hoje o papel de conselheira amorosa era da Tathi, que por sinal me ajudou bastante.

 Tathi: Você devia ser um pouco eu sabia?

 Giovana: E me casar com vinte anos? Nunca. – acabei rindo. -

Ela jogou o travesseiro em mim.

 Tathi: Sua idiota. – ela riu. – Falando sério agora, não demora muito pra falar com ele ta?

 Giovana: Não sei nem como começar. – afundei minha cabeça no travesseiro. -

Tathi: Tudo indica que ele sente o mesmo por você Gi, então com certeza não vai ser difícil. – ela sorriu. -

Giovana: Obrigada pelos conselhos. – sussurrei e sorri. -

Ela pulou em cima de mim e me abraçou.

 Tathi: To aqui pra isso irmã. – ela beijou minha bochecha. – Mas reforçando o pedido, não demora pra falar com ele porque minha lista de padrinhos só esta aguardando a confirmação dele como seu par. – ela disse se levantando e rindo. -

Peguei o travesseiro e joguei nela.

 Era engraçado, mesmo com tantos problemas e emoção a flor da pele, a Tathi era a única que conseguia me fazer sorrir, dar risada no meio de tanta barra. A minha loira sem juízo.

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