História 7 Tons mais intensos - Eu, você, o mar e ela! -

 Depois de sermos levados por uma onda que posso dizer ser gigante, saímos do mar e encontramos as meninas no quiosque. Não nos falamos desde então, o máximo que rolava eram trocas de olhares e pouquíssimas palavras. Eu odeio esse clima pós-beijo, até parece que há minutos atrás não tinha rolado nada.

 TA VENDO GIOVANA VOCÊ É UMA IDIOTA!

 Combinamos de jantar todos juntos. Descemos para o restaurante e logo encontramos com Bruna, Luan, Amarildo e Marizete. Um dos garçons havia reservado uma mesa na varanda do restaurante com a vista pro mar. Sentamo-nos em volta da mesa e logo fomos servidos.

 Marizete: E como ta os preparativos pro casamento Tathi?

 Tathi: Ta tudo muito corrido... – risos. – Ainda tô acertando os preparativos pra cerimônia e tudo indica que vai ser aqui. – ela sorriu. -

Marizete: Quer casar na praia então?

 Tathi: Sim, é um sonho antigo já.

 Bruna: Já arrumou o meu par? Lembrando que tem que ser lindo ok?

 Todos riram.

 Tathi: Olha Bruna tenho que analisar sua situação. – risos. -

Bruna: E seu par Gi?

 Todos olharam pra mim...

 Giovana: Ah... É... Não... – me atrapalhei ao falar. - Não sei ainda a Tathi não decidiu.

 Tathi: Eu pensei no Diego pra você, o amigo do João.

 Luan tossiu fazendo com que todos olhassem pra ele. Ele sorriu envergonhado.

 Encarei a Tathi, ou melhor, a fuzilei com os olhos. Ela sorriu de lado e deu uma piscadela.

 Luan: Também quero ser padrinho. – ele resmungou.

Tathi olhou pra mim depois pra Bruna.

 Tathi: Ótimo, acho que resolvi o problema então Luan.

 Ele sorriu animado.

 Marizete: O Luan pode ser padrinho junto com a Bruna.

 Tathi: Acho que pra Bruna e o Diego fica melhor, eles combinam sabe... – ela deu uma piscadela. – O Luan eu posso colocar com a Gi. – ela sorriu. -

Quase me engasguei com o suco.

 Olhei pro Luan que estava com uma cara de... Espanto?

 Giovana: Eu?

 Tathi: É poxa, fica legal... – ela sorriu. – Tudo bem pra você Luan?

 Luan: Ah... Tudo. – ele encolheu os ombros na cadeira. – Tudo bem pra você Giovana?

 Giovana: É... Acho que sim... Quer dizer, sem problemas. – sorri fracamente. -

AH TATHI, UM DIA EU TE MATO!

 Olhei pro relógio pela terceira vez, meia noite e nove. Levantei-me da cama e olhei pra Tathi que devia estar no vigésimo sono. Abri a porta da sacada e fiquei observando o mar, a noite estava um pouco mais iluminada graças a Lua cheia. A praia que era reservada para os hóspedes estava toda iluminada. Dava pra ver algumas pessoas andando na beira da praia, e outras circulando pelo grande jardim do hotel.

 Voltei para o quarto e vesti um shorts jeans, uma regata de cetim azul e calcei meus chinelos. Peguei meu celular em cima do criado mudo e sai do quarto.

 Já que o sono não vem o jeito é ir caminhar pelo hotel.

 Peguei o elevador e desci até o térreo. Passei por um dos seguranças que me cumprimentou com um “Boa Noite”. Desci as escadas e caminhei calmamente em volta da piscina até chegar ao quiosque sobre o deque de madeira que tinha vista para o mar. Sentei-me em um dos grandes sofás e fiquei observando as ondas do mar iluminadas pela Lua cheia.

 Encostei a cabeça em umas das grandes almofadas e ali fiquei.

 A imagem, o gosto do seu beijo, a delicadeza do seu toque não saia da minha cabeça, como é difícil essa vida de apaixonada. Até mesmo um suspiro qualquer dele faz com que eu me encante cada vez mais. Meu deus o que esta acontecendo comigo?

 Eu to com medo, muito medo mesmo. De contar e colocar tudo a perder. De ele se afastar, de perdê-lo de vez. Ele já tem esse jeito distante, imagina se descobrisse o que se passa na minha mente em relação a ele. Se bem que a gente não pode perder algo que nunca nos pertenceu não é? Mas mesmo assim, o medo não se vai, o aperto no peito fica cada vez mais forte, a sensação ruim de que ele está escapando dos meus braços. Simplesmente odeio isso. Odeio essas “borboletas”, odeio a ansiedade de querer vê-lo, odeio não saber o que ele sente em relação a mim. Eu o odeio por conseguir me fazer sorrir como boba, por me deixar segura, por me irritar, por querer chamar minha atenção, odeio ainda mais o fato dele fazer tudo isso sem esforço nenhum... Droga!

 Luan: Insônia?

 Pulei de susto ao vê-lo ali em pé do meu lado.

 Giovana: Que susto Luan. – coloquei a mão sobre o colo. -

Ele riu.

 Ah que risada gostosa... MENOS GIOVANA!

 Luan: Posso? – disse ele apontando para lugar vazio no sofá – ao meu lado-. -

Giovana: Pode... – murmurei envergonhada. -

Cruzei minhas pernas e coloquei a almofada sobre minhas coxas.

 Luan: Esfriou um pouco né? – disse ele se encolhendo no sofá. -

Giovana: Pois é... O tempo esfriou do nada.

 Um barulho de trovão ecoou por todo espaço fazendo com que nós dois levássemos um susto. Começamos a rir da cara de susto um do outro.

 Luan: Só acho que vai chover. – disse ele todo irônico. -

Giovana: Eu já tenho quase certeza que não.

 Ele balançou a cabeça e riu.

 Luan: Você como sempre me contrariando né? – ele me olhou um pouco sério. -

Giovana: Não to te contrariando, só não tenho a mesma opinião que você. – sorri de lado. -

Luan: Ok... – ele levantou as mãos como se estivesse se rendendo. – Não vou discutir com você magrela.

 Revirei os olhos.

 Giovana: Gordo. – risos. -

Luan: Sabe uma imagem que não sai da minha cabeça? – disse ele quebrando o silencio. -

Meu couro cabeludo formigou.

 Giovana: Qual?

 Luan: De quanto você descobriu que eu era irmão da Bruna... – ele riu. – Sua cara de assustada ao mesmo tempo com raiva quando se me viu foi a pior... Rapais do céu pensei que eu ia apanhar ali sabia? – ele gargalhou. -

Giovana: Exagerado... – risos. – Se bem que na hora a minha vontade foi te bater mesmo e depois bater na Bruna por não ter me contado que era você. – olhei pra ele. -

Luan: Se me deixou nervosão aquele dia cara. – ele sorriu. -

Giovana: Imagina eu né? Poxa eu to lá super de boa escovando meu cavalo quando do nada o Luan Santana que há poucas semanas atrás tinha batido no meu carro e ainda por cima deu uma de folgado – ele resmungou. – surge atrás de mim e tals, e depois eu ainda descubro que era irmão da minha amiga... Muito azar pra uma pessoa só né? – risos. -

Ele me olhou sério e depois acabou rindo.

 AH MEU CORAÇÃO!

 Luan: Tudo aquilo que você disse na cachoeira sobre o fato de não gostar de mim era verdade? – ele disse quebrando o silencio novamente. -

Engoli seco.

 Giovana: Algumas coisas sim. – dei de ombro. -

Luan: O que, por exemplo?

 Giovana: Eu ainda continuo te achando metido.

 Luan: Sou nada cara, é que eu sou tímido sabe? Ai as pessoas meio que confundem.

 Ficamos em silencio mais uma vez.

 Olhei de canto pra ele que aparentava estar bastante impaciente, ele balançava a perna em movimentos repetitivos.

 Der repente ele se levantou e caminhou até a beira do deque. Ele me olhava e olhava pro mar.

 O QUE ELE TA FAZENDO?

 Do nada ele veio em minha direção e se agachou na minha frente.

 Encarei-o assustada.

 Luan: Posso te perguntar uma coisa? – murmurou ele apreensivo. -

Giovana: P-Pode. – gaguejei. -

Luan: Se uma pessoa chegasse em você e se declarasse falando coisas lindas, você acreditaria?

 Senti meu rosto esquentar.

 Giovana: É... Ah... Depende.

 Ele levantou umas das sobrancelhas.

 Luan: Depende?

AONDE ELE QUER CHEGAR COM ISSO?

Giovana: Depende de quem for à pessoa e do que ela disser.

 Ele se levantou e caminhou ate a ponta do deque.

 Levantei-me e fui atrás. Ele rapidamente se virou pra mim.

 Luan: Se ela te disser que por varias vezes tentou ignorar o que ela sentia por você, e que agora ela simplesmente não consegue mais, por que o teu sorriso é o motivo do sorriso dela, porque esse seu jeitinho birrento e cheio de ignorância é o que ela mais ama em você e que o seu beijo – ele se aproximou e segurou meu queixo com a sua mão. – foi a melhor coisa que ela já provou na vida. – ele sussurrou. -

Meu coração pulsava feito louco dentro meu peito.

 Giovana: Luan... – minha respiração falha ao sentir seu toque. - não – sussurrei. -

Uma de suas mãos envolvera minha cintura me puxando para mais perto de seu corpo.

 Luan: Xiu... – ele passa o indicador suavemente em meus lábios. –

Seu olhar se encontrou com o meu e seu rosto se aproximou cada vez mais do meu. Posso sentir seu hálito refrescante.

 Lentamente ele foi me guiando para trás fazendo com que meu corpo ficasse preso entre o murinho de pedra e seu corpo. Calmamente ele afastou uma mecha de cabelo colocando-a atrás da minha orelha. A ponta do seu nariz roçava no meu e lentamente descia para o canto da boca. Sua testa se juntou a minha fazendo com que não ficássemos um centímetro a mais longe um do outro.

 Luan: Eu preciso de você... – ele sussurrava calmamente enquanto permanecia de olhos fechados. –

Meu corpo implorava pelo dele, meus lábios imploravam pelos seus beijos. Tudo em mim implorava por ele. Nunca desejei tanto alguém como eu o desejava naquele momento.

 Seus lábios macios tocaram os meus. Senti um arrepio percorrer por toda minha espinha. Meu coração pulsava mil vezes mais rápido e minhas pernas ficaram bambas.

 COMO ELE CONSEGUE ME DEIXAR ASSIM?

 Seus braços me puxaram ainda mais, me pressionando cada vez mais forte contra seu corpo. Uma de suas mãos alcançou minha nuca, fazendo com que meu corpo inteiro se arrepiasse. Minhas mãos percorreram pelos seus braços alcançando seus cabelos, e o senti arrepiar. Suas mãos agora apertavam minha cintura contra seu corpo. O beijo aumentava e diminuía o ritmo repetitivamente. Nossas línguas se entrelaçavam lentamente. Seu beijo era intenso ao mesmo tempo delicado. Com uma leve mordida no meu lábio inferior ele finalizou o beijo. Sua testa novamente encostou-se à minha e ele permaneceu de olhos fechados apenas recuperando a respiração assim como eu.

 Giovana: Eu preciso ir... – me desviei de seus braços. -

Luan: Não faz isso. – seus olhos se arregalaram e ele passou as mãos sobre seu cabelo. -

Giovana: Eu sei e você sabe que não da certo a gente juntos. – lagrimas surgiram em meus olhos. -

NÃO CHORA GIOVANA, NÃO CHORA!

 O QUE VOCÊ TA FAZENDO GAROTA?

 Meu inconsciente me gritou nervoso.

 A verdade é que eu não sei, não sei o que eu quero, não sei o que faço a única coisa que eu sei, é que estou com medo, aliás, muito medo.

 E se eu me entregar de vez e me magoar? E se ele não for à pessoa na qual eu imagino que seja? DOGRA... MIL VEZES DROGA GIOVANA!

 Comecei a caminhar em direção a escada da piscina.

 Meus olhos ardiam, EU QUERO CHORARRRR!

 Luan: Espera Giovana... – ele gritou. -

Meu instinto me fez parar e me virar para trás. Ele me olhava aflito.

 Luan: A ultima vez que você foi embora... Você me disse que se eu dissesse três palavras... – ele apertou os olhos na tentativa de lembrar o que eu havia falado. -

MAIS O QUE?...

 Engoli seco.

 Giovana: E sete letras... – completei. -

Luan: É... Ai você seria minha não é? – ele murmurou aflito. -

Giovana: Luan... – o reprendi. -

Luan: Eu te amo... – ele disse em alto tom. – Eu gosto de você, muito... Talvez bem mais do que você imagina, eu me apaixonei por você de um jeito que não sei nem como explicar. – ele apertou os olhos. -

Meu coração por um momento diminuiu o ritmo fazendo com que eu ouvisse somente suas palavras. Nada além delas.

 Luan: Fica comigo? Pra sempre? – seus olhos brilharam como diamantes. –

 

Virei-me novamente em direção à escada, ficando de costas pra ele. E agora?

 - AGORA OU NUNCA GIOVANA.

 Meu inconsciente disse com cautela.

 E então, segui meu coração, segui seus mandamentos... E como dizia meu pai “Seja o que Deus quiser!”

Corri e pulei em seus braços. Ele me abraçou com força e pude ouvir sua risada.

 Segurei seu rosto e o beijei intensamente dessa vez sem medo, sem culpa. Em meios a tantos beijos pude sentir um sorriso em seu rosto.

 Meu inconsciente jogou-se de costas na sua poltrona de couro e suspirou com alívio.

 E de uma hora pra outra entra alguém na nossa vida que muda qualquer sentimento ruim que possa existir. Mas não é alguém que vai aparecer de um dia para o outro, é devagar, com cuidado, quando você menos esperar. Vai chegar alguém que quer te ver sorrindo, que quer colocar um sorriso no seu rosto e mesmo sem querer, ela sempre vai conseguir fazer você se sentir melhor. E esse alguém eu posso dizer que sim... É ELE.

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