História 9 Meses Para Aprender A Te Amar - Minerva Orlando

~ Lucy Povs ~

**

_ Nee Erza-chan, que tal irmos tomar um chocolate quente? Afinal está frio. – Ela apenas solta um ‘aham’ enquanto mexia em seu tablet. _ Olhe para mim pelo menos. – Cruzo os braços e faço bico.

_ Estou organizando sua agenda para semana que vem. Isso é algo importante que deve ser feito com toda a atenção do mundo.

_ Semana que vem.... – E então lembro-me que Rogue voltará semana que vem. Para ser mais precisa estamos na quinta-feira, ou seja, daqui alguns dias verei Rogue novamente.

_ Reunião com o Dr. Ramon, hm, posso deixar marcado para quarta-feira na parte da tarde? – Me aproximo dela.

_ Erza, por favor, consiga o máximo de compromissos que você tiver para semana que vem. Quero estar bemmmm ocupada semana que vem. – Ela me encara e ajeita seus óculos que estava na ponta de seu nariz.

_ Quem é você, e o que fez com a irresponsável da Lucy Heartfilia? – Lhe dou um tapa no ombro. Ela coloca sua mão em minha testa, como se estivesse medindo minha temperatura. _ Está doente? – Rio e afasto sua mão.

_ Eu só quero tentar compensar os compromissos que faltei, só isso. – Ela coça o queixo. Duvido que ela acredite naquela desculpa. _ Então por favor, deixe minha agenda lotada. Está bem?

_ Isso tudo para não ter tempo de ver o Rogue? – Fui pega. Rio de canto.

_ Nunca consigo te enganar né? – Agora ela ri.

_ Eu te conheço mais do que você mesma. Mas tudo bem, eu farei o que pediu, mesmo achando idiotice.– Cruzo as mãos em forma de prece.

_ Aw é por isso que te amo. – Abraço ela. _ Te amo minha ruiva delicia. – Dou vários beijinhos no topo da sua cabeça.

_ Tá, tá. Agora sai. – Ela me afasta. _ Ainda tenho que terminar aqui.

_ E então, vamos tomar um chocolate quente?

_ Já falei que sim garota. – Rio.

_ Nee Hades-san, por favor, nos leve até a cafeteria Hot Poffuut. – Ele apenas assenti com a cabeça.

[...]

_ Aww eu amo os chocolates quentes daqui.

_ São bons mesmo. – Erza me encara. _ E então, está melhor da intoxicação alimentar?

_ S-Sim, estou. – Odiava mentir para ela. _ Os remédios são ótimos e já fizeram efeito.

_ Entendo. – Ela se inclina na cadeira e toma um gole da bebida a sua frente. _ Está chegando aquela data Lucy. – Me surpreendo.

_ Já? – Ela assenti com a cabeça. A gravidez, os estágios que iniciaram na Companhia... tudo havia tomado meu tempo e me fez esquecer completamente disso. _ Preciso ir visita-lo.

_ Se quiser eu vou com você. – Nego com a cabeça.

_ Eu vou sozinha. – Olho para a cafeteria que tinha um número razoável de pessoas ali. _ Seis meses se passaram num piscar de olhos.

_ Sim, seis meses sem o Tio Jude. – Rio.

_ Não o chame de ‘tio’, você sabe o quanto ele odiava isso. – Ela ri.

_ Sim, sempre levava bronca por isso. – Dou mais um gole no chocolate quente.

_ Nee Erza, você acha que ele realmente fez o correto deixando a Companhia em minhas mãos?

_ Que pergunta é essa? É claro que sim. Mesmo você sendo filha dele tenho certeza que ele não deixaria a Companhia para você se você não fizesse por merecer e tivesse capacidade.

_ Por merecer e ter capacidade, é?

_ Claro! Ele viu que você era capaz de lidar com a Companhia, e o julgamento dele estava correto.

_ Então estou fazendo um bom trabalho?

_ Você está ótima sendo a poderosa chefona. – Sorrio.

_ Obrigada Erza, só você mesmo para levantar meu animo.

_ E você sabe que Laxus não era uma opção para ele. - Mostro a língua como se tivesse querendo vomitar.

_ Argh não inclua esse nome na conversa. - Ela ri. _ Mas obrigada Erza.

_ Pode contar comigo gata. – Ela me manda uma piscadinha.

[...]

_ Boa noite minha gata. – Ela acena e vai em direção a entrada do prédio onde ela morava. _ Durma bem e tenha sonhos eróticos com o delicia do Jellal. – E fecho a porta. _ Acelera Hades-san, ou vamos ser mortos. – E ele faz como peço, dando tempo apenas de vez Erza tirando seus sapatos e tentando joga-los no carro. Começo a rir.

_ Senhorita, pretende ir em mais algum lugar ou posso deixa-la em seu prédio?

_ Ah, preciso ir ao escritório. Por favor, me leve até ele.

_ Como quiser senhorita. – Olho para o relógio no meu pulso que marcava ser 23:47.

[...]

Hades-san estaciona em frente a entrada da Companhia, agradeço e peço para ele ir, afinal meu carro está aqui.

Adentro a recepção, e estava vazia, quer dizer, havia apenas o segurança que fazia a ronda naquele andar. Todos os andares tinham um segurança.

_ Boa noite Rodolph.

_ Óh, boa noite senhorita Heartfilia. Como sempre trabalhando até tarde.

_ Pois é. É a vida dura de um chefe. – Ele ri. _ Vou até minha sala, até mais. – Ele apenas assenti com a cabeça e ajeita o quepe em sua cabeça. Vou em direção ao elevador e aperto o botão do último andar.

Rapidamente o elevador chega ao andar que solicitei e abre a porta. Me retiro e passo pelo corredor que estava totalmente escuro.

Com certa dificuldade consigo achar o interruptor e acender uma das luzes.

Chego a minha sala e fecho a porta.

_ Aw nada melhor que o meu escritório. – Jogo a bolsa no sofá e vou em direção ao interruptor para acender.

_ Aihn!! – Me assusto com o que ouvi e logo em seguida o objeto estranho no sofá começa a se mexer. Rapidamente vou para trás da minha mesa tentando me esconder.

Será que era algum ladrão? D-Droga! Estou nervosa.

_ Q-Quem é v-v-você?

_ Luce, é você? – As luzes se acendem, e fico aliviada quando vejo que não era um ladrão. Saio de trás da mesa.

_ O-O que está fazendo aqui N-Natsu? – Acho que preferia que fosse um ladrão, já estou começando a ficar nervosa.

_ Peço desculpas por entrar na sua sala, e por te assustar agora. – Ele pega um envelope que estava em cima do sofá. _ Esqueci de lhe entregar uma das partes do relatório que fiz. E como estou exausto sentei no seu sofá e acabei cochilando.

_ Poderia me entregar amanhã. – Pego o envelope de suas mãos.

_ Sim, eu poderia.

_ Se é só isso pode se retirar.

_ Não é só isso. – O encaro. _ Preciso falar com você. – Ele estava sério e aquilo me deixou com medo. Medo de que ele tenha descoberto algo, que tenha entendido o que a letra ‘G’ que citei mais cedo significava.

_ E-Eu estou ocupada, não tenho tempo agora. – Na verdade eu estava com medo.

_ Prometo que serei breve. – Ele me encara. Seus olhos ônix esverdeados prendiam minha atenção e era impossível desviar.

_ Então fale logo. – Minhas mãos já suavam frio.

_ Eu já namorei há um tempo atrás. – Arqueio as sobrancelhas. Por que ele estava me dizendo aquilo? _ E eu a amava muito.

_ Hã? Por que está me falando isso? Não tenho interesse na sua vida pessoal. Então---- - Mas ele me interrompe.

_ Porém ela me traiu. E acredito que tenha sido mais de uma vez. – Ouvir aquilo me surpreendeu, e me surpreendi ainda mais com a sua voz que sairá extremamente baixa e triste.

_ Já disse que não quero saber----

_ Por isso preciso que seja sincera comigo. – Ele novamente me encara. Seu olhar era mais decidido do que nunca, e aquilo me deixava aflita e apavorada. _ Você está escondendo algo de mim? – Arregalo os olhos e já senti meu corpo todo suar frio.

_ C-Claro que não. – Será que ele estava desconfiado e já sabia de tudo? Sobre a gravidez, sobre ele ser o pai. Aquela ideia me apavorava.

_ Por favor, seja sincera. Não irei ficar bravo, apenas quero saber. – Minhas pernas já tremiam e minha respiração saia falhada. Eu ainda não estava pronta! _ Você já tem um namorado?

_ Hã?

_ Naquela noite que nós transamos. – Sinto minhas bochechas arderem. _ Você já estava namorando alguém, e o que fizemos foi traição? – Eu já não entendia mais nada.

_ Do que está falando? Eu não tenho nenhum namorado.

_ Está apaixonada por alguém? – Cada palavra que ele dizia me surpreendia ainda mais.

_ Não quero falar da minha vida pessoal com você.

_ Para quem já transou comigo isso não é nada. – Aquilo me enfurece.

_ Até quando vai falar sobre isso? – Aperto meus punhos. _ Até quando vai citar sobre o que fizemos no Japão? Você está sendo muito infantil. Aja como um adulto e pare de ficar remoendo coisas do passado!! Já disse para esquecer da merda que fizemos! 

_ Como posso esquecer? – Sua fala sai como um sussurro.

_ Apenas esqueça! Simples---- - Ele se aproxima de mim em questões de segundos que não pude fazer nada para impedi-lo. Suas mãos seguram meu pulso de um jeito bruto. _ M-Me solte Natsu! – Ele aperta com mais força.

_ Como posso esquecer da garota que me fez se sentir amado pela primeira vez?? Como posso esquecer da garota que me deu carinho?? – Ele me chacoalha com mais força me assustando. _ VOCÊ NÃO ENTENDE!! NÃO ENTENDE!! – Ele abaixa sua cabeça e encosta em meu peito. _ Você pode ser a melhor advogada do mundo, mas não entende algo tão simples. – Eu não conseguia dizer ou fazer nada. _ Sua idiota! Garota gorila! Arrogante! Mimada! Estressada! Insuportável.– Ele levanta sua cabeça e nossos olhares se encontram. Eu já tremia. Aos poucos ele vai soltando meus pulsos. _ Eu te odeio Lucy Heartfilia. – Apenas solto um riso de canto. Ele me solta de vez e se afasta um pouco.

_ Parabéns, pela primeira vez falou meu nome do jeito certo.

_ É para mostrar que o meu ódio por você é realmente forte. – Novamente sorrio.

_ Não se preocupe, afinal te odeio tanto quanto você me odeia. – Agora ele sorri. _ E não se preocupe, eu não tenho nenhum relacionamento com ninguém, então o que fizemos não foi traição. – Solto um suspiro de alívio. Então ele não tinha percebido nada sobre a gravidez? Não sei como eu reagiria se ele perguntasse se estou gravida.

_ E Luce, você não está gorda.

_ Do que está falando? – G-Gorda? Será que com apenas um mês de gestação já dá para ver minha barriga? Claro que não, afinal eu mesma me analiso todo dia e não vi mudança alguma.

_ Você disse hoje mais cedo, lembra? Quando te perguntei o motivo de não poder esquecer o que aconteceu entre nós. ‘Porque eu estou gorda’.

_ Hã? – Fiz uma poker face. _ Do que está falando?

_ O ‘G’, foi de gorda. Mas não se preocupe, você está linda. – L-Linda? Senti minhas bochechas arderem. Desde quando me sinto assim com um elogio desses, afinal isso é a coisa mais normal para mim, ser elogiada por homens, e até mulheres. 

_ Então você acha que o ‘G’ era de gorda? Que eu estava preocupada que você me achasse gorda? – Ele apenas assenti com a cabeça me arrancando outro riso.

_ Estou errado? – Sorrio de canto.

_ Não, você está certo. Deixe o envelope comigo, obrigada.

_ Claro. Arigatô por me ouvir.

_ Nandemonai, Natsu-san. – Ele sorri e sai pela porta do escritório. Na mesma hora caio ao chão e começo a rir. Levo minhas mãos até meus cabelos puxando-os. _ Como você pode ser tão burro Natsu?? Como?? Gorda?? Sério?? Eu estou grávida seu retardado, grávida de um filho seu, e você não entende! – Sorrio. _ Mas isso é ótimo para mim. Você não precisa ficar sabendo da gravidez, sobre seu filho. Pode deixar que eu mesma cuidarei de tudo sozinha. Sempre foi assim e sei que sempre será. – Olho para minha barriga e a aliso. _ Nee, hoje você está mais calminho, eu agradeço. Continue sendo gentil com a mamãe.

Me levanto e logo sento-me a minha mesa ligando o notebook.

**

_ Como posso esquecer da garota que me fez se sentir amado pela primeira vez?? Como posso esquecer da garota que me deu carinho??? VOCÊ NÃO ENTENDE!! NÃO ENTENDE!! Você pode ser a melhor advogada do mundo, mas não entende algo tão simples. Sua idiota! Garota gorila! Arrogante! Mimada! Estressada! Insuportável.... Eu te odeio Lucy Heartfilia.

**

Mordo meu dedo.

_ Quem não entende é você seu idiota de cabelo estranho! – Respiro fundo. _ E-EU TE ODEIO NATSU DRAGNEEL!!! – Grito alto o suficiente para todos que estivessem naquele andar ouvissem, mas eu sabia que estava sozinha, talvez apenas o segurança tenha ouvido e imaginado o quão idiota eu sou.

[...]

**

~ Três Dias Depois ~

Depois do que aconteceu entre o Natsu e eu, naquele dia no meu escritório, raramente nos falamos, e se falávamos algo era extremamente profissional. O clima entre nós estava estranho, mas eu não me importava com aquilo.

Hoje era o dia da audiência que pedi auxilio a ele, e hoje verei se ele é capaz de se manter na minha Companhia.

Durante esses dias tive poucas dores, e isso me deixou mais aliviada. Fiz minha primeira consulta de pré natal e o Dr. Merelo riu muito quando disse o que tinha acontecido entre Natsu e eu.

Ele ainda insisti dizendo que o melhor a se fazer é pelo menos dizer a ele sobre a criança, mas eu disse que não farei e que não adiantava ele insistir.

[...]

_ Dá para parar de balançar a perna? – Já estávamos no carro em direção ao fórum onde aconteceria a audiência. Natsu estava ao meu lado e não parava de mexer sua perna.

_ E-Eu não tenho culpa, estou nervoso.

_ Não se preocupe, você não precisará fazer nada, apenas assista calado.

_ Eu quero fazer alguma coisa! 

_ Apenas se acalme e pare de balançar essa perna. – Por fim ele para. _ Apenas fique calmo. – Ele assenti com a cabeça.

[...]

_ U-Uau, é enorme!! – Natsu olhava maravilhado para o fórum que estávamos.

_ Este é o segundo maior fórum de Nova York.

_ O segundo maior?? Então o primeiro deve ser do tamanho de Magnólia! – Me surpreendo.

_ Magnólia??

_ Minha cidade natal. É uma pequena cidade no interior do Japão. – Tento disfarçar o quanto fiquei surpresa com aquilo.

_ Entendo. – Magnólia era a cidade que nasci, e saber que o Natsu era de lá me surpreendeu.

_ Lucy Heartfilia, que honra vê-la aqui. – A minha frente estavam dois senhores, ambos vieram até mim. Sorrio gentilmente.

_ Sr. Doffy, Sr. Hity, olá. – Eles me estendem a mão em forma de cumprimento.

_ Que prazer vê-la novamente. Você está linda, como sempre. – Sorrio.

_ Muito obrigada pela gentileza.

_ Heartfilia, ainda estou no aguardo de sua resposta para marcarmos nosso jantar. – Sorrio tentando disfarçar minha cara ranzinza. Esses velhos tarados...

_ Peço perdão, mas ultimamente minha agenda anda lotadíssima. Mas assim que abrir um espaço entrarei em contato. – Ele sorri de um jeito.. malicioso. Decidi ignorar aquilo.

_ Claro. Será um prazer Heartfilia. – Novamente aquele sorriso malicioso.

_ Veio a audiência do Sr. Polids? – Assinto com a cabeça.

_ Sim, serei sua advogada de defesa.

_ Então isso explica o motivo de tantos repórteres. Afinal ver Lucy Heartfilia em ação é algo único.

_ Imagine. Sou apenas uma advogada que ainda tem muito a aprender.

_ Modesta como sempre. Mas tenho certeza que a causa já está ganha para a senhorita. – Ele pega em minha mão e deposita um beijo. _ Novamente foi um prazer lhe ver pessoalmente. 

_ O prazer foi todo meu.

_ Estarei no aguardo do seu contato. – Ele pega minha outra mão e a beija. _ Passar bem Heartfilia. – Sorrio.

_ Obrigada Sr. Hity. – E os dois se afastam. Olho para minhas mãos. _ Álcool em gel. Preciso higieniza-las. – Olho para trás e vejo Natsu ainda deslumbrado olhando para todos os lados. _ Natsu, você tem álcool em gel? – Ele me encara.

_ Pra que?

_ Para beber!! – Ele arregala os olhos. _ Estou brincando. Você tem? – Ele assenti com a cabeça e rapidamente retira um frasco pequeno de seu bolso e me entrega. _ Valeu, salvou minha vida. – Aperto e espalho o álcool pelas minhas mãos e braços. Esfrego com força e ouço uma risada vindo dele. _ Do que está rindo ameba rosa?

_ Parece que a 'senhorita Heartfilia' não é tão gentil assim. Se aqueles dois senhores verem que você está higienizando suas mãos logo após eles as beijarem, eles podem ficar chateados.

_ Aqueles velhos tarados não se importariam com isso. Agora pare de ficar olhando para esse lugar e vamos logo. A audiência já vai começar.

_ Okay senhorita.

_ Não me chame assim!

[...]

Já estávamos prontos para o inicio da audiência, porém os advogados de acusação estavam atrasados.

_ Esses irresponsáveis acham que tenho todo tempo do mundo? – Eu já estava impaciente.

Por fim a porta do grande salão se abre e três pessoas adentram, e quando vi quem eram os tais advogados de acusação mordo meu lábio com força.

_ Me desculpe pelo atraso senhores, mas o voo atrasou devido ao clima. – O rapaz da outra mesa se levanta com um enorme sorriso. Ele era a pessoa que acusava o meu cliente.

_ Senhorita Orlando, vamos dar inicio a sessão. Sente-se.

_ Claro. – Ela me encara e me manda um beijo.

_ Minerva. Sua cadela! – Sussurro.

Ela fala algo, mas não pude ouvir devido a distância, e pouco me importava com as asneiras ditas por ela.

Sinto um cutucão no meu braço, era Natsu.

_ Quem é ela Luce? – Viro o rosto para frente.

_ Não se importe em saber da existência daquilo. – Ele me olha sem entender.

_ Pelo jeito você não gosta muito dela. – Rio de modo sarcástico.

_ Não gostar é até um modo carinhoso de falar. Eu odeio essa pessoa, e tenho ânsia de vomito toda vez que a vejo. – Aperto meus punhos. _ Mas ela não vai ganhar essa. Ela vai ver só com que se meteu! – Tenho certeza que minha sede de maldade estava a solta.

_ Não se preocupe. – Sinto uma quentura em minha mão e vejo a mão do Natsu sobre ela. _ Nós iremos ganhar. 

_ Sim, com certeza. – O barulho do martelo do juiz sobre a bancada ecoa por todo o salão. Os burburinhos aos poucos cessam.

_ A corte entrará em sessão. – Ele pega as diversas folhas em sua mesa. _ Processo Judicial 964. Tentativa de assassinato e agressão. Senhor George Polids acusa o senhor Louis Polids.

_ Esse idiota me esfaqueou!! – O tal George se levanta e aponta para o meu cliente Louis. Ele ia se levantar mas o impeço.

_ Fique quieto. – O encaro. _ Fique calmo. – Ele assenti com a cabeça. Levanto a mão e peço a palavra.

_ Senhorita Heartfilia.

_ Peço que retirem essa acusação. George Polids não tem provas para acusar Louis Polids.

_ Senhor Polids, algo a acrescentar? – O acusador me fuzilava com o olhar. Apenas sorrio gentilmente para provoca-lo ainda mais. E então Minerva levanta sua mão.

_ Senhorita Orlando. – Ela sorri.

_ Meu cliente possui inúmeras provas e testemunhas sobre o caso. Gostaria de apresenta-las neste momento.

_ Fique a vontade. – Ela vai até a frente.

_ Louis Polids esfaqueou George Polids devido a uma discussão sobre a herança de seus avós. Como todos sabem George e Louis são primos, e após o falecimento de seus avós os mesmo teriam direto a herança, porém George teria uma porcentagem a mais devido aos anos em que tratou dos avós quando estavam doentes. Mas Louis não concordou com isso e por isso tentou matar George com uma faca. – Olho para o meu cliente que já estava vermelho de raiva e tinha certeza que a qualquer momento se levantaria e mandaria Minerva ir tomar naquele lugar. _ Peço que a primeira testemunha venha até aqui. – Uma garota se levanta e se dirige até Minerva.

A garota aparentava ter uns 20 anos.

_ Louis, quem é ela?

_ A irmã do George. Lisa Polids. – Coço o queixo intrigada.

_ Que tipo de testemunha é essa? É claro que a irmã defenderá o irmão.

_ Sim. – Me atento a cada movimento da tal Lisa.

Lisa Polids era a irmã mais nova de George, e claro, alegou o ocorrido acusando o meu cliente. Louis estava quieto, o cutuco.

_ Já desistiu? – Ele me encara e sorri sem graça. Seu sorriso estava triste, mas com razão, afinal ser acusado pela própria família era algo horrível.

_ Eu só estou cansado de tudo isso. Tudo que eu falar não adiantará de nada. George comprou cada integrante da família. Não há mais nada que eu possa fazer.

_ Hey! Sua advogada é Lucy Heartfilia sabia? E eu já disse para não se preocupar. Nós iremos ganhar essa, e mostraremos a todos o tipo de pessoa que George Polids é.

_ Mas por que você o esfaqueou? – Olhamos para o lado onde Natsu estava. O mesmo nos olhava com duvida. _ Você não deveria ter feito isso. Perdeu toda a razão. – Suspiro.

_ Natsu, você elaborou todo o relatório de defesa do Louis. Como pode dizer isso?

_ Eu elaborei, porém não sou a favor dele. Eu lhe disse desde o começo, se eu fosse você jamais aceitaria defender uma causa dessas.

_ Você sempre foi burro assim ou fez curso? – Ele me olha com raiva.

_ Fiz curso... com você! 

_ H-Hey, vocês precisam se acalmar. 

_ Natsu, vou lhe dizer isso apenas uma vez. Eu jamais defenderia alguém que tenha feito algo assim. Na verdade eu o acusaria tanto até o mesmo receber uma prisão perpetua. – Agora seu olhar era de confusão.

_ Mas... então... ele.... – Ele aponta para Louis.

_ Louis Polids não esfaqueou ninguém. Tudo foi armado para que pensassem dessa forma e Louis ficasse sem a herança dos avós. Os avós deixaram 75% de seus bens para Louis. Foi Louis quem cuidou deles quando os mesmos estavam doentes.

_ Mas nada disso vai adiantar, afinal todas as testemunhas de George foram compradas por ele.

_ Você tem Lucy Heartfilia e Natsu Dragneel como seus advogados. Já disse para ficar tranquilo. – Ele sorri de canto.

Lisa já havia feito seu testemunho. Eu nem ao menos tinha prestado atenção, afinal não tenho interesse em mentiras, mas ainda sim o que ouvi foi necessário para argumenta-la.

_Os advogados de defesa de Louis Polids desejam interrogar a testemunha? – Me levanto.

_ Gostaríamos meritíssimo. – Me direciono para perto de Lisa

_ Fique a vontade senhorita Heartfilia. – Sorrio para o Juiz que quase se derrete.

_ Lisa Polids, certo?

_ Sim. – Ela me olha com desdém dos pés a cabeça.

_ Eu vou ser direta. – A encaro. _ Quanto recebeu para testemunhar a favor de George Polids? – Ouço um ‘Hã’? uníssono no tribunal.

Minerva se levanta.

_ Retire essa acusação contra minha testemunha. – Olho para ela e sorrio.

_ Oras, em nenhum momento eu a acusei. – Olho para o juiz. _ Certo senhor meritíssimo?

_ Lucy Heartfilia não fez nenhum tipo de acusação. Pedido de Minerva Orlando negado. – Olho para ela que trincava os dentes. Volto meu olhar para Lisa.

_ E então, pode responder a minha pergunta? – Ela também me fuzilava com seu olhar.

_ Nada. Estou aqui por vontade própria e para fazer justiça contra o Louis. – Sorrio gentilmente.

_ Okay. Muito obrigada. – Olho para o juiz. _ É só isso senhor meritíssimo. – E retorno a minha bancada.

_ Luce, por que não fez mais perguntas??

_ Não era necessário. – Cruzo os braços. _ Agora quero ver qual vai ser a próxima jogada da Minerva.

_ Senhorita Heartfilia possui alguma testemunha para depor a favor de Louis Polids? – Me levanto.

_ Não possuo senhor meritíssimo. – Vejo Minerva rindo.

_ Então, por favor advogados de acusação, podem trazer a próxima testemunha.

[...]

George Polids conseguiu cinco testemunhas, e claro, todas falavam as mesmas coisas.

Louis Polids esfaqueou George Polids após o mesmo pedir gentilmente por uma porcentagem a mais da herança, devido aos vários anos dedicados a cuidar de seus avós.

O Juiz bate o martelo sobre a bancada.

_ A corte entrará em recesso por meia hora. Após isso retornaremos a audiência. – Me espreguiço.

_ Ouvir essas baboseiras me deram sono e tédio. – Sinto alguém ao meu lado, nem precisei olhar para saber quem era.

_ Ora, ora. Que surpresa. Nunca imaginei que a famosinha Lucy Heartfilia estaria aqui defendendo uma causa perdida. – Olho para ela e sorrio.

_ Digo o mesmo Minerva. Ah, mas esqueci, você não tem escolha, tem que pegar todos os processos judiciais, ou sua companhia entraria em falência. – Ela aperta seus punhos.

_ E eu não sabia que a famosa Companhia Heartphilia’s A.D. estava tão desesperada a ponto de ter que roubar um de meus clientes. Handson Jones ele---- - A interrompi.

_ Handson Jones era MEU cliente há anos, quem começou esta ‘guerra’ foi você. – Me levanto. _ Então esteja pronta para as consequências.

_ Isso é o que vamos ver. – Ela dá de ombros e retorna a sua bancada.

_ Idiota.

_ Luce? – Sinto um cutucão no meu ombro. Era Natsu.

_ O que foi?

_ Vamos comer algo.

_ Não quero. Podem ir vocês.

_ Você está pálida, tem que comer algo. – Eu realmente estava me sentindo fraca, mas talvez seja o nervosismo. Mesmo estando fazendo isso há anos sempre ficava nervosa em audiências.

_ Eu estou bem Natsu. – Mas ele pega em minha mão.

_ Eu estou preocupado com você. Não te vi comer nada e agora está pálida desse jeito. Por favor, vamos comer. 

_ Já disse para não se preocupar comigo. Vá com o Louis e tente acalma-lo, pois depois do recesso será ainda mais estressante para ele.

_ Tem certeza que não quer ir? – Assenti com a cabeça.

_ Eu estou bem, pode ir. – Ele larga minha mão.

_ Eu te trago alguma coisa. – E ele se afasta junto com Louis.

_ Não pode trazer comida para o tribunal idiota. – Um sorriso surge em meus lábios. _ P-Por que estou sorrindo? – E torno a me sentar na bancada.

Tenho meia hora para pensar em como virar o jogo nesta audiência.

_ Meia hora será mais que o suficiente. – Pego os papeis a minha frente, eram os relatórios contendo o processo judicial e o relatório feito pelo Natsu.

**

~ Natsu Povs ~

_ Natsu Dragneel, certo? – Olho para trás e vejo a mesma mulher que havia confrontado a Luce.

_ Sim. Pois não? – Ela sorri e me estende a mão.

_ Prazer, sou Minerva Orlando. – Aceito seu cumprimento.

_ No que posso lhe ajudar? – Ela me olha dos pés a cabeça e no final sorri de canto.

_ Será que poderíamos conversar a sós? – Olho para Louis que apenas assenti com a cabeça.

_ Contanto que seja breve.

_ Sim, serei breve. – Ela pega em minha mão e começa a me puxar até irmos para fora do restaurante/refeitório do fórum até chegarmos a um corredor com diversas salas. _ Por aqui. – Ela abre uma das portas e me puxa para dentro. A sala estava vazia. _ Aqui será perfeito.

_ Hã? Perfeito? Para que? – E ela simplesmente me agarra. _ H-Hey!! – Sinto seu beijo no meu pescoço. _ O-Oe!! –Com dificuldade a afasto. _ O-O que pensa que está fazendo? – Ela passa os dedos sobre seus lábios e sorri.

_ Oras, o que parece que estou fazendo? – Ela tenta se aproximar mas a afasto.

_ Pare com isso, ou serei obrigado a agir de modo rude. – Ela ri.

_ Não consigo me conter em ver algum namoradinho de Lucy Heartfilia e não querer ‘provar’. – Agora eu havia entendido tudo. _ Afinal eu sou bem melhor que ela.

_ Então você quer ficar comigo para dizer a Luce? Para tentar diminui-la? – Ela sorri e assenti com a cabeça.

_ Você entende bem as coisas. – Sorrio de canto. _ Então que tal nos divertimos agora? – Ela coloca seus braços sobre meu pescoço. _ Prometo que será divertido. – E antes que ela pudesse me beijar tiro seus braços do meu pescoço e os seguro.

_ Eu não sou namorado da Luce. Sou apenas um estagiário novato que acabou de entrar na Companhia e está dando auxilio para ela neste caso. – Ela desfaz o sorriso e agora me olha com raiva.

_ Por que não me disse logo? Tsc. Não acredito que ia ficar com você sem ao menos você ter algum tipo de relacionamento com ela. – Ela morde sua unha. _ Aquela vadia ainda tem que sofrer muito.

_ E ficando com a pessoa que ela gosta você acha que estará fazendo-a sofrer? – Ela sorri.

_ Sim. Na verdade já fiquei com vários de seus namorados, e a única coisa que ela fez quando ficou sabendo foi sorrir e dizer ‘felicidades’ para nós dois. E isso me irritava muito. Porém tudo mudou quando eu fiquei com alguém que ela realmente amava. E vê-la chorando, humilhada, derrotada se tornou um vicio para mim. – Seu olhar transmitia pura maldade. _ E eu quero ver isso de novo.

_ Você é horrível.

_ Você realmente não conhece Lucy Heartfilia, ou não estaria defendendo-a com unhas e dentes.

_ Conheço o suficiente para saber o quanto ela é mimada, irritante, grossa, arrogante. Mas também sei o quanto ela é gentil, amável, e se importa com o próximo. E jamais faria algo tão horrível como o que está fazendo. – Ela me encara surpresa e depois começa a gargalhar.

_ Você está apaixonado por ela? Já vou lhe avisar... pare com isso. Lucy Heartfilia não se importa com isso, na verdade ela ama brincar com os sentimentos das pessoas, algo muito pior do que o que eu faço.

_ Por favor, cale a boca. – Eu já estava perdendo a paciência. _ Mais alguma coisa que diga sobre a Luce e eu serei rude.

_ Uau, você realmente caiu na lábia daquela garota. Mas vou lhe contar algo, fofinho. – Ela se aproxima de mim. _ Lucy Heartfilia não é a pessoa que você acha que é. Conviva mais um pouco e verá como ela é de verdade. E quando este dia chegar sinta-se a vontade para ir até a minha Companhia. Prometo que te farei ser o melhor advogado de todos. – Ela se afasta e coloca algo no meu bolso. _ Até mais Natsu Dragneel. – E se retira da sala. Ainda não entendia muito bem o que tinha acabado de acontecer.

Mas uma coisa eu havia entendido muito bem....

Lucy Heartfilia e Minerva Orlando se odiavam.

Coloco a mão no bolso e retiro o que ela tinha colocado ali.

“Minerva Orlando

Advogada

Companhia Orlando’s

(xx) x- xxxx-xxxx”

Era seu cartão de visitas.

**