História A acompanhante - Only you

“Ah querido, você ouviu meu coração? Ele está batendo tão forte, e estou desmoronando...”

Me enfiei no meio da multidão que dançavam, bêbados. Peguei uma garrafa da vodca e virei tomando um gole bem generoso. Me juntei a um homem que parecia ter o dobro da minha idade e comecei a dançar com ele, esfregando meu corpo contra o seu. Até que alguém me puxou pelo pulso.

-O que você está fazendo? – perguntou Bradley pegando minha garrafa de vodca.

-Me deixa em paz – resmunguei.

-Não pode perder o controle todas as vezes que ele magoar você – ele falou me olhando nos olhos, então os meus se encheram de lagrimas. Mordi o lábio inferior e olhei para cima pretendendo manter as lagrimas ali mesmo.

-Margot! Vamos embora – então Jared apareceu ficando entre mim e Bradley, olhei para Bradley por cima do ombro de Jared.

-Não – falei olhando agora para ele.

-O quê? – ele parecia não acreditar no que eu disse.

-Não vou com você para lugar nenhum – e o empurrei – vamos dançar Brad?

E sem que ele me desse uma resposta o puxei para perto de mim e comecei a dançar com ele. Estava mais desesperada do que realmente dançando. Jared se afastou, ficou a uma distância considerável, de braços cruzados e nos fuzilando com o olhar. Meu corpo se mexia de acordo com a música, passei meus braços ao redor do pescoço de Brad e esse passou seus braços pela minha cintura. Então ele me abraçou, olhei para Jared e sorri sarcástica, ele ajuntou as sobrancelhas sem entender o motivo do meu sorriso, então passei minha mão sobre a nunca de Brad e o beijei. No começo ele estranhou, não correspondeu meu beijo. Então pedi passagem por entre seus lábios com a minha língua e finalmente ele cedeu, me puxando para mais perto de si. Depois que estávamos perdendo o ar, distanciei nossos lábios.

Ele me olhava com um sorriso besta no rosto, enquanto eu procurava por Jared que havia sumido.

-O que foi isso? – ele perguntou.

-Não gostou? – respondi ainda procurando por Jared pelo local, ele também olhou em volta e depois me olhou, passou a língua sobre o lábio inferior.

-Claro – disse seco, mas eu estava preocupada demais com Jared para me importar com Bradley naquele momento.

Assim que amanheceu deixamos o local. Peguei um taxi e fui levada para casa, não lembro direito que horas era quando cheguei, mas já estava claro. A casa estava quieta, nem os empregos estavam ali, então subi para o meu quarto ainda cambaleando um pouco e com receio e encontrar Jared. O problema de arrumar confusões quando está bêbada é que quando você está sóbria tem que arcar com as consequências. Jared não estava no quarto, na verdade, acho que ele nem dormiu ali pois a cama não estava desarrumada.

Entrei no banheiro e me apoiei na pia, abaixei a cabeça por alguns segundos e logo a levantei olhando meu reflexo no espelho. Levei um susto quando ele apareceu encostado na porta, com os braços cruzados e um olhar sério. Ficamos alguns segundos nos encarando pelo reflexo do espelho.

-Não quero que veja o Bradley de novo – ele disse, calmo e direto. Desviei o olhar e balancei a cabeça, comecei a tirar o meu vestido.

-Não pode me dizer o que fazer. – falei sem olha-lo – não posso te pedir para deixar de ver sua secretária.

Fui pega de surpresa. No minuto seguinte Jared já estava atrás de mim, segurando meu pescoço com a mão esquerda e com a outra mão entrelaçada atrás da minha cabeça, puxando-a para trás.

-Eu disse que não quero que você o veja de novo – ele disse no meu ouvido, pelo espelho eu conseguia ver a raiva que ardia em seus olhos – não quero que fale, ligue, e muito menos o beije novamente. Entendeu?

Eu não disse nada, talvez o pavor não me permitiu, mas fiquei quieta ainda encarando-o pelo espelho.

-Responde – ele puxou meu cabelo me machucando. Deixei duas lagrimas escorrerem e balancei a cabeça afirmando. Estava apavorada ele nunca tinha feito isso comigo antes, nunca tinha me olhado com tanto ódio, quando ele me soltou eu me debrucei segurando a pia tentando respirar e tossindo, ele saiu do banheiro, corri e tranquei a porta abaixando-me e chorando. Fiquei ali chorando por um longo tempo sem entender o que estava acontecendo entre a gente.

Na festa que Shannon resolveu dar para comemorar o próprio aniversário, muitas pessoas foram convidadas. Inclusive Amber, Lila e Bradley. Eu não estava com muita vontade de ir para outra festa naquele final de semana. Qual a era a necessidade daquilo? Eu não sei. Mas não queria que Jared fosse sozinho. Coloquei um vestido longo vermelho vinho, com uma fenda. Um salto dourado e deixei o cabelo solto, que aliás, estava enorme. Passei uma maquiagem “cheguei”. Algo que escondesse que eu havia passado a metade do dia chorando no banheiro. Jared estava muito bonito também, com uma blusa social preta, calça jeans e coturno, o cabelo penteado para trás e a barba por fazer. Não conversamos muito o caminho todo, aliás, não conversamos nada, era nítido o quanto eu estava magoada com ele e o quanto ele estava puto comigo. Então fomos em silencio até chegar a casa de Shannon.

Antes mesmo de entrar na casa, amigos e conhecidos já começaram a nos cumprimentar. Jared foi andando um pouco mais a minha frente então parei para conversar com alguns amigos que eu não via ah séculos. Até ele vim e me puxar meu cotovelo, me fazendo se passar por idiota na frente de todo mundo.

Entramos na casa, peguei uma taça de champanhe e recebi um olhar negativo dele, mas sorri. Adorava provoca-lo. Alguns parentes dele estavam ali então ele foi conversar com eles, fiquei alguns minutos fingindo estar gostando daquela conversa mas logo saí dali e fui procurar por uma bebida mais forte. Bradley e Lila estavam encostados na parede conversando.

-Oi – me aproximei deles, Bradley apenas me olhou.

-Vou sair para fumar lá fora – ele disse e saiu.

-O que deu nele? – perguntei para ela que riu.

-Como se você não soubesse – e também saiu me deixando sozinha, nossa, todo mundo estava tão estranho. Parecia que todo mundo estava com raiva de mim naquela noite. Então me sentei em uma das cadeiras e fiquei tomando champanhe enquanto via de longe Amber cumprimentar Jared. Ele a cumprimentou com um beijo no rosto, depois segurou sua mão para que ela desse uma voltinha. Aquilo era tão ridículo. Ele precisava fazer aquilo na frente de todo mundo? Como ele podia ser tão hipócrita?

-O que você tem? – Shannon apareceu ao meu lado e logo olhou para o mesmo lugar que eu estava olhando. – filho da puta – ele disse e se levantou indo até lá. Não fiquei para ver o restante, me levantei e subi até a sacada da casa. Assim que percebi minha solidão, uma lagrima escorreu e ali estava eu, fragilizada novamente pelo meu amor por ele.

-Você está chorando por ele de novo – Bradley disse me assustando.

-O que está fazendo aqui? – perguntei secando aquela lagrima.

-Não consigo te ver mais chorando por ele – ele falou passando a mão no cabelo jogando-o para trás. – Que merda Margot! – ele parecia muito nervoso.

-Brad...

-Você está aqui chorando por causa dele enquanto ele está lá embaixo com outra. Porra, Margot! A garota que eu conheci nunca passaria por isso.

-A garota que você conhecia morreu – falei tentando não chorar.

-Eu não acredito nisso... – ele disse se aproximando – ela está ai, só está escondida, escondida por uma pessoa que está tentando se uma pessoa perfeita e agradar alguém que não merece.

-Eu amo ele, droga – falei quase gritando – eu amo aquele filho da puta, apesar de está com essa raiva dele eu ainda continuo amando-o.

-Você não precisa dele, diz isso mas eu posso provar que está errada – e então eu percebi que ele estava perto até demais – Margot, você merece alguém que te ame e não alguém que te machuque dessa forma.

Então ele segurou meu punho e me puxou até nossos corpos se chocarem um contra o outro. Levantou o meu rosto com o polegar, eu me sentia hipnotizada com seus olhos.

-Brad... Não faz isso – falei mas não me movi, ele sorriu e então me beijou.

A tentação de retribuir o beijo percorreu pelo meu corpo rapidamente. E eu me assustei.

-Brad não – tentei dizer em meio ao beijo, tentei empurra-lo mas ele me segurava e era mais forte do que eu. Seus lábios roçavam nos meus com força. Então fui empurrada para trás e Bradley foi afastado de mim por Jared que o acertou com um soco no lado direito da face.

Então ele foi para cima dele e os dois caíram no chão, Jared estava por cima dele enchendo-o de socos, até que Brad o acertou também com um soco fazendo-o cair no chão. Os dois se levantaram e voltaram a se bater ali na minha frente, eu estava parada de boca aberta sem saber o que fazer.

-Jared! Bradley! – gritei então vi Shannon e Ian correndo até nós, atrás deles vinha Lila e Cara.

Shannon segurou Jared e Ian segurou Bradley, mas os dois continuavam se batendo querendo se soltar e voltar a briga. Os rostos perfeitos dos meus dois homens estavam cortados e sangrando.

Vi quando Jared conseguiu se soltar do irmão e ia de novo para cima de Brad então corri até ele e entrei na sua frente.

-Jar – segurei seu rosto com as duas mãos, sua respiração estava pesada, forte, o punho fechado.

-Você não a ama – gritou Bradley provocando-o ainda mais.

-Cala a boca! Você não me conhece – Jared respondeu – ela é tudo para mim.

Ele tentou passar por mim.

-Jar, por favor... – tentava faze-lo olhar para mim. – não faz isso.

-Ele te beijou – ele falou indignado. Finalmente olhando para mim, limpou o canto da boca que sangrava com a blusa.

Olhei rápido para Brad e quase sussurrei um “desculpe”

-Não significou nada para mim – falei – você sabe, eu amo você, só você, para sempre. Se não for você, não pode ser mais ninguém.

Um sorriso apareceu nos lábios dele e ele me abraçou, beijando o topo da minha cabeça. Bradley se soltou dos braços de Ian arrumando a camiseta.

-Como eu sou idiota... – Bradley falou rindo de lado, mas pude sentir a tristeza sair de sua voz. – Porque Margot? O que ele tem de tão especial?

-Eu não sei, tá legal? Não fui eu que escolhi... Só que ele é único para mim.

Então ele virou as costas e saiu, desceu as escadas. Me soltei dos braços de Jared e saí correndo atrás dele.

-Brad... Espera! – gritei, saí empurrando todas as pessoas que estavam na minha frente até que chegamos a frente da casa.

-Pra que? Ouvir você dizer que ama ele? Que ele é único?

-Eu não tenho culpa de sentir isso – falei. – Ele foi o primeiro cara que não me tratou como uma vadia quando me viu a primeira vez! – gritei, lagrimas e lagrimas desciam pelo meu rosto. – Ele estava ao meu lado quando eu precisei. Viu o meu pior lado e mesmo assim continuou ali, e você? Onde você estava quando eu precisei de você?

Ele ficou calado me encarando. Ia se virando e abrindo a porta de seu carro então eu corri e segurei sua mão, ele me olhou confuso.

-Me responde! Onde você estava? Porque você fugiu? Por que não me procurou depois que saiu da cadeia? Eu estive do seu lado todo tempo, todos os dias mas e você? Me deixou sozinha!

-Eu também não tinha ninguém, porra! – ele gritou de volta.

-Você tinha a mim! – gritei mais alto.

-Eu estava machucado também. – gritou, eu dei alguns passos para trás.

-Você me abandonou, Brad! Você não tem ideia do inferno que eu vivi depois que me deixou – sequei algumas lagrimas – e você ainda me diz que ele não me ama? – joguei todo o cabelo para trás – foi a única coisa em que eu acertei em anos!

-Mag... eu – ele se aproximou e tentou me tocar, mas eu recuei.

-Não... Ele está certo. Não devemos nos ver mais. – ele ficou sério. Arregalou os olhos e segurou meus braços com força.

-Não, eu não posso aceitar isso. Já fiquei anos longe de você, não faz isso.

-Me solta – meus olhos ardiam de tanto chorar, os apertei com força e parei de lutar contra Brad, perdi as forças nas pernas e me ajoelhei, soluçava de tanto chorar. Não entendia por que estava chorando daquela maneira mas sentia um dor e um aperto no coração que me sufocava. Ele me soltou e eu me sentei no chão, sobre a grama ainda chorando. Jared se aproximou de mim e me ajudou a levantar, soltei-me de seus braços e saí correndo, sem rumo, sem destino. Só corri.