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História A Acompanhista - Prólogo


Escrita por: ElectraV4der

Notas do Autor


Essa é minha primeira história original após o ban que tomei e acabei perdendo as outras KAJAJAJAJJA eu não sei se essa fic vai me trazer muita coisa, mas eu estou gostando muito de escrever. Vou postar um capítulo por semana.

Capítulo 1 - Prólogo


As luzes do teatro se acenderam. No camarote uma estátua de Apolo acompanhava Yutaro: o deus segurava sua lira e o encarava. Yutaro, porém, desviou o olhar da estátua quando as luzes se acenderam. A face séria, meio à escuridão do camarote, encarou a estátua do deus da música mais uma vez. Ele engoliu em seco, sentindo-se triste, traído. 

Karol caminhara até o palco, ele era incólume, um deus da guerra, embora estivesse aos poucos morrendo, o homem do camarote sabia e, com os longos cabelos ruivos distanciados das teclas do piano, passou a tocar as primeiras notas da Polonaise Heroica.

Tąbrowski estava brilhante naquela noite, como se o próprio Apolo, deus da luz, tivesse encarnado sob a forma do polaco que tocava aquela música com o espírito tão acalorado que pensava Yutaro: o Sol, em si, o acalorava. O deus da música parecia zombar de Yutaro quando ele via o jovem polonês tocando a música. Seu cabelo vermelho e esvoaçante, com os ventos do teatro, entretanto, estavam molhados pelo suor. 

O olhar de Karol forçava-se a permanecer na partitura e ele forçava-se a permanecer ali sentado, embora quisesse cair debruçado sobre o piano de cansaço e de dor que sentia, indicando ao rival que seu plano tinha funcionado e este último sorriu, um sorriso de maldade. Tal maldade o próprio Yutaro não sabia de onde tinha vindo. 

Mas Karol era persistente e o próprio Apolo parecia fortalecê-lo e, como bom arqueiro que era, atingiu o japonês com toda força que possuía, pois Tąbrowski não parava com e música e sua performance não estava prejudicada de forma alguma pela doença que o atingia. As notas finais da Polonaise então, trouxeram consigo o merecido descanso. Karol caiu, debruçado sobre o piano e sentindo-se mal.  

De imediato, Yutaro desceu de seu camarote. Ele não sentia vontade de ver o rival morrer como imaginava que sentiria quando aquela hora chegasse, pelo contrário, quis socorrê-lo, como a um amigo. Tąbrowski suspirava e ao vê-lo chegar, chamou-o, como se confiasse nele, coisa que Yutaro tinha de fato conseguido conquistar dele: a confiança. Yutaro subiu ao palco, ouvindo Tąbrowski chamá-lo.

— Karol, eu estou aqui. — Disse ele, num inglês cheio de sotaque. 

— Leve-me para casa, amigo. Há algo que preciso fazer e dependo de ti para tal… — O homem disse, seus olhos entreabertos e o corpo quente, conforme ele tremia. 

Shionoya colocou o braço do rival em torno de seu pescoço, o carregando e o tirando do palco. Um criado ofereceu-se para levar Karol dali, entretanto, Yutaro já o levava, carregando o jovem dali e ele recusou.

— Não se preocupe, eu vou levá-lo para descansar, ele só está com febre! — Yutaro colocou-o em seu carro pessoal, levando o doente dali. 

— Deixe-nos na casa dele, por favor. — Pediu em alemão ao homem que pilotava seu carro e chegando até o local carregou-o prédio adentro, colocando Karol com cuidado e levantando-se, pendurou o fraque perto da porta.

— Yutaro! — Karol chamou-o, tossindo e sentindo ânsia de vomitar a qual Shionoya conteve lhe levando um balde. Karol regurgitou sobre o objeto e então, apontou para a prateleira na qual guardava as partituras e pautas. — Pegue uma, por favor… Eu preciso que me ajude a escrever, Yutaro. Vamos compor juntos porque…esta noite, sei que morrerei.

— Karol, não fale estas coisas… — Ele pediu, já sentado sobre a cama, ao lado dele, mentindo em seu pedido, pois sabia bem que ele morreria, também. 

— É a verdade, meu caro. Em breve, eu estarei morto. Agora, deixa de conversa, vamos compor nossa sonata. É o pedido de um moribundo, não deveis negá-lo, Yutaro. 

Yutaro sabia, ele não poderia negar. Tinha uma expressão de surpresa pelo pedido naquele momento, indo trazer a pauta para que os dois começassem a composição. O moribundo passou a ditar a ele as primeiras notas e então, ele as finalizava.

Karol ia rápido demais, ele pensava, de fato mesmo morrendo compunha como um deus da música e Yutaro ali o estava apenas o auxiliando, coisa que de fato ele o fez até que Karol pediu a folha.

— Dê-me aqui, deixe-me ver o que criamos. — Ele pediu, ao estender as mãos para que pegasse a folha. Ao ver a música, o ruivo sorriu, cantarolando a música e então sorriu para Yutaro. — Estou feliz que tenhamos criado… algo juntos. 

Ele reclamou de dor, o que fez com que Yutaro sentisse uma amargura que lhe acelerava o coração e o angustiava naquela situação, sem saber o que fazer. Ele, por um instante, arrependeu-se de ter feito tudo o que fez ao jovem Tąbrowski e quis desfazê-lo, mas já era tarde para tal. Quando Karol ficou inconsciente e suas queixas de dor cessaram, ele deduziu: o jovem já estava morto. 

Aproximou a mão do coração, sem a coragem para tentar acordá-lo e não ouviu batida alguma. Desesperou-se interiormente e afastou-se.

Yutaro chorou com horror e pensou:

— Pior que matar, apenas morrer! 

O pianista correu dali, simulando uma tosse intensa, que era parte do plano, mas que ele desejava que fosse real, até seu apartamento. Ele não desejava ser encontrado junto do cadáver daquele que era seu rival e ao mesmo tempo amigo e enfrentou o frio de Viena, tão angustiante quanto ver Karol suado, pálido e a vomitar e agonizar enquanto ele escrevia as notas sobre a partitura. Ao entrar em casa, Chiara Cagnin o esperava. 

— Onde esteve? Onde esteve, Yutaro!? Por acaso foi atrás de uma das suas sopranos? 

Yutaro, entretanto, não a respondeu. 

Ele desmaiou antes que pudesse responder algo, o que assustou Chiara. Esta gritou para que colocassem o homem no quarto e se afastou, assustada. Yutaro estava doente e ela contou isso a todos. 

De fato, os companheiros de orquestra acreditaram no que a Cagnin estava contando. Yutaro parecia tossir demais, não saía à noite e dizia a todos que não poderia frequentar os lugares de costume pois estava com febre e passou a receber cartas de amigos sobre procurar hospitais e sanatórios. Yutaro sabia o que fazer.

"Caríssimo Maestro Cavalieri,

Agradeço a preocupação vossa e de demais colegas de orquestra, mas estarei me tratando em meu continente, perto de casa, onde meu pai passou seus últimos dias. 

Acredito que os sanatórios da Europa apenas deixarão minha saúde mais frágil, sabemos que é o mais provável de suceder se eu ficar e procurar vossos médicos. 

Escrevam-me, eu responderei vossas cartas. 

 

Yutaro Shionoya"

E com aquela carta ao maestro, o pianista partiu da Europa para a casa onde seu pai tinha passado seus últimos dias, com o plano, entretanto, de voltar.

 

Aquele ano, 1912, marcava dois anos de ocupação japonesa na Coreia. E há dois anos atrás, o pai da jovem Yoo Sunhee havia sido enforcado por um oficial japonês, acusado de roubar da casa de seus patrões. 

Dois dias antes de seu enforcamento, sua filha havia sentido um mau pressentimento, sentido seu peito doer como se tivesse sido ali esfaqueada. A moça agora sentia mesma dor, que antecipava maior dor após sua patroa, mulher do tal oficial, aparecer aos gritos exclamando seu nome japonês. 

— Junko! Junko sua nojenta! Onde está meu colar? 

Ela não sabia do que se tratava, sequer era criada pessoal e poucas vezes limpava o quarto da senhora. 

— Eu não sei, senhora! Não vi seu colar, me perdoe! — Ela clamou, os olhos assustados diante da crueldade da japonesa em acusá-la. Não entendia sequer o porquê de ser ela a acusada de roubar tal item. 

— Não me venha com tais imbróglios, Junko! Muito vi você olhar para meu colar da última vez que limpou meu quarto. Eu vasculharei suas coisas, pirralha. E se eu não encontrar, será expulsa e só retornará com meu colar em mãos, entendeu?

Sem ter a quem clamar, quase chorando, Sunhee apavorou-se e concordou.

Tinha medo do que poderia fazer a japonesa e não sabia qual seria seu destino, se ela acabaria como seu pai acabou e correu até o único lugar onde se sentia acolhida, por outra criada, uma senhora coreana muito idosa que cozinhava para aquele oficial e sua família, já chorando. 

— Sunhee… — A mulher largou o fogão por um instante e então foi até a pobre menina, preocupada com seu estado, ao vê-la tão chorosa. 

Acolheu Sunhee entre seus braços, a consolando.

— O que aconteceu, pequena? 

— A senhora está me acusando de ter roubado seu colar… — A expressão da moça mudou com aquela pausa. — Ela vai me enforcar! Como fez com meu pai, senhora Hwang!

— Não querida, ela não pode! Não o roubaste, logo, ela não poderá prendê-la.

— De qualquer forma, tenho medo.

— O máximo que ela pode fazer é demiti-la e para isso, temos algo, eu vou ajudá-la, fique calma. 

E Sunhee de fato, acalmou-se, confiando na velha senhora até mesmo quando a mulher relatou o acontecido ao marido. Ela sabia que o que a senhora estava fazendo era mais por maldade que por um simples colar, de fato. 

Pela manhã, a mulher lhe expulsou. 

Mas Sunhee também possuía uma arma e tal arma era uma carta de recomendação.

— Um senhor doente voltou da Europa, bastante rico. Seu pai, o senhor Katsuki Shionoya, era dono de navios. Leve consigo esta carta, eu a fiz a partir da carta de recomendação de meu antigo patrão, trocando meu nome pelo seu, ele não desconfiará… diga que madame Rina Fujiwara falou coisas boas de ti, ela foi sua professora quando o senhor Shionoya era mais jovem. Ele vai acreditar. 

Assim a senhora a orientou e a colocou num carro, à caminho da mansão Shionoya. O pressentimento, aparentemente, tinha sido falso.


Notas Finais


Espero que quem se interessar, leia e goste 💖


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