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História A aposta - Shawmila - Formas.


Escrita por: jujubs021

Notas do Autor


Oi :) eu posso não ser a melhor escritora, mas sou a mais legal kkkk ou uma das mais legais, porque têm um monte aqui que eu sei!
Presentinho pra vcs! Atualizei rápido né? Milagre.
E o cap ta com quase 4k (o dobro, praticamente). Espero que gostem! <3
Boa leitura!

Capítulo 40 - Formas.


Fanfic / Fanfiction A aposta - Shawmila - Formas.

 

POV. Narrador.

 

- MGK, eu acho que já chega.

     Um dos caras disse, já exausto de bater no homem desacordado no chão. O branquelo cheio de tatuagens se recusou a parar e continuou a distribuir chutes, por mais que o outro já estivesse desacordado há algum tempo e uma poça de sangue começasse a formar-se ali. Ele não pararia, afinal de contas a ordem que teve foi de terminar com tudo aquilo, mas as luzes vermelhas e azuis chamaram sua atenção, além do barulho da sirene e ele assustou-se.

- A polícia, porra. Nós temos que ir agora! Pega a carteira dele. Pega a carteira!

- Pegar a carteira pra quê?

     Como sempre um dos três, o mais lesado, perguntou. A ordem era dar uma surra, uma bela surra, mas em momento algum o homem havia pedido para que roubassem pertences.

- Pra parecer que foi um assalto, e não um trabalho. Seu idiota!

     As luzes ficaram mais próximas e o idiota abaixou-se tateando os bolsos e achando a carteira. Abriu tirando algumas (muitas) notas de dólares que havia ali, mas não deixaria a carteira ali, obviamente. Começaram a correr e no meio do caminho, depois de pegar o que poderia, jogou-a no chão deixando assim alguns documentos espalhados pelo caminho.

 

     Camila estava completamente aérea. As meninas inclusive perguntaram se estava tudo bem, mas acharam que fosse por conta do seu noivado. Que ela estivesse sonhando acordada, basicamente. Mas a latina teve de pôr os pés no chão quando os clientes começaram a chegar e ela teve de concentrar-se para que fizesse um bom trabalho.

     Nem percebeu o passar do dia. Deu conta de que era o último dos clientes quando a mulher disse que teria de buscar os filhos na escola. A mulher saiu de sua sala e ela respirou aliviada sentindo uma tensão percorrer lhe a nuca.

- Camila? – Ashlee entrou um pouco assustada em sua sala.

- Oi? – Ela mal teve de tempo de arrumar-se na cadeira e ouviu vozes mais altas do lado de fora, mas ainda não havia identificado o que ou quem estava falando.

- Tem uma mulher aí fora, e ela quer falar com você.

- Comigo? – Estranhou, pois quem teria que atender já havia atendido. Olhou pela janela e viu que o dia escurecia do lado de fora. O tom azul acinzentado tomando conta do céu. O sol já havia sumido por conta dos prédios altos. Levantou-se para caminhar até onde estava o burburinho.

- O que você fez com ele?

       A loira estava furiosa. Ela lembrava-se de já ter visto a mulher em algum lugar, mas não lembrava-se exatamente da ocasião.

- O quê? Quem é você?

- O que você fez com o Shawn? – Perguntou desesperada. Os olhos vermelhos de raiva e, naquele momento, de choro.

     Alice sabia que o amigo ia ver Camila pela parte da manhã, ela soube que ele mal tinha conseguido dormir e por mais que não gostasse de vê-lo perder noites de sono o apoiou, afinal, é para isso que os amigos servem.

     Eles haviam combinado de almoçarem juntos, mas Shawn não apareceu. Ela ligou pra ele, mas o telefone tocava e ninguém atendia. Foi até seu apartamento e nada. Em sua empresa muito menos. Mandou mensagens para conhecidos em comum, mas ele simplesmente havia sumido e a ultima pessoa que tinha falado com ele havia sido Camila.

     Ashlee, Taylor e Keaton observavam a cena, mas o homem já estava preparado para ir embora. Manteve-se em posição caso a loira pulasse em cima de sua chefe. Essa que com a plateia estava sentindo-se bastante incomodada. Não pelo fato de ter gente ali, compartilhando daquela cena, mas mais pelo fato da loira ter citado aquele nome.

     Exatamente na mesma hora que o nome do homem foi citado ela sentiu os lábios latejarem e os pelos de sua nuca se arrepiaram. Camila cruzou os braços, automaticamente abraçando a si mesma, como se estivesse protegendo-se de alguma maneira. Alice viu a aliança de noivado reluzir no dedo e montou um possível quebra-cabeça.

“Shawn viu que ela está noiva e foi encher a cara no primeiro boteco que encontrou. Vai beber, fumar e se bobear vai até usar drogas.” Foi o que pensou inicialmente, depois pensou que ele poderia ter saído para espairecer e que talvez aquilo serviria para que ele pudesse seguir em frente.

- Eu não fiz coisa alguma. Ele veio aqui mais cedo, mas não ficou.

     Alice esfregou as têmporas. Havia explodido atoa e estava pronta para pedir desculpas à Camila pelo tratamento um tanto quanto grosso e infantil, até certo ponto.

- Ok, desculpe-me pelo descontrole. É que eu não consigo falar com ele desde cedo. – Camila achou normal, afinal de contas às vezes algumas pessoas apenas não estão muito afim de serem incomodadas. – Combinamos de almoçar e ele não apareceu.

- Ele realmente não demorou aqui. Tentou o celular?

    Alice balançou o aparelho em mãos e tentou mais uma ligação. Ela já tinha ligado mais de dez vezes e apenas tocava, mas ninguém atendia. Teria deixado ele no silencioso?

- Eu liguei mais de dez vezes e ele não atende. – Suspirou.

- Tenta de novo.

     O tom de voz da latina saiu completamente manso, porque ela não estava apenas dizendo. Ela estava fazendo um pedido internamente. Uma dor latejante tocou-lhe a testa e ela sentiu o pelo de seus braços se arrepiarem, num péssimo pressentimento. A verdade é que ela estava sentindo alguns arrepios há um bom tempo.

    Quando ela estava prestes a discar novamente a tela de seu celular começou a piscar mostrando a identificação de Shawn. Ela suspirou aliviada e atendeu já pronta para dar aquele esporro no homem.

- Até que enfim, seu idiota! – Ela disse bolada, mas alegre. Durou apenas alguns segundos. – Oi, perdão. Eu sou irmã dele. Com quem estou falando?

     Alice já era branca, mas ficou transparente. Seus lábios perderam a cor e ali Camila viu que tinha algo de errado e sentiu-se preocupada também. Viu que a loira mantinha o telefone no ouvido, mas estava em estado de transe e não falava nada. Ou parecia não processar nada.

     Não aguentou em sua postura quando viu os olhos da outra cheio de lágrimas, então apenas tomou o celular em mãos a tempo de ouvir alguma coisa. Alice ainda estava em choque.

- Estamos levando-o para o Hospital Mercury. A senhorita consegue ir para lá? - A palavra “hospital” fez Camila voltar oito anos atrás no túnel do tempo e lembrar-se de quando ele sofreu aquele acidente de carro e ela viu e o acompanhou de perto. Gelou de extremo à extremo. – Senhorita? Está me ouvindo?

- Sim, estamos indo para lá.

     Desligou o telefone. Alice ainda estava em choque e ninguém estava entendo nada. Como Camila iria para o hospital? Lembrou-se de seu motorista, mas pelo horário ele já deveria estar ali, só que ele não estava.

- Aconteceu alguma coisa, chefa?

- Keaton, preciso que você leve-a para o Hospital Mercury. Agora!

     O garoto assentiu e ainda com a mochila nas costas aproximou-se de Alice que chorava silenciosamente. Tocou nos ombros da garota e ela se assustou por um momento, para logo em seguida cair em um choro copioso.

- Eu... eu preciso ir. – Claramente desnorteada.

- Eu levo você. – Ela assentiu passando a mão de qualquer jeito pelo rosto tirando algumas lagrimas do caminho. – Você vai também? – Perguntou à latina.

- Não. Rápido, vá com ela. – Ele assentiu antes de saírem à caminho do carro do garoto estacionado bem ali perto.

     Camila queria ir, mas ela simplesmente não podia. Shawn havia sido o passado dela e passados ficam lá atrás. Ela não conseguiria vê-lo novamente em um lugar ruim, sem saber como ele realmente estava e sua real condição.

     Seu coração ficou do tamanho de um grão de arroz, mas ela apenas deu de ombros e respirou fundo antes de ligar para seu motorista para que pudesse ir pra casa.

 

[...]

 

- Ele perdeu muito sangue! – A mulher empurrava a maca apressadamente.

- Briga de rua?

- Pelo que parece foi assalto. Parece que ele reagiu.

- Contataram os familiares?

- Sim. Está a caminho do hospital.

- Tudo bem. – O socorrista pegou uma tesoura e cortou a camisa de Shawn ao meio, tendo uma pequena noção do corte que ainda sangrava bastante. – Merda! Ei, garoto. Preciso que você seja firme e não desista, certo?

     Correram com ele para o hospital. Ele havia perdido uma quantidade considerável de sangue, mas nada que precisasse de transfusão. Haviam, definitivamente, dado uma bela de uma surra no garoto. Graças às forças superiores Shawn não teve nenhum órgão perfurado. Alguns pontos fecharam a ferida e mandaram-no para que fosse examinado com aparelhos raio-x. Nenhuma fratura, o que eles consideravam um milagre devido às circunstancias em que ele se encontrava.

     Os socos, ou as pancadas deferidas ao rapaz na maior parte das vezes pegaram nos músculos e não nos ossos. O problema seria seu rosto. Os cortes eram superficiais, mas com certeza ficaria roxo, inchado e machucado por um bom tempo.

     Ele estava praticamente dopado. Injetaram muitos remédios para que os exames pudessem ser feitos e, principalmente, para que a dor que sentisse não fosse tão aguda.

     Alice chegou ao hospital alguns minutos depois, e teve de esperar sem ter uma noticia concreta. O que sabia é que havia ocorrido um assalto e Shawn “revidara”, o que ela achou completamente estranho. Mas as informações passadas era que ele estava sendo atendido e estava completamente fora de perigo. O que a acalmou dez por cento, mas noventa por cento de si só ficaria tranquila quando visse o melhor amigo com seus próprios olhos.

 

[...]

 

POV. Shawn.

 

     As veias no meu braço esquerdo pareciam latejar e meus olhos arderam por alguns segundos, por mais que estivessem fechados. Minhas pálpebras pareciam pesar quilos e meu corpo estava levemente dolorido, como se eu ficasse um longo tempo sem exercitar-me e de repente resolvesse fazer um tipo de exercício físico que exigisse demasiadamente do meu corpo. Abri os olhos com um pouco de esforço, confesso.

Minha vontade maior era saber aonde eu estava.

Talvez não tenha sido novidade. Quarto de hospital. Mais uma vez.

     Uma enfermeira gordinha e de cabelos presos sorriu quando me viu mirando-a. Ela injetava alguma coisa em mim enquanto verificava o medicamento pingar de pouco em pouco.

- Olá, rapaz.

- O que aconteceu? – Perguntei com a voz rouca, como se estivesse dormido por um bom tempo.

- O médico vai passar aqui para lhe explicar o que houve. Você sente-se bem? Sente dores ou algum incômodo?

     Eu realmente só sentia meu corpo cansado e agora que ela disse um local em meu abdômen pareceu arder quando tentei me movimentar, por menor que fosse o movimento.

- Auch.

- Acho melhor você não se mexer muito. Pelo menos por enquanto, para que você não sinta dor. A mocinha desceu para comer alguma coisa, mas disse que não iria demorar. – Eu fiz um esforço, porque da ultima vez que me lembrava de estar com alguma mulher, essa mulher era Camila.

- Eu vou me casar!

- Eu vou me casar!

- Eu vou me casar!

     As palavras ditas por Camila gritaram em um letreiro grande e colorido bem na minha frente, recordando-me brevemente do acontecido e fazendo com que minha cabeça latejasse levemente.

       Eu ainda estava entorpecido com o beijo. O toque entre nossos lábios ou a forma como suas mãos ficaram paradas sobre meu peito, sentindo como meu coração batia acelerado quando eu estava perto dela.

 

- Eu vou me casar! – Ela repetiu, por fim abrindo os olhos e tomando consciência de que estávamos muito perto. Tomando consciência do que havíamos acabado de fazer. – Isso é errado! Não deveria ter acontecido.

     Me empurrou, apenas. Sem grosseria, sem violência. Meu corpo, que antes parecia flutuar como uma pena, agora parecia que eu carregava um enorme elefante nas costas. Eu não tinha uma reação certa. Estava surpreso e agora, vendo que ela me dizia a verdade e não apenas para me expulsar, meu coração batia destroçado.

     O anel brilhante em seu dedo reluziu. Brilhou como seus olhos brilhavam com tantas lágrimas. Eu não senti meus olhos marejarem, o que houve foi apenas que minha visão ficou turva por alguns segundos e eu pisquei diversas vezes pare recobrar o foco.

Chorava ela por tristeza? Saudade? Arrependimento?

- Como? Isso não é possível...

- O que não é possível? Uma pessoa me amar de verdade? – O tom de sua voz e sua postura mudaram completamente.

- Não foi isso que eu quis dizer.

- Mas foi o que disse! Por favor, vá embora.

- Camila...

     Falar o nome dela nunca me pareceu tão difícil. Eu sentia como se tivessem nós em minha garganta e agulhas perfurando-me de dentro pra fora. A respiração falhou, porque já era difícil naturalmente respirar perto dela. Tornou-se impossível quando eu  vi que ela realmente se casaria. E não seria comigo.

- Por favor. Vá embora e não volte mais. Sei que não estamos em maus termos, mas não torne isso mais difícil do que já é.

Ela pediu e eu fiz.

     Caminhei de costas, de frente pra ela sem quebrar nosso contato visual, simplesmente porque eu não conseguia. Por mais que eu quisesse respeitar sua opinião, eu apenas me sentia fraco demais para levantar aquela barreira por ela.

     Os meus passos foram longos. Foram em câmera lenta e ela passou a mão pelo rosto secando o rastro das lagrimas que haviam passado por ali. O anel brilhou mais uma vez e meu peito e pescoço pesaram.

     Pesaram porque desde o momento em que eu vi Camila novamente, eu passei a andar com nossas alianças de compromisso de quando éramos jovens. Pendurados em um fino cordão de ouro, preso ao meu pescoço e depositado sobre o meu peito. Escondido por debaixo da camisa que eu usava. O importante não era ninguém ver. O importante era aquilo ali estar comigo.

     Parei na porta e me virei, para em seguida encarar-lhe mais uma vez. Eu não poderia desistir dela e eu não conseguiria desistir dela.

- Eu não vou desistir de você. – As palavras simplesmente saíram. Ela deu de ombros e suspirou pesadamente, em um lamento.

- Você já desistiu, Shawn. Você desistiu há oito anos.

 

- Ei, você acordou.

     Acordei do meu transe e vi Alice entrando lentamente no quarto. Ela virou-se para a porta de madeira enquanto fechava-a e quando voltou seus olhos para mim eu me assustei por breves segundos.

     Abdicada das maquiagens escuras que sempre usava, grandes bolsas estavam presentes sob seus belos olhos claros. Ela parecia meio detonada, e ainda assim estava bela.

- Eu disse que a mocinha não ia demorar. – A enfermeira sorriu. Eu tinha até esquecido que ela ainda estava ali. – Com licença, mas eu vou precisar levantar a sua roupa para poder fazer a limpeza e trocar o curativo.

     Ela não estava pedindo. Estava apenas avisando que o faria. E qual foi o tamanho da minha surpresa ao ver um curativo com alguns bons centímetros em meu abdômen? Por isso ele estava ardendo e incomodando-me um pouco.

     Focalizei em Alice. Primeiro porque não gostava de ver sangue/machucados e também porque eu queria saber o que tinha acontecido. Eu estava com alzheimer?

- Você está péssima!

- Melhor do que você, com certeza! – Ela sorriu. – Você me assustou, cara de panda.

- Não entendi a referência. – Franzi o cenho.

- Quando você tiver um espelho, talvez entenda. – Riu com vontade sentando-se perto de mim e segurando minha mão livre. – Que bom que nada aconteceu.

- Na verdade... O que aconteceu?

     Era incomodo conversar sabendo que uma terceira pessoa que eu não conhecia também ouvia e compartilhava da minha conversa.

- Você realmente não se lembra? – Neguei. – Nada? Nadinha? – Neguei mais uma vez e ela suspirou. A enfermeira passou algo que ardeu e eu dei um pequeno “pulo” de susto. A movimentação surpresa fez com que outras partes do meu corpo parecessem mais doloridas do que nunca.

- Fui atropelado? Sinto que foi isso. – Eu ri, por mais que não tivesse graça.

- Hm, mais ou menos. Houve um assalto e você reagiu. – Ela piscou lentamente. – Espera, você reagiu?

     A palavra assalto fez com que dentes metálicos e olhos claros piscassem na minha frente. Lembrei de uma faca, três caras e socos. Depois disso não me lembro de mais nada.

- Eu não sei, Alice. Eu não me lembro. – Menti, porque se dissesse o que realmente tinha acontecido ela poderia ficar ainda pior do que já estava. Eu esperaria sair dali para que lhe contasse a verdade. Qual a chance dela dar uma de heroína e acontecer algo com ela? Grande são aso probabilidades.

- A polícia fez uma perícia, mas não encontraram nada além dos seus documentos largados em um local próximo. Engraçado que não levaram seu celular, então assim que você estiver um pouco melhor as autoridades vão fazer um pequeno interrogatório com você.

- Tudo bem.

     A enfermeira, cujo nome era Rose, eu sabia agora. Terminava de fazer meu curativo, após terminar de limpar. Alice prestava a atenção, pois provavelmente teria que fazer aquilo quando eu tivesse alta, mas seu celular tocou tirando-a da órbita da terra. Ela respirou fundo olhando o nome no visor.

- É o Mike. Ele realmente ficou preocupado com tudo isso. Eu vou atender e já volto, okay? Okay.

 

POV. Narrador.

 

     Três dias haviam se passado desde o acontecido em uma das vielas de Nova Iorque. Shawn já se recuperava em casa com alguns cuidados de sua amiga, mas nada que lhe fugisse muito do controle, porque ele sentia-se melhor e conseguia fazer algumas coisas. Não podia, mas fazia.

     O prazo foi de duas semanas, para que o ferimento cicatrizasse e ele voltasse para retirar os pontos. Uma vez que secos por fora não significa que eles estão sarados por dentro, foi isso que o doutor explicou.

     Camila tentava levar sua vida do mesmo jeito que sempre levara, não deixando abater-se por nada, mas uma ruga começava a fixar em seu rosto com uma preocupação decorrente há uma ligação surpresa em sua clínica. A ligação onde não soube o que houve, mas soube que algo houve.

“Eu não tenho nada a ver com isso.”

“Sossegue, Camila. Isso não é da sua conta.”

     Eram os pensamentos pertinentes que lhe rondavam a mente e tiravam algumas belas horas de seu sono preciso e precioso. Ligou para Dinah, já que a mulher ainda mantinha algum contato com o garoto e poderia saber de algo, mas ela não sabia de nada. Iria para Dubai na próxima semana e realmente não tinha como fazer nada por Camila, aliás, uma coisa tinha.

     Dinah não sabia quem, ou o porquê do interesse repentino da latina em visitar o hospital e pedir uma indicação por isso.

“Preciso fazer alguns exames de rotina, sabe como é.”

Foi a melhor e mais autentica desculpa C. C de Camila e C de convincente.

- A Allyson está por lá há algum tempo, Chancho. Eu não tenho o contato dela, mas com certeza há algo na internet. Procure-a e tenho certeza de que ela poderá lhe ajudar.

- Tudo bem, Chee.

     Camila pesquisou e pegou o telefone da doutora Allyson Brooke, mas não foi ao hospital dar a cara a tapa. Não fez isso quando tudo aconteceu e não faria agora. Ainda mais que Ally não lhe daria nada de mãos beijadas. Era falta de ética e ela sabia disso melhor do que ninguém.

- Eu estou ficando louca, só pode!

     E só podia mesmo. Não perdeu tempo e foi até a tal confeitaria (e cafeteria) onde tinha certeza que saberia de alguma coisa. Por mais superficial que fosse. Pelo menos ela saberia se ele estava bem, algo mais grave tinha acontecido e enfim... Ela poderia ficar em paz.

     O pensamento dela ter culpa naquilo, por menor que fosse (e mais absurda, obviamente) quase a deixou careca de preocupação e nervosismo. Ela estava um pouco sistemática e Justin, seu noivo, percebeu. Só que ele estava preocupado com outras coisas em mente.

- Então você vai casar-se?

- É, eu vou. – Ele estava sorridente. Sentando naquela pose cheio de poder trajando o terno mais caro aproveitando da vista e da comodidade em sua cadeira presidencial. – Mas porque você veio aqui? Eu disse que ia te ver no final de semana.

- É importante.

- E não pode esperar até a sexta feira? Alguém pode nos ver e isso pode sair um pouco de controle. Agora eu sou um homem prestes à me casar, Selena.

- Sim, eu já percebi. Não precisa falar mil vezes, mas acredite: é realmente importante.

- Então me diga logo o que é. Eu não tenho o dia todo.

- Eu acho que estou grávida!

     E aí estava a bomba. Aí estava a preocupação e o motivo dele não ligar para a preocupação e mente avoada de sua noiva nos últimos dias.

- Como assim grávida? – Seus olhos quase saltavam da cara.

- Gravida, oras.

- Como isso aconteceu? – Levantou e começou a rodar pela sala em sinal de nervosismo. Afrouxou a gravata procurando ar, mas estava difícil e a vista agora não valia tanto a pena. O poder escorreu pelos dedos trêmulos.

- Acho que você sabe como isso aconteceu... – Ela gesticulou com as mãos.

- Você está brincando comigo, só pode. – Aproximou-se e segurou-lhe pelo braço, apertando mais do que deveria e arrancando assim um gemido doloroso da garota. – Você está brincando, Selena... O que você quer? Um anel como o de Camila?

- Eu não quero anel nenhum, Justin. – Soltou-se massageando o local. - Eu não tenho certezas, mas tudo indica que sim. Eu apenas vim lhe avisar antes, até porque eu gostaria de fazer um exame.

- Faça, então faça!

- Eu farei, mas não tenho condições de custear.

- Eu pago, que seja... Eu pago. Apenas faça isso o mais rápido possível e não me procure mais aqui. Eu vou até você.

     Ela assentiu e, apenas por implicância (e de sua vontade de fazer, porque era proibido e proibido sempre é mais gostoso) aproximou-se selando os lábios antes de sair rebolando pela sala do presidente.

 

[...]

 

     Camila estava numa batalha árdua entre entrar ou passar direto. Estava há exatos dez minutos naquele “vai não vai” e quando viu já estava chegando no balcão. O cheiro dos doces e das bebidas quentes lhe subiram a mente fazendo com que sua barriga roncasse levemente.

- Bom dia, em que posso ajuda-la?

- Eu gostaria de um chá, por favor. E alguns biscoitos desse. – Apontou para os biscoitos bonitos que estavam ali perto. – Obrigada. – Agradeceu quando tudo já estava ali.

     Sabe o ditado “um olho no peixe e o outro no gato?” Camila estava com a boca nos biscoitos de leite, mas com toda certeza sua atenção estava presa nos dois rapazes que iniciavam uma conversa atrás do balcão.

- E como a Alice anda?

- Chateada com algumas coisas, porque parece que não foi o que a polícia acha que foi. É um pouco complicado.

- E como o garoto está?

     Por garoto Camila julgou ser Shawn. Seu sentido de audição ficou aguçado dez vezes mais, porque ela pareceu focalizar ainda mais na conversa. Era feito ficar bisbilhotando o assunto dos outros, mas era o único jeito dela saber se estava tudo bem.

- Melhorando, eu acho. Está todo roxo, até porque né... – Deixou no ar e Camila franziu o cenho. Até porque o que? – Mas vai ficar bem, se Deus quiser... Semana que vem ele deve retirar os pontos.

- É um progresso.

- Sim, é um progresso.

     Então Camila, mesmo que de forma inconsciente, anotou em seu cérebro que na “semana seguinte” teria de arrumar um jeito de fazer uma visitinha à Allyson Brooke.

 


Notas Finais


WOW o que temos por aqui não é mesmo?! acho que vou explodir hahahaha
gente, só deixando claro que não tô atualizando as outras fic por conta de bloqueio, nada pessoal... não desistam de mim porque vou voltar com tudo!
Me digam o que estão achando. Querem algo? Só pedir!


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