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História A aposta. - Vinho, morango e Chocolate.


Escrita por: firefox1

Notas do Autor


Boa tarde.
Boa leitura.

Capítulo 6 - Vinho, morango e Chocolate.


Fanfic / Fanfiction A aposta. - Vinho, morango e Chocolate.

     Sentado no fundo da Sala Verde e Dourada, Malfoy observava o vaivém dos garçons, reti­rando os pratos das mesas, e o burburinho de vozes, risos e música. A pista de dança lotada e a animação da festa evidenciavam o sucesso do evento, um tributo a Crew.

    Boat conversava com um fotógrafo, na frente da sala. Ao lado de Draco, Theodore Nott seguiu a direção do olhar do amigo, com pálpebras semicerradas.

          —  Boat é um homem e tanto.

   Draco sorriu. Theo não mudara, nos dez anos em que o conhecia, ainda possuía a mesma expressão de cão aban­donado e o mesmo jeito simples e despretensioso, incomum em um homem de sua posição e fortuna. De todas as pessoas que Draco conhecia em Londres, Nott fora o único que ele sentira prazer em encontrar, naquela festa.

        — É, sim — concordou, com voz arrastada.

        — Inteligente... dinâmico... bonito...

        — Muito bonito.

        — Mas não é ele, não é?

     Não era uma pergunta, e sim uma constatação. Draco olhou para ele, com uma ruga na testa.

        — Por que diz isso?

        — Só ver vocês juntos...

        — Hoje, você quer dizer? — Draco sorriu. — Não serve como base, levando-se em conta como ele está ocupado.

       — Exatamente. — Theodore recostou-se. — Eu conheço você,Malfoy. Se Boat fosse tão importante, você encon­traria um meio de ficar perto dele, quaisquer que fossem as circunstâncias.

   Sentindo-se pouco à vontade, Draco concentrou a atenção na pista de dança. A noite toda, seus pensamentos vagaram entre a revista, Potter, Dorset, Potter.

   Um simples vislumbre de terno preto slim ou o som distante de uma gargalhada atraía o olhar de Draco, à pro­cura dele. Não lhe saía da lembrança a imagem de Harry naquele terno justo na medida certa, nem o modo como ele flertara descaradamente com Zabini, e Draco se perguntava se ele já o teria encontrado. Quando a orquestra começou a tocar uma versão branda de uma canção dos Rolling Stones, Draco virou-se para Nott, determinado a desiludi-lo de uma vez por todas.

          — Acho que estou precisando mudar um pouco o ritmo. Que acha de dar uma olhada no bar, lá embaixo?

          — Você manda! — Theo levantou-se e seguiu Draco. — Pelo menos, a música não fará falta!

      — Chegou a pensar a respeito de participar da Semana das Corridas? — perguntou Draco, enquanto desciam a esca­daria acarpetada. Você poderia ser útil, na tripulação.

    Nott deu de ombros.

        — Não há razão para eu não ir, realmente. — Ele sorriu, com evidente esforço. — Não é como se houvesse alguém esperando por mim, aqui, sentindo minha falta...

    Malfoy amaldiçoou-se intimamente, conforme atravessavam o saguão inferior. Não fora sua intenção tocar num ponto sensível, apenas desviar a atenção de Theodore de Boat.

         — Não tem tido notícias de Newt? — Ele se sentiu no dever de perguntar.

         — Nem uma palavra, em seis meses. Mas já aceitei a situação, Draco. De verdade.

         — Ele está, mesmo, decidido pelo divórcio?

        — Segundo meu advogado, sim. — Nott empertigou-se, tentando livrar-se da melancolia. — Mas tudo isso são águas passadas, portanto, se você quer minha companhia na Se­mana das Corridas, sou todo seu.

   Draco deu uma palmadinha no ombro de Nott.

          — Ótimo! Telefonarei para Weymonth, amanhã cedo, para informá-los. Está na hora de você começar a sair mais, namorar...

   Theo fez uma careta.

          — Não tenho certeza se ainda me lembro de como é isso!

          — A Semana das Corridas é a oportunidade perfeita. Velejar de dia, ir a festas à noite... Acredite, vamos nos divertir a valer!

    Dessa vez, o sorriso de Nott foi autêntico.

          — Quem sabe, conseguimos, finalmente, encontrar um nome para seu barco!

     Malfoy abriu a porta do bar.

         — Não tenha tanta esperança. Aliás, já me acostumei a chamá-lo de Barco.

    Os dois homens riram e entraram no bar, hesitando por um momento enquanto seus olhos se adaptavam à ilumi­nação fraca. Réplica de um clube de cavalheiros da época vi­toriana. Era um salão confortável, com cadeiras estofadas e quadros a óleo em tons escuros dependurados nas paredes revestidas de madeira.

    Conforme Malfoy vasculhava o salão, à procura de uma mesa, um casal sentado em um banco estofado, em um dos cantos, atraiu sua atenção.  Mesmo na penumbra, os movimentos irrequietos denunciavam quem era Potter. E o homem ao seu lado era Blaise.

         — Tem um lugar ali — disse Nott, apontando na direção oposta.

         — Espere...

   O sangue de Draco fervilhou nas veias quando ele viu a mão de Zabini pousar sobre o joelho de Harry.

          — Aquele é Blaise Zabini? — perguntou Nott, estreitando os olhos.

    Draco não conseguia desviar o olhar da mão de Blaise.

          — O próprio — murmurou, relaxando só um pouco quan­do Harry segurou a mão de Blaise o guiou-a para longe de seu corpo.

     Malfoy esperava, em parte, que ele se levantasse e saísse, porém não foi o que aconteceu. De fato, por que ele faria isso? Entre outras coisas, Blaise era rico e disponível, as únicas duas qualidades que Harry podia exigir de um homem, naquele momento, graças à aposta que ele havia cometido a asneira de propor.

         — Sabe que eu não invejo a vida de Zabini? — comentou Nott, pensativo. — Só relacionamentos fúteis, um após o outro... Se bem que com aquele ali, até eu!

          — Blaise está perdendo tempo com ele.

          — Você o conhece? — perguntou Theodore, surpreso.

        — É Harry Potter. Trabalha na editora, é colunista do Times. — Malfoy forçou-se a aparentar serenidade, enquanto via o outro aproximar o rosto de Harry. — Vamos nos sentar.

         — Bem, nós sabemos como isso vai terminar, não? Dessa vez, o sangue de Draco gelou.

         — Como assim? — perguntou, no tom de voz mais natural possível.

       — Ora, é óbvio que Blaise tem planos para esse seu Potter. — Nott espiou por sobre o ombro. — E, se bem o conheço, ele vai conseguir o que quer.

    Alguma coisa repentina, amarga e desproporcional ao co­mentário de Theo retorceu o estômago de Malfoy. Raiva? Ciú­me? Ele rejeitou ambos, imediatamente.

          — Ele não é meu Potter. É um funcionário da revista somente.

    E, desde que não terminasse em pedido de casamento, o que acontecesse entre ele e Zabini não era de sua conta. Enquanto se virava, ele teve um vislumbre de Blaise novamente inclinando-se para dizer alguma coisa a Harry. Draco observou, fascinado, a expressão surpresa de Potter. Ele arqueou uma sobrancelha, com ar de indagação, e Harry fechou a boca. Num movimento sutil, ele entrelaçando os dedos com os de Blaise para mostrar a Malfoy que ele não tinha desistido da aposta.

   "Mantendo as aparências", pensou Draco, com uma sen­sação de alívio tão intensa que não pôde deixar de sorrir.Ele soubera, desde o início, que Harry não se engraçaria com Blaise.

           — Por um momento, pensei que ele o tivesse perdido — disse Nott.

           — E perdeu.

           — Não sei, não. Ele me parece bem interessado.

     Harry estava se esforçando, isso sim, e Draco o admirava por isso; rindo, sorrindo, o olhar fixo em Blaise, como se cada palavra que ele dissesse o deslumbrasse. Mas seus movimentos eram forçados, sem naturalidade.

        — Não. Ele não está interessado — disse Draco com vee­mência. — Observe as mãos dele. Embora tenha deixado Blaise segurar uma, a outra está segurando o copo como se estivesse agarrando uma tábua de salvação. — Malfoy sor­riu para Nott. — Acredite em mim, ele está furioso.

     Theodore olhou para ele, curioso.

         — Parece que você conhece muito bem esse homem!

         — Não conheço nada. Já lhe disse, ele não passa de um funcionário.

      Um funcionário bonito e teimoso, que estava prestes a perder a maior aposta de sua vida. Malfoy sorriu.

          — Vamos pedir nosso drinque?

     Potter apro­veitou que estava tomando a bebida para lançar um rápido olhar na direção de Malfoy, com a esperança de que ele tivesse ido embora. Mas ele ainda estava lá, olhando para ele de uma mesa de canto.

         — Você me enganou, mesmo! — exclamou Blaise, che­gando mais perto de Harry. — Por um momento, pensei que iria embora. — Ele riu, baixinho, acariciando a mão dele com o polegar. — Perdoe-me se me precipitei. É que você me deixa louco...

     Ele levou os lábios ao pescoço de Harry, porém este se esquivou.

         — Por favor, não faça isso!

         — Deixa você louco, também?

        — Você não sabe de nada — murmurou ele, tomando um gole de vinho, consciente de que não poderia levar aquilo adiante por muito tempo.

    Naquele momento, Potter decidiu que bastava. Era me­lhor agüentar a zombaria de Draco do que continuar perdendo tempo com o príncipe Zabini.

          — Boa noite! — exclamou, ele levantando-se. — Obrigado por tudo, foi ótimo.

         — Espere. —Zabini pôs-se de pé, abruptamente, lar­gando o copo sobre a mesa. — Tenho uma coisa para você. Ele enfiou a mão no bolso e pegou uma chave.

          — Quarto 112 — sussurrou, colocando a chave na palma da mão de Harry. — Está tudo pronto. Vinho, morangos doces, calda de chocolate. Hum?

     Harry olhou para a chave.

         — É uma ideia excelente, mas morangos me dão urticária.

     O sorriso de Zabini desvaneceu-se.

         — Está me dizendo não?

         — Você entende as coisas depressa. — Harry estendeu a chave para ele. — Boa noite, Zabini.

         — Eu não acredito! Por acaso tem idéia de quantos homens seriam capazes de matar para ter essa chave nas mãos?

         — Centenas, tenho certeza.

         — Acertou!

        — Nesse caso, você não terá dificuldade para se livrar dela. — Potter colocou a chave sobre a mesa. — Agora, preciso, mesmo, ir.

      Zabini segurou-o pelo braço.

          — Os homens normalmente não me dizem não, Potter.

     Com um movimento Harry se desvencilhou e deu um passo para trás.

         — Então, esta é uma experiência nova para você, não é mesmo?

        — Espere! — Blaise ainda chamou, porém Harry ignorou-o.

   Atravessou o salão, apenas parando por um ins­tante na porta. Olhou por sobre o ombro, na direção da mesa de Malfoy, e ficou aliviado ao vê-lo com o rosto virado para o outro lado, envolvido numa conversa animada com o amigo. Se tivesse sorte, chegaria em casa antes que ele se desse conta de que ele fora embora.



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