Melorie Taylor
Quando saí do banho, Máurio estava no meu quarto, eu já imaginava e sabia o que iria acontecer, ele iria tocar meu corpo sem ao menos ter minha permissão, e depois iria me jogar como um lixo, não que eu quisesse seu carinho, eu realmente não quero nada dele, eu tinha nojo, nojo de cada toque seu, nojo de tudo
♡{....}♡
Havia acabado de chegar a escola, minha alma estava mais triste que ontem, se tivesse o poder de escolher, não voltava para casa, preferia ir para um lugar bem longe, onde eu pudesse curar todas as feridas de meu coração, se tivesse como.
O professor Park estava no outro lado da sala, e me olhava a todo momento, devo admitir que ele possuía uma beleza única, capaz de paralisar os olhos de quem o aprecia, não era a toa que quase todas suas alunas tinham uma pequena paixão por ele, notei isso depois de observar algumas reações delas. Falando em alunos, eles pouco a pouco foram chegando, começamos a nos alongar e hoje seria o dia em que iríamos realizar a dança em dupla, e eu mal fazia idéia de quem iria ser a minha.
ㅡ Bom, como havia avisado antes, hoje iremos dançar com parceiros.
Conforme ele fora falando eu viajei nos mais profundos pensamentos, continue prestando atenção na distração que minha mente criou, o que eu não esperava era que ele fosse mencionar o nome "novata" e me fazer despertar.
ㅡ Hm? O quê? ㅡ o olhei assustada.
ㅡ Você irá me ajudar a passar os passos da dança para os demais.
ㅡ Mas por quê eu? ㅡ cruzei meus braços e o olhei com indignação, as outras garotas tinha a mesma expressão facial que eu.
ㅡ Porquê se mostrou muito esforçada, e dentre eles se destaca como a melhor, não que eu esteja dizendo que vocês não são talentosos, muito pelo contrário, tenho muito orgulho de vocês, mas hoje senhorita, você irá me ajudar. ㅡ olhou para mim e me estendeu a mão.
O encarei por breves segundos e logo peguei em sua mão, murmurando um "Tanto faz!" e indo para o centro da sala contigo.
A música fora iniciada e nós nos rendemos a dança, suas mãos pousaram delicadamente em minha cintura e me elevou ao ar, dando um giro mediano, e me pondo sobre terra firme novamente. Eu amava e admirava com uma grandeza absurda a dança, tudo que nela é expressa, cada sentimento e emoção é profundamente vivida, há inúmeras razões para viver amando ela, mas a que se destaca, é aquela que te faz vivo, que faz valer a pena cada batida agitada do coração, cada respirar, cada existir.
Meus olhos pouco a pouco foram marejando, tenho a certeza que o professor chegou a perceber, isso sempre acontecia quando me entregava ao dançar, havia algo saindo, e me deixando mais leve, como uma pluma que bailava livremente no ar, creio ser o peso de algo suportado dolorosamente, a dor de ser acorrentada, de ter tudo de mais precioso nas mãos de alguém tão fútil, tão insignificante, e somente achava sua real felicidade, sua verdadeira liberdade, na arte de dançar.
Quando a música chegou ao fim, eu encarei os olhos do professor, ele segurava minha cintura e me olhava também, dos meus olhos saiam lágrimas e mais lágrimas, mal tentei encarar outra pessoa, apenas saí correndo até o banheiro feminino, e entreguei-me ao choro, o desabafo da alma. Depois de me acalmar e cessar o choro, me recompus e voltei a sala, todos voltaram o olhar em minha direção, ignorei todos eles, exceto o de um, o do professor, ele caminhou até mim e segurou delicadamente minhas mãos, me encarou e sorriu.
ㅡ Você está bem? ㅡ sussurrou e eu assenti. ㅡ Me preocupo com você!
ㅡ Está tudo bem, eu só lembrei de uma coisa que me deixou um tanto tristonha.
ㅡ Sinto muito por essa coisa.
ㅡ Já passou.
Não, não passou, ainda está aqui, me corta, fere meu coração, dilacera tudo, me abrace por favor!
ㅡ Certeza?
ㅡ Sim, mas eu tenho um pedido, poderia
estender a aula até a noite?
ㅡ Hmm.... Está bem! Mas só por hoje. ㅡ riu e eu fiz o mesmo. ㅡ Galera, hoje a aula irá se estender até a noite, notei que alguns de vocês tiveram dificuldades com certos passos, então avisem a quem tiver que avisar e vamos continuar pessoal ! ㅡ ele virou-se para mim e sorriu novamente.
Todos possuíram seus celulares nas mãos e enviaram ou ligararam para alguém, eu, liguei para Regina, minha mãe, e avisei a ela sobre a extensão da aula, o que ela não recebeu como uma boa notícia, gritou, e xingou o professorde ballet, eu apenas soltei o mais natural e sincero "Pois é " e desliguei o telemóvel.
ㅡ Obrigada... ㅡ cutuquei o professor e ele assentiu de leve.
Assim como tinha tido, o ensaio se estendeu por muitas e longas ㅡ eu diria infinitas ㅡ horas, e logo após os alunos saírem, eu fiquei para ajudar o professor a arrumar tudo, tivemos um logo trabalho, mas valeu a pena, o piso de madeira ficou brilhante e liso, o ambiente ganhou um aroma de lavanda, e pareceu tão acolhedor e transmissor de confiança.
ㅡ Obrigado por me ajudar a organizar as coisas.
ㅡ Era o mínimo que eu poderia ter feito depois de tudo que fez por mim hoje. ㅡ falei arrumando minha bolsa, e penteando as minhas madeixas escuras.
ㅡ Posso te perguntar uma coisa?
ㅡ Vá em frente... ㅡ guardei a escova dentro da bolsa.
ㅡ Qual é o seu nome? ㅡ olhei para ele e o vi sentado em uma cadeira me olhando fixamente.
ㅡ Melorie, me chamo Melorie! ㅡ passei meu hidratante labial nos lábios.
ㅡ Lindo nome, igual a dona! ㅡ sorriu ladino.
ㅡ Muito o-obrigada. ㅡ corei intensamente.
ㅡ Melorie, você tem namorado?
ㅡ Tenho um noivo.
Suspirou derrotado. ㅡ Claro, eu já deveria imaginar, alguém tão bela como você já deveria ter alguém...
ㅡ Por que a pergunta?
ㅡ Por que achei que não fosse de namoros ou noivados, achei que focasse em si mesma. Não acha que passa isso?
Eu era assim, quis responder, mas minhas palavras se perderam na garganta e eu apenas engoli em seco.
ㅡ Já está tarde, eu vou indo, tenha uma boa noite professor Park!
Peguei meus pertences e saí, o deixando sem qualquer resposta sobre o seu tipo de pensamento, espero que possa refletir que nem sempre todas perguntas tenham uma respostas, as vezes as respostas fogem.
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