Melorie Taylor
Abri meus olhos, assim que o primeiro raio de sol apareceu na manhã de Busan, a casa estava silenciosa, deduzi então, que eles já deveriam ter ido, este dia merece ser vivido intensamente Melorie.
Me estiquei por completa, ouvindo um ou três ossos fazerem barulho, pus meus pés no chão, e andei em passos lentos até a janela, praticamente puxei as cortinas, e permiti que o brilho do sol, iluminador todo o quarto. O calor, lentamente vencia o frio que restara da noite passada, e eu por minutos, fiquei parava vendo o trânsito agitado, e por outro lado ouvindo o doce soar do canto dos pássaros que ali passavam, sobrevoando a cidade, e espalhando aconchego para o lindo dia que se formara em Busan.
O vento bateu contra meu rosto, e balançou minhas madeixas escuras, enquanto um sorriso libertador estampava minha face. Sai do quarto simplesmente saltitando, como nunca havia feito, era como se ar que preenchesse meus pulmões fosse mais limpo, e o brilho do raiar, iluminasse ainda mais meus olhos. Desci as escadas correndo, cheguei a cozinha, e coloquei em uma pequena xícara, um pouco de café amargo, para me dar um bom choque de realidade ㅡ cá entre nós, eu precisava bastante. ㅡ, meus lábios se abriram lentamente, enquanto minha mão conduzia a xícara até os mesmos, e sem pressa alguma, ingeri o líquido forte do café, não me desceu bem ao estômago, fiz algumas caretas engraçadas, enquanto degustava aquele sabor. ㅡ talvez pelo fato de que não costumo tomar café amargo, ou porquê não tomo café? Céus! O que diabos eu estava a fazer? Pouco me importa, eu tenho dois meses, e esse era o primeiro dia deles, eu não posso desperdiçar nem sequer uma hora, quem dirá um dia.
Me alimentei com cereais ao leite e algumas frutas, ao terminar meu café da manhã improvisado, me banhei, e vesti a mais colorida roupa que havia em meu guarda roupa, sem tempo para perder, corri para a minha consulta de hoje, iria apenas fazer alguns exames e me pesar, segundo meu médico, a cada dia que passa eu perco mais peso, e que eu estava com anorexia, mas eu acho que isso seja normal, e que não tenho nada que seja preocupante, mas quem sou eu para protestar contra a inteligência dos médicos? Quando cheguei lá, por sorte, era minha vez, e com pressa andei até a sala em que estaria o médico.
ㅡ Bom dia doutor. ㅡ ditou sorridente.
ㅡ Bom dia Melorie. ㅡ respondeu alegre. ㅡ Vejo que está mais feliz desde da última vez que nos vimos.
ㅡ Sim, muito!
ㅡ Isso me alegra.
Todos os exames foram feitos, o médico até me recomendou um psicólogo, e a minha reação não foi a das melhores, não queria mesmo causar um distúrbio no psicólogo, nem ele entenderia tudo que se passa em mim. Tantos traumas, tantos medos, há coisas horríveis em mim, coisas que nem eu mesma consigo descrever.
Após acabar a consulta, fui direto para a escola de ballet, ele já estava lá, digo... o professor Park, já se encontrava na sala, e havia também uma boa parte dos alunos. O professor Park dançava com Yu-nah. Ela fazia questão de manter seu corpo colado no dele, sendo quase sempre afastada por ele, e eu me sentei no chão para olhá-los. A sincronia era perfeita, e os passos cálculos com excelência, mas o que me intrigou, foi ver que Yu-nah fingiu tropeçar, para que o professor a pegasse. Pude ver claramente seu sorriso sarcástico, assim que seus braços rodearam a cintura dela, e seus rostos ficaram próximos demais. Alguns dali aplaudiam e faziam escândalo, principalmente as amigas de Yu-nah.
ㅡ Isso foi incrível. ㅡ minha voz ecoou na sala.
ㅡ M-melorie? ㅡ o professor chegou perto de mim. ㅡ Está aí faz muito tempo?
ㅡ Acabei de chegar. ㅡ me levanto do chão. ㅡ É para escolher nossos pares certo?
ㅡ Sim! Você vai comi... ㅡ o interrompi.
ㅡ Eu vou com Don-san. ㅡ fiquei perto de minha dupla, o vendo assentir. ㅡ É para fazer a parte que escorrega?
ㅡ Não, aquilo foi um acidente. ㅡ concordei.
Dançamos enquanto o professor nos examinava com profundidade, no canto da sala. Yu-nah estava sentada ao chão junto a ele, pouco afastada, não parava de falar um segundo sequer, mas ele não estava mesmo dando importância ao seu falatório infinito, se mantia concentrado em seus alunos, ou melhor, em Don-san e eu, com fogo nos olhos e admiração. Seus olhos estavam como a água que salva o indivíduo do deserto, e a alta temperatura que o mata, como furacão e calmaria, indescritível.
°•{....}•°
O tempo passou voando como uma águia, todos os alunos foram para suas devidas casas. Restou somente eu e o professor Park na sala, ele tinha me pedido ajuda para organizar as coisas que ficara na sala, e eu, como não tinha nada de importante para fazer, concordei sem pensar duas vezes.
ㅡ Melorie! ㅡ ele me chamou e eu me virei para olhá-lo. ㅡ Obrigado pela sua ajuda.
ㅡ Não há de quê. ㅡ soltei um sorriso amarelo. ㅡ É bom ter algo para se distrair. ㅡ voltei a guardar algumas coisas no armário branco.
ㅡ Melorie você é tão linda...
ㅡ Que gentileza a sua professor Park. ㅡ quando me virei para encará-lo, vi que se aproximava em passo lentos.
ㅡ Jimin. Me chame de Jimin, minha linda.
Seus braços me seguraram com firmeza, e seus lábios cheios foram de encontro aos meus. Um arrepio percorreu a minha espinha, e meio surpresa e com minhas mãos apoiadas em seus ombros, eu retribui com fervor ao seu beijo, nele não tinha malícia, ou qualquer intenção que não fosse respeitosa. Era apenas um beijo, o beijo mais doce que já tive. Me sentia tocando as nuvens, enquanto sua boca de mel pousava e deslizava entre a minha, com delicadeza e maestria, tocando de leve nossos corações, o meu que estava até agora tão ferido, e carente de um amor puro, não! Não era para ser Park!
Me afastei dele. ㅡ Não era para isso acontecer...
ㅡ Me perdoe Melorie. ㅡ neguei repetidas vezes, e sai correndo, sumindo de sua visão.
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