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História A base de mentiras - Enigma



Notas do Autor


Olá pessoal! Como vão?!

Aqui está o outro capítulo, assim o atraso está recuperado :D

Boa leitura!

Capítulo 365 - Enigma


Fanfic / Fanfiction A base de mentiras - Enigma

Yuu

 

Ando por toda a escola, que é maior do que eu imaginava, até encontrar a biblioteca. Ela também é maior do que eu imaginava e, por sorte, está vazia. Isso vai facilitar minhas buscas.

O pessoal dessa escola só pode ser tapado, assim como o da minha. Se existe um estudante calado, que passa a maior parte do tempo sozinho e trancado numa área quase nunca visitada, é óbvio que tem algo errado. E, se tivessem investigado, achariam a prova da qual eu estou indo atrás. Só preciso saber por onde começar, achar um sinal.

Atravesso toda a biblioteca, até chegar na parede oposta a qual entrei, uma parede coberta por janelas que permitem a entrada da luz e onde estão posicionadas, estrategicamente, cadeiras. Continuo caminhando pela extensão dessa parede, até que paro ao ver alguns rabiscos no peitoral de uma das janelas.

Contorno as poltronas e me aproximo da janela, passando meus dedos sobre o entalhe, que forma o desenho de uma seta. Ela aponta para uma das inúmeras fileiras de estantes, entro na fileira que ela aponta e caminho entre os livros, atento a qualquer detalhe.

Ando quatro vezes pela fileira, até que encontro o que procurava, algo bem sutil e bem óbvio. A primeira fileira de livros da última estante da direita possui uma ordem bem incomum de organização, não é uma bagunça completa nem está organizado em ordem alfabética. Primeiro vem os livros com a letra S, depois os com a letra O e, por último, os com a letra S novamente.

S.O.S, é isso que está escrito numa das prateleiras. Um S.O.S perfeito, com a exceção de um único livro, posto após o último livro começado com a letra S. Esse livro que quebra a sequência começa com N, a letra inicial dos nomes Nina, Nathaniel, Noah e Nikolas.

Pego o solitário livro fora do padrão, lendo seu título completo que é: Na margem do Rio Piedra Eu sentei e Chorei. Não sou de ler livros, então não faço a mínima ideia de qual seja a história desse livro, por isso me detenho no título.

Rio Piedra, se não me engano, é um rio que fica na Espanha. Poderia arriscar fazer uma comparação e ir até o Rio Sena, mas a extensão do Rio Sena é de 777 quilômetros, eu me consideraria um louco se ficasse procurando pelas margens algo que nem mesmo sei o que é. Então não, não é no Rio Sena que eu devo ir.

Eu sentei e chorei... Talvez seja nessa parte que eu deva prestar atenção, acho que já sei o que fazer. Guardo o livro de volta na estante, no exato lugar onde havia pego, e volto para as poltronas diante das janelas.

Ando novamente na frente de todas, até parar em uma onde, diante dela, o carpete está manchado com alguns pingos de tinta azul. Me ajoelho no chão e espio por debaixo da poltrona, consigo ver parcialmente algo grudado no fundo da poltrona. Passo minha mão por baixo e puxo algumas vezes até conseguir desprender, puxo para fora e vejo que é outro livro, retiro as fitas adesivas grudadas nele para conseguir lê-lo.

O nome desse livro é: Não gosto, não quero. Diferente do outro, não posso inferir nada a partir desse título, são apenas duas frases imperativas de negação. Sento no chão, com as costas encostadas na poltrona e o livro em mãos, me perguntando o que deixei passar.

Não gosto, não quero. Eu não tenho a mínima ideia do que isso quer dizer, o que consegui entender até agora é que a pessoa que montou isso, provavelmente o Nikolas, tinha muito tempo disponível, queria ajuda e tinha muito medo de revelar alguma coisa, tanto que as pistas que ele deixou são realmente difíceis de decifrar. Esse foi seu meio de contar alguma coisa que eu preciso descobrir o que é e, para isso, preciso desvendar esse livro.

Coloco o livro no chão e pego meu bloquinho junto com a caneta, em seguida escrevo o título do livro. Depois de relê-lo várias vezes, pego-o e escrevo-o ao contrário, Oreuq oan otsog oan.

Oan otsog oan, esse trecho me lembra alguma coisa, eu já vi isso antes. Pego o celular e entro no tradutor, digito essas palavras e obtenho a resposta que estava na ponta da minha língua. Oan otsog oan significa para você em Frísio ocidental. Sem dúvidas, esse garoto era inteligente. Porém, para você, ainda não faz sentido algum.

Não gosto, não quero, para você. Talvez se mudar um pouco a ordem... Para você não gosto não quero. Ainda não faz sentido, mas para é preposição, se trocarmos para por outra preposição... Com você, não gosto, não quero.

Com você eu não gosto, eu não quero. O você dessa frase não sou eu, ele está se referindo a alguém, uma pessoa que eu preciso descobrir quem é. Quando escrevi não gosto e não quero ao contrário, sobrou a palavra Oreuq que não possuía uma tradução na língua Frísio Ocidental. Talvez porque Oreuq não seja parte da frase, e sim uma pista sobre a identidade do “você” da frase.

Não conheço nada relacionado à Oreuq, mas sei que Oreu é uma cidade que fica na Grécia. Eu estou procurando alguém nascido na Grécia, na cidade de Oreu, e que se mudou para a França. Anoto essa conclusão, acho que não tem mais nada para encontrar nessa biblioteca, já deu pra entender que esse foi o fim da mensagem.

Anos atrás, Nikolas deixou uma mensagem nessa biblioteca pedindo ajuda para lidar com uma pessoa vinda de Oreu que fazia alguma coisa que ele não gostava e não queria. Alguém que o dava medo e fazia-o chorar sozinho nessa biblioteca, mas ninguém nunca conseguiu decifrar seu pedido de socorro, ou seja, ninguém nunca deve tê-lo ajudado.

Agora, preciso sair daqui e me dirigir ao meu próximo destino. O psiquiatra deles que, talvez, possa me ajudar a descobrir quem é essa pessoa vinda de Oreu.

 

Karma

 

- Alguém me explica como isso foi acontecer? – Pergunto, rangendo os dentes e fechando minhas mãos em punhos, perdendo todo o autocontrole que eu mantive enquanto estava com o Nagisa. – Eu saio do país por alguns dias e, quando eu volto, o Nagisa está hospitalizado! Então, dá para alguém me explicar como essa merda foi acontecer já que temos um grupo de assassinos aqui!

- Ninguém aqui era babá do Nagisa. – A Gina retruca, ela tem sérias justificativas para me dar, a começar por aquela ligação que me fez pedindo uma ambulância, cujo motivo eu só entendi agora. – O que aconteceu com ele não é culpa de ninguém daqui.

- Claro, estamos morando juntos e a culpa não é de ninguém! – Exclamo de forma sarcástica, porque a culpa é de todo mundo aqui, ainda acho impressionante isso ter acontecido. – Vocês tinham a responsabilidade de cuidar um dos outros!

- Para de reclamar! Eu quase morri pro Nagisa estar são e salvo no hospital! – Ela quase grita, enquanto o resto do pessoal só nos observa, sem falar nada, como espectadores fantasmas.

- São e salvo?! Onde que o Nagisa está são e salvo?! Ele ficou com medo de mim quando me viu! – Afirmo, aquela cena me perturbou muito, mesmo que eu não tenha dado motivos, quando me aproximei o Nagisa ficou com medo de mim e demorou a se aproximar de mim. – E você não quase morreu mesmo, é só olhar pro estado do Nagisa e pro seu estado! Você está perfeitamente bem e saudável.

- CLARO QUE ELE ESTÁ COM MEDO DE VOCÊ! ELE ACABOU DE ACORDAR APÓS FICAR HORAS SENDO TORTURADO POR UM HOMEM COM A SUA ESTATURA, O SEU PORTE FÍSICO E UMA COR DE OLHOS MUITO PARECIDA COM A SUA! O CARA PODE ATÉ TÊ-LO ESTUPRADO E NÓS NÃO SABEMOS! COMO ESPERA QUE O NAGISA NÃO ESTEJA COM MEDO?! – Ela grita, só me tirando mais ainda do sério. – EU FIQUEI POR MAIS DE 36 HORAS EM TRABALHO DE PARTO E, EM SEGUIDA, FUI AJUDAR SEU NAMORADINHO! ENTÃO PARA DE RECLAMAR PORQUE O NAGISA PODIA ESTAR MUITO PIOR, PODERIA ESTAR MORTO!

Não sei quem está com mais raiva, se sou eu ou ela. Estou quase cortando a palma da minha própria mão com o tamanho da força com que pressiono minhas unhas contra minha pele, enquanto o rosto da Gina está completamente vermelho, de raiva eu presumo.

- VOCÊ PODE TER AJUDADO-O, MAS NÃO ERA NEM PARA ELE TER PRECISADO DE AJUDA! ERA PARA ELE TER FICADO SEGURO!

- PARA COM ISSO! VOCÊ ESTÁ JOGANDO A CULPA PRA CIMA DOS OUTROS PORQUE VOCÊ SABE QUE TEM CULPA NISSO! ONDE ESTAVA VOCÊ PARA PROTEGÊ-LO?! A CULPA NÃO É NOSSA, A CULPA É TODA SUA PAI!

- Pai? – Repito, me perdendo completamente nessa discussão quando ela diz isso. A Gina me encara por alguns instantes, sem sequer piscar, antes de tapar a boca com as mãos.

- Essa briga acabou. – Anuncia o garoto que tiramos da prisão, a cópia masculina da Iza. – Você não é o único zangado com a situação, mas, se veio provocar o caos, eu te boto pra fora dessa casa.

Iria dizer que ele não tem moral alguma para fazer isso, afinal ele não é o dono da casa, mas me calo quando a Gina se joga nos braços dele e ele a abraça. Ele me lança um olhar que passa exatamente a mesma ideia que está na minha cabeça, ele pode não ser o dono da casa, mas tem o apoio da dona da casa.

Ele sai da sala com a Gina, suspiro e caio sentado no sofá, ao lado da minha irmã.

- Que ótima maneira de voltar. – A ruivinha zomba, com a cara emburrada. – Não me deu nem um oi.

- Eu tinha coisas importantes para fazer.

- E eu não sou importante? – Ela retruca, paro um pouco de pensar e apenas encaro minha irmã, prestando atenção somente nela. – Você é um idiota.

- Desculpa, desculpa Akiko. – Peço, derrubando-a nos meus braços antes que saísse do sofá, o que ela estava prestes a fazer. – Você é importante, é que é tanta coisa ruim acontecendo ao mesmo tempo...

- Você não é o único passando por coisas ruins. – Ela murmura, porém não tenta sair dos meus braços, confesso que sua frase me deixou preocupado.

- O que quer dizer? Aconteceu alguma coisa com você? Com os gêmeos? – Questiono, rezando silenciosamente para que nada de ruim tenha acontecido. Minha irmã já sofreu demais, quero que agora nada de ruim aconteça com ela.

- Não, eu estou bem... Acho que sou a única pessoa verdadeiramente bem nessa casa.

- Como assim?

- Eu já disse Karma, você não é a única pessoa com problemas, todas as pessoas nessa casa parecem ter um problema. – Ela conta, de uma forma bem séria, as vezes a Akiko parece até uma adulta.

- Que tipo de problema?

- Pelo que eu vi, ouvi e consegui entender... Pais, amor e gravidez, é nisso que se resume os problemas do pessoal. – Ela responde, não preciso de mais nenhuma informação para entender que a pessoa que tem problema com o pai é a Gina, visto que ela me confundiu com ele durante a discussão.

- Qual o problema da Gina com o pai?

- Não sei, ela e o irmão foram almoçar com o pai. Desde que voltaram, a Gina está brigando com qualquer pessoa que entrar na frente dela e o irmão se trancou num dos quartos com os bebês e a menina na cadeira de rodas. – Explica, quando a Akiko conta isso me sinto mal por ter brigado com a Gina. Ela me provocou, porém ela pode ter tido seus próprios motivos para agir daquela forma.

- Você ficou bem na minha ausência?

- Sim, o Nagisa cuidou de mim. – Ela fala, mas se interrompe de forma tão abrupta que percebo que deixou escapar por acidente o nome do Nagisa. – Desculpa.

- Sem problemas, ele não está morto, só está hospitalizado. – Afirmo, tentando convencer a mim mesmo de que está tudo bem.

- Você vai voltar pro hospital pra passar a noite com ele? – Ela pergunta, eu queria fazer isso, mas acho que o Nagisa não relaxaria com minha presença e existe outra pessoa que quer passar a noite comigo.

- Não, vou passar a noite aqui, com a minha irmãzinha. – Conto, ela vira seu rosto na minha direção, permitindo-me ver seu enorme sorriso. – Hoje nós matamos a saudade um do outro e amanhã de manhã eu visito o Nagisa no hospital.


Notas Finais


A palavra de hoje é "Awaimit"
Kissus!


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