Nagisa
Acordo com dor nas costas, afinal eu dormi no sofá. Vejo a hora no celular, ainda é cedo. Mesmo assim levanto e vou até a cozinha, quando abro a geladeira escuto o barulho da campainha. Volto para a sala e pego a minha faca, vou até a porta e encosto o meu ouvido na mesma, tentando ouvir algo. Seja lá quem for é insistente, desisto de ouvir algo e me viro para ir acordar a Akiko.
- Eu sei que você está aí. – Fala a voz de um homem. Paro de andar, me aproximo novamente da porta. – Abre essa porta.
Corro até o quarto da Aki, ela deve conseguir reconhecer a pessoa pela voz.
- AKIKO! – Grito, já que estou com pressa. A menina salta da cama, devo tê-la assustado. – desculpe, mas tem um homem batendo na porta.
- Você abriu? – Ela pergunta, com o pânico evidente na voz.
- Não, eu queria saber se você conhece ele. – Digo e ela passa por mim, indo até a sala.
- Q-Quem é? – Ela pergunta, com a sua voz tremendo um pouco.
- Akiko, até parece que não conhece a minha voz! – Exclama o homem do lado de fora, a Aki se afasta um pouco da porta.
- O q-que vo-você quer? – Ela pergunta, agora gaguejando muito. Fico do seu lado e seguro a sua mão, que está tremendo. Ela parece se acalmar um pouco, mas seus olhos castanhos denunciam o medo que ela está sentindo.
- Você. – O homem responde de um jeito sinistro, tão sinistro que até eu me arrepio.
- Is-Isso v-voc-ê n-n-nun-ca vai te-ter. – Retruca a Aki, apertando muito forte a minha mão.
- Abra a porta. – Ele diz, o tom de voz completamente diferente do anterior. Esse cara, seja quem for, me lembra o lobo mal. Esse tom de voz, ele parece estar tentando se fingir de bonzinho para convencê-la a abrir a porta. – De um jeito ou de outro, eu vou te pegar.
- NÃO! O MEU IRMÃO VAI VOLTAR! – Ela grita, a voz não vacila nem uma vez. Escuto uma risada vinda do lado de fora.
- Tolinha! Ele não vai sair de lá tão cedo! Armei tudo com o maior cuidado para o culparem! – O Homem diz, rindo. Não acredito no que acabei de ouvir, esse cara acabou de confessar que é o culpado pela morte do tal professor! Corro até o sofá e pego o meu celular, ligo o gravador e volto para o lado da Aki.
- Perguntei para ele os detalhes do assassinato. – Eu sussurro no ouvido da Aki, para que só ela pudesse escutar.
- Como assim? – Ela pergunta, me aproximo mais da porta, praticamente grudando o meu celular na madeira.
- Foi tão simples! – O homem se gaba. – Subornei um médico para por uma pequena dose por dia de um veneno forte, fazendo com que a cada dia o professor piorasse um pouco, mas não o suficiente para notarem algo de errado. Quando o professor morreu culparam o Karma, exatamente como eu planejei.
Sorrio vitorioso, eu gravei toda a confissão.
- Meu irmão vai sair dessa! – Fala empolgada a Aki, e com um enorme sorriso no rosto.
- Não vai sair a tempo. – Ele diz, me deixando um pouco preocupado. Espero que ele continue, mas tudo fica em silêncio, ele deve ter ido embora.
- Quem era? – Pergunto, me virando para a Aki.
- O pai da Kayano.
- Do que ele estava falando? – Pergunto, talvez ela tenha entendido a sua afirmação vaga.
- Não faço a mínima ideia. – Ela responde, parecendo tensa.
- Eu vou fazer o café da manhã, alguma preferência? – Pergunto, ela balança negativamente a cabeça.
- Não precisa. Tem um bolo na geladeira e algumas frutas. – Ela fala e entra no corredor. – O LEITE ESTÁ NO CONGELADOR! E TEM GRÃOS DE CAFÉ NO MAIOR ARMÁRIO DA COZINHA!
- OK! – Grito para ela, enquanto disco o número da Kayano.
- Me diz que é noticia boa! – Ela praticamente implora, sorrio um pouco disso.
- Uma maravilhosa! Eu tenho um áudio que prova toda a inocência do Karma! – Exclamo, deixando toda a minha alegria e animação aparecer na minha voz.
- É brincadeira, né?
- Não! – Exclamo, quase começando a pular de alegria. – Depois do café da manhã eu vou levar áudio para a delegacia!
- NÃO! – A Kayano berra, me dando um baita susto. – Não saia do apartamento!
- O que você quer que eu faça? Eu tenho que entregar o áudio! – Digo, um pouco irritado.
- Eu tenho um plano, eu acho. – Ela fala, com pouca convicção na voz. –nove horas da noite vá para a cobertura, e leve dinheiro, muito dinheiro.
- E onde eu vou conseguir dinheiro? – Eu pergunto, porque o meu dinheiro eu gastei quase todo quando paguei o táxi.
- O Karma tem um cofre no quarto, atrás do quadro. Eu não sei qual é a senha, mas a Aki deve saber. Depois de abrir o cofre coloque todo o dinheiro na mochila. – Comanda a Kay.
- Vou perguntar, tchau.
- Tchau Nagisa. – Responde a Kayano, desligo o celular em seguida. Começo a procurar a Akiko, encontro ela no seu quarto, deitada na cama com os olhos fechados.
- Vai voltar a dormir? – Pergunto, me aproximando mais da cama.
- Estou tentando, mas pelo visto é impossível. – Fala a Aki e suspira, apesar disso ela está com um sorriso no rosto. – O que foi dessa vez?
- A Kayano mandou eu pegar o dinheiro do cofre. – Respondo, na mesma hora a Akiko se levanta. Ela começa a andar, resolvo seguir ela. A Aki para em frente ao único quadro que tem no quarto dele, ela pega e retira o quadro da parede, revelando um cofre.
-Qual a senha? – Pergunto, me aproximando do teclado do cofre.
- O Karma nunca me contou, mas eu sei que é um nome. – Ela conta, olho confuso para o cofre e depois para ela.
- Como isso é possível? O teclado é numérico!
- Ele transformou as letras do nome em números. – Ela diz, continuo olhando para ela de forma confusa. – Por exemplo: A=1, B=2, C=3...
- Agora entendi! – Falo e encaro o teclado. – Qual nome devemos tentar primeiro?
- O dele? – Ela sugere, rapidamente transformo as letras em números. Digito a combinação, logo aparece um aviso de senha incorreta.
- Que tal tentarmos o seu? – Sugiro, a Aki assente com a cabeça. Digito a combinação, novamente está incorreto.
- Tenta o da nossa mãe! – Exclama a Aki, como se a resposta fosse óbvia.
- Qual o nome da sua mãe? – Pergunto, ela me conta e eu digito, e, de novo, erramos a senha.
- Acho que isso vai demorar mais do que imaginávamos.
# Quebra de tempo #
- Não é possível! Já tentamos tudo! Já tentamos o seu nome, o nome dele, o nome dos pais de vocês, a Kayano, o Ryo e a Hana, as namoradas que ele já teve, os melhores amigos dele e até mesmo o nome do pai da Kayano! – Eu falo, muito frustrado.
- Que tal a gente ligar pra Kayano? Vai ver ela tem alguma sugestão. – A Akiko diz, não perco tempo e começo a discar o número dela.
- O que foi?
- A Akiko não sabe a senha. A única coisa que ela sabe é que é um nome, mas nós já tentamos todos que você possa imaginar! – Eu exclamo, começando a andar em círculos.
- Para a gente descobrir o nome, nós temos que pensar como ele.
- Bom, se eu fosse ele, EU TERIA CONTADO A SENHA PARA A MINHA IRMÃ!
- Calma, não precisa gritar. Ficar irritado agora só vai piorar a situação. – A Kayano fala, respiro fundo algumas vezes.
- Se o cofre fosse seu, que senha você botaria? – Pergunto para ela.
- Eu colocaria um nome fácil de lembrar, mas também desconhecido para os outros. Alguém que fosse próximo apenas de mim. Se eu tivesse um cofre aqui na minha casa, eu colocaria o seu nome como se... – Ela para a frase no meio, me deixando confuso. – É ISSO!
- Descobriu a senha? – Pergunto, torcendo para que a resposta seja sim.
- Claro, é óbvio! Como vocês não adivinharam? – Ela pergunta, me tirando um pouco de paciência.
- Kayano, diga logo qual é a senha.
- É o seu nome. – A Kayano fala, me fazendo ter uma crise de riso. – Qual a graça?
- Kayano, eu e o Karma voltamos a nos falar a apenas duas semanas. Nós ficamos sete anos sem ter contato algum um com o outro, o que você está sugerindo é loucura!
- Antes de me chamar de louca, tente. O que você tem a perder? – Ela pergunta, nesse caso ela está certa, não custa nada eu tentar. Digito os números equivalentes ao meu nome. Levo o maior susto quando o cofre emiti um bip e se abre.
- Como isso é possível? – Eu pergunto, enquanto olho cético para o cofre.
- Eu sou demais! – Exclama a Kayano no telefone, na mesma hora desligo ele, sem me despedir.
- Qual nome você tentou? – A Aki pergunta, desvio meu olhar do cofre para ela.
- O meu. – Respondo, e ela também parece se espantar. – Vou pegar a minha mochila.
Saio do quarto e vou para a sala, pego a minha mochila e volto pro quarto do Karma.
- Quanto dinheiro você vai pegar? – Pergunta a Akiko.
- Todo. – Eu digo, ela arregala os olhos. – O que foi?
- Você não tem a mínima ideia de quanto dinheiro tem aqui, né? – Ela me pergunta, assinto com a cabeça. – Aqui tem, mais ou menos, 2 bilhões.
Fico mudo, nunca pensei que veria uma quantia de dinheiro tão alta ao vivo.
# Quebra de tempo #
Terminamos de guardar todo o dinheiro na minha mochila, que também tem a minha faca e o meu celular.
- Me ajuda a pôr a mesa? – Pergunto, ela assente com a cabeça e vamos para a cozinha, mas antes eu coloco a minha mochila no sofá. Passo pela porta da cozinha, no instante seguinte a campainha toca.
- Vocês precisam instalar um olho mágico nessa porta, porque toda vez que a campainha toca eu morro de curiosidade. – Falo, fazendo a Akiko sorrir.
- É A ASSISTENTE SOCIAL, ABRAM A PORTA! – Grita uma mulher do outro lado da porta, eu e a Akiko ficamos imóveis no mesmo segundo.
- Não abra a porta! – A Akiko diz, como se eu fosse fazer uma coisa dessas.
- ABRAM A PORTA OU A POLÍCIA ARROMBARÁ O APARTAMENTO! – a mulher grita, com uma voz séria e ríspida.
- O que vamos fazer agora? – Pergunto, tenho certeza de que vieram atrás da Akiko.
- Por favor Nagisa, não deixa eles me levarem para longe do meu irmão! – Implora a Aki, que está chorando.
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