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História A base de mentiras - Insensível



Notas do Autor


Olá galeraaaaaa! Como vão?!

Desculpe não ter foto, é que eu terminei de escrever o capítulo agora e já tá mt tarde. Eu não pude corrigir o capítulo, então perdoe-me por qualquer erro bizarro ou frase sem sentido que vocês encontrarem, quanto aos comentários só poderei respondê-los amanhã :/

Boa leitura!

Capítulo 402 - Insensível


Akiko

 

- Tem certeza disso? – Indago, olhando a panela com a água borbulhar, já faz algum tempo que coloquei a água para ferver. – Eu acho que são pequenos demais.

Apesar deu não ter nenhuma obrigação com eles, eu não pude deixar os gêmeos recém-nascidos desamparados, meu instinto materno jamais permitiria uma coisa dessas. Estou fazendo o melhor que consigo, estou botando em prática novamente tudo que já fiz com o Ryo e com a Hana quando eles eram desse tamaninho, mas não está adiantando. Eu já lhes dei banho, troquei suas roupas, troquei as fraldas, cobri e os descobri várias vezes, medi a temperatura e ainda coloquei bolsa de água quente para o caso de estarem com cólica, mas nada os fez pararem de chorar.

Depois de todas essas tentativas, a única opção restante é eles estarem chorando de fome. Eu quero fazê-los pararem de chorar, é agoniante ouvir dos bebês chorando sem parar nem mesmo para dormir, podem acabar passando mal se continuar assim. Acontece que eu não sei o que fazer, não sei se alimentá-los é mesmo a melhor opção.

Quando eu estava grávida, todos os médicos e enfermeiros falaram da importância da amamentação pros bebês, é extremamente importante que os primeiros meses eles se alimentem exclusivamente do leite materno. Eles frisaram tanto isso que eu posso ter ficado um pouco paranoica, não deixei levarem meus filhos para longe de mim nos primeiros meses, mesmo sabendo dos riscos de mantê-los por perto, exatamente por conta da amamentação. É basicamente contra os meus princípios dar mamadeira para bebês recém-nascidos que, ainda por cima, são prematuros.

- Tenho, minha esposa não tinha leite então sempre tivemos que dar mamadeira. – Ele responde, por sorte eu não tive esse problema, eu tinha leite de sobra quando os meus filhos nasceram. – É melhor lhes dar mamadeira do que deixa-los chorando de fome.

- É... Acho que você tem razão... – Concordo, não é uma opção deixá-los chorando e eu não faço ideia de onde encontrar a mãe deles, principalmente depois da cena de ontem à noite, tenho certeza que a situação está muito ruim. Não é o ideal, mas é melhor dar leite em pó do que deixá-los com fome.

Ele coloca o leite em pó na água borbulhante e eu começo a mexer, misturando o alimento na água. Ele conseguiu achar duas mamadeiras nos armários da cozinha e agora elas estão em cima da mesa, limpei-as com extremo cuidado para evitar qualquer tipo de contaminação por microrganismos que poderiam estar ali, recém-nascidos são sensíveis demais para correr esse risco.

Desligo o fogão e paro de mexer o conteúdo da panela, acho que já está no ponto. Jogo a colher suja dentro da pia e retiro a panela do bocal quente, colocando-a em outro mais frio para acelerar o resfriamento. Preciso esperar até que o leite chegue à temperatura ambiente, a boca dos bebês é muito sensível, é mais fácil se queimarem.

- Como você entende tanto do assunto? – Ele pergunta de repente, observo e aprendo tanto sobre os outros que, às vezes, esqueço que os outros não me conhecem como os conheço.

- Eu sou mãe. – Afirmo, eu nunca tive nenhum problema de contar isso para as pessoas, meus filhos são os maiores orgulhos da minha vida. Eu realmente não me importo com a opinião dos outros quanto a isso, a maioria deles jamais irá entender pelo que eu passei para tê-los. – Também tive gêmeos, assim como sua filha.

- Entendo... E como vocês se conheceram? Por acaso você é amiga dela? – Ele interroga, seria engraçado se não fosse trágico. Quando você não sabe nada dos seus próprios filhos e encontra sua casa cheia de adolescentes, acho que é normal pressupor que toda essa galera é amiga de seus filhos.

- Não, ela só está nos ajudando a achar minha irmã. – Conto, apesar de ter sérias dúvidas quanto a isso. Várias coisas que ela disse no passado já foram confirmadas como sendo mentira, nada garante que ela não está mentindo sobre nos ajudar, porém não entendo o que ela ganharia com isso. – Eu quase não falo com ela.

- O que aconteceu com sua irmã?

- Foi sequestrada há meses atrás, no dia do casamento. – Respondo, não gosto de lembrar-me daquele dia, para ser sincera, fico com vontade de chorar. Foi a última vez que vi minha irmã e, além disso, foi a última vez que vi meu tio vivo. Queria ter ido ao enterro dele, não tive a chance de me despedir, ainda não aceitei direito o fato de que ele está morto.

O tio Hatsu podia ter o mesmo sangue da família Kaede, mas ele era completamente diferente, ele era completamente diferente do irmão mais velho. Mesmo com meu medo irracional com toques, com a exceção do Karma e do Ryo, eu conseguia abraçá-lo caso me esforçasse. Eu dei um abraço nele na última vez que nos encontramos, mas foi um abraço muito rápido, eu teria lhe abraço por mais tempo se soubesse que nunca mais o veria.

Eu já cheguei a me perguntar o que teria acontecido se eu e o Karma tivéssemos sido adotados por ele e não pelo irmão, ele seria um pai muito melhor que o Kaede, ele seria um pai.

 

Flashback on:

 

Hoje não é uma noite normal, está tendo uma festa porque é aniversário do meu primo. Ele tá fazendo sete anos, todos os meus amigos foram convidados, os amigos dos meus irmãos também, então tem muita gente. Também tem pula-pulas, animadores, mágicos... Tem muita, mas muita coisa legal pra fazer.

- Cadê minha sobrinha ruiva favorita?

- Tio? – Penso em voz alta, virando a cabeça para vê-lo se aproximando de mim. Mesmo estando triste, não consigo evitar sorrir quando vejo o tio Hatsu. Eu gosto muito do tio Hatsu, mas ele e o papai não se dão bem, então o tio Hatsu quase não vem aqui em casa. Ele deve ter vindo porque é a festa do neto dele. – Tio Hatsu!

- Te procurei pela festa inteira, Aguri me disse que você estava sentada por aqui, por que está sozinha? –Ele pergunta, puxando uma cadeira e sentando do meu lado. – Akari está no pula-pula e pediu pra eu chamar você pra ir brincar com ela, por que não vai lá pular no pula-pula com ela? Tenho certeza que é mais divertido do que ficar sentada.

Sim, brincar é muito mais divertido do que ficar sentada, principalmente em um pula-pula. É uma das minhas brincadeiras favorita, pular no pula-pula com algum dos meus irmãos é a melhor brincadeira de todas.

- Eu quero brincar... – Falo e fico triste de novo, mais triste que antes. – Mas eu não posso.

- Está de castigo?

- Não, é... É que dói. – Afirmo, ainda está doendo, a dor piora quando eu fico correndo ou pulando. Eu tenho que ficar parada, talvez assim pare de doer, ai eu vou poder ir brincar. – Tá doendo.

- O que está doendo? Você caiu e ralou os joelhos? – O tio interroga e eu nego, não é esse tipo de machucado. Eu não sei por que dói, sempre dói, mas eu não sei explicar o motivo. – Aki... Você está com cara de quem irá começar a chorar, o que aconteceu?

- Ti-Tio, posso morar com vo-você? – Peço, torcendo pra resposta ser positiva e tentando não chorar. A filha dele já é grande e não mora com ele, o tio Hatsu poderia me levar pra morar com ele. – E-Eu prometo que arrumo meu quarto, vou à escola, fa-faço todos os deveres de casa... E-Eu também me co-comporto, ju-juro.

- Por que está me pedindo isso? Akiko, o que aconteceu para você querer morar comigo?

- Eu não que-quero que o pa-papai me machuque ma-mais. – Conto, lembro-me do que ele fez e começo a chorar. Eu não entendo, eu só queria que ele parasse, ele me machuca.

- Vovô, por que ela tá chorando? – Meu primo Yukki aparece do nada e pergunta, eu não quero falar na frente dele, eu acho que não devia falar isso pra ninguém.

- Nada Yukki, só estamos conversando, vai lá brincar e aproveitar seu aniversário. – O tio Hatsu manda, meu primo espera um pouco, mas acaba indo embora e me deixando novamente sozinha com meu tio. – Akiko, como meu irmão te machuca? O que ele faz?

- E-Eu na-não se-sei.

- Tente me contar o que ele faz, o melhor que você conseguir. – Ele pede, lembro do que papai fez hoje antes da festa começar. Eu nunca contei pra outra pessoa, eu não sei como explicar.

- Sa-sabe aquela co-coisa que os me-meninos tem e as me-meninas não?

- Sei, eu sei.

- É com a-aquilo que o papai me ma-machuca. – Falo, eu não sei o que mais falar, espero que o tio Hatsu tenha me entendido. – Vo-Você sa-sabe?

- Ele tira toda a sua roupa e a dele quando faz isso?

- Às ve-vezes sim, o-outras não.

- Quer dizer que... Isso já aconteceu várias vezes? – O tio Hatsu interroga e eu confirmo, já aconteceu muitas vezes, eu não consegui contar. – Venha cá, senta aqui Aki.

Ele pega minha mão e aponta para suas pernas, eu nego e puxo minha mão de volta, pensando em sair correndo. O tio Hatsu afasta sua mão da minha e fica me olhando por muito tempo, eu não devia ter falado. Eu só queria que o tio Hatsu me levasse pra morar com ele.

- Quero que saiba que vai ficar tudo bem, tá? – Ele indaga, espero que isso signifique que o papai vai parar de fazer essas coisas ou que o tio Hatsu vai me levar pra morar com ele, as duas coisas me deixariam muito feliz. – Eu sei que deve estar doendo, mas quero que venha comigo, preciso falar uma coisa com a Aguri.

O tio Hatsu levanta, não é sempre que eu posso ver ele, não quero perder esse pouco tempo. Limpo minhas lágrimas e levanto, ele tenta pegar de novo a minha mão, mas eu não quero que o tio Hatsu segure-a, por isso eu não o deixo pegar na minha mão. É legal que meu tio anda bem devagar, assim eu consigo acompanhá-lo andando devagar, assim dói menos.

Chegamos nos pula-pulas onde, num deles, está a Akari e a mamãe. Minha irmãzinha está pulando e a mamãe está em pé do lado de fora do pula-pula, observando enquanto a Akari se diverte brincando e rindo. Eu queria entrar lá, mas vai doer muito se eu ficar pulando.

O tio Hatsu vai até a mamãe e para perto dela, fico olhando minha irmãzinha. A Akari me vê e acena pra mim, me chamando pra ir brincar com ela, eu não sei explicar pra ela o motivo deu não poder ir. A Akari tem três anos, ela é nova demais pra entender que eu não posso brincar porque o papai me machucou, ela ficaria assustada se eu falasse isso.

- Aguri, preciso tratar um assunto sério contigo. – O tio Hatsu diz, acho que eu nunca vi ele falar desse jeito, deu até um pouquinho de medo. – É sobre a Akiko.

A mamãe olha pra ele e depois olha pra mim, limpo de novo as lágrimas pra ela não ver que eu tava chorando. Eu não sei o que o tio Hatsu vai fazer e eu não sei o que minha mãe faria se soubesse o que o papai faz, ele disse que eu não podia contar pra mamãe nem pros meus irmãos. Mas o papai nunca falou nada sobre o tio, então acho que eu posso falar disso com meu tio, só com o tio.

- O que aconteceu para ela estar chorando?

- Seu marido estuprou-a, ou melhor, vem estuprando-a. – O tio Hatsu fala e eu não sei o que essa palavra significa, deve ser o que o papai faz comigo. – Você sabia disso?

- Eu desconfiava.

- Você desconfiava?! – Ele repete o que a mamãe disse, me afasto um pouco. – Há quanto tempo você desconfiava que meu irmão estava abusando dela?!

- Uns dois anos. – A mamãe responde, faço as contas e eu tava com seis anos há dois anos atrás, acho que eu tinha mesmo seis anos quando o papai me machucou pela primeira vez.

- Dois anos?! Você desconfiava que ele violentava a Akiko desde que ela tinha seis anos e nunca fez nada?!  

- Você queria que eu fizesse o que?

- Você é tão mãe da Aki quanto ele é pai, meu irmão não adotou duas crianças sozinho. – O tio diz, eu sei que a mamãe e o papai não são meus pais de verdades, meus pais de verdades morreram e eles resolveram ser nossos pais. – Como pode deixar aquele monstro estuprá-la?! Ela é só uma criança Aguri!

- Deixe de ser hipócrita, até parece que você é tão diferente de seu irmão. – Mamãe acusa, eu acho o papai e o titio muito diferentes, eu e meu irmão somos mais parecidos do que o papai e o titio. – Não finja que eu sou a vilã e você é o mocinho, sei muito bem como é estar no lugar dela e você sabe como é estar no lugar do Noburo.

- Você não era uma criança de oito anos e aquilo só aconteceu uma vez, eu já falei que sinto muito e me arrependo profundamente do que fiz. Eu estava com raiva do meu irmão e descontei na pessoa errada.

- Eu podia não ser uma criança, mas estava tão assustada quanto uma e, para você, pode ter acontecido só uma vez, mas eu vivo esse inferno todo dia com o Noburo. – Mamãe rebate, ambos estão falando cada vez mais alto e eu não estou entendendo mais do que estão falando. – O que você acha que eu poderia ter feito?

- Eu acho que você devia ter se importado! Se preocupado! Akiko é tão sua filha quanto a Kayano, quanto a Akari, quanto a... Ela é sua filha Aguri! Eu queria que você agisse como uma mãe!

- Tem certeza que está falando da Akiko?! Já tivemos essa conversa e não precisamos discutir sobre isso novamente, pare de se fazer de idiota! Você precisa manter esse segredo tanto quanto eu, até mesmo mais, não exija de mim algo que pode custar minha cabeça! É muito fácil ser pai quando se está protegido por uma mentira, nós dois pagaremos se eu agir como mãe! Em ambos os casos Hatsu, minha prioridade é manter-me viva, você não tem ideia do que é viver ao lado do homem que matou toda minha família, eu faço o que eu posso dentro dos limites que garantem minha própria sobrevivência.

- É claro que eu estou falando da Akiko! Não deturpe minhas palavras! – Tio Hatsu exclama ainda mais alto que a mamãe, tão alto que alguém se aproxima.

- Vocês são impressionantes, estão chamado a maior atenção com esse escândalo. Vocês querem o que, estragar a festinha de aniversário do meu filho?! – A filha do tio Hatsu pergunta, ela está sempre irritada com o pai, eu nunca vi alguém tratar o pai como minha prima trata meu tio.

- Sem drama Jazmin, o assunto aqui é muito sério. – Ele responde, acho que eu sou o assunto sério, minha prima não parece gostar da resposta dele.

- Diferente de vocês dois, eu ponho meu filho em primeiro lugar, então nada é mais sério do que a festa de sete anos dele ser perfeita.

- Quero ver se você pensaria assim caso eu não tivesse impedido meu irmão de te estuprar quando você ainda era um bebê. – O tio fala, ele usou a mesma palavra que usou antes, isso significa que o papai tentou machucar a minha prima da mesma forma que ele me machuca. – Infelizmente a sua... A Akiko não teve a mesma sorte que você e essa egocêntrica não fez nada por ela assim como não fez por você. Duas vezes Aguri, duas vezes você podia ter me contado sobre o que o Kaede pretendia fazer.

- De-Desculpa. – Eu peço, visto que eu estou causando vários problemas, eu não devia ter contado, eu só estou os fazendo brigarem. – E-Eu não que-queria que vo-voc...

- Não Aki, você não tem que pedir desculpas por nada, você é a única daqui que não fez nada. – Tio Hatsu afirma, mas eu fiz sim, eu causei uma briga que não devia estar acontecendo.

- É verdade, vocês dois que eu diga, vão parar no inferno por tudo que fizeram...

- Já chega disso Jazmin, cala a boca e vá embora! – Mamãe manda e, muito a contragosto, minha prima vai embora e deixa só nós três aqui.

- Não devia ter falado assim com ela.

- A Jazmin me irrita com as atitudes, eu não sou obrigada a aturar aquela garota. – Mamãe retruca, o tio Hatsu não parece estar mais com raiva, agora ele parece estar triste.

- Você sabe por que ela é assim, tenta olhar pelo lado dela Aguri... Ela descobriu tudo quando era apenas uma criança, você nunca foi nem um pouco carinhosa com a Jazmin e ela cresceu e te viu com a Kayano, a Akari, até mesmo com a Akiko... Não é fácil pra Jazmin lidar com isso. – Ele afirma, se virando pra mim. – Agora a Aguri vai cuidar de você porque eu preciso ir sozinho resolver essa situação com seu pai.

 

Flashback off:


Notas Finais


A palavra de hoje é "Mehinemoda"
Kissus!


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