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História A base de mentiras - Nome esquecido



Notas do Autor


Oiiii pessoal?! Como estão?!

Me empolguei no capítulo de hoje e ele acabou ficando mt grande :')

Boa leitura!

Capítulo 407 - Nome esquecido


Fanfic / Fanfiction A base de mentiras - Nome esquecido

Jezebel

 

Minhas habilidades artísticas estão longe de serem horríveis, mas também não seria hipócrita ao ponto de chamá-las de ótimas. Acho que ficou bem melhor do que a maioria dos seres seriam capazes de fazer, não foi uma das tarefas mais difíceis reproduzir a marca brilhante que eu vi em seu pé antes do enteado de minha mãe acabar levando-a para longe. Irei mostrar esse desenho para a minha mãe, talvez ela reconheça que tipo de símbolo é esse. Se ela for filha de Nix, o símbolo de lua e estrela na sua testa é algum tipo de ligação com a mãe, mas eu não sei do que se trata esse símbolo em seu pé. 

- Sabe o que isso significa? – Pergunto, colocando a folha em suas mãos, ela fica um tempo em silêncio analisando o desenho, minha mãe não precisa de muito tempo para poder dar seu veredito, apenas alguns instantes.

- Nix possui essa marca, a diferença é que a dela está localizada na mão. – Ela me informa, agora eu possuo fatos o suficiente para acreditar que tudo isso não é apenas coincidência. Aquela menina, ela é realmente filha da Nix, filha de Nix e Hades. – Eu nunca tinha visto esse símbolo nela, deve ser algo recente. Como ela não tem mão, o símbolo foi posto no pé.

- Ela tem mãos sim. – Retruco, acabei de ver aquela garota e eu vi muito bem que ela tinha mãos.

- O que ela tem não são exatamente mãos, são próteses mecânicas revestidas por pele verdadeira. – Minha mãe corrige-me, se tudo isso for verídico e aquela menina realmente não tiver mãos, aquelas são as próteses mais realistas que eu vi em toda a minha existência. – Acho que aquilo é algo caro demais para uma escrava, deviam ter deixado ela sem mãos ou então colocado algo mais barato no lugar, foi puro desperdício de dinheiro.

- Pelo menos agora nós sabemos o porquê da marca dela estar em seu pé e não na mão. – Comento, agora voltando ao assunto original da conversa, algo mágico não se instalaria numa parte artificial de seu corpo, não valeria de nada se estivesse sobre peças mecânicas. – Sabe algo mais sobre esse símbolo além do fato de Nix também o ter?

- Sim, eu sei que esse símbolo tem relação com as sombras.

- Tinha uma bem perto da garota quando eu a encontrei. – Digo, lembrando-me daquela sombra que desapareceu logo após eu chegar. Ele disse que não iria me atrapalhar e se foi, ele possuía uma aparência humana. – Era a sombra humana.

- Skiá? – Ela indaga, deve estar querendo uma confirmação do nome da sombra, não posso negar nem afirmar, por isso dou de ombros. – O chamam de sombra traidora, está longe de ser um aliado de Nix, o interesse dele com a escrava deve ser o pior possível.

- Talvez seja ele o responsável por aquela marca.

- Certamente foi ele quem fez a marca. – Ela concorda e, se Skiá é inimigo de Nix, a Deusa da Morte não deve estar sabendo da existência desse símbolo em sua filha. Mas, mesmo se ela souber, Nix não deve ser nem um pouco a favor da marca. – Então, estamos de acordo ao dizer que a garota é filha de Nix?

- Sim. – Respondo positivamente, nisso eu concordo com minha mãe, porém sua outra suspeita me parece muito errônea, praticamente absurda e incongruente. – Mesmo ainda parecendo surreal ela ser uma Deusa por conta da sua fragilidade e complacência diante das agressões, não posso negar que vários fatos apontam para essa conclusão. Quanto ao garoto ser um guardião...

- Ele é um guardião. - Ela me corta, não me dando a oportunidade de concluir meu raciocínio, não entendo o porquê dela acreditar tão fortemente nessa ideia.

- Guardiões foram extintos. – Contrario-a, os guardiões já estavam extintos muito antes de nós existirmos. Mesmo que, milagrosamente, essa raça tenha ressuscitado, aquele garoto não se encaixa em nenhum dos requisitos de um guardião. – Além disso, o cabelo dele teria que ser muito mais selvagem para considerarmos essa possibilidade.

Quando digo selvagem, é literalmente selvagem que seu cabelo deveria ser.  Eu passei minha mão pelos seus fios macios e sedosos, para me certificar de que aquilo não era algum tipo de ilusão visual, pude confirmar sem sombra de dúvida que o que ele tem na cabeça são apenas fios amarelos, o que se distancia muito do que deveria ser. Para ser um guardião, no lugar daqueles fios perfeitos, deveria ter um ninho de serpentes em sua cabeça, assim como a tão conhecida e antiga guardiã Medusa tinha.

- Mesmo ele não tendo as serpentes, tenho certeza que é um guardião. – Ela volta a afirmar, até aceito a justificativa de que as lentes em seus olhos é o motivo dele não transformar todos a sua volta em pedra porque isso impede que ele olhe diretamente para qualquer pessoa, porém não há nenhuma justificativa plausível o suficiente para aquele cabelo. – Ele se lembra de sua vida passada, humanos não possuem essa capacidade.

- Como você pode afirmar com tanta certeza de que ele é capaz de se lembrar de sua vida passada?

- Porque eu e ele já tínhamos nos encontrado na sua outra vida, ele se revelou ser um menino que conheci há muito tempo atrás e parece que ele se lembra de tudo. – Ela informa tudo isso e eu fico imóvel, apenas processando a informação, lentamente tomando ciência do tamanho do problema que isso nos irá trazer.

- Ele descobriu algo sobre sua verdadeira identidade? - Torço para que sua resposta seja negativa, caso contrário isso só nos trará mais problemas.

- Sim, ele sabe que eu fui uma general nazista e também sabe que eu sou uma bruxa. – Ela responde tranquilamente, como se isso não fosse nada demais, sendo que é uma verdadeira catástrofe. – Não se preocupe Jezebel, ele não tem provas e ninguém acreditaria nele. Examine as joias que você tirou dela que eu irei investigar o Naoto, nos encontramos depois do jantar com as provas.

 

Raiden

 

Flashback on:

 

Aqui está quente, quente demais, acho que eu exagerei quando fui aumentar a temperatura do aquecedor daqui de casa. Eu cheguei aqui congelando, a baixa temperatura lá de fora e minhas roupas molhadas formaram uma combinação péssima, mas agora está tão quente que sequer consigo beber o chocolate quente que tinha feito com o intuito de me esquentar. Esse aquecedor é mesmo muito bom, lá fora deve estar graus negativos e aqui dentro deve estar beirando os trinta graus.

Espirro, provavelmente irei ficar doente, o dia de hoje foi uma completa loucura. Quando sai hoje cedo do meu quarto, eu realmente não esperava voltar, pensei que seria a última vez que pisaria nessa casa, esse era meu objetivo. Acabei fazendo exatamente o oposto do que pretendia, ao invés de me matar, eu salvei uma vida. E essa vida está deitada na minha cama, debaixo da pilha formada por todos os cobertores que consegui encontrar, ainda inconsciente.

Levanto da poltrona e aproximo-me dela, da minha cama. Ajoelho-me no chão, bem ao lado da minha cama, tão perto que apoio meus braços no colchão. Seu rosto está virado nessa direção, consigo observá-la bem mesmo estando com a cabeça no travesseiro. É assustador, eu ainda não entendo como isso é possível, então a única coisa que consigo fazer é ficar impressionado.

É uma cópia perfeita de Annelise, eu só consegui convencer-me de que essa garota não é Annelise porque ela é mais nova, ela me lembra da Annelise de cinco anos atrás. Toco levemente no seu rosto, deslizando a ponta dos meus dedos para sentir a textura da sua pele, é diferente da de Annelise. Eu sentia a porcelana toda vez que tocava em Annelise, mas essa garota não tem pele de porcelana, é pele de verdade. Ela ainda está fria, mesmo com o aquecedor transformando meu quarto quase num forno e com a pilha de cobertas em cima dela, parece que nada consegue esquentá-la.

Ela estava presa, estava presa dentro de um lago congelado, durante o inverno mais frio que já teve no Japão. O médico disse que ela está viva, mesmo com a pele fria, a respiração lenta, o pulso quase inexistente e mesmo com seus tremores e espasmos.  Eu não sei praticamente nada sobre ela, porém não quero que morra, eu quero ter a oportunidade de conversar com ela. E, pela aparência, vê-la morrer seria o mesmo que reviver a morte de Annelise, observar tudo se repetir sem poder fazer nada.

Tiro minha mão de seu rosto quando suas pálpebras tremem, fico completamente imóvel, esperando para ver o que irá acontecer. Lentamente seus olhos se abrem, olhos azuis iguais ao de Annelise, e esses olhos acabam se focando em mim. Mas não por muito tempo, ela começa a olhar ao redor e é engraçado como seus olhos se arregalam, ficam tão redondos que parecem até olhos de boneca.

Demoro a entender o porquê de seus olhos terem se arregalado tanto, primeiro penso que é porque acordou em um lugar diferente, mas deve ser porque ela não está acostumada a frequentar locais como meu quarto. Ela é uma escrava, é tipo uma selvagem, não deveria estar surpreso com essa sua reação. Ainda assim, eu quero conversar com ela, estou curioso e intrigado.

- Oi. – Digo, mas ela não me olha, continua observando algum ponto qualquer do quarto. Resolvo repetir, dessa vez mais alto. – Oi!

Agora sim eu consegui a atenção dela, que voltou a olhar pra mim. Eu estou em dúvida se ela fala, acho que foi assim que os navegadores do passado reagiram ao se deparar com os nativos das terras que eles descobriram, é realmente uma situação bem estranha. O único contato que já tive com escravos foi para dar ordens, nenhum dos escravos eram tão novos quanto ela é.

- Sabe onde está? – Indago, eu tenho quase certeza que a resposta vai ser negativa, mas ao menos servirá para descobrir se ela me entende e se ela sabe falar.

- Aqui... Aqui é onde trazem os escravos que não obedecem e os machucam? – Ela pergunta, então ela sabe falar, e a voz dela é bonita. Acho melhor eu negar logo, ela está parecendo um pouco assustada.

- Não, aqui é meu quarto, na minha casa. – Respondo, acho melhor me apresentar, aí ela vai fazer o mesmo. – Meu nome é Arai Raiden, qual seu nome?

- Nome? – Ela repete, como se não tivesse entendido.

- É, nome. – Confirmo, porém ela não me responde, acho que tenho que explicar o que é um nome. Isso é um pouco difícil, não é fácil explicar uma palavra simples. – Nome é como as pessoas te chamam, quando os outros falam com você eles te chamam de alguma forma, isso é um nome.

- Entendi! – Ela fala, sorrindo de uma forma que me deixa surpreso, acho que nunca vi um escravo sorrindo. – Meu nome é Sessenta e três.

- É... Não. – Nego, disso eu já sabia, meu pai foi olhar os registros de compra e encontrou uma escrava de três anos que batia com a aparência física dela, ele me disse que ela é a Sessenta e três. – Isso é um número, números não são nomes.

Ela tem que ter um nome, eu sei que a maioria das pessoas não nasce sendo escravos, elas são vendidas como escravos. Então, antes de serem escravos, elas tinham um nome. Eu quero saber o nome dela, é estranho chamar alguém por um número, não vou chamá-la de Sessenta e três.

- Número?

- Sim, tipo um, dois três, quatro... – Dou exemplos, mas parece que eu acabei de falar grego. Ela tem três e eu tenho oito, sou cinco anos mais velho, mas até meu irmão de quatro anos sabe contar até dez. – Sessenta e três não é um nome.

- Eu... Eu não sei meu nome. – Ela diz por fim, depois de ficar calada e, possivelmente, pensando. Acho que não consegui deixar claro o que é um nome, vou tentar perguntar de outra forma.

- Eu sou Arai Raiden, quem você é?

- Eu não sei.  – Ela responde, fazendo-me chegar à conclusão de que ela não tem um nome e, se tiver, não lembra. Até aí tudo bem, só que ela volta a falar. – Desculpa.

- Desculpa? – Repito, agora é a minha vez de ficar confuso, não entendi porque falou desculpa.

- Desculpa por não saber... Eu devia saber, desculpa. – Ela pede, a voz tremendo de leve, ao mesmo tempo em que tenta se levantar. Não sei se é falta de forças ou o frio que a impedem, mas ela não avança na sua tentativa de sentar.

- Tem que ficar deitada, você ainda não está bem. – Afirmo, pois toquei há pouco tempo em sua pele, ainda estava muito mais fria que o normal. Até onde eu sei, hipotermia é algo muito sério.

- Eles não deixam...

- Quem?

- Os homens grandes, eles chutam forte quem fica deitado. – Ela conta, os homens grandes devem ser os capatazes que meu pai paga para controlar os escravos que ficam nas plantações afastadas, afinal é impossível meu pai vigiar sozinho a extensão inteira da fazendo e ainda evitar revoltas e fugas. A violência é necessária por parte desses homens, senão os escravos sairiam de controle.

- Aqui não tem nenhum desses homens. – Digo, mesmo eu achando necessária a violência, existem exceções. Um escravo machucado merece descansar, para melhorar e ser mais produtivo do que se trabalhasse doente. Outra exceção é que ela não me parece uma ameaça, muito menos uma rebelde, agressões gratuitas com escravos pequenos que se comportam também não é certo. – A única pessoa que manda nesse quarto sou eu.

- O que o senhor quer que eu faça? – Ela questiona imediatamente, acho que interpretou ao pé da letra o que eu disse. Eu não quero mandar nela, eu queria ter uma conversa, mas está tão difícil já que eu nem ao menos sei seu nome.

- Quero que fique deitada e não me chame de senhor, meu nome é Raiden. – Respondo, mesmo tendo gostado um pouco, só um pouquinho, de alguém me tratando com tanto respeito. Eu quero que ela me chame pelo meu nome, assim como quero chamá-la pelo seu nome, não por um número. – Acho que vou te dar um nome.

Penso em vários nomes, tentando encontrar um que combine com ela, ignoro completamente todas as vezes que meu cérebro repetiu Annelise, não irei chamá-la assim. Ela lembra a Annelise, mas, infelizmente, não é ela, Annelise está morta. Lhe darei um nome, porém não será Annelise e nem nada que remeta à Annelise.

Não quero um nome comum, porque ela não é comum, não é uma garota normal, é uma escrava. Lembro-me do curso, das poucas aulas de inglês que tive até agora, das poucas palavras que aprendi a pronunciar corretamente na língua inglesa. Uma delas é bonita, diferente e lembra-me dela.

- Violet. – Pronuncio, esse nome remete tanto a cor violeta, uma mistura de roxo com azul, como se remete a flor violeta. Uma cor e uma flor exóticas, selvagem e delicada, assim como ela. – Seu nome vai ser Violet.

Ela tenta repetir, mas acaba falhando, não é exatamente fácil, posso ensiná-la a falá-lo depois. Violet, já me sinto mais confiante em conversar com ela tendo um nome pelo qual chamá-la, Violet.

- Ainda está com frio? – Interrogo e ela balança positivamente a cabeça, já esperava por isso. – Muito?

Ela confirma novamente, acho que já fiz todo o possível para aumentar sua temperatura. Banho quente, pilha de cobertores e aquecedor numa temperatura altíssima, acho que não há mais nada que eu possa fazer. Na verdade, tem uma coisa que não sei se vai ser muito eficaz, mas não custa tentar.

- Quero que você se sente, vou te ajudar. – Afirmo, ela não retruca e apenas faz o que acabei de pedir, não sabia que existiam escravos tão obedientes. Quando for mais velha, tenho certeza que será muito útil pro meu pai, não é todo dia que se encontra uma escrava dessas.

Consigo colocá-la sentada e ajeito os travesseiros atrás de si, botando-a recostada neles. Puxei os cobertores e deixei-a coberta, mesmo estando sentada, espero que os cobertores não caiam. Vou até a mesinha perto da poltrona onde eu estava e pego a caneca de chocolate quente, a bebida ainda está quente e eu não tenho mais interesse algum em beber.

- Toma isso, deve esquentar. – Conto, botando a caneca entre as suas mãos. Ela pega a caneca e fica encarando-a, assim como observando o líquido. Definitivamente ela nunca viu chocolate quente, acho que nem mesmo uma caneca. – Levanta a caneca e coloca na boca, aí você vira devagar.

Ela balança positivamente e tenta fazer o que eu disse, mas, mesmo segurando a caneca com as duas mãos, suas mãos estão tremendo. Seus dedos estão com uma coloração não muito normal, deve ser por conta da hipotermia, ela não deve estar conseguindo controlar as mãos de forma direita.

- Eu ajudo.  – Digo, botando minhas duas mãos sobre as dela e estabilizando a caneca. Continuo com minhas mãos na caneca e guio-a até sua boca, virando devagar e observando seus olhos se arregalarem. Tiro por um momento de sua boca, para ela poder respirar. – O que achou?

- Bom. – Ela responde, sorrindo ainda mais que antes, com os lábios sujos de chocolate. Volto a inclinar a caneca na sua boca, faço isso até toda a bebida acabar, suas mãos estão um pouco menos frias.

Saio do quarto para colocar a caneca na cozinha e, quando volto, os cobertores tinham caído de cima dela. Violet treme de frio, ao mesmo tempo que encara seu corpo, acho que está estranhando a roupa.

- Tivemos que tirar suas roupas, elas estavam encharcadas. Nenhuma de minhas irmãs quis emprestar roupas pra uma escrava, então você está usando uma blusa e uma calça minha, por isso está tão grande. – Explico, eu peguei as menores peças de roupa que encontrei e, mesmo assim, ficou muito grande. Só que é melhor roupas largas do que roupa nenhuma.  – Deita de novo que vou te cobrir.

Ela concorda e deita, pego a pilha de cobertores e ajeito novamente sobre ela. Violet começa a passar uma das mãos pelo cobertor, seus olhos parecem brilhar, como se estivessem olhando pra coisa mais incrível que já viu. Acho que escravos não têm cobertores, nem mesmo nesse frio de graus negativos, deve ser realmente incrível pra alguém que está acostumado com o frio se dar conta que existe algo que cura o frio.

- Você é bonito. – Ela sussurra, sem olhar pra mim, nem sei dizer se disse para mim ou para si mesma. Meu olho fica marejado, a última pessoa que disse isso pra mim foi Annelise, todas as outras pessoas sempre me veem como um monstro por conta do meu rosto. Eu estou cobrindo a parte queimada com a máscara de porcelana, mas, mesmo assim, eu sei que sou horroroso, com ou sem máscara.

- Não, eu não sou bonito, você que é bonita Violet.

 

Flashback off:

 

Não sei por que me lembrei disso agora, realmente não sei. Violet, se eu me esqueci de que havia lhe dado esse nome, ela também não deve se lembrar. Não sei quando o nome Violet se perdeu, nem o porquê, só sei que não a chamo assim há muito tempo. Ainda sou contra chamá-la por um número, não chamo e nunca a chamarei de Sessenta e três. Agora é boneca, geralmente é assim que a chamo, ou bonequinha.

- Raiden! O que você está fazendo?!

Tomo um verdadeiro susto e, no impulso, desligo o chuveiro. Viro-me e encontro o Naoto, realmente não esperava que ele fosse aparecer assim do nada, principalmente estando impossibilitado de andar. Recomponho-me do susto e preparo-me para respondê-lo, ele não deveria estar aqui.

- Estou dando banho nela. – Respondo de forma simples, acho engraçado que seus olhos estão fixos em mim, ele não quer olhar pra ela.

- Você não está dando banho nela, está afogando-a na banheira! – Ele retruca, com seus olhos ainda fixos em mim, mesmo ela estando tossindo horrores e, possivelmente, vomitando toda a água que engoliu. Afogar é um termo muito forte, eu não estou enfiando a cabeça dela dentro d’água, jamais faria isso. –Mesmo que você só estivesse dando banho nela, isso é muito errado! Vocês não são parentes, você não pode dar banho nela!

- Como não? Ela é minha noiva, isso nos torna parentes. – Digo, deixando de lado o fato de que ela, ainda por cima, está esperando uma filha minha. – E eu tenho que dar banho nela, ela não sabe fazer isso sozinha. Além do mais, ela está com febre, o único jeito de abaixar essa febre é com banho frio.

- Ela está tremendo Raiden! Você botou o que nessa água?! Gelo?!

- É água normal, sem ser aquecida, ela não está tremendo de frio. – Afirmo, talvez até seja um pouco por frio, mas o frio não é o principal motivo da sua tremedeira. – E eu não estou afogando-a, era só ela fechar a boca quando eu liguei o chuveiro que não teria engolido água.

- Raiden, o que você fez? – Ele pergunta, dessa vez mais baixo que antes, parece que tomou coragem para observar uma garota pelada na banheira. – Ela está tremendo, o rosto dela está vermelho, ela está soluçando e está respirando muito rápido... E você está com as suas duas mãos no corpo dela, o que raios você estava fazendo antes deu chegar?!

- Eu não estava fazendo nada. – Retruco, o Naoto foi dramático demais, minhas mãos só estão uma em cada ombro, segurando-a. – Ela está assim por conta da aquafobia, ela tende a ter uma reação pior com água fria do que com água quente.


Notas Finais


Trechos do próximo capítulo:

- Os corpos. Os corpos dos Deuses desaparecem quando eles são eliminados, mas Óra e Elpída eram mortais, assim como todas as reencarnações. Todos esses corpos existem, onde eles estão?
- Os corpos de Óra e das reencarnações estão conservados nas catacumbas, inclusive meu corpo está lá. Por que quer saber disso?
- Porque eu quero ver os corpos.

- Me ajude a tirar essa tampa.
- Por quê?
- Só me ajude Anástasi, eu preciso ver de perto o corpo!

A palavra de hoje é "Mipremeprope"
Kissus!


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