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História A base de mentiras - Família quebrada - Parte um



Notas do Autor


Oiii pessoal! Como vão?!

Eu deveria dizer quem é a pessoa da foto já que não aparece o rosto, mas... Aí eu estaria dando um spoiler, então vou deixar vcs lerem e descobrirem :D

Boa leitura!

Capítulo 411 - Família quebrada - Parte um


Fanfic / Fanfiction A base de mentiras - Família quebrada - Parte um

Raiden

 

Hoje está acontecendo tanta coisa, mas tanta coisa, que eu já perdi a minha capacidade de processar as informações e me manter calmo. Não dá, está tudo explodindo ao meu redor, eu estou explodindo. Acho que não é só hoje, é um conjunto de coisas que vem acontecendo, culminando nessas duas cartas que garantiram meu descontrole, o resto do dia só serviu para agravar tudo.

- Está com medo de ver o resultado? – Annelise pergunta, eu acho que ela não entendeu meu problema, eu já olhei os resultados.

- Não, eu já vi. – Respondo, tendo que forçar as palavras a saírem, eu não estava com medo do resultado até que eu vi o resultado. – Eu passei.

- Você está assim por que... Conseguiu passar pra faculdade? – Ela indaga e eu confirmo, é exatamente por isso. Lembrar-me do fato que não tenho para quem contar que passei para a faculdade de medicina é sufocante, mas não é por isso que estou quase falhando em manter as lágrimas presas. – Não entendo, por que duas cartas?

- Porque eu passei em duas faculdades. – Conto, puxando uma das cartas para perto de mim novamente e apertando-a em minha mão, amassando tanto o envelope quanto o que tem ali dentro.

- Duas?! – Ela exclama, como se fosse algo incrível, mas não é. – Além de medicina, qual foi a outra faculdade que você passou?!

Eu quero fazer medicina, quero ser médico, eu realmente quero fazer isso. Prometi a Annelise que viraria médico, para cuidar e ajudar crianças como ela, além de ser uma profissão que meu pai aprovaria. Quero, um dia, ter um hospital infantil especializado em doenças mentais. Mas, mesmo tudo isso sendo meu sonho, eu não pude deixar de tentar a outra faculdade.

Era pra ser só uma tentativa, só para no futuro eu não ter arrependimento algum. Era só fazer a prova, receber o resultado negativo e seguir em frente com a faculdade de medicina. Mas eu passei, eu passei em ambas as faculdades, não era pra isso acontecer. Agora acho que era melhor eu nem ter feito a prova, se antes eu tinha medo de ficar com peso na consciência, agora me vejo em uma encruzilhada sem saída.

Não é bem uma encruzilhada, eu não tenho uma escolha. Jamais abandonaria medicina, mas fazer os dois não é uma possibilidade. Não é por falta de tempo ou cansaço, ficaria completamente feliz se tivesse a chance de entrar em ambas as faculdades, sem precisar deixar uma de fora. Só que faculdade precisa de dinheiro, e eu sei que meu pai só dará dinheiro para a faculdade de medicina.

- Moda. – Sussurro a resposta para Annelise, contando-lhe a outra faculdade para qual fiz prova e passei. Seria tão mais fácil deixar essa ideia de lado se eu não tivesse passado, não era para eu ter sido aceito na faculdade de moda. – Eu não podia ter passado.

- Moda... Eu deveria ter imaginado, você sempre gostou desse universo. – Ela comenta, realmente não tenho como contradizê-la, eu gosto e Annelise sabe muito bem disso. – Por que está triste se passou para uma coisa que desejava fazer e também conseguiu passar para outra que ama fazer?

A resposta está na ponta da minha língua, mas, mesmo sendo Annelise, ela se recusa a sair. Em parte é por vergonha, nem sei como tive coragem de lhe contar que a outra faculdade que tentei foi de moda. Meu pai não pode nem sonhar que eu fiz um teste para a faculdade de moda, ele também não pode saber que eu passei, não tenho a mínima noção de como ele reagiria caso descobrisse.

Meu pai sempre foi contra com tudo que eu gostava, e gosto, de fazer. Não podia brincar de boneca, tinha que jogar vídeo game. Não podia dançar, tinha que jogar futebol. Não podia costurar, tinha que atirar. Nem mesmo tocar piano, coisa que minha mãe fazia, mas eu não podia fazer. Não consigo nem mesmo imaginar, não quero imaginar, o que ele diria caso descobrisse sobre a faculdade de moda. Claro que eu receberia um não se pedisse para ele pagar ambas as faculdades, provavelmente receberia muito mais do que uma simples negação.

- Porque eu cheguei tão perto. – Afirmo, sem conseguir conter o soluço que acaba escapando, ainda bem que só tem eu e a Annelise aqui. – Tã-Tão perto e me-mesmo assim... Não adiantou de na-nada.

Eu realmente queria cursar moda, acho que é um desejo mais antigo do que a própria vontade de cursar medicina. Acho que costuro desde meus quatro ou três anos, nunca parei de costurar ou desenhar, é algo que gosto e pretendo nunca parar de fazer. Queria poder me especializar nisso, aprender muito além do que sei hoje, e a chance disso está em minhas mãos.

Nunca estive tão perto nem tão longe de realizar um sonho, é hilário o fato de que a única coisa que me impede de seguir em frente é dinheiro. Ter que desistir aqui depois de ter passado no teste, de ter estado a um passo de alcançar o que sonho desde que era menino, essa real possibilidade me faz entrar em pânico. Definitivamente eu não quero ter que abrir mão disso, não tem como dar as costas para algo que se quis por tanto tempo. E eu vou ter que fazer isso porque, desde o início, nunca existiu a possibilidade deu seguir por esse caminho.

 Estou parado diante da porta que pode me levar ao mundo dos meus sonhos, mas eu não tenho a chave que destranca a porta e a pessoa que possuí a chave nunca irá dá-la para mim, não importa o que eu faça ou o quanto eu peça. Fim da linha, é aqui que tudo acaba.

- Algum problema?

Assusto-me com a voz e quase caio da banqueta, porém consigo agarrar a borda da bancada a tempo. Busco com meus olhos por Annelise pela cozinha, mas ela sumiu, não está em lugar algum. Limpo as lágrimas que fugiram e foco meu olhar na pessoa que falou comigo, pareceria um maluco se continuasse a rodar meus olhos por toda a cozinha procurando por uma pessoa que não está aqui.

- Não. Nenhum. – Respondo, sem saber como consigo fazer minha voz soar tão firme. Espero que eu consiga manter-me assim até ele seguir seu caminho e deixar-me, dessa vez, completamente sozinho, afinal Annelise não está mais aqui. – Desculpe a falta de formalidade, meu pai não avisou que o senhor viria aqui em casa hoje.

- Seu pai não sabia que eu viria hoje, resolvi fazer uma... Visita surpresa. – Ele explica, isso é surpreendente, muito surpreendente. No passado, bem no passado, isso até era algo comum pelo que contam. Aparentemente eles são amigos de longa data e antigamente, antes mesmo deu nascer, tinham o costume de sempre saírem juntos e fazerem visitas surpresas um ao outro. Mas esse costume se perdeu com o tempo.

- Tenho certeza que irá gostar da sua presença, ele deve estar no segundo andar com a esposa. – Afirmo, esforçando-me muito para mencionar meu pai e aquela bruxa com minha voz neutra. Fico com raiva ao pensar na mulher horrenda com quem meu pai se casou e tenho vontade de chorar quando penso no meu pai, vontade de chorar por tudo que está acontecendo agora, por tudo que vem acontecendo nos últimos dias e por tudo que aconteceu desde que minha mãe foi expulsa dessa casa. – Quer que eu te guie ou conhece o caminho?

Talvez eu tenha sido um pouco rude em minha pergunta final, mas é porque eu quero ficar sozinho, só quero que ele vá embora antes que eu não consiga mais me manter neutro. Tantos momentos para recebermos visitas e elas aparecem nos piores momentos, não tenho paz na minha própria casa, acho que devo me trancar no meu quarto e só sair de lá... Algum dia.

- Na verdade, não vim aqui especificamente pelo seu pai. – Ele fala, até onde sei, não tem mais ninguém daqui com quem ele possa ter algum assunto. – Será que podemos conversar?

- Desculpe senhor Kaede, mas eu não estou me sentindo bem. – Digo uma meia verdade, realmente não estou me sentindo bem, mas não é nada físico. Só hoje eu recebi essas duas cartas, o Naoto saiu do coma, tem uma prima da minha madrasta nessa casa, minha irmã acusou estar grávida de mim e a droga da menina nem ao menos pode cumprir uma simples ordem minha que era para não sair do quarto... É muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e a maioria delas é ruim. – Eu vou pro meu quarto.

Ele não diz nada e fico grato por isso, simplesmente saio andando pelos corredores, uma hora eu chego até as escadas que preciso subir para chegar no meu quarto. É no meio do caminho, ou em alguma parte qualquer do caminho, que eu lembro-me das cartas. Eu não as trouxe comigo nem as escondi, simplesmente deixei ambas largadas na bancada da cozinha.

Viro-me e volto correndo pra cozinha, tão rápido que quase passo reto pela entrada. Entro na cozinha completamente esbaforido, não pela corrida, mas sim pelo meu desespero de alguém encontrar aquelas cartas. Eu deveria ter as escondido de volta no pó de café ou as queimado logo, assim ficaria impossível de alguém encontrar.

Encontro minhas cartas com o Kaede, uma perto de si e a outra em suas mãos. Poderia ser pior, poderia ser meu pai no lugar do Kaede, mas, ainda assim, não queria que ninguém além de mim e Annelise ficasse sabendo da faculdade de moda. É algo que eu, infelizmente, pretendia levar para o túmulo. Fico completamente sem reação, não sei como abordar o Kaede depois dele, possivelmente, ter lido ambas as cartas.

Eu acredito que o pensamento do Kaede não seja tão diferente assim do pensamento do meu pai, ou seja, ele também deve acreditar que moda não é para homens. Lembro-me que, há alguns meses atrás, o Kaede queria casar sua filha mais velha e, como primeira opção, ele veio falar comigo e com meu pai. Portanto, se ele me considerou a me casar com a filha dele, acredito que me tinha em alta conta, mas devo ter acabado de despencar em seu conceito por conta da faculdade de moda.

- Não comente disso com meu pai. – Peço, pois nem mesmo partir para a ofensiva eu não posso, parece que eu não posso perder a cabeça com ninguém. Se eu faço algo com meu pai, ele me bate. Se eu faço algo com a bruxa da minha madrasta, meu pai me bate. Se eu fizer alguma coisa com uma pessoa importante como o Kaede, meu pai me bate.

- Por que não? – Ele interroga, certamente era pedir demais do destino que o Kaede apenas concordasse com meus pedidos, sem fazer perguntas. Não sei se devo mentir ou dizer a verdade, afinal, ele já viu o que não era para ser visto. – Qual o problema dele saber que você passou nas faculdades?

- Na faculdade. Eu passei na faculdade de medicina. – Conserto-o, para ver se assim o Kaede entende sem que eu tenha que me explicar.

- Essas cartas dizem o contrário, você foi aprovado em duas faculdades. – Ele comenta, mostrando as duas cartas perto de si que deveriam estar escondidas, longe da vista de todos. Continuo calado e, subitamente, ele volta a falar. – Entendi, você tentou entrar na faculdade de moda por pressão e, na verdade, não quer fazer esse curso.

O Kaede não poderia ter passado mais longe, acho que sua conclusão é completamente oposta a realidade. Eu não estou sendo obrigado a fazer medicina, eu quero fazer medicina, mas se eu tivesse que escolher entre moda e medicina... Eu acho que acabaria escolhendo moda. Só que isso não é relevante, posso apenas mentir dizendo que é isso mesmo, assim preservaria a imagem que o Kaede tem de mim. O problema é que estou cansado, cansado demais para ficar inventando mentiras.

- É exatamente o contrário. Eu quero cursar moda, mas... – Não consigo terminar de falar, sentindo o nó na minha garganta e prevendo a gagueira que viria caso eu continuasse. – Irei fazer medicina.

- Mas não é o que quer, você quer moda. – Ele decreta o óbvio, o que deixei nas entrelinhas. Eu queria poder cursar as duas coisas, medicina e moda, tenho certeza que conseguiria administrar meu tempo se, no mínimo, essa oportunidade me fosse dada. – Seu pai quer que faça medicina?

- Ele quer que eu faça qualquer coisa que não seja moda. – Deixo o comentário escapar, tenho certeza que pro meu pai a pior coisa que eu poderia fazer da minha vida é me formar em moda. Se eu decidisse parar de estudar e não entrar numa faculdade, meu pai ainda acharia essa decisão melhor do que cursar moda.

O silêncio se estende novamente e a única coisa que eu quero é sair daqui, mas não posso ir embora sem as cartas que continuam perto dele, impossíveis de pegar. O Kaede pega uma das cartas e empurra a outra na minha direção, deixando-me livre para pegá-la, mas eu quero as duas cartas.

- Eu pago a faculdade que você quer, a faculdade de moda. – Ele afirma, a frase demora a fazer sentido na minha cabeça e, quando faz, meu coração dispara com uma esperança perigosa. Isso é completamente sem lógica, não existe um motivo plausível pro Kaede pagar minha faculdade, ainda mais contra a vontade do meu pai.

- Meu pa...

- Caso você queira que eu pague a sua faculdade de moda, não precisa se preocupar com seu pai, deixe que eu me entenda com ele.  

CONTINUA...


Notas Finais


Notas finais por Fudanshi_Capri:

Karma: NAGISA!

Nagisa: O QUÊ?!

Karma: VEM AQUI!

Nagisa: *Anda até o quarto do Karma*

Nagisa: O que você quer Karma?

Karma: Nada ^-^

Nagisa: '-' -_-

Karma: :D :) :')

Nagisa: KAYANO!

Kayano: O QUÊ É?!

Nagisa: VEM AQUI.... E TRAZ O MACHADO!

Karma: '-'

A palavra de hoje é "Vemapridita"
Kissus!


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