Noburo
Flashback on:
- Por que estar em um relacionamento sério é tão exaustivo? – Ishin interroga, rio de sua fala, ele não poderia ter perguntado para ninguém pior do que eu.
- Não faço a mínima ideia, nunca tive um relacionamento sério. – Respondo, em meio as minhas risadas que acabam fazendo-o sorrir levemente, mesmo ainda estando com um semblante cansado.
- Sua ousadia é inacreditável, ou talvez seja cara de pau, por afirmar que nunca esteve em um relacionamento sério estando casado. – Ele comenta, mas meu casamento não tem nada de relacionamento sério, só casei com Yukimura Aguri por conta de negócios.
- Vantagens de ser um mafioso. – Retruco, dando um gole no copo em minhas mãos, Ishin não bebeu praticamente nada do dele. – Agora eu quero entender o que raios estava passando pela sua cabeça quando a pediu em casamento.
- Miya estava me pressionando, eu gosto dela, sei que acabaríamos nos casando um dia... Porém acho que isso está indo rápido demais. – Ele se justifica, a vontade de rir volta quando vejo que meu melhor amigo se deixou ser subjugado por uma mulher. Tudo bem que Miya é uma mulher interessante, já me deparei com ela algumas vezes, mas eu definitivamente jamais conseguiria conviver com uma mulher com o gênio dela. – Você vai rir ainda mais se eu te contar o que ela está fazendo comigo.
- Acho que é impossível sua situação ficar ainda mais engraçada.
- Miya disse que só voltaremos a fazer sexo depois do casamento. – Ele fala rapidamente, agora eu estou entendendo porque Ishin está tão desanimado, quase com cara de enterro. – Eu quero transar Noburo, mas não quero casar agora e, enquanto não casar, Miya continuará se recusando a dormir comigo.
- Mas esse problema tem uma solução tão simples. – Afirmo, tentando manter-me sério depois de sua revelação sobre sua atual vida íntima com Miya, ou melhor, a ausência da vida íntima. – E eu tenho uma dessas soluções aqui em casa.
- E o que seria? – Ele pergunta, porém levanto da poltrona e não lhe respondo, deixarei Ishin descobrir por conta própria. Abro a porta do meu escritório e encaro um dos seguranças, ambos se viraram prontamente na minha direção ao me verem saindo.
- Quero que chamem a garota, a tragam aqui. – Mando e volto para dentro do meu escritório, fechando a porta e voltando a sentar-me na poltrona ao lado da do Ishin. – Daqui há pouco ela chega.
- Ela quem? – Ele questiona, abro uma caixa e tiro de lá um charuto, oferecendo para o Ishin que nega.
- Sua solução. – Respondo, acendendo o charuto e levando-o a boca. Acho que Ishin desiste de arrancar qualquer informação de mim e só encosta-se na poltrona. Definitivamente essa história de casamento e ausência de sexo está deixando Ishin esgotado, no lugar dele eu já teria terminado tudo.
Viro a cabeça na direção da porta quando a escuto ranger, revelando a garota que pedi para os seguranças chamarem. Ishin apareceu de surpresa aqui em casa, com uma mochila nas costas, igual à época em que éramos adolescentes. Eu já tinha planos, afinal não esperava por sua aparição repentina, por isso ela está aqui.
- Ishin, te apresento Kinoshita Iyona. – Afirmo, conforme a garota se aproxima de nós, parando ao lado da minha poltrona. – Ela é a solução dos seus problemas.
- Como ela é a solução dos meus problemas?
- Ela é uma prostituta. – Conto, talvez o que é óbvio pra mim não esteja tão óbvio para ele. Os olhos de Ishin se arregalam de forma engraçada e ele a analisa de cima a baixo, enquanto a Kinoshita continua imóvel e calada, esperando por alguma instrução do que deva fazer.
- Quantos anos você tem?
- Catorze. – Ela responde, essa eu não sabia, nunca vi necessidade em perguntar sua idade. Imaginei que ela não fosse muito velha, pensei que, no máximo, teria uns dezesseis anos.
- Eu não vou fazer isso Noburo, sou vinte anos mais velho que ela, vinte anos! E estou noivo, não irei trair Miya! – Ele rebate, não irei dizer que é certinho, mas Ishin tem um senso de justiça um pouco maior que o meu. Só que, na atual situação dele, ou ele transa com a Kinoshita ou ele irá acabar surtando.
- Deixa disso, ninguém mandou sua noiva ficar de palhaçada, ela está praticamente pedindo para você traí-la. – Afirmo, se ele não consegue em casa, é óbvio que irá buscar na rua o que a noiva não fornece. – Você não vai ser o primeiro nem o último noivo a pular a cerca, pense nisso como sua despedida de solteiro.
- Eu não posso fazer isso Noburo, diferente de você eu não curto garotas tão nov...
Eu não o corto, quem faz isso é Kinoshita que senta em seu colo e o beija. Meu amigo não tem reação alguma, agora Ishin não pode mais negar que ela não faz seu tipo. Kinoshita pode não ser a garota mais bonita que já vi, mas ela está realmente acima da média. Quando ela para de beijá-lo, o olhar de Ishin fica revezando entre mim e a prostituta sentada em seu colo.
- Foi tão ruim assim? – Questiono, esperando por uma resposta de Ishin que não vem. – Ela arrancou sua língua com o beijo?
- Nã-Não, só...
- Quem vai me pagar? – Kinoshita interrompe novamente meu amigo, virando parcialmente a cabeça na minha direção.
- Eu me acerto depois com você, só dê seu melhor. – Mando, outra vantagem da Kinoshita é que ela cobra muito pouco, um valor insignificante perto de tudo que tenho. – Vou deixá-los a sós.
- Espere aí Noburo!
- Eu não mereço ter que te ouvir reclamar e encarar sua cara emburrada por falta de sexo, nos falamos depois que você e a Kinoshita tiverem terminado.
Flashback off:
Se a Hasi é minha cópia, então os outros dois são a cópia perfeita de Kinoshita. Encarando-os, a única coisa que dá para dizer é que, sem dúvidas, são filhos de Kinoshita Iyone, deve ter sido fácil para ela nos enganar já que os dois se pareciam somente com ela. Sem um exame de DNA ou algum outro tipo de confirmação, seria impossível afirmar que eles não são filhos de Ishin.
A história nunca teria chegado nesse ponto se Ishin tivesse me ouvido, sempre falei que deveria fazer um exame de DNA, confiar na palavra de uma prostituta sobre a paternidade de bebês é uma péssima ideia. Se tivesse me ouvido, Ishin não teria criado os meus filhos e eu não estaria nessa péssima situação.
Flashback on:
- Estou nervoso, Iyone está nervosa, você não está nervoso?
- Por que eu estaria nervoso Ishin? – Interrogo, parece até que ele está casando pela primeira vez, sendo que já é seu segundo casamento. – É você que está casando, não eu. Para quê tanto estresse?
- Porque as coisas não estão saindo como deveriam, foi um turbilhão de confusões. Iyone não conseguiu entrar no vestido, tive que chamar uma costureira às pressas para fazer o ajuste e, até a costureira chegar, ela não parou de chorar e dizia que daria tudo errado. Eu já ouvi dizer que mulheres podem ficar emocionalmente instáveis durante a gravidez por conta dos hormônios, mas eu não pensei que fosse nesse nível, Miya não teve essas alterações repentinas quando estava grávida da Kohaku. – Ele explica e, mesmo com isso, Ishin não parece cansado ou indeciso sobre o casamento. – E agora eu estou nervoso porque ela estava nervosa, esse nervosismo pode fazer mal ao bebê.
- Eu realmente acho que você deveria fazer um exame de DNA. – Aconselho, já perdi as contas de quantas vezes já falei para que Ishin fizesse isso. O problema é que ele não me escuta, está bobo como se fosse o nascimento de seu primeiro filho, sendo que ele já tem uma. – Não deveria confiar tanto assim na palavra dela...
- Por que ela me enganaria Noburo? Para dar o golpe da barriga? – Ele interroga e eu concordo imediatamente, acredito plenamente disso. Kinoshita Iyona é uma garota pobre, vinte anos mais nova que meu amigo e ainda é, ou era, uma prostituta. Ela pode estar se aproveitando de Ishin para ascender socialmente e, sem dúvidas, essa gravidez deve tê-la ajudado. – Eu propus que casássemos com comunhão universal de bens, Iyone negou e disse que não queria esse tipo de união.
- Você realmente não aprendeu nada com seu casamento com a Miya? – Indago, sem acreditar que Ishin iria se meter nessa furada novamente. Seu casamento com Miya teve comunhão universal de bens, ou seja, quando eles se separaram ela ficou com metade de tudo que pertencia a ele. Mesmo assim, Ishin queria novamente se casar com comunhão universal de bens para quebrar a cara novamente.
- Eu não estou me casando com o intuito de me separar Noburo, quero que meu casamento com Iyone dure a vida inteira. E, se iremos compartilhar o resto de nossas vidas, é mais do que justo que o individual se torne dos dois e não só meu. – Afirma, isso está além da minha compreensão, mesmo sendo meu melhor amigo, eu não consigo entender o que se passa na cabeça dele para fazer isso. – E, dessa vez, tenho certeza que será para sempre.
- Você pensava isso sobre Miya.
- Não, era... Com Miya era diferente. – Ele comenta, parando de falar e eu ergo uma sobrancelha, incitando-o a continuar. – Eu nunca senti por Miya o que sinto por Iyone... Eu estava inquieto e exausto no dia que me casei com Miya, já hoje... Eu estou quase transbordando de alegria, a única coisa que quero fazer no momento é casar-me com Iyone, eu estou ansioso para poder chamá-la de minha esposa.
- Você está completamente louco por ela, estou quase me arrependendo de tê-los apresentado, nunca vou entender o que se passa pela cabeça de homens como você. – Comento, entregar-se com tamanha devoção a qualquer pessoa é um sinal claro de que tudo dará errado, seja mais cedo ou mais tarde.
- Não seja tão hipócrita Noburo... Seu coração está tão enlaçado quanto o meu. – Ele brinca, encarando-me com um sorriso provocativo que, realmente, não entendo, assim como não compreendo suas palavras.
- Está falando de Aguri? Pensei que já tivesse deixado bem óbvio que meu casamento com ela foi apenas estratégia, uma estratégia que começarei a me arrepender em breve se ela não me der um herdeiro. – Conto, estou casado com Aguri há anos e, até agora, ela não engravidou uma vez sequer. Estou sendo cobrado por isso, todo líder de máfia precisa de herdeiros, filhos, é isso que garante a sobrevivência da máfia.
- Claro que não estou falando de Aguri, estou falando da sua amante que mora em outro estado e, mesmo assim, você se despenca até lá só para vê-la. – Ele revela, mesmo nós sendo amigos, não imaginava que Ishin me conhecesse tão bem ao ponto de saber de minhas viagens para encontrar com Kasai. – Qual o nome da garota?
- Akabane Kasai, mas eu não a amo.
- Aposto que existem milhares de mulheres parecidas com ela, mas você despenca pro fim do mundo porque outras não servem, só ela. E sabe por quê? Porque você a ama. – Ishin retruca, ele está errado ao afirmar que existem milhares de mulheres como Kasai. Definitivamente não existe ninguém igual a Kasai e, se existir, ainda não tive a chance de conhecê-la. – Um dia você ainda subirá ao altar com essa mulher Noburo, assim como eu me casarei com Iyone.
- Acho difícil levando em consideração que tanto eu quanto Kasai somos casados. – Afirmo e, pela sua expressão, Ishin não sabia que minha amante é uma mulher casada. Seja lá o que ele fosse falar, as palavras de Ishin parecem morrer em sua boca quando a porta se abre e Iyone entra no quarto.
- Desculpa atrapalhar...
- Você nunca atrapalha. – Ele é rápido em contradizê-la, indo a sua direção em passos rápidos e longos. – Pensei que você não queria que eu te visse vestida de noiva antes do casamento... Você está deslumbrante minha Shita.
Ishin segura-a pela mão e a faz girar, exibindo cada canto de seu vestido completamente branco. O vestido marca, e muito, sua barriga já grande pelo tempo de gravidez que ninguém sabe com precisão de quanto tempo realmente é.
- Eu mudei de ideia, eu estava com saudades. – Ela conta, enquanto meu amigo se ajoelha diante dela e começa a beijar sua barriga, dando vários beijos na região. – Eu também preciso de ajuda com os sapatos, não consigo me abaixar para colocá-los.
Flashback off:
- Senhor Kaede... Por que quer pagar minha faculdade?
CONTINUA...
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.