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História A base de mentiras - O inimigo do meu inimigo é meu amigo - Parte dois



Notas do Autor


Oiiii pessoal ! Como estão?!

Tenho prova amanhã :')

Boa leitura!

Capítulo 655 - O inimigo do meu inimigo é meu amigo - Parte dois


Fanfic / Fanfiction A base de mentiras - O inimigo do meu inimigo é meu amigo - Parte dois

Kayano


Tudo que aconteceu nessa noite foi muito chocante, eu não pensei que veria o Karma e muito menos pensei que veria uma pessoa virando uma cobra, principalmente essa pessoa sendo alguém conhecida que parecia ser relativamente normal. Eu ainda não consegui digerir isso, não tem como digerir uma coisa dessas, tanto que eu cheguei a sinceramente pensar que, por mais que eu quisesse, não conseguiria tirar isso da minha cabeça nem tão cedo. Por sorte eu estava errada, todos os meus pensamentos e dúvidas e medos e receios, absolutamente tudo... Tudo sumiu quando eu vi o Nagisa. 

- NAGISA! – Gritei sem conseguir conter-me, minhas pernas reagindo ainda mais rápidas e me levando até a cama onde ele está. 

- Ka-Kayano?! – Ele gagueja, não chegou a ser um sussurro, mas sua voz saiu meio baixa e um pouco fraquinha. Agindo de forma consciente, afinal eu sei que o problema dele é no cérebro e que movimentos bruscos não interferem em nada, eu o puxo para um abraço apertado, muito apertado. Sou correspondida quase de imediato, com bem menos força, mas ainda é um abraço. – Kayano.

- Você está vivo, Nagisa, você está vivo. – Afirmo o óbvio, o óbvio que não era tão óbvio assim para mim antes de passar por aquela porta. Todos os meus pedidos para ver o Nagisa foram recusados pelo Shiro que, da forma mais branca possível, me dizia que ele não estava em condições de receber visitas. Eu até sabia que ele estava vivo, acredito que o Shiro me avisaria se ele morresse, mas... Mas eu achei que ele estivesse mal, muito mal, literalmente a beira da morte e vê-lo assim... Vê-lo acordado, consciente e falando é tão... É tão aliviante. – Eu rezei tanto, tanto, tanto... Eu nem sou religiosa, mas eu rezei e pedi tanto para que você ficasse bem, pa-para não ti-tirarem vo-você de mim. 

- Você também está viva. – Agora sim ele sussurra, encerrando o abraço praticamente a força porque, se dependesse só de mim, eu não iria soltá-lo. – Você está bem? Fizeram alguma coisa com você? 

- Olha quem tá perguntando. – Rio entre as lágrimas, nem sei quando elas começaram a cair. Começo a secá-las, esse é um momento feliz, eu não quero chorar. – Eu que deveria perguntar isso para você. 

- Não, eu que deveria, você foi sequestrada. 

- Você também. – Rebato, rindo ainda mais com a cara de confusão explícita que ele faz, como se nem tivesse reparado que agora estamos na mesma situação. 

- Isso significa que não salvamos você? – Ele indaga, sentando-se mais reto e dobrando as pernas, permitindo que eu suba na cama e me sente bem na sua frente. Balanço afirmativamente minha cabeça, infelizmente eles não me salvaram, acho que nem chegaram perto. – Desculpa.

- Não precisa pedir desculpas, vocês tentaram e é isso que conta. – Afirmo, não sinto mágoa nenhuma em relação a isso, pelo contrário, fico feliz em saber que tanta gente tentou ajudar-me. Para ser sincera eu, depois de tanto tempo, meio que já tinha perdido as esperanças de sair daqui, então pode se dizer que estou em paz com essa situação toda. 

- Seu cabelo ficou bonito desse jeito. – Ele comenta, encostando no meu cabelo, agora bem longo, e enrolando uma mecha em seu dedo. – Nunca antes eu tinha te visto com o cabelo preto, essa cor fica muito boa em você. 

- Obrigada, eu também gostei, talvez eu não volte a pintar de verde. – Penso em voz alta, focando em sua careca que é impossível de ignorar. É muito diferente, estranho, ver o Nagisa sem cabelo, mesmo que essa não seja a primeira vez. – E você... Precisamos arranjar outra peruca para você! Dessa vez poderíamos fazer algo mais radical! O que acha de uma mudança de estilo?! 

- Eu vou aceitar a ideia de uma peruca, é muito estranho ficar completamente sem cabelo... Mas acho que prefiro uma azulzinha básica mesmo. – O Nagisa diz, preferindo não inovar, o que eu acho um enorme erro. – Não faz essa cara, você sabe que eu nunca fui de fazer mudanças radicais na minha aparência, muito menos o cabelo que eu... Que eu nunca tive muita liberdade pra mexer. 

- Roxo ficaria lindo com seus olhos. – Tento, não falando nenhuma mentira, uma peruca roxa combinaria muito com seus olhos azuis e não mudaria tanto. Só a careta que ele faz é o suficiente para eu entender que ele não gostou da ideia. – Você não tem bom gosto.

- Isso significa que eu errei ao dizer que seu cabelo ficou bonito nessa cor? – Ele provoca, fazendo-me erguer uma sobrancelha em descrença. O Nagisa não falava esse tipo de coisa, nem respondia tão rápido. 

- Você não falou isso. 

- Falei sim. 

- Falou, é? – Interrogo, sorrindo de um jeito que o faz hesitar antes de me dar mais uma resposta afirmativa. – Eu vou te pegar! 

Impulsiono-me para frente, praticamente jogando-me sobre ele. Ataco-o com cosquinhas, o que eu sempre fazia quando não tinha um travesseiro ou uma almofada em mãos. Levo meus dedos a sua barriga, arrancando-lhe risadas, espasmos e contorcidas. Tudo é tão intenso que, de algum jeito que eu não consigo registrar, acabamos caindo da cama. Acho que o Nagisa caiu primeiro porque estou parcialmente em cima dele, o que permite com que eu continue com as cócegas. 

- Isso, caí mesmo da cama, quebra de vez a cabeça pra eu ter que consertar de novo. – Escuto pela primeira vez desde que entrei uma voz que não é minha nem do Nagisa, entretanto não dou atenção porque ela não interessa. A única pessoa que me importa no momento e tem minha exclusiva atenção é o Nagisa.

Diminuo a brincadeira quando percebo que ele ficou um pouco ofegante, também saio de cima dele, jogando-me no chão frio ao seu lado. Esse novo ângulo permite-me enxergar a parte de trás da sua cabeça, ainda não tinha visto e preciso admitir que fico um pouco, muito, chocada com a quantidade de cicatrizes. Cortes precisos e suturados ainda em processo de cicatrização, provavelmente cada um deles é de uma cirurgia diferente que o Nagisa fez na cabeça. Um deles parece ser extremamente recente, ainda estando meio avermelhado. 

- Por acaso vocês se lembram que isso daqui não é um parque de diversões e sim um cativeiro? 

- Deixa de ser rabugento, Karma. – Eu e o Nagisa falamos em sincronia, direcionando momentaneamente nossos olhares para o ruivo sério. Ele já é naturalmente bem mais alto que nós dois, o que só fica ainda mais evidente quando estamos sentado no chão e com a cabeça muito erguida para conseguirmos vê-lo.

- Kayano! Eu esqueci de te contar! - O Nagisa exclama, agarrando um dos meus braços e o sacudindo de leve com os olhos arregalados. Volto a prestar total atenção nele, esquecendo completamente do Karma. - O Karma descobriu! Ele já sabe que sou um garoto!

- Eu fiquei sabendo, a Akiko me contou. - Informo, eu fiquei sabendo por cima, bem superficialmente, então ainda tem muitas coisas que eu quero saber sobre esse acontecimento dramático. - O Karma não agiu como um babaca não, né?

- Bem... Ele foi um pouquinho. - Ele sussurra, ficando vermelho até no couro cabeludo. - Mas... Ele teve motivos, né?

- Não, ele não podia ter destratado você. - Nego, olhando rapidamente para o Karma só para fuzilá-lo com a promessa de que depois teremos uma conversa séria. - Mas depois ele agiu como o cavalheiro que deveria ser e se arrastou pedindo seu perdão?

- Pra ser sincero... Eu não lembro muito bem como nos acertamos, mas estamos juntos... Não estamos? - Ele conta, dirigindo a pergunta final para o Karma. O Nagisa está visivelmente ansioso pela resposta e meu irmão não colabora demorando a responder. No meio disso tudo eu, sem dúvidas, estou do lado do Nagisa.

- Sim, é claro que estamos juntos. - O Karma confirma, parecendo suavizar um pouco e, mesmo que revire os olhos, parece agora estar com um ar mais brincalhão que de seriedade. - Eu não lembrava que vocês dois juntos eram esse furacão.

- Não subestime a nossa dupla imbatível de melhores amigos! – Afirmo, percebendo o quão esquisita é essa situação toda. Passei muito tempo convivendo tanto com o Karma quanto com o Nagisa, mas separadamente, então ainda é levemente estranho vê-los juntos e agindo de forma tão intíma. – MEU DEUS, NAGISA! 

- O QUE?! 

- VOCÊ AGORA É MEU CUNHADO! – Grito em verdadeiro choque, até então eu não havia juntado os pontos e não tinha me dado conta disso. O fato deles estarem namorando faz com que o Nagisa seja o meu cunhado. – FAZEMOS PARTE DA MESMA FAMÍLIA! 

- É VERDADE! – Ele concorda comigo, unindo-se a mim para soltar gritinhos de empolgação com o que isso significa. Pra ser sincera eu não sei o que isso significa, mas quem nunca quis que o melhor amigo fizesse parte da família?! 

- Eu vou separar vocês de novo se continuarem histéricos desse jeito! – A Gina ameaça, fazendo-me lembrar que existe algum motivo desconhecido para estarmos todos aqui. Eu tenho quase certeza que o motivo não é realizar um reencontro amigável, se fosse o Shiro no lugar dela até poderia ser apenas um evento social para matarmos as saudades uns dos outros, porém não acho que a Gina faria uma coisa dessas. 

- Vamos, saiam do chão. – O Karma manda, dessa vez, ao menos, estendendo suas mãos para nós como uma ajuda ou, quem sabe, uma extensão de sua ordem. 

O Nagisa aceita primeiro a mão dele, levantando-se antes deu pegar na mão do meu irmão. Meu melhor amigo, não mais azulado, volta para a cama, sentando-se na beirada dela e olhando para a quarta pessoa no recinto. As sobrancelhas dele quase se juntam numa confusão mais que clara, maior do que quando eu lhe disse que também havia sido sequestrado. 

- Eu não acertei uma panela quente na sua cara? – Ele pergunta, preciso reunir todo meu autocontrole para não rir disso. Eu não acho sensato rir da cara de uma garota que não é humana e sim algum tipo de aberração reptiliana que saiu sabe se lá de onde. 

- Com certeza acertou. 

- Cadê a marca? Não deveria ter uma marca? – Ele questiona, não faço a mínima ideia dos detalhes dessa história, mas eu acho que, se alguém acerta uma panela quente na sua cara, deveria ficar uma marca. Queimaduras deixam marcas, nem sempre as marcas são eternas, entretanto a maioria dura por um tempo considerável. 

- Deveria, mas eu troco muito de pele. – O comentário evidentemente sarcástico vem seguido por outra demonstração inesperada, metade da pele de seu rosto dando lugar a escamas prateadas. 

Eu recuo um pouco, inegavelmente assustada com isso. Sinceramente, depois que eu descobri que ela tava envolvida nessa história de nos sequestrar, eu sempre tive um pouco de medo dela. Se eu tinha medo dela quando ela era apenas uma assassina, agora eu tenho verdadeiro pavor. Pode parecer infantilidade, mas se ela consegue virar uma cobra, eu estou quase certa que ela veio do inferno ou algo do tipo, só pode. 

- Só eu que estou vendo metade do rosto dela com... Escamas? – O Nagisa interroga e eu nego, balançando sutilmente minha cabeça sem conseguir tirar meus olhos dessa bizarrice. 

- Acho que é algum tipo de alucinação ou histeria coletiva. – O Karma observa de forma muito séria, definitivamente não acreditando e eu gostaria de poder reagir igual a ele, mas é simplesmente impossível ignorar o que está diante dos meus olhos. É realístico, inacreditável, mas realístico demais para não ser real. – Você vai ou não falar o motivo para ter juntado todos nós aqui? 

- Desculpem pelo atraso! – O Shiro chega, abrindo a porta com evidente pressa e rapidez, levemente atrasado para alguma coisa que eu não sei o que é bem como a Gina tinha avisado. A presença dele era esperada, o atrasado dele era esperado, entretanto eu nunca imaginei, nunca o vi, nesse estado. – Eu acabei sendo parado várias vezes pelo caminho. 

- Por que será, né? – Meu irmão provoca, não sei se é muita coragem ou falta de noção. Eu, que conheço o Shiro, não consigo me imaginar abrindo a boca para falar nada sobre o fato dele estar coberto de sangue, literalmente dos pés ao cabelo com sangue fresco. 

- É, eu preciso concordar que eles tinham motivos para me parar. – O loirinho concorda, abrindo um pequeno sorriso tão radiante que praticamente ofusca sua aparência sanguinolenta. 

- Você o matou? - O questionamento da assustadora garota cobra me faz ter certeza que toda essa quantidade de sangue não é do Shiro, eu não sei se deveria ficar feliz ou ainda mais apavorada com essa constatação.

- O que? Claro que não. - Ele nega, esfregando as mãos no tecido já completamente imundo da camisa que está usando, provavelmente para tentar tirar as manchas avermelhadas que ainda estão em suas mãos. - Faz só o que... Umas duas horas que o pegamos? Eu não o mataria tão rápido, por enquanto eu só o fiz sangrar um pouco.

- Que bom, também acho que ele não merece morrer rápido depois do que fez com o Maven e eu também quero ter um momento a sós com ele.

Eu não faço a mínima ideia de sobre quem eles estão falando, mas acho que devo sentir pena da pessoa porque ele está muito, mas muito ferrado.

- Vocês já... Iniciaram a conversa? - O Shiro pergunta, revezando seu olhar entre todos nós antes de parar de forma definitiva na irmã.

- Ainda não, estava esperando você chegar, então agora sim iremos começar.

CONTINUA... 


Notas Finais


A palavra de hoje é "Cuamina"
Bisous !


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