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História A Batalha Contra a Noite - Percy Jackson - Zeus Vira Mensageiro


Escrita por: Annie_Chasee

Notas do Autor


Oi gente!!!
Eu sei, eu sei, tô atrasada, mas o capítulo ficou mais longo do que eu esperava, então bora sossegando o facho.
Boa madrugada para vocês galera e aproveitem...

Capítulo 78 - Zeus Vira Mensageiro


                                                                                        Percy

 

 

Eu nunca tinha sentido aquele tipo de dor antes.

Era como se estivesse queimando de dentro para fora. Sabe quando você leva uma queimadura e você sente sua pele queimando, a dor é tão forte que parece que não vai acabar. Tente sentir como se todas as células do seu corpo estivessem experimentando essa sensação individualmente. E você está sentindo todas elas.

Era basicamente assim que eu me sentia.

Minha visão estava tão escuro e embassada que não conseguia distinguir os rostos que pairavam sobre mim. As vozes eram como um som abafado vindo de longe. Tudo o que eu conseguia sentir era a dor. E como se espalhava rápido.

De repente, em meio aos meus pensamentos nublados e meu cérebro em pânico tentando salvar o meu corpo, a imagem de Annabeth me veio a cabeça. Desejei que ela estivesse ali. Que ela inventasse um modo brilhante de como me salvar como fez no shopping em Dallas, mas tive uma sensação de que água doce não me salvaria agora. Talvez a salgada conseguisse, se fosse ela a responsável por me causar tanta agonia.

Meu corpo se contorcia em busca de algum alívio da dor, mas nada vinha. Sabia que a sensação insuportável me faria perder a consciência a qualquer momento. Uma parte de mim desejava isso, pelo menos a dor iria embora, mas outra parte de mim sabia que se o fizesse, talvez nunca mais abrisse os olhos de novo.

Minha boca soltava sons de agonia que eu quase não percebia que fazia. Uma lágrima escapou de meus olhos quando pensei em minha mãe. Pelo menos tive a chance de me despedir antes.

Algo foi empurrado pela minha garganta. Um sabor agradável inundou minha boca, então minha visão se clareou e a dor diminuiu minimamente sua intensidade por um curto segundo. Ambrosia não podia me salvar, mas com certeza trazia um certo alívio para o meu corpo que parecia se desconectar do meu cérebro de tanta agonia.

Vi o rosto de Hazel contorcido em uma expressão desesperada. Os olhos marejados, os lábios pressionados firmemente um no outro como se estivesse tentando impedi-los de tremer. Ela olhou para Frank buscando orientação.

- A ambrosia não vai curá-lo. – disse.

Frank se tornou bom em lidar com situações desesperadoras desse tipo quando se tornou pretor do Acampamento Júpiter. Aprendeu com Reyna a não demonstrar nervosismo em situações de estresse, mas todo o resto vinha dele. Sua capacidade de tomar decisões difíceis enquanto está sob pressão o fez um líder e mesmo depois de tudo o que lhe foi ensinado, seus olhos, em vez de estarem inexpressivos ou duros, me diziam coisas que ele não podia por em palavras naquele momento.

Ele passou as mãos pelo cabelo no mesmo segundo em que minha visão ficou escura novamente e a dor chegou até a minha coluna. Arquei o corpo abruptamente. Meu cérebro gritava para eu abrir os olhos e não morrer, mas eu não conseguia aguentar aquela agonia mais. Estava perdendo a consciência. Caindo para um sono que provavelmente nunca acordaria.

- Isso não pode estar acontecendo. – ouvi o desespero na voz de Jason. – Não podemos deixar o Percy morrer!

- Eu tenho uma solução, mas pode não funcionar e acabar matando ele. – alertou Frank. Não conseguia ver seu rosto com a minha visão caindo na escuridão, mas quase podia sentir seu olhar incerto em mim.

Eu estava tão absorto em minha própria agonia que não conseguia assimilar o que eles diziam.

- É a nossa única chance de salvá-lo. Não quero retornar ao Acampamento Meio-Sangue para queimar uma mortalha – disse Jason. – Se tem uma mínima chance dele continuar vivo, então nós estamos fazendo.

- A água salgada está na corrente sanguínea dele. Queimando-o de dentro para fora. – explicou Frank. – Se não a tirarmos, vai derreter os órgãos dele, isso se o coração dele não parar antes.

- E como tiramos? – questionou Hazel, senti suas mãos trêmulas no meu braço que pegava fogo enquanto me contorcia.

- Se ele sangrar o suficiente, talvez a água saia junto com o sangue.

E o dia só melhora.

- Você está falando em cortá-lo? – indagou Jason.

- É a nossa única chance de mantê-lo vivo. – disse Frank. – Mas não vamos conseguir com batimentos dele acelerados assim, só faz com que a água salgada se espalhe mais rápido. Se o apagarmos, talvez ele não volte mais a consciência e só lembrando que eu não sou um médico experiente, na verdade, nem médico eu sou, então isso pode dar incrivelmente...

Meus pulmões começam a queimar e solto um grunhido alto de agonia. Era como se eu tivesse ingerido água do Rio Estige 

- Não temos muito tempo. – avisou Frank.

 - Hazel, você acha que consegue entrar na cabeça dele e... – sugeriu Jason.

- Posso tentar.

Minha garganta se fecha de repente. Não ouço mais nada e tem apenas um fio de luz na minha visão. Eu tinha uma certeza absurda que iria morrer. Respirar doía mais do que ficar parado e tudo o que eu queria era poder ter dado mais um abraço em Annabeth. Talvez um pouco mais de tempo. Mas sempre soube que meu fim seria em batalha e minha previsão tinha se concretizado.

Sinto minha cabeça ser apoiada em algo e alguém parece se ajeitar atrás de mim. Sinto mãos pousarem na lateral da minha cabeça, os dedos alcançando minhas têmporas. Estava prestes a fechar os olhos para não abri-los nunca mais quando de repente não sinto mais dor. O alívio que percorre meu corpo é tanto que mal sinto meus membros.

Sinto o vento soprar no meu rosto quando o dia se torna noite. As estrelas iluminavam o céu livre de nuvens. O som da quebra das ondas inunda meus ouvidos e juro que quase posso sentir o cheiro da maresia. A água morna alcança meus pés e a areia é arrastada para o oceno junto com a maré.

Eu sabia que aquilo era apenas uma manipulação na Névoa de Hazel, mas tudo aquilo parecia tão real. Era como se ela tivesse entrado na minha cabeça e me levado para o meu local de paz, onde me sentia bem a ponto de conseguir sorrir sem nenhum motivo aparente.

A sensação que a água do mar causava na minha pele quando encostava. A segurança que ela trazia, aquecia meu peito. Senti falta daquilo. Observar a amplitude do oceano a minha frente e me sentir parte desse mundo.

Sinto alguém tocar minha mão e quando me viro vejo Annabeth ao meu lado. O cabelo loiro voando a brisa fria da noite. Ela sorriu no segundo em que nossos olhares se encontraram. Meu peito se aqueceu na hora e a sensação de paz se ampliou de uma forma surpreendente.

- Quem diria que chegaríamos até aqui?

Eu lembro dessa conversa. Aquilo era uma memória, por isso podia ouvir a voz de Annabeth tão perfeitamente, mas não tinha sido numa praia que havíamos tido ela. Tinha sido no beliche do meu chalé, de volta ao acampamento, no dia em que dançamos ao som de Can´t Help Falling In Love. Devia ser quase madrugada quando trocamos essa palavras, Annabeth tinha me acordado quando se moveu em meus braços. Levei um tempo para notar que ela também estava acordada e mesmo no escuro, era como se eu conseguisse adivinhar as expressões que ela fazia. Abro um sorriso sarcástico.

- Com certeza eu não. – respondi. – Achei que morreria antes dos dezesseis.

Ela me olha de canto.

- Achei que você não passaria dos doze, Cabeça de Alga. – retrucou.

Não consigo impedir o meu sorriso de se expandir.

- Eu não sei se fico chateado, ou concordo com você.

Seu sorriso me deixa tão confortável que parece que estou de volta ao meu beliche no acampamento com Ananbeth aconchegada nos meus braços. Seu cheiro embriagante e o calor de seu corpo contra o meu enquanto dormia serenamente. Sabia que era apenas uma lembrança, mas eu sentia sua falta e tê-la tão perto agora só intensificava essa saudade.  

- Talvez um dia, no futuro, nós possamos ter um tempo de calma e nos aposentar, sabe? Só viver uma vida normal em algum lugar onde possamos construir uma vida sem perigos mortais.

Nosso sonho. Um que parecia tão distante agora. No meio de uma guerra. Podia parecer irreal, mas era algo que sempre nos confortava. Ter planos para futuro era considerar que teríamos um futuro, juntos. E para isso acontecer precisávamos continuar vivos.

Parece uma coisa tão fácil de se fazer. Mas na vida que vivemos, é uma das coisas que lutamos para fazer todos os dias. Era bom poder imaginar um futuro em que Annabeth seria uma arquiteta de sucesso e realizaria diversos projetos ao redor do mundo.

- Talvez um dia nós consigamos isso.

- Precisamos vencer essa guerra antes, Cabeça de Alga.  

- Então talvez a gente possa começar logo Scream e cumprir o nosso voto de fazer uma aposta de quem é o assassino depois do primeiro episódio. – sugeri.

Annabeth se volta para mim com os olhos cinza cintilando e um sorriso convencido brincando nos lábios.

- Você sabe que não é uma aposta se eu sei que vou ganhar, certo?

Ergo uma sobrancelha. Um pequeno sorriso brincava em meus lábios.

-  Alguém está se sentindo a rainha da investigação de serial killers hoje, mas se bem me lembro quem descobriu que era o Black Hood em Riverdale fui eu. – provoquei me aproximando dela.

Annabeth se aproximou de mim, erguendo o queixo como se aquilo não fosse nada demais.

- Apenas um erro de cálculo. – retrucou.

- Claro, claro, ponha a culpa na matemática.

Ela sorri logo antes de nossos lábios se encontrarem.    

 

Depois disso tudo o que sei foi o que me contaram. Frank fez um corte no meu pulso e outro na veia do meu ombro. Eles me deixaram sangrar até quando podiam, então Frank se transformou numa serpente de água doce gigante e me arrastou até o rio. Os cortes se curaram, mas eu não acordei.

Hazel manipulou a Névoa para conseguirmos um quarto de hotel e ninguém suspeitar da minha falta de consciência ou do sangue em minhas roupas rasgadas. Jason me entupiu até onde podia de ambrosia enquanto Hazel passou o resto do dia colocando toalhas molhadas nos meus braços e testa.

Eu acordei quase de madrugada. Frank tinha conseguido arrumar roupas novas para mim e Jason tinha pedido serviço de quarto. Eu estava todo dolorido e meu corpo reclamava de exaustão a cada movimento que eu fazia, mas não podia reclamar. Estava vivo.

Tomei banho, vesti roupas limpas e me juntei a meus amigos no jantar. Então de manhã bem cedo, nós partimos em direção a São Francisco.

 

                                                                                             *****  

 

Meus músculos ainda estavam doloridos desde meu encontro com Campe.

Fazia várias horas que estava dirigindo e o cansaço atingia meus membros, mas tirando o fato de que Hazel me perguntava se eu estava me sentindo bem a cada meia hora, eu estava melhor, com certeza melhor que antes, um pouco mais derrubado que o normal, mas pelo menos vivo. O caminho inteiro foi preenchido por conversas banais e a música que tocava no rádio.

Em algum momento da viagem eu deixei escapar um suspiro antes de soltar:

- Obrigado por salvarem a minha vida, gente. – comprimi os lábios tentando buscar as palavras que explicariam melhor a confusão de sentimentos sensíveis que estava a minha cabeça. – Realmente achei que ia morrer, então obrigado mesmo por me salvarem.

Jason pousou a mão em meu ombro do banco de trás e apertou.

- Sempre, cara. Você faria o mesmo por qualquer um de nós.

Frank inclina a cabeça de leve e abre um sorriso amarelo.

- O que fizemos poderia mais ter te matado do que te salvado, mas de nada. – elabora Frank. Arqueei as sobrancelhas e lhe lanço um sorriso irônico pelo retrovisor. – Só estou falando a verdade.

Hazel sorri carinhosamente para mim ao meu lado.

- Não precisa agradecer, Percy. – ela tinha um olhar determinado no rosto que dizia mais que suas palavras. Dizia que a previsão de Moros não importava porque eles estávamos juntos e enquanto estivessemos juntos não deixaríamos ninguém morrer. – Custe o que custar, lembra?

Assinto olhando de relance seus olhos pelo retrovisor.

- Custe o que custar.

 

                                                                                            *****

 

Era um pouco depois da hora do almoço quando parei para abastecer no posto de gasolina.

Minhas horas atrás do volante valeram a pena. Tínhamos atravessado metade do Kansas e todo o Colorado o que nos deixava em Utah, Salt Lake City para ser mais exato. Agora só precisávamos atravessar Nevada para chegar a Califórnia o que era um alívio para mim. Estava demorando mais do que eu queria para chegar a São Francisco e quando mais demoramos, mais chances de sermos atacados como aconteceu em Kansas City.

Por isso, planejamos paradas rápidas que não passavam apenas de alguns minutos e o sistema estava funcionando até agora. Tive que desviar da principal para entrar em Salt Lake City, onde pararíamos rapidamente num posto para abastecer enquanto Hazel iria com Frank na lojinha para comprar comida.

Mas não foi o que aconteceu.

Assim que saí do carro senti um alívio nos meus membros que estavam travados na mesma posição a algum tempo. Hazel, Frank e Jason também saem do carro contentes por finalmente ficar em pé.

- Vejo que ainda não explodiram o carro, que surpresa.

Todos viramos na direção da voz. Um homem alto com porte atlético saia de trás de uma prateleira que continham materiais de limpeza para o vidro dos carros. Quase não o reconheci com uma jaqueta de couro e blusa escura, mas seus olhos eram impossíveis de não se reconhecer. Eram iguais aos de Thalia e Jason. Azuis elétricos.

Zeus.

- Apenas uma questão de tempo. – retruco.

Seus olhos cintilam faíscas em minha direção, mas não me intimido, apenas o encaro na mesma intensidade. Aprendi a muito tempo a não temer deuses. Claro que essa linha algumas vezes não me levou experiências muito agradáveis, mas fazer o que? Ás vezes os comentários sarcásticos simplesmente saem da minha boca. Não consigo impedir.

  Hazel, Frank e Jason fazem uma menção respeitosa para o Senhor da Metade do Céu. Se inclinando para frente e murmurando:

- Lorde Zeus.

Ele passa os olhos rapidamente pelos meus amigos. As feições duras ganham um toque de ironia.

- Bom saber que ainda há respeito nesse mundo.

Ergo uma sobrancelha. Quer respeito? Recupere a outra parte do céu e não seja um total escroto, aí a gente conversa.

Mas não foi isso que eu disse.

- Por que está aqui? – indago.

Seus lábios se comprimem numa linha fina quando ele nos olha. Mesmo vestido casualmente, Zeus não deixa de ser imponente, era quase como se algo emanasse dele e dissesse “sou todo-poderoso”, o jeito que se move, como se o local pertencesse a ele.

- Para ajudar, o que mais seria?

Não sei, para desgraçar a vida de mais alguém? Soube que é a sua especialidade.

Mordo a língua para não deixar o comentário sair. É sempre bom não irritar Zeus no meio de uma cidade grande, sabe? Evita que ninguém seja acertado por um raio ou que a cidade inteira tenha um apagão suspeito.

Vejo a surpresa de relance nos olhos de Jason ao meu lado. Eu o entendo. Não é comum Zeus sair do Olimpo para falar com meio-sangues, normalmente ele só sai para ficar com mortais mesmo.

- Ajudar? – pergunto com incredulidade. Deuses não ajudam em missões, mesmo que você esteja numa para salvar a pele deles. Tudo o que eles fazem é uma troca de favores, a gente faz uma coisa perigosa e mortal para eles e eles nos dão alguma coisa que queremos. Além disso, Zeus não faz muito do tipo altruísta.

Eu quero disser, ele literalmente criou a regra de não interferência.

- Atena e Ártemis falaram comigo a pouco tempo e me aconselharam a vir até aqui. – sei que Zeus prefere não ignorar um conselho de Atena, mas tenho quase certeza de que as duas praticamente o forçaram a vir. – Elas me deram informações que podem impedir a sua missão de falhar.

Meus ombros se tencionam na hora. Percebo o nervosismo contido nos meus amigos. Trocamos olhares discretos. Estávamos pensando na mesma coisa. A previsão de Moros.

- Nossos espiões descobriram que Nix sabe da missão de vocês. Está esperando por vocês. – chocando o total de zero pessoas. – Ela transformou São Francisco numa grande armadilha. – retiro o que disse, estou chocado. – A Névoa está mais densa na cidade, muito mais que o normal. Não sabemos exatamente o que está esperando por vocês lá, mas é algo que ela está tentando esconder.

Zeus praticamente acabou de admitir que São Francisco é um mistério para o Olimpo, o que significa que ninguém sabe o que nos espera lá, o que significa morte na certa. Agora faz um pouco mais sentido o porque de Zeus está ali. Ele está nos mandando para o desconhecido. Para um lugar o qual é bem provável que não retornemos. Só que a nossa morte pode causar um certo transtorno entre os olimpianos.

Primeiro, vai ter a insatisfação do meu pai e a fúria de Hades. Eles com certeza culpariam Zeus por nossas mortes e isso dividiria a fronte olimpiana. Então viria a desestabilização momentânea dos acampamentos, principalmente dos romanos que perderiam seu pretor na própria cidade. E ainda tinha a questão das Hespérides, que era o motivo de estarmos ali. Se não conseguíssemos guia-las pacificamente até o Olimpo, então Nix ainda iria ter controle sobre elas, o que significa que seu único obstáculo seria Hemera para ela conseguir o total controle da Dança das Horas e finalmente poder atacar o Olimpo e ganhar a guerra.

Só que Nix não tem seus poderes completos. Será que mesmo assim ela conseguiria derrotar os doze olimpianos? Eu não tenho ideia do tamanho de poder de Nix. Nem do completo e muito menos sua força agora, mas posso afirmar que o que vi no Mundo Inferior era só uma amostra dele.

Ou seja, se nós falharmos, já era.

Zeus abre a mão e vira a palma para cima. Um anel com aro prateado e uma grande obsidiana no centro surge nela.

- Não sabemos quantos guardiões têm na cidade, mas tenham a certeza de que são filhos dela. Esta é a minha ajuda. – declara. – É só pressionar a pedra e lançá-lo no alvo. Usem sabiamente porque ele tem o poder de derrubar um dos filhos dela, mas vocês só tem uma chance. Só funciona uma vez.

Tinha que ser.

Pelo menos ele está ajudando, mas depois do que fez com Lâmia, toda vez que o olho tudo o que sinto é raiva. Uma pequena chama pulsante que fazia meu pulso se acelerar

Em um segundo, o anel não está mais na mão de Zeus e sim no dedo de Jason ao meu lado que olha surpreso para a peça.

- Façam valer apena. – diz Zeus. Tive a impressão de que ele estava falando mais para Jason do que para nós como um “Fique vivo” na língua do Senhor da Metade do Céu. Me perguntei se Jason também era um dos motivos de sua aparição.

Zeus olha para nós e sua expressão impassível por alguma razão me incomoda. Quase como se eu soubesse que o que ele estava prestes a dizer não seria algo muito agradável.

- Um último aviso. – anuncia. – Apartir do momento que pisarem em São Francisco, estarão por conta própria. Não podemos interferir e nem acompanhar os acontecimentos. Aquela cidade é dela agora.

Todos nós entendemos o significado das palavras de Zeus.

No segundo que puserrmos o pé em São Francisco, estaremos oficialmente em território inimigo.

 

                                                                                          ***** 

 

Precisávamos de um tempo para processar aquilo.    

 Usamos a desculpa de querer comer algo diferente de salgadinhos e doces como vínhamos fazendo desde Kansas City para processar que São Francisco talvez seja o último lugar a que iríamos. Acabamos dividindo uma pizza e mesmo com o clima pesado entre nós, não deixamos de rir durante o nosso almoço.

Aquilo era apenas uma desculpa para evitar, apenas por alguns minutos, nossa partida direta para São Francisco e todos nós sabíamos disso. Talvez aquele fosse o nosso último momento em paz  e não desperdiçaríamos nem um segundo dele.

- Aí ela disse com os olhos inchados de tanto chorar, “Ele provavelmente foi o amigo mais corajoso que já tive. Ele... Ele está ali!” – Jason, Hazel e Frank caem na gargalhada. – Então a galera do acampamento veio me cumprimentar pela minha ressureição, todo mundo morto de alegria. Eu pensei que ela ia ficar superfeliz também, vir me abraçar e tudo mais, mas em vez disso ela berrou “Onde você estava?!” Eu fiquei tipo “Então...”

Jason teve que tapar a boca com a mão para abafar a gargalhada alta. Hazel recuperou o fôlego com um ofego antes de se forçar a beber um gole do refrigerante. Pois é, descobri tarde demais que ela não era muito fã de Coca.

- Eu não estou acreditando no que estou ouvindo. – comenta Jason entre risadas.

Abro um sorriso segurando o riso.

- Eu acho que ela só não me bateu porque estávamos na frente de todo o acampamento. – não consigo segurar a risada.

Frank apoia os antebraços na mesa com um sorriso divertido no rosto.

- Quando vocês dizem que tem história é porque tem história mesmo. – solto uma risadinha. Ele nem imagina. - Aposto que você tem várias como essa.

Balanço a cabeça em afirmação.

- Várias. – concordo. – Cada uma mais estranha que a outra. – volto meu olhar para Hazel. – Inclusive do seu irmão.

Ela entreabriu os lábios, surpresa e se inclinou na mesa com os olhos levemente arregalados.

- Me conta.

Jason, Frank e eu começamos a rir. Um sorriso brincava nos lábios de Hazel.

- Do Nico? – pergunta Jason. – Não. É impossível o Nico que eu conheço estar numa história como essa.

Abro um sorrisinho para a descrença de Jason.

- Acredite, porque ele está. – olho para o relógio preso na parede da pizzaria. – Mas essa vai ter que ficar para outra hora. Temos que ir.

Hazel se vira e olha para o relógio. Ela concorda com a cabeça e se levanta para pagar, ou melhor, fingir que está pagando. Ilusões da Névoa são uma beleza, não?

Nós saímos da pizzaria e começamos a andar pela calçada junto com as pessoas como se fossemos apenas adolescentes se encontrando no verão e não meio-sangues em uma missão que pode mudar o curso da guerra. O tráfego estava surpreendentemente calmo, poucos carros passavam pela rua.

Estávamos rindo de algo que Jason disse sobre as nossas vidas terem conteúdo para uma série quando sinto o chão tremer. Olho para baixo a tempo de ver o asfalto abaixo de mim ceder.

Então caio na escuridão.

 

                                                                                Narrador Observador

 

 

Eles não podiam se ver, ou se ouvir. Tudo o que viam era o que ela queria que vissem.

Eles foram puxados para diferentes realidades. Diferentes pesadelos. É assim que o caos se instala.

Percy sentia frio. O vento repuxava suas roupas e bagunçava seus cabelos, como se estivesse caindo. A escuridão era assustadoramente familiar para ele e o cheiro de enxofre trazia lembranças que Percy preferia esquecer.

O medo apertava tanto seu peito que parecia que tinha uma pedra gigante em cima dele. O pânico fechava a sua garganta em um nó tão grande que mal conseguia respirar.

Não. Não pode ser. De novo, não. Não, não. Eu não consigo. Não consigo passar por isso de novo – pensava.

 

Queria gritar, mas nada saia de sua garganta. Ele estava caindo. Caindo de novo. Só que dessa vez ele estava só. E só continuaria.

Jason foi jogado para ao lado como um saco de batata, só que em vez de cair com força na estrada, ele acertou as pedras da estrada do Acampamento Júpiter. Sua cabeça bateu fortemente na pedra, mas Jason não desmaiou.

A dor aguda o atingiu no mesmo segundo, mas ele se obrigou a levantar. Sua visão estava embassada e seu cérebro confuso. Jason piscou com força antes de abrir os olhos e sua visão entrar finalmente em foco. No mesmo instante ele desejou ter desmaiado.

Ao seu redor, centenas de corpos estavam esparramados no chão. Jason podia sentir o cheiro do sangue entupir suas narinas e lhe acertar com náuseas no estômago. Então ele começou a identificar os corpos. Eram seus amigos. Seus companheiros. Era toda a Décima Segunda Legião Fulminata.

Jason olhou horrorizado a fumaça sair do Senado e de Nova Roma. Residências saqueadas, alojamentos destruídos e o Fórum, tinha sido reduzido a cinzas. O Acampamento Júpiter não existia mais.

O coração de Jason se afundou do no peito e o ar simplesmente não entrava em seus pulmões. Lágrimas se acumularam em seus olhos ao cair de joelhos. Sua casa havia sido destruída e seus companheiros assassinados.

- Não. Isso não pode estar acontecendo, não pode. – o desespero em sua voz era nítido em apenas um sussurro.

Suas mãos tremiam enquanto ele lutava para respirar em meio a dor que parecia ter sido materializada em seu garganta impedindo que qualquer coisa passasse.

- Estão todos mortos e não há nada que possa fazer. Sua legião foi reduzida a cinzas – sussurrou uma voz em seu ouvido. – Não tem casa. Não tem patente. Não tem companheiros. Não é romano. Roma acabou e deixou você para trás.

Aquelas palavras foram como uma navalha no meio do peito de Jason. De algum modo ele sabia que aqueles corpos não pertenciam só a legionários romanos. Ele sabia que se procurasse, encontraria seus amigos. Leo, Percy, Hazel, Frank, Annabeth, Reyna, Nico e sua namorada, Piper.

 

Hazel tinha sido atingida antes que pudesse se dar conta. Ela caiu para trás e bateu a cabeça no asfalto. Por um momento, sua visão se escureceu e todo o ambiente ao seu redor parecia ter desaparecido.

Então sua visão clareou, mas o ambiente que viu não era o mesmo ambiente de antes da queda. O cenário todo havia parado como uma imagem pausada de um filme. Carros não se moviam, pessoas estavam congeladas no lugar, pombos tinham parado em pleno voo. Era como se o tempo tivesse parado.

Hazel se apoiou nos cotovelos enquanto observava atônita a situação. Seus amigos tinham desaparecido. Ela estava sozinha ali. Então uma imagem familiar surge em seu campo de visão. Uma que trouxe lágrimas a seus olhos.

- Sammy. – disse quase em um sussurro.

O garoto de cabelos castanhos encaracolados muito parecido com Leo se aproxima de Hazel. Seus olhos brilhavam como na época em que frequentavam a escola e sentavam juntos para comer. Ele abriu aquele mesmo sorriso travesso e todos os pensamentos e esforços para impedir Hazel de chorar, foram por água abaixo.

As lágrimas rolaram de seus olhos e um nó enorme se instalou em sua garganta.

- Senti sua falta. – diz Sammy.

Hazel queria falar, mas nada saia. As palavras fugiram de sua mente e tudo o que podia fazer era olhar para seu velho amigo morto.

- C-como você está aqui? – se esforça para falar.

Sammy dá de ombros como se não importasse.

- Você sabe, eu sempre dou meu jeitinho.

Um sorriso triste se formou nos lábios de Hazel enquanto ela engolia os soluços.

- D-desculpa. Me perdoa, Sammy...

Sammy a impede antes que continue. Ele se agacha ao seu lado e sorri para ela.

- Você não tem que se desculpar. – diz. – Você me avisou, mas mesmo assim eu peguei a pedra. Hazel, você não tem culpa de nada.

Hazel não podia acreditar que estava tão perto de Sammy novamente. Seu melhor amigo. Ela não podia acreditar no que estava acontecendo embora parte de si se perguntasse se aquilo era real.

- Pelo menos não disso. – aquilo pegou Hazel de surpresa. – Mas você tem culpa de alguma coisa. Você me abandonou, Hazel. – foi naquele momento que ela percebeu que aquele não era Sammy.

O Sammy que ela conhecia nunca diria aquilo. Então de repente, as lágrimas cessaram. Seu coração se partiu no peito. Seu cérebro sabia que aquela imagem não era seu velho amigo, mas seu coração se recusava a ser impassível.

- Adeus, Hazel. – se despede. -  Espero que a vida seja mais gentil com você do que da última vez.

  Então todo o cenário muda.

A rua movimentada em Salt Lake City se transformou numa caverna escura e fria no fundo do Alasca. Uma que Hazel tinha destruído muito tempo atrás. Só que ela estava intacta, pelo menos, por enquanto.

Era como se tudo estivesse se repetindo. A voz de Gaia no fundo enquanto Hazel usava seus poderes para desabar a caverna e impedir que Porfírio ganhasse vida de novo. O medo nos olhos da sua mãe e o aperto no peito que só piorava a medida que os escombros caiam.

Hazel estava vivendo sua morte uma segunda vez. E a sensação não era nada boa.

As lágrimas voltavam enquanto ela soltava grunhidos de esforço, tentando impedir que os escombros esmagassem ela e sua mãe. A sensação sufocante só piorava.

- Não. Não! Para! Por favor, para! – ela gritava.

 

Frank estava de volta a casa de sua avó no Canadá. Só que não tinha mais casa. Tudo o que restou foram cinzas e pedaços de madeira destroçados.

Sua garganta se fechou de repente e a dor em seu peito era tanta que parecia que alguém estava esmagando seu coração. Mas aquilo era nada comparado ao que Frank iria sentir em seguida.

Uma flecha rasgou o ar em direção a Frank. A ponta afiada se cravou em seu ombro com força. Um grito de dor escapou de seu lábios ao levar a mão ao ombro ensanguentado. O Filho de Marte olha para o horizonte, procurando o atirador com seus olhos de arqueiro.

Então uma mulher atravessa os escombros da casa com um arco armado nas mãos. Todas as suas defesas se esvaíram quando a reconheceu. Era sua mãe. Todo o ar escapou de seus pulmões. Ela abaixa o arco, os olhos um dia ternos e carinhosos agora eram cruéis e frios.

- Você não pode me salvar. – acusa. – Não pode salvar ninguém.

Outra flecha o acerta na coxa. A dor o faz perder o equilíbrio e cair de joelhos. Sangue jorrava de suas feridas e a agonia faz sua visão escurecer por um momento. Quando viu quem era a atiradora, preferiu ter apagado. Sua avó fez o mesmo caminho de sua mãe. A face congelada numa expressão dura e os olhos transmitindo um brilho amargo.

Ela parou na ponta oposta a filha e abaixou o arco armado.

- Você não conseguiu me salvar, Fai. – afirma. - Não cansa de decepcionar a sua família?

 Os olhos de Frank se encheram de lágrimas. Ele teve que se esforçar para fazer com que o ar entrasse novamente em seus pulmões e evitar que morresse asfixiado.

- Me perdoem... por favor...

- Como pode salvá-la se não pode salvar sua própria família? – sibila uma voz em seu ouvido.

Hazel surgiu a sua frente. De repente, sua mãe e sua avó tinham os arcos mirados nela. Frank percebeu o que iria acontecer tarde demais.

- Não! – berrou.

Duas flechas acertaram Hazel na barriga. Sangue escorreu de sua boca. Os olhos arregalados de surpresa. O horror se forma no rosto de Frank quando Hazel desaba no chão. Sangue ensopa sua blusa e molha seu rosto enquanto ela se esforçava para respirar.

Frank caiu no solo ao seu lado. Não tinha forças para reagir e muito menos para assistir. Observou o céu azul como se fosse a última coisa que veria ao lado da garota que era apaixonado.

 

Os meio-sangues viam mundos diferente, mergulhados em dores diferentes, mas o que eles não sabiam era que continuavam na mesma rua em Salt Lake City. A Névoa era manipulada perfeitamente por ela, que parecia puxar as cordas de marionetes vivas.   

Pasifae se divertia ao ver sua vingança funcionando tão perfeitamente.

 


Notas Finais


Acharam que tinha sido Nix, não foi? Podem ir admitindo. kkkkk
Alguém tem uma teoria sobre o que vai ter em São Francisco? Os planos de Nix finalmente ficaram claros para Atena, né, amém.
Gente, eu preciso que vocês comentem para eu saber a opinião de vocês nos capítulos. Nem se for só uma palavra ou um emoji. Obrigada por todos os favoritos e comentários do último capítulo galera!
Amo vcs
Bjss


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