História A Batida Do Meu Coração - Capitulo Dois.

Lara Smith.

 

Eu havia conseguido o emprego, o que me motivou a sorrir mais ainda. Além de eu estar em Madrid, eu havia conseguido um emprego como babá da filha de um jogador talentosíssimo que era o James Rodríguez.

 

— E aí filha, descobriu quem é o jogador? - Meu pai perguntou.

 

Todo dia à noite eu fazia vídeo chamada com minha família, a saudade já maltratava meu peito, mas ficaram super alegres quando eu havia conseguido um emprego.

 

— James Rodríguez. - Indaguei.

 

Minha mãe sorriu maliciosa, já meu pai pensou um pouco.

 

— Jogador do Real? - Meu pai fez um cara de desentendido.

 

— O reserva do time. - Meu irmão riu irônico.

 

— O homem mais gato do Real Madrid. - Minha mãe disse rindo.

 

— Ele é gato mesmo. - Eu me juntei na risada.

 

— Lara Smith, não se deixe levar por um homem bonito, ainda mais jogador. - Christian disse sério.

 

— Calma, calma, eu só vou trabalhar pessoal. - Eu disse rindo e fazendo gestos com as mãos.

 

— Filha, porque quer trabalhar? Ainda mais como babá? Tem certeza disso? - Meu pai perguntou.

 

—  Eu prometo que daqui uns meses, encontrarei um emprego melhor. Mas agora eu quero esse emprego pai. - Eu disse tentando fazê-lo entender.

 

— Pelo menos está animada! - Ele disse sorrindo. — E está perto de alguém que fale sobre o futebol, não perderá as raizes.

 

Nós todos rimos.

 

[...]

 

O primeiro dia do emprego havia chegado, estava nervosa de Salomé não gostar de mim, pois eu dependia do gosto dela para sobreviver ao primeiro dia no emprego. Eu amava crianças e não to há problemas com elas, pelo contrário sempre fui muito amável com todas. 

 

Vesti meu tênis Nike preto, eu amava esse tênis e era a segunda vez que eu usava ele em Madrid. Uma calça clara que literalmente deixava minhas coxas e meu bumbum avantajados, uma blusa básica. Deixei meus cabelos soltos, e pedi para que um Uber me levasse até a casa, onde eu teria que dormir essa noite.

 

O relógio marcava 16 da tarde, depois de arrumar minha bolsa, segui viagem para o condomínio. Demorou cerca de 20 minutinhos, e já estava lá. Eu ainda me impressionava ao ver aquela mansão enfrente aos meus olhos. Toquei a campainha e fui atendida pela mesma moça do outro dia.

 

— Prazer Senhorita Smith, eu me chamo Katarina, sou a responsável pelas refeições da casa. - Ela disse sorrindo.

 

 

— O prazer é meu Katarina, pode ficar a vontade para me chamar de Lara. - Eu disse sorrindo entrando na casa.

 

— James te espera no quarto. - Ela indagou.

 

— O que? - Perguntei confusa.

 

— No quarto de Salomé, para que conheça a garota. - Ela finalizou. — Apenas suba as escadas, segunda porta à direita.

 

Comecei a subir as escadas, tinham muitas portas no segundo andar e uma vista linda para a piscina. Eu continuei andando, vi um quarto escuro, com algumas roupas sobre a cama, e imaginei que seria do James. 

 

— Lara. - Ouvi uma voz que já conhecia.

 

— James. - Disse ao me virar.

 

— Estava dando banho em Salomé. - Ele diz todo molhado, a blusa transparente dava pra ver todo seu peitoral.

 

— A sem problemas. - Eu disse trêmula.

 

— Titia Lara. - Salomé venho correndo a minha direção e pulou em meus braços. — Papai disse que você era bonita, mas você é mais que linda, uma princesa. - Ouvi a garota dizer enquanto me abraçava.

 

— Oi princesa. - Eu disse dando um beijo em sua testa. — É mesmo que o papai disse isso? - Olhei agachada em direção à James. — O papai não quis dizer que sou uma princesa, para não estragar a surpresa.

 

— Você já tem seu príncipe? - Ela perguntou seria.

 

Eu vi James sorrindo feito bobo e dei risada.

 

— Não, meu amor. Não tenho um príncipe ainda. - Eu disse pegando sua mão. — Que tal tomarmos uma xícara de chá.

 

— Vamos! Vamos! - Ela deu pulinhos.

 

— Filha vai indo preparar as coisas, que o papai precisa falar com a Lara. - Ouvi James falar e Salomé obedecer.

 

Vi a mesma indo para o quarto e James se aproximando, continuamos a andar mais um pouco até chegar em outro quarto.

 

— Aqui é onde você dormirá. - Ele disse olhando em volta. — Pode decorar se quiser.

 

Nós rimos.

 

Eu entrei e fiquei olhando cada cômodo, até sentir o mesmo se aproximar de mim, até sentir meu corpo se curvar um pouco para trás, minha palpitação acelerou.

 

— Aqui está o controle do ar, caso precise. - Ele disse pegando o controle, ao meu lado.

 

— A bom. - Disse aliviada.

 

— Eu preciso ir, espero que vocês fiquem bem, volto mais tarde. - Ele disse sorrindo. — Cuida bem da minha pequena.

 

— Pode deixar James. - Eu disse confiante.

 

— Lara. - Ele disse sorrindo, como forma de despedida.

 

— James. - Meu sotaque brasileiro me entregava.

 

Vi o mesmo dar as costas para mim e sair. Fui em direção ao quarto de Salomé.

 

Já se passaram algumas horas.

 

— Titia Lara. - Salomé falou animada.

 

— Meu amor, o chá está pronto? - Perguntei atenciosamente.

 

— Está sim. - Ela respondeu enquanto eu me sentava. — O chá é de camomila.

 

Me entregou uma xícara de brinquedo, e eu fingi beber um gole.

 

— Hmmmm que delicia. - Finjo saborear o gosto do chá.

 

— Não mente tia Lara, nem tem nada aí. - Ela ri. — Tia Katarina, pode me trazer a água para fazermos 

Vi sair vapor de cima da chaleira, o que diria que tinha chá de verdade lá.

 

— Salomé, você é espertinha garota. - Eu disse com um sorriso largo na minha face.

 

— Tia Salomé, você gosta de mim? - A menina com a voz doce perguntou.

 

Não tinha como não gostar dela, ela parecia ser exatamente como um anjo. Uma princesa com aqueles cachos em seus cabelos deixando tudo mais perfeito. O pai dela era um homem esbelto, assim como sua mãe que era uma mulher super alta e bem elegante, a menina não tinha como sair feia. A doçura da mesma me encantava, nunca tinha conhecido uma menina dócil como ela.

 

— É claro que eu gosto de vocês! - Eu disse largando a xícara. — Você é uma princesa Salomé, todos gostam de você.

 

— As vezes eu acho que a mamãe não gosta muito de mim. - Ela disse com a cabeça baixa.

 

Senti meu coração dar leves palpitadas e apertar brevemente. Um ar de incomodo estava naquela quarto. Como uma mãe não gostaria da própria filha? Ou porque uma criança da idade de Salomé acharia isso?  Daniela havia dado motivos a ela? 

Não era problema meu, mas e a saúde mental da criança, estava totalmente afetada.

 

— Não diga isso meu amor. - Me levantei e fui até o lado da mesma. — Sua mamãe te ama muito e tem muito orgulho de você. Ele só deve estar com muitos trabalhos para fazer, mas com certeza ela ama você princesa. 

 

Eu disse firme, dando um beijo em seus cabelos. Vi um esboço do seu sorriso em seus lábios e meu coração ficou quentinho novamente.

 

Depois do chá, dei um banho nela. Vestindo a com um pijama do Frozen e descemos para o jantar que a Katarina já havia preparado. 

 

Salomé além de ser uma menina dócil, obedecia minhas ordens muito bem e sem ao menor reclamar. 

 

Vi a mesma subir para o quarto e se sentar na cama.

 

 

— Agora está na hora da mocinha dormir não acha? - Eu perguntei com uma voz de criança.

 

— Estou... sonolenta. - Ela disse bocejando.

 

Eu fui até ela, fiz a mesma se deitar e a cobri. Liguei seu abajur do lado, para que ficasse um pouco mais claro o quarto e dentro de instantes a menina já havia pegado no sono.

 

Sai devagar do quarto, tentando não fazer nenhum barulho e fechei a porta. Fui em direção o quarto que eu ficaria, me sentando na poltrona com meu notebook no colo e comecei a escrever. Eu estava tentando terminar um livro há meses, mas minha memória estava totalmente bloqueada. Apenas lia e relia tudo aquilo que já tinha visto mais de mil vezes. 

 

— Merda. - Indaguei sozinha no quarto.

 

Comecei a digitar algumas palavras, mas que não fizeram muito efeito para mim, p que fez eu deletar todas milhares de vezes.

 

 

Estava cansada, resolvi me banhar um pouco queria ver se eu tirava meu estresse do corpo para que ele não atrapalhasse meu trabalho. Lavei meus cabelos, e os deixei molhado, vestindo o roupão e indo até a varanda que tinha na parte de trás da casa. Onde eu pude ver Madrid por inteiro, senti o vento bater sobre meus cabelos úmidos, e minha boca secar. O aroma que vinha do jardim, abaixo da varanda era tão doce. Me senti como se fosse a Julieta à espera de um Romeu. 

 

O zunido dos pássaros eram agudos e já se passavam da meia noite. Fechei meus olhos por um instante e decidi pensar na vida que eu estava levando e nas coisas que viriam pela frente. 

 

Ainda pensando, senti uma presença chegar até a varanda junto à mim. Mas não dei muita atenção, pois podia ser Katarina indo se deitar.

 

— Você fica linda, olhando essa varanda estrelada. - A voz de James entrou sobre meus ouvidos, fazendo eu engolir seco. 

 

— A varanda ajuda um pouquinho. - Eu disse brincando e logo em seguida abrindo meus olhos, e nitidamente ele veria que estava envergonhada.

 

— Sabe que pode pegar um resfriado, com seus cabelos úmidos nesse vento que vem até nós. - Ele tentou mudar de assunto, para tentar fazer eu ficar tranquila.

 

— Tenho que concordar com você, mas não me importo muito. - Eu disse ainda olhando a paisagem. — Salomé já está dormindo.

 

— E como foi o dia com a minha pequena? - Ele perguntou, colocando os braços sobre o vidro da varanda.

 

— Ótimo, ela é uma garota encantadora. - Eu disse feliz. — Mas tem algo que ela me disse que me preocupou.

 

No mesmo momento em que as palavras saíram da minha boca, ele se virou me dando um olhar sério.

 

— O que? - Perguntou confuso.

 

Me virei para o mesmo, olhando em seus olhos.

 

— Me falou que achava que Daniela não a amava. - Eu disse ríspida.

 

Ele balançou a cabeça.

 

— Eu não queria lhe deixar assim, mas a saúde mental de uma criança ao pensar assim pode ser danificada. - Eu terminei.

 

— Daniela é uma mulher difícil, principalmente depois que nos separamos. - Ele suspirou. —  Não trata a menina como devia, quando brigamos desconta nela, e isso acaba intervindo nos pensamentos de Salomé.

 

Eu pensei por um instante.

 

— Já pensou em não brigarem na frente da criança? - Perguntei.

 

— Eu até tento, mas Daniela não entende. - Ele disse triste.

 

— Mas calma. - Encostei minha mão em seu braço. — Posso marcar um psicólogo para ela e ajudar com muitas brincadeiras. - Disse sorrindo. — Se depender de mim, ela não pensara mais isso.

 

Vi os lábios de James se abrirem dando passagem para seus dentes branquinhos. E um sorriso lá se instalou.

 

— Obrigado Lara. - Ele apertou minha mão.

 

— Não precisa me agradecer, farei de tudo para vê-la feliz. - Eu disse sorrindo.

 

— E ao pai dela? - Ele murmurou baixinho.

 

— Como? - Perguntei confusa.

 

— Você é linda. - Ele disse ainda apertando minhas mãos.

 

— Eu fico envergonhada ouvindo você falar assim. - Digo trêmula.

 

—  Não fique. Qualquer pessoa consegue ver a beleza que você tem. - Ele acariciou meu rosto com uma das mãos. — Boa noite Lara.

 

Minha pele queimou ao sentir seu toque em meu rosto, e pude ter certeza que ele sentiu.

 

— Boa noite James. - Eu disse ao vê-lo sorrir.

 

Ele se aproximou de mim, depositando um beijo em minha testa.

 

— Obrigado por cuidar tão bem da minha filha. - Ele disse calmo.

 

Eu pude sentir o aroma do seu perfume.

 

— Ela é uma menina incrível, assim como o próprio pai. - Disse olhando e sorri.

 

Antes que a situação ficasse mais estranha que já estava, não esperei o mesmo falar mais nada. O deixei ali na varanda e segui rumo até meu quarto.

 

Deitei-me na cama, fechando meus olhos e pensando em tudo que havia acabado de acontecer.