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História A Cachaça que nos Unnie - As crônicas de uma Party - Parte 2


Escrita por: ifairynavi e Tico8

Notas do Autor


Hello! Sou eu, Nath, vindo salvar as notas como sempre hehe Navi realmente odeia colocar notinhas, segundo ela, a pobi não tem jeito pra isso.

Enfim, este é o segundo capitulo do especial "As crônicas de uma Party", sendo o último a ser narrado pelas irmãs, e sobrando apenas um restinho para a Spin Off com a terceira parte.

Esperamos que gostem do capitulo, pedimos desculpas por qualquer erro, e boa leitura!

Capítulo 11 - As crônicas de uma Party - Parte 2


Taeyeon


 

Pera, pera, pera, pera. Antes de começar o capítulo, eu queria dizer que eu nunca fiquei tão bêbada na minha vida. Eu juro pra vocês — é, vocês que estão lendo, se é que tem alguém lendo — que eu não lembro de nada do que aconteceu. Isso tudo que vocês vão ver é resultado do filme que meu pai estava gravando com a câmera e que me obrigaram a ver. Antes de narrar o filme, eu vou dizer o que eu passei durante o dia para chegar aqui onde eu estou. Com vários rostos bravos olhando para mim enquanto assisto o filme na TV da sala.

Eu acordei na garagem, só de short e top, e demorou uns segundos para tudo parar de girar e eu perceber que o que eu sentia pingando na minha cara era a aguinha que sai do ar-condicionado, que estava frio para caralho e eu estava no pano de chão. Além de que óbvio, eu não estava com o meu pijama. Apesar de frio e desconfortável, eu ainda demorei um tempo pra levantar porque se eu levantasse eu iria vomitar.

Não adiantou nada, assim que eu saí do pano de chão, um enjoo dos infernos me atingiu e eu vomitei na roda do meu carro, o que me fez rir para depois chorar porque eu teria que limpar aquilo. Não fazia idéia de que horas eram, mas a porta estava trancada e eu estava com fome e dor de cabeça. Várias hipóteses passaram pela minha mente, que tinha acontecido um apocalipse zumbi e meus instintos de sobrevivência ébrios tinham feito eu me trancar ali, mas logo isso foi descartado porque a garagem só dá pra trancar por fora, dentro da casa ou com chavinha. Eu pensei que a casa tinha pegado fogo, juro que pensei muita coisa, mas nenhuma delas fazia sentido e caralho, parecia que eu tinha sido atropelada por uma manada de antílopes e restava só o Mufasa em mim, porque senhoras e senhores, eu estava só o pó, certeza que se um drogado me visse ia tentar me cheirar.

Então, sem muitas opções eu gritei por ajuda.

Não demorou cinco minutos para que Tiffany abrisse a porta com uma carranca no rosto e me entregasse uma xícara de café forte.

Foi aí que eu percebi que tinha feito merda.

Como boa namorada que sou, segui de fininho, com o rabinho entre as pernas, com a xícara na mão esquerda assoprando a fumacinha que saía, me tremendo de frio e me sentei no sofá. Todo mundo estava acordado e me encarando com a expressão fechada. Até Joy, que não tinha moral nenhuma comigo, estava com aquela cara de cu, até Hani e a prima da Yeri estavam e tipo, a Hani nem conhece o povo aqui direito, sabe? E a prima foi esquecida no churrasco, nem foi mencionada na bagunça da hipnose no capítulo passado.

— Bom dia — sussurrei baixinho cagada de medo.

— Olha, Taeyeon — Ixi, Joohyun tá brava — Você nunca mais vai meter um gole de álcool na boca, tá me escutando? Se você beber de novo eu juro que arranco teu braço e dou para o cachorro da Seulgi comer.

— Mas gente, o quê eu fiz?

Todo mundo me olhou incrédula e eu encolhi mais meus ombrinhos — na verdade só o esquerdo porque o direito eu nem mexer tô conseguindo, né? — sem saber o que fazer. Ficou aquele silêncio digno de torta de climão, onde os pedaços obviamente estavam sendo servidos por mim que não estava entendendo porra nenhuma do que estava acontecendo. Até que Yuri tomou a frente.

— Ao invés de dizer, vamos mostrar, o pai das gêmeas gravou, mas eu tenho que ser a adulta responsável, então todas, podem ir comer. Brotou um bolo a mais na geladeira e eu quero provar — ela saiu em direção a cozinha, mas ninguém a seguiu. Eu quase ri, Yuri não tem moral nenhuma — Eu vou ligar pra Dona Kim...

Aí sim, geral foi pra cozinha comer.

Comemos todos discutindo e rindo do dia anterior, mais ou menos, toda vez que eles falavam algo que eu não entendia e eu perguntava, a mesa ficava em silêncio e eu já estava tipo… Gente? Serase eu matei alguém e joguei o corpo para elas? Porque não era possível!

Tiffany nem sequer me deu um beijinho e poxa, ser negada do beijinho de mozão.

— Que horas são? — perguntei num fio de voz para saber se a qualquer momento mamãe iria chegar para me salvar, sabe? Mas isso só fez geral ficar mais puto da vida e eu levei um tapa de Irene.

— A gente poderia te informar agora se você NÃO TIVESSE JOGADO A PORRA DO CELULAR DE TODO MUNDO DENTRO DO VASO E DADO DESCARGA.

— É o quê?! — eu não fiz isso não meu sinhô, não sou demente, quer dizer, não no sentido doença real da palavra — Como assim?

Minha irmã querida me puxou pelo braço esquerdo até a sala e me empurrou para o sofá com ignorância. Eu queria chorar, gente, Irene dando esporro em alguém é muito assustador, sério. Vocês já viram a cara dela quando ela tá putaça? Eu sentia que ia ser agredida ali e não se agride um neném feito eu.

— Cadê a Yeri? Ela que sabe mexer nessas coisas de filme — Irene disse e do jeito que falou parecia que ela era uma senhora de sessenta anos que não sabe mexer em tecnologia, o que não deixa de ser meio verdade — Yeri!

A menina veio com cara de cu, olhou para mim com cara de cu e arrumou a câmera pra passar na tv com cara de cu.

— Você me deve um celular, tia.

— Mas, eu…

— Cala a boca anã dos infernos! — quase disse que a nossa diferença de altura era de menos de dois centímetros, mas tenho certeza que iria apanhar se falasse alguma coisa — E seu celular é a prova d'água. Dá play logo, peste.

A primeira coisa que eu vi foi Irene sentada na poltrona e eu voltando do banheiro, mas até ali eu lembrava, foi quando a criatura dos infernos — aka Hyoyeon — tinha me hipnotizado pra ficar gaga. Eu fiquei quieta, não falando nada em relação a já saber dessa parte, eu tomei dois goles grandes de licor e depois que eu não lembro mais.

Então a parte chegou.

Eu estava meio dormindo no colo de Tiffany, até que minha namorada falou para Hyoyeon tirar o sono de mim. Sinceramente, acho que o sono é uma forma de autoproteção da minha dignidade, pois eu a perdi completamente depois que Hyo fez suas macumbas.


 

No filme…

— E aí? — Hyoyeon disse para a eu bêbada da tela.

— Eu não estou com sono! — berrei. Gente o que eu estava pensando da cabeça? Claramente eu estava completamente embriagada. — Tippany! Me dá mais desse licor.

— Nossa, eu esperei a minha vida inteira — meu pai passou a filmar Yuri que até então estava no golpe da Britney dando uma de muda — Para ver Taeyeon bêbada de verdade sem dormir pelos cantos, eu deveria fazer uma live?

— Faz! — aquela ali que não era eu falou. — Tippany… — NÃO SOU EU MESMO, ONDE EU IRIA FAZER AEGYO EM NOME DE JESUS?

Minha namorada me estendeu a garrafa com o líquido rosa e a anta aqui quase virou tudo. Não sei como eu consigo respirar hoje, sinceramente, eu deveria ter tido um coma alcoólico seria menos embaraçoso do que o que aconteceu depois.

O vídeo foi adiantado até uma hora que eu estava tirando a roupa, uma música da Ariana Grande tocava ao fundo, meu pai já não estava mais gravando porque eu vi o momento em que ele passou a câmera para a Hani. Ainda bem que ele já tinha ido embora, porque eu fiquei semi nua e o que fiz depois me deu vergonha alheia.

Eu já estava tão bêbada que qualquer coisa que falavam para mim eu fazia.

— Taeyeon — Yuri disse, ainda estávamos na sala — Dá em cima dela.

Então ela apontou para a Tiffany, eu fiquei muito sem entender o que estava acontecendo. A Eu da tela, que na verdade não sou eu e é uma versão deturpada de mim levantou do chão. Por um momento eu sumi da tela porque a luz do flash refletiu na minha brancura e eu estava parecendo um fantasma, a única coisa que dava pra ver era minha orelha e pescoço completamente vermelhos de tanta cachaça que eu enfiei no cu. Eu já estava completamente arrependida e com vergonha de mim mesma, mas não tinha acabado ainda.

— Hei, você — a eu da tela disse, tão bêbada que teve que se apoiar em Tiffany. Minha namorada riu de mim parando de conversar com a minha irmã e as amigas dela. — Você é muito bonita, sabia?

Tiffany sorriu para mim enquanto Yeri, Joohyun e Joy, que não tem moral nenhuma comigo, vale relembrar, reviraram os olhos. Eu estou levemente confusa porque eu tô…?

— Obrigada, Tae.

— Oh, você me conhece! — Jesus Cristo, me leva que eu não quero mais ver essa vergonha alheia — Qual seu nome?

Tiffany gargalhou um pouco.

— Tiffany Hwang.

Eu fiz que sim com a cabeça, mas estava tão bêbada — ah não me diga? Eu tinha esquecido até quem era Tiffany ali — que quase caí pra trás, ainda bem que existe um anjo na terra chamado Tippany, se não estou mais do que certa que iria beijar o chão ao som de Me gustas Tu.

— Então Tippany — eu bêbada limpou a garganta e sorriu de um jeito cafajeste. Olha só, pelo menos meu sorriso galanteador não ficar tosco quando eu to bêbada! — Você tá solteira?

Putz.

— Não.

O sorriso saiu da minha cara.

— A. — depois disse a câmera tremeu um pouco e eu escutei a risada de Hani quando ela voltou a me acompanhar.

A câmera cortou o filme, mas Yeri deu play no próximo vídeo que já começava comigo puxando Hani, que ainda filmava, para o meu quarto.

Meu corpo já ficou tenso e Tiffany colocou as mãos nos meus ombros nessa hora.

Olha, dizer que estava com medo é pouco, eu estava apavorada real, porque eu acabei de pedir Tiffany em namoro, não quero ter traído — eu nem lembro se fiz isso — e acabar com meu lindo relacionamento que deve gerar 30 cachorros adotados e mais 27 gatos com Tippany, não mesmo.

— Hani, né? — a eu bêbada perguntou na câmera.

— Ahn… Sim? — meu Deus, coitada de Hani, gente, a bichinha estava com a voz trêmula.

— Você é muito bonita, sabia? — Ah meu Deus, vai quebrando toda maldição, em nome de Jesus — Você parece um corpo legal — Isso nem fez sentido — Tira a roupa.

— Oi?

— Deixa a câmera ali e tira a roupa, eu tô querendo uma orgia.


 

Tippany apertou meus ombros com tanta força que as garras dela devem ter cortado a minha pele. É isso, fodeu tudo. Eu nem sei se recorrer a Deus nessas horas ajuda, mas vale a pena tentar, não é? Mestre eu preciso de um milagre…

— Ai, ai, ai Tippany, tá doendo! — reclamei para minha futura esposa, já que a esperança é a última que morre.

— E é pra doer mesmo sua escrota, se fosse não fosse eu fazia carinho — e me deu um tapa do bem dado na cabeça.

O filme cortou para algumas das meninas dentro do eu quarto, a câmera estava parada na minha escrivaninha e eu estava em cima da Joy, tentando arrancar a roupa dela. Nessa hora o filme cortou de propósito porque basicamente Tiffany jogou o controle na cabeça de Yeri tomada por aquele demônio que ela tem sempre que está com ciúmes.

Olhei para Joy.

— Pelo amor de Deus, me diz que eu não fiz nada contigo — eu já estava sentindo minhas lágrimas chegando nos meus olhos, não porque Joy não é bonita, mas porque caralho, é a Joy, sabe?

— Não fez não, sua namorada chutou sua cabeça e você desmaiou por uns três minutos.

— Sério?

— Sim, tia, quer ver? — Yeri já estava futucando o vídeo. Tem uma coisa que eu reparei, é que nem Irene, nem Wendy e nem a ler- Seulgi estavam no meu quarto. Nem Yeri também, e isso me fez respirar aliviada porque eu não gosto da ideia de Yeri presenciar meus problemas mentais de gente bêbada — Aqui.


 

Joy estava rindo embaixo de mim, enquanto Yuri gravava com o celular e Sooyoung futucava no meu frigobar. Eu quis pedir para pular de novo, porque Tiffany estava apertando meu ombro e estava doendo de verdade. Só que de alguma forma eu merecia, porque cara, eu estava agarrando Joy. JOY.

— Poxa moça, facilita o meu harém, tira a roupa aí — Kim Taeyeon não pode beber. O pior de tudo era eu tentar insistir em tirar a blusa dela com o braço fodido.

— Olha, anã, eu já passei por isso antes, esse povo da sua família adora possuir meu corpinho, mas não vai rolar, sai de cima! — Joy mais ria do que tentava realmente me empurrar, certeza que ela estava curtindo.

Então a porta foi escancarada e um furacão cor de rosa entrou.

— Que porra é essa, Taeyeon?!

— Oi, Tippany! Eu não te chamei porque você disse que namora, mas se quiser participar da minha orgia — cala a boca Taeyeon em nome de Jesus.

É O QUE?

Me arrepiei todinha, viado.

Nem sei como aconteceu, direito, porque em um segundo Tiffany estava em pé ao lado da cama e no outro o pé dela já estava acertando a minha cara. Nossa cara, nossa cara, eu nunca na minha vida vou trair Tiffany, nem tinha passado pela minha cabeça antes, porque convenhamos, Tiffany né, mas caralho.

Eu caí de cara no chão feito saco de bosta, o que não é nada além da realidade.

— Ih gente, morreu Taeyeon — Sooyoung enfiou uma porção dos meus gummy bears na boca — Será que não tem nenhum salgado aqui?

— Eu acho que fica naquele armário ali — Yuri apontou passando por cima de mim.

Será que ninguém tinha percebido que eu estava morta ali no chão? Porque sério, Yuri e Sooyoung estavam mexendo no suprimento de comidas que tinha no meu quarto e Tiffany estava olhando as unhas do pé pra saber se não tinha quebrado. Agora faz sentido a puta dor de cabeça que eu tô sentindo desde que acordei, foi só porque a minha namorada tentou me matar. Joy foi a única que pareceu chocada com a situação, pois ela chegou perto de mim, mas antes de sequer conseguir encostar, Tiffany apontou para a cara dela.

— Não encosta — rugiu.

Joy levantou as duas mãos e saiu de perto, aproveitando para tirar Hani que estava em pânico desde que eu levei a bichinha pra lá.


 

— Nossa — olhei para Tiffany — Amor, eu nem sabia o que estava fazendo, me desculpa…

— Não acabou não, sua escrota — ela disse virando minha cabeça de volta para a TV.


 

Agora eu estava sentada na minha cama, com um saco de ervilha congelada contra a nuca, quieta, felizmente. A câmera parecia ter sido esquecida, até que em um momento, Joy a pegou e foi para a cozinha, onde estava minha irmã, e o resto do povo. Tiffany estava no quarto comigo. Yeri adiantou a fita até um momento que todo mundo, incluindo eu bêbada, estavam rindo.

— Gente, vou no banheiro — minha irmã falou, meio tropeçando por também estar levemente alterada, mas ela ainda tinha bastante consciência, ao contrário de mim.

Todo mundo se virou para Yeri nessa hora.

— Tá gostando do aniversário, Yeri? — Seulgi perguntou tomando um gole de refrigerante e tentando roubar uma pringles que Sooyoung estava comendo. Sério gente, essa mulher não para de comer, não? Mais de dez anos de amizade e eu não me acostumei com o apetite dessa vara pau.

— Sim unnie, tirando as piranhagens alheias, foi o dia mais divertido da minha vida. Obrigada por isso.

— Agradeça a Irene e a Sooyoung, elas basicamente organizaram tudo — Wendy disse bagunçando os cabelos da menor.

— Obrigada todas por terem vindo, até vocês unnies que eu não conheço — Yeri riu.

— Olha, eu só vim pra comer — putz Sooyoung, nem pra ser fofa com a garota — Mas eu gostei de te conhecer menor, cê é das minhas.

Joy balançou a câmera e fez um sinal positivo com o polegar. Ela girou a câmera e fui capaz de ver Tiffany dando um tapa no meu ombro. Eu já iria perguntar porque ela fez isso, mas então um grito vindo do vídeo cortou toda a minha linha de raciocínio.

Joohyun apareceu na cozinha, soltando fumaça e nem era no sentido figurado da coisa. Ela estava tão vermelha que parecia ter incorporado um vidro do ketchup heinz. Eu do outro lado do vídeo, comecei a rir, mas euzinha aqui do sofá me encolhi completamente. Irene estava puta e não é pouco, a única vez que a vi puta daquele jeito foi quando ela perdeu um jogo envolvendo bebidas e foi obrigada a flertar com um moço.

— SUA FILHA DE UMA…

— Nossas mães são iguais! — eu do vídeo lembrou ela, o que deveria não ter acontecido, pois tomei um tapa na cara da minha irmã que ficou a marca dos dedos na minha bochecha. Não sei como não sangrou, os tapas de Joohyun são violentos. Tiffany se meteu entre nós duas.  — Ai, Joohyun.

— PORQUE CARALHOS VOCÊ TACOU O CELULAR DE TODO MUNDO DENTRO DO VASO, SUA DOENTE? VOCÊ TÁ COM DEMÊNCIA?

— Ela o quê?! — minha namorada que até então estava tentando afastar Irene de mim parou.

— ESSA DÉBIL MENTAL JOGOU O CELULAR DE TODO MUNDO NA PRIVADA.

— E dei descarga — meu Deus, eu fico incorporada quando tô bêbada não é possível.

— Por que você fez isso? — Sooyoung perguntou em um tom irritado.

— Porque celular dá câncer, mamãe que falou.

Todo mundo ficou em silêncio, algumas pessoas colocaram a mão no rosto como se eu fosse doente, o que depois desse vídeo eu não duvido que seja verdade. Eu não posso beber mais nenhuma gota de álcool, não é possível cara, como alguém consegue fazer tanta merda em um período tão curto de tempo? O vídeo não tem nem 30 minutos.

— Okay, pra mim chega — Yuri disse se levantando — Taeyeon já traumatizou a Hani, a bichinha ficou em estado de gay panic por dez minutos. Já quase traiu a Tiffany, organizou uma orgia que só ela queria, tentou tirar a roupa da Joy e agora isso. Eu voto pra gente tirar ela daqui.

— Que votar o que — Sooyoung largou a comida na mesa da cozinha e segurou meu braço esquerdo — Irene, abre a garagem.

Joohyun foi na frente até a porta da sala que dava na garagem, digitou a senha no painel e abriu a porta. Sooyoung não teve a mínima delicadeza em me jogar contra o meu carro, onde eu dei de cara na lataria e cai no chão. Bem feito pra mim, só fiz merda.

Ao final do filme, todo mundo olhava para mim. E só de respirar fundo eu já senti o meu bolso doer.

— Eu vou pagar o celular de vocês.



 

Irene


 

Depois de Taeyeon assistir com seus próprios olhos as besteiras que fez na noite anterior, minha irmã teve que pagar por seus pecados quebrando seu cofrinho e pagando a cada uma das meninas o preço equivalente por seus celulares. Devo dizer que foi um rombo e tanto, porque até mesmo o de Joy, que era o mais simples comparado os outros, ainda custava um preço salgado. Eu teria até pena do ser que dividia o mesmo sangue que eu, mas não era o caso, Taeyeon chutou o balde àquela noite, e teria que pagar as consequências. Foi mal, sister, mas tu se fudeu e eu achei foi bom.

Como todo mundo estava querendo ver aquele galego do Game of Thrones — que eu não sei o nome, mas sei que todo mundo odeia — mas não aguentava mais olhar para Taeyeon, não demorou muito para que logo depois do almoço — este patrocinado pela Wendy, Joy e Yeri, Hani e a prima esquecida no churrasco — todas capassem o gato ainda zangadas com minha pobre —  quase literalmente porque a carteira dela estava com um rombo enorme — irmã. Mais uma vez, não estava sentindo pena, mas eu quero parecer uma irmã decente e carinhosa… Tá funcionando?

Enfim, por mais que eu estivesse ainda emputecida com Taeyeon, havia algo que não me permitia focar toda a minha atenção em suas presepadas alcóolicas, pois enquanto minha aquele ser, sangue do meu sangue, sofria as consequências da gelada — na verdade foram bebidas quentes, mas deixem eu fazer a piada — eu entrava numa fria. Wendy e Seulgi seriam a causa certa da minha morte, e isso só havia se confirmado na noite anterior.

— Taeyeon? — bati na porta de seu quarto, abrindo-a levemente para ver minha irmã deitada em sua cama, olhando para o teto, provavelmente pensando nas mil merdas que fez.

— Eu sou lixo meu irmão — resmungava com os olhos fixos no teto — Será que algum dia serei perdoada?

— Ei, cotoco — puxei um saquinho de jujubas que eu havia pego no meu quarto e joguei em cima dela — Larga de drama, aposto que algumas delas, com o tempo, vão até ficar felizes que vão ter um celular novo. O meu eu sei que estava todo lascado.

Taeyeon se sentou na cama, pegando o saquinho de jujubas e fazendo um bico.

— Eu estou pobre, todo o dinheiro que tinha sobrado foi pra puta que pariu, eu vou ter que trabalhar, bicho — a vi resmungar enquanto comia suas jujubas com um bico nos lábios. Odiava admitir, mas aquele cotoco sabia ser adorável.

— Vai passar fome? Não vai, né? Vai morar na rua? Não vai, né? Então relaxa que logo, logo você recupera esse dinheiro, nem que tenha que vender esse corpinho aí — disse empurrando a perna dela para criar espaço e sentar em sua cama.

— É, né? Verdade, eu sou um pedaço de mal caminho, aposto que seria uma acompanhante de luxo — suspirou e depois riu, enfiando mais jujuba na boca — Nosso aniversário tá chegando, você vai ficar sem presente.

— Não tem problema, há outras maneiras de me presentear — sorri de lado, já planejando o que Taeyeon poderia fazer para me dar um presente que não custasse nenhum centavo, somente sua dignidade — Que tal ser minha escrava por todo o dia do meu aniversário? Lavar a roupa, arrumar meu quarto, me abanar enquanto me dá uvinhas na boquinha. Ah, não seria uma má ideia eu comprar uma roupa de Cleópatra — suspirei, sonhando com meu futuro próspero.

— Você não seria capaz…

Ri enquanto observava sua feição desconfiada… Sabe de nada inocente.

— Veremos — disse por fim — Agora anda, quero cafuné — deitei minha cabeça em suas pernas esperando meu chamego — E nem venha discordar porque pelas merdas que tu fez você está devendo não só a mim, quanto as meninas. Ou acha que dinheiro foi o suficiente pra tudo o que você nos fez passar?

Taeyeon fez mais bico.

— Eu cheguei a conclusão de que dormir é uma autodefesa do meu corpo para evitar perdas muito grandes de dinheiro — senti suas mãos começarem a mexer em meus fios — Mas fala aí, o que você quer? Aposto que não viria aqui para conversar depois do que fiz.

— Ei! Tá me chamando de irmã interesseira? Não acha que ficaria preocupada com vossa pessoa depois do que passastes? — por que eu estava praticamente recitando  Shakespare? Bem, antes que minha irmã pudesse responder meu quase monólogo profundo, eu respondi minhas próprias palavras — Tá, eu realmente vim porque queria conselhos seus, já que ao menos sóbria você pensa direito. Ênfase no sóbria, por favor.

— Eu já entendi, nunca mais vou beber, agora fala logo.

Taeyeon me puxou mais pra perto e passou a fazer carinho em mim com as duas mãos. Ela estava carinhosa demais… Será que aquilo era arrependimento, preocupação, ou estava planejando minha morte por algum motivo que não me lembro? Hum… Era algo a se pensar.

— Taeyeon… — comecei, olhando para o teto do seu quarto — Você, com todo seu doutorado em trouxisse por Hwang Tiffany, saberia me dizer se é possível estar apaixonada por duas pessoas ao mesmo tempo?

Taeyeon parou o cafuné e ficou quieta, me arrisquei até mesmo a olhar para o seu rosto e vi sua sobrancelha franzida naquela careta de quando ela está pensando muito. Isso me deixou de certa forma tranquila, eu gosto quando me levam a sério.

— Olha Joohyun… O ser humano é complexo demais. Não acho impossível, eu sinceramente acredito ser muito capaz. Antigamente existiam pessoas casadas com 15 diferentes, ter relacionamento com uma pessoa só que é novo parando pra pensar.

— Não foi isso que eu perguntei — eu disse, num suspiro, e tentando não soar rude. Taeyeon só estava querendo me ajudar, no final das contas — É só que… Eu não sei, uma coisa é ter um relacionamento com mais de uma pessoa, outra coisa é amar essas duas pessoas, sabe? Eu não sei se é possível se sentir assim, eu não sei se eu estou ficando louca e confundindo as coisas.

— O que aconteceu?

Respirei fundo, levantando meu corpo para que eu voltasse a ficar sentada na cama e olhar minha irmã de frente.

— Vou te contar o que aconteceu ontem a noite, antes, durante e depois de você dar a louca.

E foi assim que comecei a explicar a minha irmã a fossa que me encontrei…


 

Hyoyeon havia conseguido fazer um milagre: deixar minha irmã acordada quando bebe, mas isso foi uma ideia nada boa. Longe disso, foi a pior ideia que alguém poderia ter. Enquanto Taeyeon bebia todo o álcool que via na frente, a hipnóloga prosseguiu com seu trabalho, algo que eu preferia que ela não tivesse o feito.


 

— Você vai explicar assim? — me interrompeu Taeyeon, parando de fazer cafuné e enfiando jujuba na boca.

— Sim, cala a boca.


 

Voltando...

— Agora, alguma sugestão para o que podemos fazer com nossa querida Joohyun? — perguntou a hipnóloga aos presentes. Já senti que ia dar merda pro meu lado ao ouvir um “querida” vindo de uma das amigas de minha irmã. As únicas que me chamariam assim sem ironia por trás seriam minha xará, Yoona ou até mesmo uma Fanyzinha de bom humor.

Pelo vídeo, vi Taeyeon quase morrendo para conseguir levantar a mão de maneira afobada. Eu até riria se não soubesse o que vinha pela frente.

— Eu, eu, eu, eu, eu, ei, eu — Hyo riu e apontou para ela — Joohyun gosta de bundas, mas ela é muito tímida, faz ela passar a mão nas bundas que ela gostar.

E foi aí que mesmo sem conseguir me mover, eu quis matar minha própria irmã. Os primeiros sinais de que a cachaça havia feito minha a cotoco ficar com algum tipo de espírito travesso, tão travesso que daria dor de cabeça a todos os presentes.

— Pois bem — Hyo voltou sua atenção para mim — Kim Joohyun, você será incapaz de controlar seus impulsos toda vez que ver uma bunda que lhe agrade, passando sua mão sem pudor — eu odeio aquela praga que chamo de irmã — Olhos abertos — disse me ajudando a levantar minha cabeça — Se sente bem?

— Sinto que vou matar um cotoco — digo mal humorada — Eu ouvi aquilo, Taeyeon, você quer que eu seja presa, é?

— Calma, Irene — Hyo logo disse — A hipnose tem seus limites, não adiantará de nada os meus comandos se você não quiser em seu íntimo fazer algo, seja por questões morais, ou por desejos internos — falando polido daquele jeito dava até vontade de acreditar, mas a verdade é que eu me conhecia bem, e já era difícil lidar com a bunda da Wendy sem alguma força do meu subconsciente me mandar agir a respeito. Droga de anã enxerida do caralho!

— A tia já é pervertida de natureza, não sei se essa hipnose vai fazer muita diferença — ouvi Yeri dizer — Mas fica ligada, se chegar sequer perto da minha bundinha tu leva uma na cara, sacou? Quero nem saber se é minha unnie.

— Eu agrido junto — Joy completou com todo seu tom protetor. Eu já havia apanhado por mexer com uma das protegidas da peste maior uma vez, Deus o livre ter que apanhar de novo. Sinto dores até hoje.

— Ah, por favor, né? Já disse que não faz meu tipo — fui logo dizendo pra me livrar daquelas duas — E chega de palhaçada, eu tô com fome, quem mais tá com fome? — me levantei para logo ver Seulgi e Hani levantarem as mãos, Sooyoung nem se deu o trabalho de responder, já estava se empanturrando de pipoca mesmo — Ótimo, eu vou na cozinha pegar comida.

— Eu te ajudo — Wendy disse se levantando, e foi quando ela ia direção a cozinha, que o pior aconteceu.

Foi rápido demais, não sei como algo pôde ser tão instantâneo e natural, mas quando me dei por mim, eu havia passado a mão naquele monumento maravilhoso que Wendy chamava de bunda, e os brs chamariam de “rabetão”. Porque se havia algo além do nome ocidental que Wendyson tinha de br, era um rabetão.

— Eita, e não é que deu certo? — ouvi Sooyoung dizer do sofá, enquanto Wendy arregalava os olhos para mim e eu não sabia onde enfiar minha cara.

— Eba! Agora minha vez! — Taeyeon disse batendo na bunda da namorada.

— Ai, Tae! — resmungou minha pobre cunhada.

— Olha, eu sei que hoje tô ficando maior de idade, mas meus olhinhos não são obrigados a ver esse tipo de coisa — Yeri resmungou no outro sofá.

— Bebê está certa — Joy se pronunciou, pedindo para Yeri dar licença de seu colo e se levantando — Anda, Irene unnie, eu vou com você pegar os salgados, a Wendy unnie fica aqui, bem longe das suas mãozinhas pervertidas.

— Ei! — resmunguei sentindo meu rosto queimar feito lenha em fogueira de São João.

Joy só queria ajudar, e pela primeira vez, estava realmente fazendo algo que preste, mas infelizmente, dessa vez, era eu quem estava cagando com tudo. Foi só Joy chegar ao meu lado, que eu lasquei um tapa naquela bunda que diferente da de Wendy, eu queria distância.

— Sugar Mama! — Joy chamou minha atenção. Cara, eu tava muito na fossa, eu fui chamada atenção pela rainha das pestes pervertidas, cara! Puta merda, eu sou muito uma merda mal cagada mesmo — Eu já disse que esse corpinho nunca mais você toca, dá pra parar?

— Não tem como Sooyoung 2.0, ela vai ficar dando tapinhas ou apalpando as rabas que ela achar palpáveis até eu tirar o efeito de hipnose dela — ouvi Hyo avisar, e logo me virei para ela.

— Então faz parar, porra! — sim, eu estava nervosa, eu.

— Tá, calma, não precisa de grosseria —  disse, já pondo as mãos diante do corpo — Eu só fiz o que me pediram. Anda, vem cá, vou tir… — e foi naquele momento, que o telefone da garota tocou. Ódio eterno daquela ligação infeliz. — Espera aí, vou atender.

Hyoyeon tomou alguns segundo no telefone, e saiu às pressas de nossa casa dizendo que seu tio havia assaltado uma loja trajando sua fantasia de galinha, frango, pintinho amarelinho, não sei, de ave. Nunca entendi porque ela tinha aquilo, mas enfim, ela tinha, e este mesmo disfarce feat. seu tio — mais o tio dela, já que a fantasia não tem vida própria —  acabaram por ajudar a lascar minha vidinha de vez.

Ela não tirou a hipnose.

Depois dali as coisas principais que aconteceram passaram no vídeo, menos a parte que —  enquanto as demais meninas estavam com Taeyeon no quarto — eu, Wendy, Seulgi e Yeri estávamos na cozinha esperando Tiffany ir acabar com a festinha imaginária de sua namorada. Taeyeon estava de fato bem fora da casinha.

— Eu vou no banheiro enquanto a louca tarada ainda tá lá em cima — Yeri avisou indo ao lavabo.

Droga, quando eu mais preciso da presença daquela peste, ela resolve soltar um barro ou molhar o joelho, não sei.

— Sua irmã realmente não sabe beber — Wendy comentou bebericando seu suco de laranja natural made in Brazil — Ela já ficou assim alguma vez?

— Não — respondi negando com a cabeça — Ela sempre dorme quando bebe, algo que ela sequer faz com frequência.

— Felizmente — Wendy riu, e não pude conter o sorriso em meu rosto ao ver aqueles dentes lindos aparecendo, combinando perfeitamente com seus olhinhos enrugados.

Enquanto um silêncio não muito incômodo invadia a cozinha, notei que eu não era a única a observar o sorriso de Wendy —  son — Seulgi também parecia espelhar os lábios puxados da garota, um olhar sereno em encantado em seus olhinhos de gatinho. E agora era ela quem estava sendo admirada, por mim. Basicamente, eu estava admirando Seulgi, quem admirava Wendy, quem admirava seu suco de laranja natural made in Brazil.  Poxa, não tinha ninguém pra me admirar?

— Tia, cê tem sonrisal aí? Aquela pizza não me caiu bem — ouvi Yeri perguntar surgindo como um ninja das sombras ao meu lado. Como ela foi parar ali do nada?

— Segunda gaveta no meu quarto lá em cima — respondi não me dando o trabalho de lhe olhar na cara.

— Lá em cima? — perguntou — Ao lado do quarto que tá rolando as ousadias que sua irmã tá querendo? — duvido que ela tava conseguindo alguma “ousadia”, mas concordei com a cabeça — Pode deixar, prefiro morrer mesmo — e dizendo isso, a pequena foi para a sala, onde sua prima esquecida no churrasco estava, para provavelmente se jogar no sofá e sofrer em silêncio. Por favor, que fosse em silêncio, não quero ser babá de recém maior de idade sendo que ainda teria que lidar com as loucuras da minha bêbada irmã.

— Yeri cresceu tanto — Wendy comentou enquanto observava a passagem que a pequena havia acabado de passar. Olhando assim até parecia um tiozão falando, ou meu pai falando. Ai, socorro! Não! Que comparação dos infernos! Sai pra lá! Vai de reto! — Lembro quando ainda era pequenina, correndo na grama de seu quintal, eu ajudando para ela não cair — na moral, em que momento trocaram minha crush por um tio meu? O que tava acontecendo? Quero replay, Galvão, quero replay pra entender. Ela suspirou pensativa — Essas crianças crescem tão rápido.

— É — Seulgi concordou — Joy também cresceu muito, digo, não tanto fisicamente, já que já a conheci grande, mas por dentro sabe? Ela amadureceu demais — Ah, tem certeza meu ursinho carinhoso? Porque estamos falando da guria que me tirou do meu seguro, porém empoeirado, armarinho! — Eu sei que ela não é perfeita — olhou brevemente para mim, um olhar doce, mas que mesmo assim me fez congelar até o dedinho do pé com a ideia de que ela poderia estar lendo meus pensamentos — Mas até o que ela faz de mal tem boas intenções.

Outro silêncio surgiu na cozinha, e este só foi quebrado depois de um estrondo cabulosos — eita, que eu pego fácil essas gírias da peste menor — e gritos de minha cunhada puderam ser ouvidos do andar de cima. Se ela não tivesse matado minha irmã, ela deve ter no mínimo matado minha irmã.

Bem, o que aconteceu depois disso também está no vídeo. As coisas acalmaram como o sol que vem antes de uma tempestade de verão. Ao entrar no banheiro e ver todos aqueles celulares entupindo o vaso sanitário, Taeyeon foi chutada de casa, tendo que dormir no frio e tão solitário braços da garagem enquanto a gente se ajeitava para dormir dentro de casa mesmo.

As amigas de minha irmã tomaram o quarto dela como propriedade — o que achei justo — enquanto minhas amigas — ainda estranho dizer aquilo, mas confesso que gostava — e a prima de Yeri, dormiriam no meu quarto. Por motivos de trauma, eu decretei que ninguém dormiria na minha cama, e que todas dormiriamos em futons espalhados pelo chão do quarto. Na minha cabeça, aquele era um bom plano, porém, eu não podia estar mais errada. Yeri e Joy, sendo as  pestes que são, logo cataram os dois futons menores, deixando o maior para eu e minhas duas mortes. Que lindo, não poderia estar mais lascada na vida eu.


 

— Tá, mas por que você tá narrando tudo feito flashback? — Taeyeon interrompeu meu maravilhoso relato com a pergunta mais óbvia da terra.

— Porque é um flashback.

— Ata.


 

Enfim, voltando…

Enquanto as pestes e a prima esquecida no churrasco ajeitavam suas camas, Seulgi e eu preparávamos o meu caixão, já que Wendy estava ajudando Hani a arrumar a cozinha. Queria dizer que estava feliz por estar conseguindo manter distância da bunda daquela deusa, mas infelizmente meu autocontrole estava péssimo desde que Hyoyeon me jogou aquela macumba, e por isso nem mesmo a Bear conseguiu se livrar de meus impulsos.

— Ai! — deu um pulinho quando eu lasquei um tapa naquela bundinha de urso.

Eu quis morrer, me enterrar ali mesmo, e falecer lindamente. Ela me olhou de cara levemente amarrada enquanto massageava sua bunda, e logo suavizou a expressão voltando a arrumar meu leito de morte. E eu? Bem, eu estava mais rosa do que bunda de babuino, e sem coragem alguma para direcionar meus olhos ao ursinho carinhoso.

Kim Taeyeon, eu vou te matar.


 

— Dá pra parar de me jurar de morte em cada cena que passa? — resmungou Taeyeon, mais uma vez cortando meu relato lindo.

— Dá pra parar de me cortar toda hora? E não haja como se eu não tivesse motivos para lhe jurar de morte — resmunguei de volta.


 

Bem, onde é que eu estava? Ah, sim, na preparação de meu leito.


 

Depois que Seulgi e eu terminamos de arrumar meu caixão, Wendy, quem já havia escovado os dentes e dado boa noite a todos, se aconchegou embaixo dos cobertores, e começou a mexer em seu celular. Sim, celular. O celular de Wendy era a prova d’água, e por isso estava novinho em folha mesmo depois de afogado na privada.

Enquanto isso, eu e Seulgi assistíamos a peste line sorrirem depois de conversarem alguma coisa que eu fui incapaz de ouvir. As duas estavam deitadas do outro lado do quarto, abraçadinhas de conchinha —  injustiça, queria tá assim com a Wendy — enquanto a prima esquecida no churrasco dormia um pouco mais afastada. A três estavam do lado oposto do quarto, onde meu leito de morte se encontrava com uma deusa canadense em cima, e Seulgi e eu, apoiadas em minha escrivaninha,  tomávamos chá.

Eu costumava odiar aquele líquido sem vida e quente antes de conhecer a ursinho, mas ela me ensinou a gostar do negócio, e hoje em dia eu até substituo ele por minhas cachaças —  às vezes.

—  Elas até que são fofas quando não estão fazendo da minha vida um inferno — comentei observando a peste line cair no sono. Seulgi riu de sua maneira fofa e eu não contive meu sorriso ao receber aquela reação.

— Elas são fofas — a Bear comentou — Você só teve o azar de cair nas garras erradas delas — ela riu antes de tomar mais um gole de seu chá.

Desviei meu olhar da sonolenta maknae line, e pousei na figura loira deitada há alguns metros de nós. Seu óculos redondinho a deixando ainda mais linda — se é que era possível — enquanto via alguma coisa em sei lá que aplicativo. Eu não tenho supervisão, o celular é pequeno e estava longe de mim.

— Hm… Hyun? — continuei olhando para Wendy — Pode tirar a mão da minha bunda?

Encolhi minha mão na hora, escondendo meu lindo rostinho atrás da xícara. Decidi que não era comigo, que quando fosse chamada a atenção por isso iria ignorar como se nem fosse eu.

— Por que não vai lá falar com ela? — continuou Seulgi ao meu lado e congelei por um momento.

— Ah...  Acho melhor não. — me apressei tomando mais um gole do meu chá, que por sinal já estava quase acabando.

— Pensei que haviam se resolvido.

— Meio que sim, mas meio que voltamos pra estaca zero depois de conversarmos. — era bem desconfortável ter aquele tipo de conversa com a minha ex e única namorada, mas Seulgi era tão doce e compreensiva que de alguma forma ela me fazia falar. Eu nem ousava a olhar nos olhos, aqueles olhinhos de gato tinham um efeito assustador em mim.

— Zero para um não é longe, sabe? — ela insistiu — Devia aproveitar que ela está ali sozinha, puxar um papo, não sei.

— Você me conhece, eu tenho péssimas habilidades sociais, capaz de chegar lá perguntando se ela já escovou os dentes. — finalmente olhei para  o ursinho, uma reação totalmente não planejada que custou o pouco de dignidade que ainda me restava e que fora perdida naquela noite.

Seulgi riu, e eu me arrependi de ter virado para ela. Aqueles olhinhos em meia lua, aquela risada tímida e gostosa de ouvir. Eu sentia tanta falta daquilo, de quando eu dizia algo idiota ou estranho e ela ria logo em seguida, ou quando ela era lerda com alguma coisa e eu me via tendo que explicar as coisas mais simples, seus olhinhos sempre atentos e sua boquinha levemente aberta. Lembro que eu acabava roubando um beijinho dela em alguns desses momentos, o que a fazia me olhar assustada e logo após rir tímida. Eu me permitia ser livre com ela, mas as vezes me batia a consciência do mundo lá fora e eu acabava a afastando, até que um dia eu a afastei de vez.

— E qual o problema de perguntar isso? — a vi perguntar com aquela típica carinha confusa dela.

— Ela vai achar que ela tá com bafo, Bea- Seulgi— droga, droga, droga! Intimidade demais, intimidade demais! Eu não chamo ela de Bear desde que terminamos.

Desviei meu olhar para as minhas pantufas de ursinho, e pra que eu fiz isso? Lá estávamos nós, com nossos pares trocados, tanto ela quanto eu ainda usando aquele presente que havíamos nos dado. Que merda, Seulgi! Você também não teve coragem de jogar elas fora?!

— Unnie — ouvi sua voz me chamar, e voltei minha atenção para o seu rosto — Vai falar com ela, este é um bom momento.

Qual era a definição dela de "bom momento"? Porque falar com a crush na frente da ex não me parecia um "bom momento", nem um pouco. Droga! Meu chá acabou. Agora não tenho mais desculpas pra não ir deitar. Tentei bebericar a xícara vazia na tentativa de ganhar mais tempo, mas sem sucesso.

— Seu chá acabou, unnie — droga, ursinho! Vai me expor mesmo? Não sabia que tinha uma Kim Kardashian dentro daquele corpinho. Que abusada! Pegou minha caneca e posou na escrivaninha. Me expôs e tirou meu disfarce. Que absurdo! — Não me olha desse jeito, você sabe que está perdendo tempo atoa.

Bufei em desistência. Eu disse que aqueles olhinhos tinham poder sobre mim. Droga! Porque tão fofos? E dessa vez ela estava me olhando sério, o que a deixava sexy. Ai, socorro! Aquela mulher tinha qualidades demais. Droga, era o chá que me esquentou ou foi ela mesmo? E ainda teria que deitar do lado da loira? Eu ia morrer, certeza.

— Tá — desisti. Não dá pra teimar com uma deusa.

— Hyun?

— Oi?

— Tira a mão da minha bunda.

Ô, cacetinho.

Respirei fundo na tentativa de arrecadar coragem dos meus pulmões. Droga, ela era tão linda lá, sem fazer nada, só mexendo no seu celularzinho com aquele óculos do Harry Potter lhe dando um ar ainda mais... Eu nem sei que ar era aquele, só sei que era demais pro meu coraçãozinho fraco. Ajeitei meu pijama e me aproximei de onde ela estava, puxei as cobertas e não sei como, consegui criar coragem pra deitar ao seu lado. Barriga pra cima encarando o teto. Deitar do lado dela já foi um feito, puxar papo também seria pedir demais de mim.

Fiquei lá parada, olhando pra cima, pensando em minha morte por um bom tempinho segurando minhas mãos, até sentir um corpo deitar do meu lado livre. Ai não! Eu vou morrer, já era. Taeyeon, eu te amo, pode ficar com as minhas coisas. Papai, também te amo, tente não atormentar muito minha irmã, por favor. Mamãe, também te amo, lindíssima, falou tudo, não tenho do que reclamar da senhora.

Senti uma cutucada na costela e logo me virei para Seulgi

— Fala com ela — nem fez som, só mexeu os lábios, e que lábios.

Nem respondi, não só porque não queria, mas porque não conseguia, meu corpo estava tenso demais pra conseguir dizer algo coerente. Virei o rosto para o outro lado, puxei mais a coberta e ouvi Seulgi suspirar ao meu lado. Sua respiração bateu no meu pescoço. Ai socorro, aquela fungada no meu cangote... Que saudade!

Voltei minha atenção pro teto e assim fiquei até Seulgi sair do meu lado, o que em parte foi bom para o meu coração e por outro foi ruim porque eu não queria que ela saísse. Droga! Não, Irene, você não sente mais nada por ela, não esse tipo de sentimento, pelo menos. Para com isso. Enquanto eu brigava com o meu "eu" interno, senti um corpo se mexer ao meu lado, e quando dei por mim, Wendy estava de lado me olhando.

Viado, eu vou morrer!

— Está tudo bem? — ouvi ela perguntar e honestamente eu só conseguia balançar que sim com a cabeça. Eu estava quase morrendo ali — Tem certeza? Sua mão está fria — morri. Morri real. Morri legal. Ela pegou na minha mão, ela apertou minha mão, ela segurou minha mão em suas duas mãozinhas tentando esquentá-la. Eu não tenho mais coração, ele explodiu. RIP coraçãozinho, você foi bom enquanto durou.

Em um súbito momento de desespero eu levantei e disse:

— Preciso cagar.


 

Taeyeon


 

— Mentira que você falou isso?

— Olha, não me julgue, você sabe que não ajo bem sob pressão. — eu gargalhei mais alto. Não saber agir sob pressão é uma coisa, outra coisa é Joohyun. Ela pifa, como você fala uma coisa dessas para alguém que você gosta?

Joohyun, você foi 0/10.

— Tá, okay, o que aconteceu depois?

— Nada demais, só fiquei trancada no banheiro até ter certeza de que elas haviam pego no sono, e fui xingada por suas amigas por estar ocupando o banheiro. Ah, e tive que ficar lá enquanto algumas delas usavam o vaso sanitário, não foi agradável, mas era melhor do que elas arrombarem sua porta ou eu encarar a Wendy depois daquela. — suspirou de forma dramática. Eu mordi o lábio para não rir mais, não funcionou no entanto. Joohyun me deu um tapa dolorido e cara, a mão de Joohyun é muito pesada.

— Ai, ignorante.

— Não sou ignorante, você que não tem empatia pelo meu sofrimento — disse dramática, eu revirei os olhos, Joohyun estava andando muito com essa Joy. Porque tudo é culpa da Joy.

— Mas é engraçado.

— Porque não foi contigo, né? Tente se imaginar falando isso pra Tiffany… — coitada dela, sabe de nada. Já até mandei selfie minha sentada no vaso para Tiffany, e o mais incrível é que eu ganhei uma dela também no vaso de volta. Sincronia é isso, até para fazer as necessidades a gente tem time.

É muito amor da minha vida mesmo.

— Mas eu já disse, ela riu.

— Mas é porque vocês já parecem senhoras de idade de tanto tempo juntas, eu e Wendy ainda estamos no úteros de nossas mães. — eu soltei uma risada.

— Nem pense, só quem tem o direito de dividir útero contigo sou eu.

— De nossas mães, da mãe dela e da minha, eu não dividiria o útero com a Wendy, credo, não! Ela seria minha irmã! Quero isso não, sai daqui!

— Ata, Seulgiei toda. — Seulgiar, novo verbo para lerdar, lezar e etc. Adotem, eu deixo. Adotem também Ivone ao invés de ícone, porque uma vez fui digitar no Twitter ícone e meu corretor colocou Ivone. Nem sei quem é Ivone.

Ela só fez uma cara feia para mim como se não tivesse gostado do meu comentário e manteve a linha Britney muda. Hm... Alguém aqui era super protetora com a Seulgi, e levando em conta que ela gosta de duas ao mesmo tempo, com a Wendy também. Quem diria né? Minha irmãzinha — falo como se não tivéssemos a mesma idade — que eu era crente, crente que morreria para ser a tia dos 27 gatos, gostando de duas ao mesmo tempo. Sinceramente, eu só espero que elas gostem da Joohyun de volta.

Imagina que louco seria se as duas crushes começassem a namorar e deixassem Irene de fora? Aposto que ela iria afogar as mágoas na cachaça, na verdade Joohyun afoga tudo na cachaça, as vitórias, decepções. Uma vez ela bebeu porque eu consegui desviar de um esquilo na estrada, segundo ela Vidas salvas merecem uma comemoração, mas todos sabemos que foi uma desculpa muito da esfarrapada para ela encher a cara.

Olhei para minha irmã, ela tinha os olhos fechados e a sobrancelha relaxada, ou seja, tinha pegado no sono enquanto eu fazia cafuné. Achei estranhíssimo, até porque Joohyun nunca dorme só com isso. Provavelmente estava cansada. Não sou nem louca de acordar ela de um cochilo.

Usei toda a minha malemolência de loira do tchan —  tô pensando seriamente em pintar de preto — para conseguir sair de baixo da piranha do amor, coração de duas, sem acorda-la. Deu certo, eu consegui sair da cama e do quarto de boa, mas eu lembrei que esqueci — nossa que frase estranha — de dizer algo para Irene.

Que se foda, vai dormindo.

— Eu acho possível sim amar duas pessoas e ser feliz com as duas — disse baixo, prontinha para virar e encher a pança de bolo.

— Obrigada. Boa noite. — Jesus Cristo, quase botei um ovo.

— Mas ainda é três da tarde. — me virei confusa, ela não estava dormindo? Esperei um tempo por sua resposta, mas ela de novo deu o golpe da Britney e ficou muda —  Joohyun? — nada — Irene? — Essa vaca me deixou no vácuo?

Minha comprovação veio em forma de ronco.

Sorri e saí do quarto.


Notas Finais


Navi:

E aí o que acharam?

Comentem aí:3. Quem quiser chegar chegando na gente, nosso twitter é @navidfairy e @breaktobreath.

Nath:

Esperamos que tenham gostado! Pra quem segue a Spin Off, logo logo ela será postada hehe

Obrigada a todos que estão lendo, você são uns lindos! Quem quiser deixar um comentário, ficaremos gratas! Bando de gente linda!


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