História A caminhada - Tendas brancas

- Pai o que está acontecendo?

- Por favor Dafyne, volte para sua cama Eu preciso falar com sua mãe.

- Mas ...

- Mas nada ! Suba logo e fique com seu irmão.

Com a cabeça baixa e assustada subi lentamente as escadas adentrando em meu quarto onde meu irmão me esperava. Deitei ao seu lado, fechando os olhos,tentando entender o que poderia estar acontecendo, meu irmão fez o mesmo e ficamos ali deitados sem dizer uma só palavra.

Nas horas seguintes ouvimos a discussão de meu pai e minha mãe, não conseguia entender o que diziam falavam rápido e isso dificultava a compreensão mas as poucas palavras que entendi foram o suficiente para me fazer pensar no pior. Mas em um momento a discussão parou, o silêncio se instalou na casa e ouvimos passos na escada, minha mãe abriu a porta estava abatida e parecia triste, rápida e ríspida disse :

- Arrumem as malas, vamos embora.

Vocês podem estar pensando que fiquei furiosa e ia protestar contra minha mãe pelos meus direitos sociais como adolescente e que essa mudança repentina acabaria com minha vida ... mas não ... apenas levantei abri meu armário e comecei a ajeitar  minhas roupas na minha mala de viagens, enquanto minha mãe levava meu irmão ao seu quarto para o ajudar  a arrumar sua coisas ... já que ele só tinha 7 anos.

Minha família era uma das últimas que restou no meu bairro, todos que conhecia tinham ido embora para a casa de parentes distantes ou abrigos de emergência do governo dos EUA que eram anunciados nas rádios dizendo ser seguros contra essa infecção.

Ninguém sabe ao certo o que está acontecendo, alguns dizem que narcóticos começaram esse vírus outros dizem que é castigo de Deus,  já ouvi falar que é o fim do mundo. Mas eu evito pensar nisso. O governo irá descobrir o que é esse vírus e vai controla- lo, tudo ficará bem.

Também desconheço nossa situação atualmente, minha mãe não me deixou assistir os noticiários sobre o assunto e todo o meu conhecimento foi retirado de fofocas de meus colegas. Mas o que mais me deixou pasma foram os  comentários que pessoas estavam morrendo e voltando como criaturas horrendas. Mas eu já estou grande para acreditar nisso; É só uma doença, ela não pode fazer isso.

Terminei de arrumar minha mala e desci para o primeiro andar de minha casa onde do lado de fora já era esperada por minha família no carro. Logo que entrei no carro meu pai deu partida

Passamos horas na estrada as ruas estavam cercadas de carros de policiais e ví até  tanques de guerra, naquele momento me perguntei no que tanques de guerra ajudariam a combater uma doença.

No caminho passamos por alguns bairros e cidades e todos estavam sendo evacuados, pessoas estavam sendo examinadas e acredito que isso esteja acontecendo agora com as famílias que decidiram ficar em casa no meu bairro. Não sabia se iria voltar pra casa, o que meu pai e minha mãe haviam decidido ainda era um segredo pra mim mas ... eu acho que descobrirei logo.

Depois de mais algum tempo chegamos a um lugar cheio de barracas brancas um pouco encardidas que pareciam abrigar centenas de pessoas, ví galões de água no chão e o que pareciam ser grandes estoques de comida em algumas barracas.

Meu pai parou o carro, descemos com malas na mão, e alguns instantes depois um homem negro e baixo se aproximou de nós e perguntou :

- Estão aqui para se abrigar? - Disse sorrindo.

- Sim - Respondeu meu pai.

- Então bem vindos a "Tendas-Brancas".