História A Consciência Além do Tempo - (Reescrevendo) - Indecisão

– Harry, você precisa prestar muita atenção.

Depois que Tom conseguiu acalmar Harry, o que levou algum tempo silencioso, o menor perguntou se poderiam realizar logo o procedimento de neutralização da horcrux. Porém o sonserino repetiu que ele teria que pensar espontaneamente na lembrança e como Potter era um bebê ele não se lembrava do momento em si. Só sabia o que lhe contaram. Logo, neutralizar já não seria possível.

Depois disso Riddle tentou distraí-lo dizendo que poderia precisar de ajuda com Órion. Apesar de Harry até tê-lo ajudado um pouco, sua frustração continuava estampada em sua face. Então se lembrou que havia deixado Rony esperando no dormitório. Ele se despediu de Tom e foi encontrar o outro amigo. Encontrou-o conversando com Hermione pelo espelho.

Desde então estavam conversando sobre o ritual de Merlin.

– No livro que achei escondido na aréa restrita da biblioteca, há umas informações bem úteis. Merlin realmente usou um vira-tempo pra viajar séculos antes. Mas entenda que vira-tempos possuem algumas opções de consequências ao se viajar anos no passado.

Harry olhava para a menina pacientemente.

– Quando vira-tempos foram criados, ao se viajar anos no passado indo parar onde exista uma versão mais nova de você, fazia com que o tempo passasse até o momento da partida. Como aconteceu com a gente quando salvamos o Sirius. Além disso o indivíduo não envelhece durante este período. A não ser que você altere alguma coisa. –  Hermione suspirou cansada. –  Harry, a regra mais importante do vira-tempo é não alterar em hipótese alguma o curso das coisas. E quanto mais distante você volta, mais difícil é cumprir essa regra.

– Desculpe Mione, mas não sabia o que fazer. Quando cheguei aqui, desmaiei e fui visto... –  tentou justificar.

–  Não estou te culpando... é só que você estar tão longe é difícil. –  A voz soou melancólica e Potter percebeu que ela não falava apenas das complicações temporais. Era dificil não tê-lo por perto. A menina estava com saudades. –  Enfim, por isso o ministério proíbe que se volte anos no passado. Contudo, alguns bruxos resolveram fazer pior: voltar para antes de nascerem. E isso foi o que Morgana fez. 

Essa era uma informação que Harry desconhecia. Então deduziu que era algo que estava escrito nas folhas que Riddle escondera.

–  E ela fez isso publicamente, Harry. E nunca mais foi vista –  Hermione falou a última parte com aspas pelo espelho – Merlin também usou um vira-tempo e foi atrás dela, ainda que essa parte seja um segredo. Ele relata sobre uma propriedade fascinante presente na areia do vira-tempo: não é areia.

Potter arregalou os olhos surpreso.

–  Como?

–  É sol, Harry. –  Hermione riu ao ver a expressão de incredualidade do rapaz aumentar. –  É luz solar para ser mais específica.

–  Transfigurada em grãos minúsculos –  Completou Rony. –  Sim, eu li o livro com a Hermione.

–  Mas... como...? –  Potter ainda não sabia se estava ouvindo certo. Sol? O mesmo sol cujo calor inundou Hogwarts no dia anterior?

–  Entenda Harry, os anos passam porque o planeta gira em torno do sol. Então o que você precisa para viajar é do sol. Um pouco de luz solar transfigurada para se solidificar em grãos é a chave do vira-tempo. – Explicou pacientemente porém séria. –  E esse fato é extremamente perigoso porque praticamente qualquer bruxo poderia fazer um vira-tempo. Por isso que é um segredo. O ministério mantém essa informação bem guardada.

–  E Merlin sabia disso...

–  Sim. E ele também usou essa informação para manter a linha do tempo dele protegida das mudanças que Morgana resolveu causar.

Harry prestou mais atenção. 

–  Vira-tempos só servem para viajar ao passado, mas se pensarmos bem, o sol em si é o que nos fornece o futuro. O tempo só passa porque ele existe. Porque a Terra gira em torno dele para nos dar os anos. Então os grãos de sol combinados com magia, mas sem o colar...

–  Podem me levar de volta pra casa. –  Concluiu. –  Simples assim?

Rony e Hermione sentiram pena da voz esperançosa do rapaz.

–  Claro que não. Nada na sua vida é fácil, cara –  Rony disse enquanto colocava a mão no ombro do amigo.

–  Isso te faz voltar para o futuro sim, Harry. Mas não o futuro que você conhece. Ou o que Merlin conhecia. –  Hermione passou as mãos no cabelo e bocejou. Estava ficando exausta já. –  Depois do que Morgana fez, o ministério colocou um encanto de proteção na corrente do colar. Agora quem voltasse anos no passado, tendo ou não sua versão mais nova, a magia do vira-tempo se limitaria. O indivíduo só poderia ficar alguns minutos no passado e então seria mandado de volta para o dia que partiu. Isso foi uma forma de evitar que as pessoas tivessem tempo o suficiente para fazer grandes alterações no passado.

–  Mas então como eu permaneci aqui?

– Porque assim como Merlin você quebrou o vira-tempo. Mas no caso dele foi intencional. –  suspirou novamente –  isso fez com que o encanto de proteção não funcionasse como deveria. Assim que o colar quebrou, o encanto tentou forçar que você permanecesse no momento em que estava, no entanto como ele girava ele não conseguiu fazer isso por completo...

–  Deixando só o seu corpo, Harry–  Completou Rony. –  O efeito do giro fez a sua consciência viajar e ficar presa aqui. E o efeito do encanto de proteção só conseguiu deixar seu corpo na linha do tempo original.

– E isso Harry, é o que garantiu a Merlin que depois que ele voltasse para o futuro não teria modificações. Porque uma parte dele ainda estava lá Harry. É como se as leis do universo ignorassem a viagem no tempo porque tecnicamente quem viajou ainda estava onde tinha que estar. O fato de você estar aqui e aí faz com que não sejam só duas linhas de tempo distintas, mas duas realidades diferentes. Não importa o que faça aí, Harry. Até mesmo se você morrer, nada aqui vai mudar. Nada.

–  Porque tecnicamente Harry James Potter está aí... –  disse o moreno digerindo tudo. –  Mas o fato da minha consciência estar aqui, torna essa realidade algo separado. Como uma outra dimensão... então minhas ações terão consequências somente no futuro daqui. Para as pessoas daqui. Para vocês não.

–  Exatamente, Harry! –  disse a menina animada por ele ter compreendido.

–  Mas viajar pro futuro vai me levar pra qual futuro?

– O ritual serviria para os dois. E para a sua sorte não é muito complicado, apesar de ser um pouco doloroso. Mas pra você voltar para casa... pra gente... precisa de algo daqui. Pra servir como algo similar a uma bússula. E isso significa que também não pode ter nada, absolutamente nada dessa realidade junto com você pra não interferir.

–  O mapa do maroto! –  O rapaz gritou inconscientemente. –  Veio para cá, comigo!

–  Não, tem que ser outra coisa.

Poter abriu a boca para responder, mas Rony foi mais rápido:

–  Cara... o que for usado terá que ser destruído.

Harry lamentou. Pra voltar teria que sacrificar a herança deixada por seu pai?

–  Mas... não tenho outra coisa...

–  Claro que tem, Harry! Pode ser até seus óculos. –  Gritou a menina indignada. –  Francamente, sem me ter ao seu lado parece que seu cérebro atrofiou...

Harry suspirou aliviado e riu. No entanto ele se perguntou porque não percebeu já que era tão óbvio. Era como se estivesse procurando obstáculos que não o deixassem voltar.

Bom, ele não podia mais negar que uma parte sua queria ficar ali.

– Então eu transfiguro luz solar em grãos sólidos e...? Como funciona o processo?

–  Precisa transferir toda a sua magia para os grãos. Quando solidificá-los, já terão um grau de magia por causa do feitiço de transfiguração. Mas não será reconhecida como a sua magia. Então você precisa... deixar seu sangue... – Hermione começou a estreitar os olhos como se visualizar o restante da cena lhe desse agonia.

Rony continuou por ela:

– Deixar seu sangue escorrer e inundar os grãos de areia por completo.

– Sangue...?

– Precisa se machucar Harry... como um corte... porque os grãos de sol vão buscar mais magia para se manterem nessa forma. Você será a fonte de magia... então seu sangue será sugado do seu corpo até que haja quantidade suficiente para cobrir todos os grãos...

– Eu não posso fazer só um furinho e deixar que meu sangue seja sugado daí...? – perguntou torcendo muito para obter uma resposta positiva...

– Desse jeito demoraria semanas, Harry. Porque a quantidade de grãos que você vai precisar terá que ser o suficiente para que você possa deitar todo seu corpo por cima.

–Mas se eu perder essa quantidade de sangue, vou morrer!

Tanto Hermione quanto Rony no corpo de Draco o olharam incrédulos:

– Harry, preste atenção: você será sugado de volta para seu corpo original! É só esse corpo que está usando agora que vai morrer! - gritou Hermione.

Potter parou pra pensar no futuro daquela realidade. Se era independente da realidade que ele nasceu, então ela continuaria após sua morte. Seu corpo atual seria encontrado e ele seria oficializado como morto ali. O que aconteceria com os amigos que fizera ali? Ele sequer conseguiria se despedir já que, com excessão de Tom, ninguém saberia o que estava acontecendo. E mesmo Tom, quando chegasse a hora, como reagiria? Mesmo sabendo que Harry estaria bem em outro lugar e que poderia ver uma versão dele dali há cinquenta anos, como Tom Riddle conseguiria encarar o corpo morto de Harry? 

Morte sempre foi o maior medo de Tom. E ele havia confessado quando o Potter estava em coma que pensar que estava perdendo-o para a morte foi a coisa mais dolorosa que já havia sentido. Se de certa forma, Harry morreria ali, como Tom conseguiria lidar?

Como Voldemort lidaria?

Pensando nisso, Harry suspirou e parou de escutar os amigos. Apesar de já ter ficado indeciso antes, foi a primeira vez que pensou que seria realmente péssimo ir embora.