1. Spirit Fanfics >
  2. A construção do Para Sempre >
  3. Natal em Storybrooke (Especial)

História A construção do Para Sempre - Natal em Storybrooke (Especial)


Escrita por: LSN

Notas do Autor


Ho ho ho, amores!
Estão bem agasalhados? ;)
Como vocês devem ter percebido, é um capítulo BEM grande, praticamente um arco da história, hehe, mas foi preciso.
Aos leitores que não curtem uma leitura longa, me desculpem. Aos que gostam, woo hoo, bate aqui! o/
Esse capítulo vai acontecer sob uma ótica um pouco... diferente da que vocês estão acostumados, mas eu realmente espero que gostem. ♥
Então preparem aquele lanchinho (com o que sobrou da ceia de ontem ;p) e vamos ao nosso especial.
Boa leitura!

Capítulo 10 - Natal em Storybrooke (Especial)


A cidade estava em clima de festividades e a alegria emanava por todos os cantos. Grande parte da população havia se reunido para enfeitar a cidade e principalmente a floresta, onde aconteceria uma espécie de confraternização geral. Os anões cuidavam dos pisca-piscas, entre berros e risadas. Parte das freiras escolhiam as acomodações para a floresta, enquanto Emma se preocupava em escolher cds que agradassem a todos os gostos – o que, para ela, estava sendo possivelmente a tarefa mais árdua de todas.

Se a cidade estava em êxtase, o restaurante da vovó estava em febre. Ruby e Vovó precisaram chamar parte das freiras para ajudar a preparar o pequeno banquete comunitário que aconteceria mais tarde. Doces, salgados, bebidas e sobremesas, tudo que dizia respeito a alimentação, obviamente, ficaria a cargo delas.

- Ruby – a Vovó falava apressadamente enquanto colocava bolinhos de carne em uma caçarola – Eu chamei uma outra moça para nos ajudar e a essa hora ela deve estar chegando, vá busca-la lá fora.

- A senhora chamou meia Storybrooke para nos ajudar? Nós conseguimos dar conta dis... – antes que pudesse completar, sentiu um cheiro de comida quase queimada invadir suas narinas aguçadas e correu para o fogão. Se não fosse o seu faro de lobo, as rabanadas estariam perdidas.

A Vovó a encarou como quem diz “eu sei o que estou fazendo” e ela não teve mais argumentos. Colocou os petiscos em um papel toalha, lavou as mãos e seguiu para a porta, imaginando que pobre moça sua avó havia “contratado” para aquele pequeno dia de escravidão. Quando saiu do restaurante quase caiu para trás.

- Regina?!

A prefeita estava sentada, pensativa, em uma das mesas do lado de fora do estabelecimento. Ela a encarou, assustada com a forma que a moça havia chamado seu nome.

- O que houve, Ruby? Eu... não achei que seria transtorno sentar aqui um... pouco? – Regina a encarava com uma expressão confusa.

- Não, mas você... a Vovó... te chamou? – perguntou baixinho, sem conseguir esconder o seu estarrecimento.

- Sua avó? Por que ela me chamaria? – Se antes a morena estava confusa, agora estava completamente perdida.

- Ah, então se não foi você, então...?

- Perdoe a minha demora, eu estou aqui.

Uma moça baixinha passou apressadamente pelo portão e as encarou, fazendo o coração de Ruby pular uma batida. Sua voz suave fazia total contraste com a expressão séria em seu rosto. A moça passou por Regina com um breve aceno de cabeça, se aproximando de Chapeuzinho e continuou.

- Eu estou à disposição para ajudar. Você deve ser a srta. Lucas, certo? – a forma educada que a moça falava fazia Chapeuzinho se sentir estranhamente nervosa – sou Fa Mulan.

- Prazer, Mulan. E sim, sou eu mesma. – Ruby sorriu meio desconcertada e percebeu que as bochechas da pequena oriental coraram ao ver seu sorriso.

A moça inclinou-se respeitosamente e com o gesto Chapeuzinho pode ver uma Regina que observava tudo aquilo com uma expressão de riso contido, quase como se guardasse um segredo. O sorriso brincalhão no rosto da prefeita a fez ficar irritada e sem graça, embora sem saber por quê.

- Regina, fique à vontade – disse, sem mais encará-la – Vamos, Mulan.

Quando as duas entraram, Regina riu para si mesma. Ela já havia entendido o que tinha acontecido entre ambas, conhecia perfeitamente as sensações e a confusão adorável estampada no rosto de Ruby. Desejou-lhe boa sorte mentalmente. Desde que começou a sair com Emma, havia se tornado uma pessoa cada vez mais leve e livre de amarguras. Quando pensou nela, porém, voltou a se perder nos pensamentos que já estavam com ela a algum tempo.

- Emma... o que eu vou te dar de presente?

***

Dentro do restaurante, Ruby guiou Mulan até a frenética cozinha. Por todos os lados viam-se freiras e, para o total espanto de Ruby, agora até anões andando de um lado para o outro com petiscos e utensílios, guiados pelas ordens da Vovó como se participassem de uma orquestra esquizofrênica.

- Eu... acho melhor que você ajude só a mim, certo?

Mulan apenas meneou a cabeça fazendo que sim, olhando um pouco inquieta para a loucura daquela cozinha. Elas ouviram um bipe alto vindo do canto do cômodo.

- Bom, então vamos nessa. Pegue o bolo no micro-ondas, por favor. – disse Ruby, girando nos calcanhares e indo em direção a massa de pizza na mesa.

A pequena asiática cerrou os olhos e observou toda a cozinha, com uma expressão indecifrável. Chapeuzinho a olhou de soslaio e, vendo sua expressão, se aproximou.

- O que houve, Mulan?

A guerreira olhou para o lado, respondendo timidamente.

- O que é... um micro-ondas?

Ruby quis sorrir pela forma com que a moça disse aquilo, mas achou que ela pudesse entender errado e se ofender, então simplesmente a olhou de forma compreensiva.

- Você é nova neste reino, não é?

- ... Sim, srta. Lucas – a forma tímida com que Mulan falava estava quase matando a loba. Ruby pigarreou e delicadamente repousou uma mão em seu ombro, a guiando até o aparelho.

- É esse aqui. Nós o utilizamos para esquentar alimentos e as vezes até preparar algumas coisas, como esse bolo.

- Com magia?

Ruby sorriu.

- Mais ou menos... nesse reino chamam de tecnologia.

Mulan apenas assentiu lentamente, como quem está procurando guardar uma informação de suma importância. Ruby a explicou rapidamente sobre as funções e os botões e, terminada a explicação, Mulan pressionou o botão ejetor da porta e puxou a forma sem luvas, queimando a sua mão e retirando-a imediatamente.

- Mulan! – Ruby a levou rapidamente para a geladeira, onde pegou um pouco de gelo, colocou em um pano e pressionou contra sua mão.

- Desculpe, srta. Lucas... eu achei que a única coisa que ia esquentar ali era o alimento... – a vergonha e a culpa eram facilmente perceptíveis em sua voz.

- Não... a “magia” desse reino não é tão aperfeiçoada assim – sorriu e em seguida a encarou fixamente com uma expressão preocupada, ainda segurando-a e pressionando o gelo delicadamente – queimou muito?

- Não, eu... – quando seus olhares se encontraram, o coração de ambas acelerou. Mulan sequer havia notado que estava sendo cuidada pela moça até aquele momento. Afastou a mão delicadamente e olhou para baixo, para esconder a vermelhidão do seu rosto – eu só me assustei, estou bem srta. Lucas.

- Ruby – Chapeuzinho respondeu ainda olhando para ela com um sorriso tímido nos lábios – me chame de Ruby.

A oriental assentiu, devolvendo o sorriso. As duas continuaram trabalhando a tarde inteira na cozinha, no meio da baderna divertida de todos ali presentes e dos pequenos erros e confusões inocentes de Mulan.

***

Por mais que tenha sido uma tarefa realmente árdua, quando a noite chegou tudo estava pronto. O centro da cidade estava completamente iluminado pelas luzes natalinas e ao lado da prefeitura havia uma grandiosa árvore de natal criada por Regina, muito bem iluminada por centelhas de magia multicoloridas. Ao seu redor haviam várias pequenas meias cheias de doces para as crianças que passassem por ali, um pequeno mimo extra da prefeita.

Apesar de ter levado um longo tempo para se decidir, finalmente havia escolhido que presente daria para Swan. Enquanto observava famílias se aproximando da árvore e as crianças descobrindo a deliciosa surpresa nas meias, Regina sentiu um braço deslizar delicadamente pelas suas costas, descansando a mão em sua cintura e sorriu.

- Pronta para a festa, Regina? – Emma falou delicadamente ao seu ouvido. Apesar de não ter sido intencional, o ato fez a prefeita se arrepiar.

- Com certeza, e v... mas o que é isso?!

Quando Regina virou-se para encará-la, viu Emma com um gorro de papai Noel.

- Ah, isso? – a xerife apontou para o objeto – Ruby me deu, disse alguma coisa sobre me proteger do frio e estar no clima da festa. Quer um também?

Regina riu e revirou os olhos.

- Não, obrigada. Vamos indo, mamãe Noel.

Apesar da brincadeira sobre o gorro, ela precisava admitir (ainda que só para si mesma) que Emma estava encantadora usando-o. As duas seguiram caminhando até a “entrada” da floresta (que na verdade era uma trilha iluminada por pequenos pisca-piscas que mostrava o caminho a seguir até o local da festa) e seguiram as luzes silenciosamente, de mãos dadas, aproveitando os sons da noite, o barulho surdo de uma música ao longe e principalmente suas próprias companhias.

Regina foi surpreendida por Emma parando e a puxando para si. A loira colou seus corpos e a beijou sem pressa. Seus lábios cálidos faziam contraste a frieza daquela noite e Regina logo retribuiu o carinho com devoção. Separaram os lábios gradualmente e ficaram mais um pouco ali, sentindo a respiração uma da outra. Regina deslizou o nariz carinhosamente no de Emma, que sorriu e lhe retribuiu com um selinho.

- Bom, acho bom irmos – Emma falou docemente – porque se eu demorar um pouco mais aqui eu acho que vou desistir da festa.

Regina riu e elas voltaram a caminhar de mãos dadas, dessa vez sem parar até chegar lá. O local da confraternização estava realmente lindo e acolhedor. Haviam mesas espalhadas pela vasta área e luzes por todos os lados, além de uma música suave tocando. No centro, uma grande mesa retangular com comidas e bebidas para todos os gostos; Vovó estava sentada próxima ao banquete, olhando-o com um semblante orgulhoso. Várias pessoas já estavam sentadas, algumas sendo servidas por Ruby e Mulan, que a todo momento se entreolhavam e sorriam, como se estivessem em um mundo só delas.

Emma observava a cena com curiosidade até que o seu olhar encontrou o de Ruby, que soube automaticamente o que a loira estava pensando. Aproximou-se um pouco sem graça.

- Regina, Em, oi – sorriu – querem algo pra comer? Podem ir direto na mesa, não é como se só nós estivéssemos distribuindo... apesar de ser o que parece – riu.

- Oi Rubs. Acho que vou pegar uma bebida pra gente sim. – enquanto falava, Emma a encarava com uma expressão inquisidora e a garota olhou para baixo, timidamente. Elas não precisavam trocar palavras para se entenderem, e naquele momento Ruby estava muito grata por isso. – Já volto! – Emma completou, com um sorriso sapeca no rosto, seguindo para a mesa.

Mas obviamente ela não podia esperar o mesmo com a prefeita. Regina a encarou por um momento e falou baixinho com um tom despreocupado.

- Então, já fizeram algum progresso ou só brincaram de chef o dia todo?

- Do... do que você tá falando? – Ruby aquiesceu e Regina deu um risinho divertido.

- Eu preciso mesmo dizer? – A prefeita a pressionou, sorrindo e gesticulando para a oriental.

- Não! – Ruby olhou nervosamente para o chão, ela sabia que Regina tinha visto seu primeiro contato com Mulan e toda a confusão estampada em seu rosto, não poderia negar - Olha, eu não... sei. Nós nos conhecemos hoje, mas... ela é tão legal e tímida e... – seus olhos praticamente brilhavam enquanto falava. – mas eu não quero apressar as coisas. Eu sei que é cedo demais pra achar que eu tô, você sabe...

- Apaixonada? – Regina interveio. Ruby apenas fez que sim, sem graça – Ruby, eu sei que nós não nos conhecemos muito bem, mas se você quer um conselho, vá em frente. – a moça a olhou com os olhos arregalados, mas a prefeita apenas continuou – Uma velha amiga me fez entender que não devemos esconder de ninguém o que sentimos de mais puro, e não importa se você descobriu isso no momento em que a conheceu. Talvez... talvez eu tenha passado tempo demais para perceber de quem eu realmente gostava desde... sempre. E não quero que você desperdice tanto tempo quanto eu.

Ruby abriu a boca, mas não conseguiu dizer nada. Apenas um sorriso confuso brincava em seu rosto. Então ela lembrou-se de sua situação como metamorfa e sentiu o peito apertar. Mulan merecia coisa melhor que uma loba. Antes que pudesse externalizar seu pensamento, Regina falou.

- Aproveite a noite e pense no que eu falei, Ruby. – Regina deu um sorriso doce a Ruby e virou-se, vendo Emma voltar. A moça preferiu guardar seus pensamentos para si.

- Então, sobre o que estavam conversando? – disse Emma, entregando uma bebida à prefeita.

- Eu estava a questionando sobre esse gorro na sua cabeça – Regina rebateu rapidamente, deixando o clima mais leve.

- Bom, ela não quis o nariz de Rudolf – Ruby deu de ombros e Regina segurou o riso.

- Quem sabe ano que vem, Rubs – sorriu e ajeitou seu gorro com orgulho. Regina percebia que Emma realmente gostava do espírito natalino e aquilo a estava encantando imensamente.

- Tá bem, tá bem – Ruby respondeu – agora vou deixar o casal Noel a sós. Divirtam-se!

            Chapeuzinho se afastou, voltando a mesa sob o olhar tímido de Mulan. Emma quebrou o silêncio entre as duas.

- Então, quer dar uma volta?

Regina apenas assentiu, entrelaçando suas mãos. As duas caminharam até se afastarem completamente das luzes e ouvir apenas pequenos toques da melodia das músicas na festa. Existiam menos árvores naquele lugar, então era possível ver a lua e a noite estrelada perfeitamente. Emma criou uma pequena toalha com magia e a repousou no chão, indicando para que Regina se sentasse lá.

- Vejo que vem praticando – Regina sorri e a guia para sentar ao seu lado.

- Eu não queria que você se sujasse – Emma sorri timidamente – O que tá achando da noite?

- Sem dúvidas o melhor natal que já tive... apesar da música ruim – Quando disse aquilo, Emma fechou a cara. A prefeita começou a rir e prosseguiu – Eu sei que a música foi escolhida por você, eu estou brincando. – Completou, acariciando o rosto da loira.

- Não é fácil agradar todo mundo, tá bem? – Respondeu com uma falsa chateação e depois sorriu. Então Regina lembrou-se do seu presente. Abriu sua bolsa e pegou uma pedra mágica do tamanho de sua palma, que possuía um brilho de coloração roxa e esverdeada; a magia dentro da pequena pedra dava voltas suaves por toda sua extensão.

- Para você – A colocou em suas mãos. – Fique parada um instante.

A prefeita ergueu as mãos, estas já emanando um suave brilho avermelhado. Com elas, guiou a pequena nébula vermelha até Swan, fazendo a magia percorrer seu corpo até tocar a pedra. Depois de alguns segundos toda a magia que Regina lançara estava concentrada na pedra. Emma a encarou com interesse.

- Isso é uma pedra-guia. Coloque-a em seu carro e toda vez que ela perceber que você não está bem, ela o guiará em segurança até a sua casa.

Emma lembrou-se do episódio do acidente de carro e rapidamente entendeu o motivo do presente. Como se ouvisse sua mente, Regina continuou.

- Não quero mais que você se machuque por aí, Emma. – ela continuou, com um sorriso irônico – Eu preferia te dar um carro decente, mas como sei que você realmente gosta daquela coisa amarela...

- Ei! – Emma rebateu, sorrindo – Ele é um veterano de guerra, só isso. – respondeu, a tomando nos braços e dando um beijo agradecido – Obrigada, Regina.

A morena sorri e a encara, percebendo um pequeno traço de nervosismo em seus olhos verdes.

- Está tudo bem, Emma? – a prefeita pergunta, um pouco preocupada.

- Sim, só... eu... também tenho uma coisa pra te dar.

Ela mexeu nervosamente em seu casaco, tirando um pequeno embrulho. O segurou e olhou nos olhos de Regina, que observava a cena com curiosidade. Ela pigarreou e começou.

- Regina, eu sei que a gente começou a sair a pouco tempo, mas eu realmente acredito em nós e no que sinto por você. Então...

O coração de Regina acelerou ouvindo aquelas palavras. Emma abriu o pequeno pacote, retirando dali duas delicadas pulseiras, ambas com dois pingentes lado a lado: um pequeno cisne prateado e uma detalhada coroa banhada a ouro. Emma continuou.

- Eu quero te sentir cada vez mais perto de mim, e a forma que eu achei de fazer isso foi dando um passo à frente. Você... aceita namorar comigo? – ela engoliu em seco - Eu vou entender se você achar ced...

Regina não a deixou continuar. A beijou apaixonadamente, com as lágrimas correndo livres por seu rosto. Emma rapidamente o retribuiu, com a mesma intensidade. Era como se o universo tivesse parado só para elas ali, naquela floresta. Não havia mais ninguém, mais nada no mundo que importasse, senão a sensação de seus corpos colados, o movimento apaixonado de seus lábios e aquele sentimento arrebatador. Depois de algum tempo separaram os lábios, aos poucos, mas se mantiveram próximas. Emma acariciou seu rosto, limpando as lágrimas que ainda teimavam em cair.

- Ei, não chora...

- Tudo bem, Emma... só fui pega de surpresa.

- Então eu não posso me confiar no beijo como sendo um “sim”? – Emma perguntou, com um sorriso brincalhão.

- É claro que pode, sua boba. – respondeu, revirando os olhos e fazendo Emma abrir um sorriso ainda mais largo.

- Mas eu falei sério sobre o choro. Eu só quero te ver sorrir, Regina... e vou dedicar os meus dias a isso -  Entrelaçou suas mãos e encarou profundamente os olhos castanhos da morena.

- Seremos duas, então – disse Regina, se aninhando em seu colo e ficando assim por um longo tempo.

Regina começou a sentir um pouco de frio e tremeu levemente nos braços da loira. Emma a apertou com mais força e acariciou seu braço.

- Com frio?

- Um pouco.

Emma se afastou por um segundo e rapidamente tirou o gorro da sua cabeça, o colocando em Regina. A prefeita a encarou, arqueando uma sobrancelha e Emma segurou o riso.

- Isso vai te esquentar um pouco – Falou, a aninhando novamente em seus braços – Feliz natal, mamãe Noel.

***

Mulan estava nervosa. Não sabia exatamente como faria aquilo, já havia voltado atrás mais vezes que podia se lembrar e achava que francamente não conseguiria. Logo ela, uma guerreira que enfrentava todo tipo de inimigo sem hesitação, estava ali, com as mãos suadas e o coração a mil por medo de fazer uma simples pergunta.

A guerreira estava recostada em uma árvore, observando Ruby entregar uma bandeja de doces a uma mulher que julgou ser uma feiticeira e possivelmente sua filha. A garota trocava algumas palavras e sorrisos educados com ambas antes de devolver a bandeja à mesa principal e encará-la com um sorriso, indo em sua direção. Mulan achou que seu coração não podia pulsar mais acelerado, ledo engano. A cada passo que Ruby dava, seu peito martelava com mais força. Ela encarou o chão e engoliu em seco. Nada nunca tinha tido um efeito tão grande nela como o simples sorriso daquela moça.

- Ei Mulan, tá cansada? – a perguntou, tombando a cabeça delicadamente para o lado e fazendo a oriental quase desmaiar, tamanha a candura daquele movimento – eu não devia ter te pedido pra me ajudar a noite também... foi mal. – completou, fazendo uma pequena careta de culpa.

- Não... tá tudo bem... – embora totalmente desconcertada, a guerreira sabia que aquela era a hora certa. Ela prendeu a respiração, juntou toda a sua coragem e perguntou – Ruby... você quer... dar uma volta?

A expressão de Chapeuzinho mudou totalmente. Seu coração começou a bater freneticamente e em segundos sua expressão era um reflexo do nervosismo no rosto de Mulan. A oriental sentiu-se automaticamente culpada pela pergunta.

- M-me desculpe, srta. Lucas, eu juro que...

- Não – a voz de Ruby era baixa e nervosa, mas audível – eu quero ir sim... só fiquei um pouco surpresa. – Antes que Mulan pudesse responder, ela pigarreou e continuou – Vamos.

As duas caminharam em silêncio por um longo tempo, parando próximas a um pequeno riacho. O barulho da água cortando caminho pelas pedras e o uivo suave do vento conseguiu acalmar um pouco as duas. Elas sentaram em um tronco caído e ficaram em silêncio por um momento, cada uma perdida em seus próprios pensamentos.

- Seu reino era muito diferente daqui também? – Ruby perguntou suavemente, trazendo Mulan de volta.

- Muito. Poucas coisas aqui conseguem me lembrar do meu reino. – ela sorriu timidamente – acho que o som da água e do vento são as coisas mais parecidas.

Ruby sorriu.

- É bem difícil se acostumar a viver aqui, mas a gente acaba se adaptando em algum momento.

- Eu quase esqueci que você também não pertence a esse reino. Você vivia de forma diferente no seu também?

- Muito – Ruby respondeu, pensativa. Então sorriu e respondeu sem pensar – mas agora podemos ficar juntas e eu posso te ajudar a conhecer tudo por aqui.

Ela arregalou os olhos e olhou para o outro lado, corando. Mulan arqueou as sobrancelhas, igualmente corada.

- ...Eu adoraria, Ruby. – a guerreira estava tão nervosa que mal conseguia encará-la, mas ousou completar com o que o seu coração dizia naquele momento – adoraria tudo isso.

- ...Tudo? – Chapeuzinho a encarou, sentindo seu peito acelerar. Mulan apenas assentiu.

- Você pode achar que eu perdi o juízo, eu mesma acho isso, eu entendo que nós nos conhecemos hoje... mas eu realmente queria... eu realmente... quero... – a guerreira foi se aproximando timidamente de Ruby, que sentiu o coração falhar. Uma lembrança amarga de seu passado a fez estremecer e se levantar dali, afastando-se da guerreira, que a encarou com a rejeição estampada em seu rosto.

- Me... perdoe. Por favor. – sua voz foi ficando mais baixa e ela se levantou, indo em direção ao riacho.

- Não! Eu que preciso pedir desculpas! – Ruby caminhou até ficar a poucos passos da oriental, que estava de costas para ela – eu não te falei tudo sobre mim.

- Seu coração já pertence a outra pessoa... – respondeu tristemente, com a voz perdida, lembrando-se de um passado que ela não queria precisar reviver.

- O quê? Não!

Mulan virou-se e a encarou. Ainda tinha o semblante triste, mas a negação de Ruby acalmou seu peito de certa forma. A moça continuou.

- Eu também... quero... – a voz de Ruby era quase um sussurro, mas aquelas palavras aqueceram o coração da guerreira de forma inimaginável. A moça continuou – É que eu... sou perigosa, Mulan... – Ruby encarou o chão, com uma expressão entre a culpa e a tristeza.

- O que quer dizer? – Mulan a observou, confusa. Ruby suspirou.

- Eu... carrego uma maldição. Eu me transformo em um... lobo.

Quando disse isso, Ruby subiu os olhos timidamente para a guerreira, esperando que ela fugisse, tocasse em sua espada ou pelo menos desse um passo para trás. Mas nada aconteceu. Mulan continuou no mesmo lugar, sem sequer ter medo em suas feições.

- E você não tem controle sobre o seu lobo, suponho.

- Sim... e não. Quer dizer, - Chapeuzinho olhou para baixo, formulando uma explicação – antes eu tinha um controle muito menor, precisava usar uma capa mágica para contê-lo, mas hoje já não preciso. Mas toda vez que me sinto ameaçada ou assustada demais ele começa a... você sabe...

- Querer assumir o controle.

Ruby assentiu, ainda encarando o chão.

- Quando eu tinha menos controle, a única pessoa com quem eu estive na vida – ela hesitou – o lobo... eu... – os olhos da moça encheram-se de lágrimas.

- Não foi você! – Mulan ficou nervosa por vê-la chorando – você não tem culpa de nada, Ruby.

A moça limpou as lágrimas e deu um pequeno sorriso por vê-la tão preocupada com ela.

- Mas agora você entende por que ninguém deve se aproximar de mim, não é?

- ...Não.

A resposta da guerreira fez Ruby encará-la em completa confusão.

- A única coisa que eu consigo ver é que você deveria deixar alguém te ajudar a superar os seus medos e o seu passado, Ruby. – a guerreira deu um passo à frente – Nós podemos ajudar uma a outra. E se você me permitir, eu... eu juro que vou cuidar de você.

Quando Mulan se aproximava, Ruby dava passos para trás. Ela queria, queria tanto... mas não podia correr o risco de machucar outra pessoa de novo, ainda mais Mulan. Seu peito estava doendo e o nervosismo estava tomando conta do seu corpo. Assustou-se quando sentiu suas costas encontrando-se com uma superfície fria – uma árvore. A guerreira deu mais um passo e ficou a poucos centímetros dela, mas não se moveu mais.

- Eu não vou fazer nada que você não permita, Ruby. Mas preciso saber se você está com medo de mim ou do lobo tomar o controle.

O nervosismo era latente em Chapeuzinho. Ela se encontrava entre o desejo de aceitar Mulan e o medo aterrorizante de transformar-se e machuca-la. Seu medo fez seu corpo começar a agir como se ela estivesse em perigo, e ela sentiu os primeiros traços da transformação tomando seu corpo. Em poucos instantes as orelhas lupinas já estavam a mostra, para seu total desespero.

- Mulan, por favor – ela suplicou – se afaste, fuja! Eu não quero te machucar!

A guerreira a encarou com uma expressão firme, porém doce. A frase de Ruby explicara tudo a ela. Havia tomado sua decisão.

- O seu medo é o lobo, Ruby, mas não precisa ser assim. Você não precisa ser comandada por ele. – Mulan tomou suas mãos e percebeu que elas estavam trêmulas. – Confie em mim.

Ruby engoliu em seco quando viu o rosto da oriental se aproximando do seu. Suas orelhas lupinas voltaram-se para trás instintivamente pelo medo. Ela fechou os olhos e tudo que lembrou foi das palavras de Regina mais cedo, e tudo que fez foi confiar naquelas palavras e em Mulan.

***

Emma acariciava o pescoço de Regina, que agora estava deitada em seu peito enquanto as duas estavam deitadas sobre a toalha. As duas conversavam sobre coisas aleatórias e trocavam carinhos quando sentiram uma pequena corrente de magia as tocar. As duas automaticamente pensaram em Ruby e Mulan. Nada disseram uma a outra, apenas se abraçaram mais apertado e sorriram. E como se estivessem conectadas até por pensamento, pensaram a mesma coisa.

Parabéns, meninas.

***

Quando sentiu os lábios quentes da guerreira tocando os seus delicadamente, seu corpo estremeceu. Por um instante, esqueceu-se totalmente de onde estava, o que fazia e, mais surpreendentemente, esqueceu de todo o medo. O beijo não era autoritário e muito menos violento. Mulan se movimentava com cautela, acariciando as mãos de Ruby, que ainda segurava. Como se tivesse esquecido de todo o pânico de antes, Chapeuzinho separou suas mãos e as colocou na cintura de Mulan, a puxando para si enquanto a oriental subia as mãos fazendo carinho em seus braços e trilhava o caminho com os dedos até sua nuca.

Quando encerraram o beijo, as duas estavam um pouco atordoadas. Sorriram timidamente uma para a outra e de repente Mulan abre um sorriso mais amplo. Segura as duas mãos de Ruby e as guia até sua cabeça. A moça fica confusa, até tateá-la e entender o que a guerreira estava dizendo.

- As orelhas do lobo... se foram – A moça estava incrédula. – Como você sabia que ia dar certo?

Mulan sorriu.

- Eu não sabia.

E assim as quatro ficaram o resto da noite. Emma e Regina ficaram por mais um longo tempo ali, até sentirem fome e voltarem para curtir a festa, agora como namoradas. Ruby e Mulan ficaram a sós por mais tempo. Elas conversavam sobre tudo. Seus reinos, seus medos, suas histórias; dessa forma aprendiam mais sobre uma a outra e a si próprias, felizes por terem se conhecido naquela manhã corrida de natal, e mais felizes ainda por finalmente sentirem seus corações tranquilos, sabendo que, dali em diante, não se sentiriam mais sozinhas.


Notas Finais


...♥
Então gente, curtiram nosso "pequeno" especial RedWarrior? E claro né, essa oficialização SwanQueen, ehehe.
Desejo a todas e todos um feliz natal, seja pra quem tá comemorando com a família, com aquele special one, com o gato, com o cachorro ou até com uma taça de vinho. Desejo tudo de melhor e mais puro que esse mundo maluco possa oferecer. Eu amo vocês, seus lindos! ♥
Até sexta! ;**


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...