História A contradição pífia do dizer amar. - Morbidamente azul

Era uma rua escura, e eu sorri para você, Jimin. Você me retribuiu, e céus, se  de fato, não existisse um paraíso repleto de paz após encontrar os braços terrosos da morte, ele poderia ser deslindado no teu sorrir, onusto de paixão.

Eu deslizei meus dedos mornos por seu braço até deixá-los cair e se encaixar perfeitamente nos seus.

Entrelaçamos as mãos.

Eu me aproximei delicadamente e cheirei o topo de sua cabeça, seus fios me fizeram cocegas e eu ri, verdadeiramente.

Era noite. Ouvimos passos atrás, e continuamos na nossa redoma inteiramente fragmentada de um nós, que era encaixado em um só ser. Digamos que o amor não se divide em dois corpos, ele continua a ser apenas um, assim como nós.

Uma brisa fraca e carinhosa correu nossa face, e eu pude sentir teu cheiro doce ser levado aereamente e voar como pássaros livres.

Me aproximei apaixonadamente e selei  teus lábios carnudos, onde se encontrava a curva necessária para que eu respirasse 

Te beijei porque te amava, você apertou minha mão magra porque retribuía de forma unicamente recíproca.

E justamente por isso, fomos encontrados mortos numa esquina qualquer, daquela rua sem a iluminação dos teus olhos. Havia  sangue por todo lado e nossos rostos só não estavam mais azuis do que o céu estrelado acima de nós.

Para pessoas assim, não existia um paraíso. Me contentava em poder ter visto de forma mundana teu repuxar de lábios feito por deuses.

Essa era a contradição pífia do dizer amar;

Apanhamos, porque nos amávamos.