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História A cunhada - Para casa


Escrita por: Youraxyz

Notas do Autor


Olá,

Mais um pouco da estória. Hoje tem Sunny e Taeyeon.

Boa leitura.

Capítulo 34 - Para casa


Fanfic / Fanfiction A cunhada - Para casa

Sunny P.O.V.


Acordei cansada naquela manhã. Olhei ao redor vendo que o dia já havia clareado. Durante anos eu me senti e ainda me sinto culpada. Era por minha culpa que as pessoas que eu mais amava morreram naquele dia. O resultado disso ainda refletiam em minhas pernas imóveis. A cadeira de rodas me fazia me lembrar dia após dia sobre a fazenda, sobre a minha família e sobre Taeyeon. Suspirei fundo tentando afastar as lembranças daquele dia, mas tinha mais ou menos um mês que Taeyeon e Tiffany não saíam da minha cabeça. Nos últimos anos, eu me acostumei a pensar nelas com saudade, mas eu estava muito ansiosa nos últimos dias. Na noite passada eu chorei até dormir pensando nelas.


Então me decidi que estava cansada de esperar, eu tinha que saber exatamente o que havia acontecido no dia em que fui baleada. A minha consciência me cobrava uma explicação, mesmo que isso significasse descobrir que tudo que o senhor Kim me disse era verdade. Chamei por Zefa e ela veio ao meu encontro. Me olhou preocupada, como sempre. Ela foi a minha única companhia nos últimos anos, era mais que uma empregada, era uma verdadeira amiga. Ela sentou ao meu lado e segurou em minha mão. Ela me conhecia tão bem que me abraçou me consolando. Respirei fundo e segurei as lágrimas que insistiam em sair dos meus olhos.


- O que a minha pequena tem? - Ela perguntou se afastando.

- Eu preciso descobrir a verdade. - Eu disse vendo sua expressão mudar.

- Essa história de novo? - Ela perguntou séria.

- Eu ainda acho que você sabe muito mais do que quer me contar. - Falei olhando em seus olhos e ela desviou o olhar levantando da cama.

- Já lhe disse para parar de pensar nessas coisas. Já lhe disse tudo o que eu sabia. - Ela falou abrindo as cortinas.

- Ok. Não precisa me dizer, eu vou descobrir por mim mesma. - Falei descendo as minhas pernas imóveis da cama.

- O que isso quer dizer? - Ela me olhou visivelmente preocupada e se aproximou trazendo a cadeira de rodas.

- Eu vou encontrar um jeito de encontrar a verdade. Eu não me importo de descobrir que eu sou a responsável pela morte de todos eles, mas eu preciso saber. - Eu falei me sentando na cadeira sem esperar pela ajuda dela.

- Sunny! - Ela falou meu nome me repreendendo. Eu só não sabia se era por causa de agir sozinha ou se era por causa do que eu disse.

- Vou tomar o café da manhã na varanda. - Avisei saindo do quarto sem responder a ela.


Levei a cadeira até a varanda e parei próximo da mesa. Olhei ao redor vendo a grama seca. O jardineiro havia ido embora depois da morte do senhor Kim dizendo que precisava cuidar da própria saúde. Desde então ninguém cuidava do sítio e ninguém vinha me ver. Eu estava tão distraída que não vi Zefa chegando. Ela organizou as coisas sobre a mesa e me serviu. Antes de partir, me lançou um olhar esquisito. Ignorei o seu olhar e peguei a torrada mordendo um pedaço. Um movimento atraiu o meu olhar. Um carro vermelho parou na entrada do sítio. Estranhei porque a única pessoa que me visitava era o senhor Kim que já havia morrido. Mesmo de longe, eu percebi que era uma mulher que desceu do carro.


Ela parou e olhou ao redor. Observei ela entrar e observar o lugar parecendo indecisa. Ela caminhou lentamente mantendo os olhos em mim. Levei algum tempo para perceber quem era. Mesmo que quase 14 anos se passaram, ela ainda tinha os mesmos traços. Agarrei no braço da cadeira vendo a jovem mulher se aproximar. Fiquei mais ofegante a cada passo dela porque quanto mais ela se aproximava mais eu tinha certeza de que era a garota que eu acreditava que estava morta. Eu não queria acreditar, até que ela parou no pé da escada da varanda.


- Taeyeon! - O nome dela saiu da minha boca. Ela apenas me olhou de cima abaixo.

- Taeyeon é você? - Falei com dificuldade. Antes que ela pudesse me responder perdi os sentidos.


Flashback on

Ouvi papai falando da garota presa em um porão. Ele estava bravo e não conseguia conter o tom da voz no telefone. Aquilo me deixou muito assustada. Meu pai sempre foi um homem calmo que tende a não alterar o tom de voz mesmo que ele esteja irritado. Fiquei calada observando ele brigar com alguém no telefone. Mesmo assustada, fiquei curiosa sobre o que ele estava falando. Quando vi ele pegar a chave do carro na mesa, eu corri e entrei no carro me escondendo no atrás do banco do motorista. Imaginei que ele me encontraria, mas ele entrou ligando o carro. Fiquei escondida e ouvi mais uma vez ele brigando ao telefone.


Quando ele parou o carro e desceu apressado, eu esperei alguns minutos até ter certeza de que ele não estava por perto para descer. Percebi que estava em uma fazenda, em uma parte distante havia muitos bois. Desci do carro e fechei a porta com cuidado para não fazer barulho. O carro estava estacionado na entrada casa, vi que a porta estava aberta. Caminhei rapidamente até lá e entrei. Ouvi a voz do meu pai discutindo com uma mulher. Ela apontava para o lado de fora repetindo que mataria a garota. Eu realmente fiquei apavorada. Vi ela pegar algo e sair por outra porta seguida pelo meu pai. Os segui sem que me visse, vi eles pararem próximo de algo que parecia ser um desses cômodos onde se guarda coisas velhas.


Quando a mulher tentou abrir a porta, meu pai a impediu. Me escondi quando eles voltaram para dentro da casa. Quando eles se afastaram, os segui e vi a mulher colocar a chave no chaveiro. Voltei para junto do depósito e bati na porta. Ouvi alguém chorando. Imaginei que deveria ser a garota que meu pai mencionou na ligação. Sentei na porta e disse para ela que não chorasse que meu pai a tiraria de lá. O choro parou, eu tinha certeza de que ela estava me ouvindo. Pedi que ela esperasse que logo estaria fora de lá. Ouvi meu pai berrando com a mulher. Assustada, corri de volta para o carro e me escondi novamente atrás do banco do motorista.


Depois desse dia, passei a me esconder no carro todas as vezes que meu pai brigava ao telefone. Um dia me arrisquei a pegar a chave e abrir a porta deixando a garota sair. Ela era do meu tamanho e aparentava ter a minha idade. Ela sorriu e me abraçou. Quando se afastou, percebi que ela estava chorando. Pedi que se acalmasse e ela sorriu dizendo o nome dela. Taeyeon. Quase fomos pegas tentando escapar. No fim Taeyeon teve que voltar para onde estava e eu não pude fazer nada me escondendo. Cansada do meu pai não fazer nada, decidi contar para a minha irmã sobre isso. Porém não tive muito tempo para contar a verdade, pois o meu pai novamente estava irritado.


Agarrei Tiffany pela mão e a arrastei para dentro do carro. Ela estava com medo que o nosso pai nos visse, mas quando ele ia a fazenda ficava tão aéreo que não percebia nada a sua volta. Me recusei a ir embora com Tiffany quando ela disse que deveríamos voltar para o carro. Corri até dentro da casa ignorando o chamado dela. Peguei a chave e corri para onde Taeyeon estava. Tiffany me encontrou tentando abrir a porta, havia mais chaves do que o normal no chaveiro. Deixei minha irmã abrindo a porta e fui em busca de ajuda. Meu pai tinha que ajudar já que estava muito bravo por Taeyeon estar presa naquele lugar. Quando cheguei a casa, vi meu pai entrar e voltar a discutir com a mulher.


De repente, ouvi um barulho muito forte. Vi os dois se abaixarem. O barulho se intensificou. Fiz o mesmo, abaixei e me mantive escondida. Vi meu pai sair chamando por Tiffany. A mulher saiu apressada pela outra porta. Assustada não consegui sair do lugar nem mesmo quando vi Tiffany entrando com Taeyeon. Havia sangue nas roupas de Tiffany e a garota estava pálida. Depois disso tudo aconteceu muito rápido. Vi a mulher e dois homens entrarem no quarto. Depois de alguns minutos, um deles saiu arrastando a minha irmã. Minhas pernas tremiam. Levantei e fui em direção ao quarto quando vi a mulher apontando uma arma para a minha irmã e Taeyeon.


Sem pensar no que estava fazendo, avancei sobre ela derrubando a nós duas. Ouvi um barulho alto seguido de uma dor forte. Perdi os sentidos. Lembro de acordar sozinha em uma casa desconhecida. E desde então tenho vivido sobre uma cadeira de rodas acreditando em tudo o que o senhor Kim me contou. Que eu era responsável pela morte da minha irmã, do meu pai e de Taeyeon. Por minha culpa todos eles haviam sidos mortos no meio do tiroteio.

Flashback off


Abri os olhos ainda confusa. Zefa estava sobre mim me olhando preocupada. Respirei fundo ainda sentindo o meu coração batendo acelerado. Quando abri a boca para dizer a ela que eu tive um sonho estranho, notei a presença dela. Taeyeon estava sentada na ponta da cama. Me olhava visivelmente preocupada. Estendi a mão querendo tocá-la ainda acreditando que eu estava sonhando. Ela estendeu a mão e segurou a minha. Seus dedos quentes aqueceram os meus dedos frios. Ela sorriu, mas eu ainda não conseguia acreditar em meus olhos. Puxei ela para mais perto e a abracei sentindo os braços dela me circularem em um abraço apertado.


- Como? - Eu perguntei sem conseguir formular uma frase.

- Como o que? - Ela perguntou alisando o meu rosto.

- Você está viva. - Falei abraçando-a novamente.

- Sim. Eu estou e você também está. - Ela falou alisando os meus cabelos. Um choro descontrolado tomou de mim.

- Não chore. Se acalme. - Ela falou me consolando. Chorei até as lágrimas secarem.

- Mais calma. - Ela perguntou se afastando. Percebi que ela também chorava.

- Sim. Como isso aconteceu? Eu pensei que estivesse morta. Como? - Perguntei ansiosa com a situação.

- Eu vou te contar, mas primeiro você precisa descansar um pouco. - Ela falou me olhando preocupada.

- Porque? - Perguntei confusa. Eu precisava saber de tudo de uma vez e sabia que ela poderia esclarecer as minhas dúvidas.

- Você está pálida. Branca igual a um papel. - Ela falou e riu. E então ri me lembrando da primeira vez que nos vimos.


Flashback on.

Abri a porta do quartinho e falei para Taeyeon sair. Com a mãos sobre os olhos ela saiu. Aos poucos os olhos dela foram se acostumando com a claridade. Ela sorriu e me abraçou.


- Uau! De tanto ficar aí dentro você está branca igual a um papel. - Eu falei vendo a palidez dela.

- Olha quem está falando? - Taeyeon disse rindo.

- Oh! - Falei chocada com o comentário dela e ri também.

Flashback off


Suspirei cansada. Porque mais que eu não quisesse admitir, eu estava exausta. A emoção me deixou cansada e sonolenta. Taeyeon tinha razão, ela me ajudou a deitar e me cobriu com o edredom. Mesmo assim não consegui fechar os olhos, com medo de dormir e acordar descobrindo que a presença dela foi apenas um sonho. Segurei na mão dela prendendo seus dedos.


- Pode dormir tranquila. Eu estarei aqui quando acordar. - Ela falou apertando de leve os meus dedos.


Sorri e fechei os meus olhos adormecendo em seguida. Dormi por cerca de uma hora. Quando acordei Taeyeon já não estava ao meu lado. A encontrei em pé de frente para a janela olhando para fora. Sorri ao perceber que eu não estava sonhando.


- Você acordou? - Ela perguntou sem se virar.

- Você realmente está aqui? - Perguntei, mas soou como uma afirmação.

- Sim. E você também. - Ela falou e se virou me olhando.

- Taeyeon, e… - Parei de falar com medo de perguntar sobre o que eu realmente queria saber.

- Continue. - Ela falou se aproximando da cama.

- Bem… eu não sei se você saberá me responder. - Falei me sentindo confusa e ansiosa.

- Pergunte e saberá. - Ela falou parecendo ansiosa também.

- Minha irmã… Tiffany… - Falei sem conseguir completar a frase.

- Sim. Ela está te esperando. - Taeyeon falou e sua expressão mudou.

- Esperando? Ela está… viva? - Perguntei confusa e ao mesmo tempo feliz.

- Sim. - Taeyeon respondeu e percebi que os olhos dela estavam marejados.

- O que você tem? - Perguntei confusa e com medo do que aquilo significava.

- Nada. - Ela respondeu e sorriu continuando. - Tiffany provavelmente ficará surpresa ao saber que você está viva, mas ela, com certeza, quer te ver.

- Viva? Mesmo? - Perguntei ansiosa deixando o sentimento de culpa tomar conta de mim.

- Sim. Afinal ela é sua irmã. - Taeyeon falou lentamente. O celular dela vibrou avisando que uma mensagem havia chegado.


Taeyeon tirou o celular do bolso e desbloqueou-o. Fiquei observando-a ler a mensagem. De repente, as lágrimas escorreram em seu rosto. Fiquei sem saber o que fazer. Ela levantou os olhos e me olhou. Sorriu e me entregou o celular indicando que eu olhasse a foto. Peguei o aparelho sem entender o que ela queria que eu visse. Olhei a tela do aparelho e coloquei a mão sobre o peito sentindo ele bater acelerado. Tiffany estava deitada em uma cama e sorria com um bebê em seus braços. Minha irmã estava viva e tinha um filho. Fiquei emocionada ao vê-los bem. Abaixo da foto havia uma mensagem: “Estamos esperando você voltar para casa.”. Eu sabia que aquela frase não era para mim e sim para Taeyeon. A olhei confusa e ela sorriu.


- Ele nasceu pelas minhas mãos. - Ela falou olhando para as próprias mãos e sorriu.

- Obrigada. - Falei agradecida.

- Pelo o que? - Perguntou ela confusa.

- Por tudo. Por estar viva, por estar aqui. Por me trazer notícias da minha irmã. - Eu falei ainda mais emocionada.

- Sou eu quem deveria agradecer. Você salvou a minha vida naquele dia. - Ela falou olhando para as minhas pernas e continuou abaixando a cabeça. - Eu sinto muito.

- Está tudo bem. - Falei segurando em seus ombros quando vi ela chorando. - Está tudo bem. - Falei abraçando-a.

- Acho que é hora de voltar para casa. - Taeyeon falou secando as lágrimas. - Tiffany precisa de você. - Ela falou sorrindo, mas havia tristeza em seu olhar.

- Você tem certeza que ela vai querer me ver? - Perguntei ainda mais ansiosa.

- Sim. Você quer vê-la? - Perguntou ela segurando as minhas mãos como se pedisse que eu não me recusasse.

- Sim. Mas antes quero que você me conte exatamente o que aconteceu naquele dia. - Eu falei me preparando para ouvir o que ela tinha para me contar.

- No caminho eu conto. - Ela falou me ajudando com a cadeira de rodas.


Chamei Zefa e pedi que ela me ajudasse a arrumar uma mala. Ela me olhou contrariada, mas fez o que eu pedi. Quando tudo estava pronto, ela me informou que iria comigo. A impede dizendo que preferia fazer as coisas sozinhas a partir daquele momento. Tinha medo que ela pudesse influenciar as pessoas a me contar a verdade. Vi sua expressão preocupada, mas mantive a minha decisão. Taeyeon me ajudou a entrar no carro e colocou a minha cadeira de rodas no porta-malas. Me senti como se estivesse saindo da prisão e ganhando a tão sonhada liberdade. Eu estava feliz.


Taeyeon P.O.V.


Eu ainda estava chocada por ver Sunny viva. Ela não havia mudado nada. Me assustei quando ela desmaiou em sua cadeira de rodas. Carreguei ela para dentro chamando por alguém que me ajudasse. Enquanto ela esteve desacordada, Zefa me contou sobre sua saúde fraca. Por isso decidi que contaria a verdade aos poucos. Não queria que Sunny tivesse um colapso. Aguardei ela acordar e conversamos um pouco. Ela me olhou confusa quando disse que Tiffany estava viva. Meu coração bateu acelerado quando vi que a mensagem que chegou era de Tiffany. Eu sabia que não deveria ter ligado o aparelho, mas eu ainda me sentia apreensiva pelo bebê ter nascido no carro.


A foto de Tiffany me deixou sem chão. Eu não consegui segurar as lágrimas e chorei calada. Então eu decidi que mesmo que eu não pudesse estar ao lado dela, pelo menos ela precisava saber que Sunny estava viva. Por isso não hesitei ao dizer que era hora dela voltar para casa. Fiquei surpresa quando ela decidiu voltar comigo. Olhei para ela ao meu lado enquanto eu dirigia. De vez em quando Sunny sorria. Ela abriu a janela e fechou os olhos sentindo o vento no rosto. Me lembrei do dia em que Tiffany foi me buscar no convento. Lembrei de cada detalhe daquele dia. Meu coração bateu apertado no peito me deixando ofegante. Respirei fundo e me concentrei na estrada. Sunny não perguntou nada no caminho, provavelmente estava ansiosa com o reencontro com a irmã.


Comecei a imaginar em como ela havia vivido durante esses anos, mas não perguntei. Não estava preparada para falar de mim mesma e nem de Tiffany naquele momento. Quando parei na porta do hospital a minha vontade era de mandar Sunny entrar sozinha. Seus olhos ansiosos me encararam quando senti a mão dela segurar na minha. Eu queria dizer a ela que naquele momento não havia nenhuma coragem em mim. E que talvez ela não pudesse confiar nas minhas atitudes. Mas ao invés disso, sorri e desci do carro. Retirei a cadeira de rodas do porta-malas e ajudei Sunny a se desprender do cinto. Com cuidado coloquei-a na cadeira e cobri suas pernas com um pequeno cobertor.


Empurrei a cadeira de Sunny rampa acima. Encontrei minha tia na recepção conversando com Jessica. Assim que Jessica me viu, ela sorriu. Veio ao meu encontro parecendo não perceber a presença de Sunny. Ela me puxou me abraçando. Se afastou e sorriu conferindo de cima a baixo. De repente ela arregalou os olhos quando viu Sunny. Ela deu passo para trás visivelmente chocada. Ajoelhou ao lado da prima e olhou em seu rosto várias vezes.


- Eu já vi esse rosto em algum lugar, mas não, não é… - Jessica falou sem completar a frase parecendo confusa.

- Sunny, essa é sua prima Jessica. - Falei apontando para ela. Isso me fez lembrar que de certa forma, ela também era minha prima.

- Que? Ficou doida. A Sunny morreu há muitos anos e… - Jessica parou de falar voltando a conferir o rosto da prima mais nova.

- Taeyeon. - Ela falou o meu nome me afastando de Sunny que me olhava assustada. - O que é isso? - Ela perguntou apavorada.

- É uma longa história. Mas ela é a irmã mais nova de Tiffany, Sunny. Sua prima. - Falei e sorri para Sunny para tranquilizá-la.

- Eu estou ficando louca. - Jessica disse olhando para a mais nova com desconfiança.

- Tia que bom te ver. - Falei abraçando-a fugindo das prováveis perguntas que Jessica me faria.

- Fiquei preocupada quando você sumiu de repente. Que bom que voltou, Tiffany está te esperando. Ela e o bebê terão alta daqui algumas horas. - Ela falou sorrindo.

- Mas já? - Perguntei preocupada.

- Sim. O médico não vê motivo para mantê-los internados. Eles estão bem. - Ela falou sorrindo.

- Fico feliz em saber que eles estão bem. - Falei voltando para o lado de Sunny.


Minha tia entrou em um corredor apontando para o quarto. Empurrei a cadeira de Sunny e a segui. Jessica me acompanhou mantendo os olhos em Sunny, a ponto de incomodá-la. Quando minha tia parou na porta de um quarto, eu parei bruscamente. Sunny me olhou assustada. Eu não estava preparada para vê-la. Como se soubesse disso, Jessica segurou em meu pulso me impedindo de fugir dali. Havia chegado a hora de enfrentar a realidade, mesmo que eu não quisesse. Segurei na mão de Sunny como se isso me fizesse ganhar coragem. Ela sorriu confiante, mesmo que seus olhos dissessem que ela não estava tão confiante assim.


Jessica soltou o meu pulso e empurrou a cadeira de Sunny. Caminhei ao seu lado sentindo ela apertar a minha mão. Respirei fundo duas vezes e entrei no quarto. Tiffany estava sentada na cama amamentando o bebê. Sorriu assim que me viu entrando no quarto. Meus pés pregaram no chão como se estivessem pesados demais para caminhar. Ela desceu da cama e entregou o bebê para a minha tia. Seus olhos estavam fixos em mim e um sorriso iluminava o rosto dela. Fiquei preocupada ao vê-la de pé, mas não consegui me mover. Ela se aproximou lentamente de mim colocando a mão sobre o ventre, era visível que ela ainda sentia alguma dor. Ela segurou em minhas mãos. Seu rosto se aproximou do meu, eu sabia que ela me beijaria.


Recusei o beijo dela virando o rosto. Senti ela beijar a minha bochecha soltando as minhas mãos. Quando a olhei, vi a tristeza em seu olhar. Isso fez meu coração doer amargamente. Me afastei deixando que Jessica trouxesse Sunny para mais perto. A expressão de Tiffany mudou rapidamente. Ela arregalou os olhos e deu dois passos para trás perdendo o equilíbrio. Segurei-a antes que ela desabasse. Ajudei-a a sentar na cama vendo-a fechar os olhos. Tiffany respirou fundo. Olhei para Sunny que chorava sem dizer nada. Era visível que ela também estava em choque por ver a irmã mais velha.


- Sunny. - Tiffany falou ainda de olhos fechados.

- Sim. - Sunny falou com a voz embargada por causa do choro.

- Sunny. - Tiffany repetiu abrindo os olhos lentamente.

- Sim, Tiffany. - Sunny se aproximou empurrando a própria cadeira e segurou as mãos de Tiffany.

- Oh! Sunny! Você está aqui. - Tiffany falou ofegante. Em seguida perdeu os sentidos.


Jessica saiu do quarto dizendo que chamaria o médico. Fiquei extremamente preocupada. Eu deveria ter pensado o quanto Tiffany ainda estava sensível por causa do parto. Ela não podia passar por fortes emoções. A expressão de culpa no rosto de Sunny parecia indicar que ela pensava da mesma forma. Com cuidado coloquei Tiffany deitada sobre a cama. Toquei em seu rosto suado sentindo que ela estava fria. Ela abriu os olhos e sorriu segurando em minha mão. Fechou os olhos novamente, visivelmente cansada. O médico veio em seguida dizendo que a pressão dela estava baixa. Ele disse que ela precisava comer e descansar. E que adiaria a alta dela para o dia seguinte para que pudesse observá-la mais de perto.


Sunny também parecia cansada, já estava pálida. Pedi a minha tia que levasse Sunny para casa e que cuidasse dela. Vi seus olhos assustados, mas tranquilizei-a dizendo que ela estaria em boas mãos. Disse a Jessica que eu cuidaria de Tiffany naquela noite. Não conseguiria dormir tranquila sabendo que ela não estava bem. Mesmo de coração partido, eu faria o que John me pediu. Mas isso seria apenas naquela noite. Assim que Tiffany tivesse alta, eu partiria de novo. Olhei o bebê adormecido no berço. Eu sabia que ele seria capaz de preencher o tempo Tiffany e que mais cedo ou mais tarde ela me esqueceria. As coisas voltariam ao seu devido lugar. Beijei a testa dela e segurei a mão dela vigiando-a dormir pela última vez. Naquele momento eu já preparava o meu coração para o pior momento da minha vida, partir deixando a mulher que eu amava.


Notas Finais


Até o próximo capítulo.


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