— Sakura Ivanov
A voz de seu irmão lhe chamou a atenção que, comendo mais um pedaço de sua torrada, olhou para ele, vendo o mais velho encostado no balcão da cozinha, com o celular em mãos.
— O que você está fazendo?
— O que você acha, irmãozinho? Estou pesquisando sobre essa mulher misteriosa - Itachi o respondeu sem deixar de olhar para a tela de seu celular, vendo o site de pesquisa carregar
— E por que está fazendo isso? - o cenho do Uchiha mais novo franziu-se e ele deixou seu café da manhã de lado
— Pra saber mais sobre ela, já que você é péssimo em fazer isso - o mais velho sentou-se na cadeira logo à frente de seu irmão
— Desculpa se eu não sei interrogar uma pessoa
— Quem falou em interrogar? - Itachi tirou seus olhos da tela e encarou seu irmão
— É o que parece que você queria que eu fizesse com ela
— Saber mais sobre o mulherão que você anda babando até demais não é interrogar - um sorriso convencido e brincalhão surgiu no rosto de Itachi, que voltou a olhar para a tela de seu celular ao notar que o irmão iria criticá-lo. O mais velho tratou logo de interrompê-lo — Sakura Ivanov, filha de Mebuki Ivanov e Tobirama Haru, atual presidente da Investimentos Haru… Ela é quatro anos mais velha que você
— Quatro anos? - um leve tremor foi sentido por Sasuke que engoliu a seco, já tendo sua mente invadida por vários pensamentos de uma vez. — o q-que mais diz aí?
— Nada de especial - era nítido o tom decepcionado na voz de Itachi, por não ter encontrado nada realmente relevante
— E isso é ruim? Quer dizer, devia ter mais coisa ai?
— Ela não é uma celebridade, Sasuke. Ela é quase uma pessoa normal, só tem muito dinheiro - o mais velho fechou o aplicativo de pesquisa em seu celular e largou o mesmo sobre a mesa
— Viu se ela tem alguma rede social? - Sasuke perguntou com uma pequena ponta de esperança
— Não que eu tenha visto - a resposta de seu irmão acabou com seu ânimo, enquanto Itachi sentava de maneira mais relaxada na cadeira — Ela não te deu um número ou qualquer outra coisa pra se comunicar?
Aquela pergunta fez o jovem Uchiha ficar pensativo por um momento, até que se lembrou do acontecido no final da noite passada. Seus olhos se arregalaram e ele rapidamente olhou para a palma de sua mão, sentindo o desespero tomar seu coração e o acelerando ao vê-la totalmente limpa, sem nenhum resquício do que aquela bela e misteriosa mulher havia escrito ali.
Seu desespero estava a ponto de parar seu coração ou fazê-lo perder os sentidos até que se lembrou do que havia feito ontem a noite, quando chegou em casa.
Sasuke levantou-se de seu lugar com brusquidão, fazendo Itachi se assustar e correu até seu quarto. Já Itachi apenas observava tudo aquilo sem entender mas, ainda sim, curioso para saber o motivo de toda a agitação de seu irmão menor que, geralmente, era bem calmo pelas manhãs.
— Ela me deu o email dela - Sasuke voltou de seu quarto com um pequeno caderno em mãos
— O que?
— Ontem, quando eu vi a locadora fechada, ela escreveu na minha mão o email dela. Disse que já que não tem celular, poderíamos nos falar por email - o rosto do Uchiha havia mudado totalmente, seu sorriso havia voltado
— Que estranho, quem conversa por email hoje em dia? - o cenho do mais velho franziu-se — E por que você não me falou isso antes?
— E-eu tinha esquecido - Sasuke olhou para o email naquela folha no caderno, tendo, agora, um sorriso bobo em seu rosto — Eu cheguei tão… Sei lá, leve ontem a noite que, tudo que eu fiz foi anotar pra não perder e…
— Deitar e ficar com essa cara de idiota, sorrindo pro teto, pensando e sonhando com ela. Aceitei, né? - Itachi o interrompeu, rindo em seguida
— Pode ser - ele voltou a olhar para o irmão
— Então manda logo um email
— E o que eu devia falar?
— Sei lá, eu só mexo em email pra enviar currículo ou pagar as contas - o mais velho deu de ombros e levantou-se de seu lugar, passando a ignorar seu irmão mais novo
(...)
As ruas estavam calmas naquela manhã levemente mais quente que o dia anterior mas, o vento frio ainda estava presente ali.
O tráfego nas avenidas também estava tranquilo, o que não passou despercebido pela detetive que já era acostumada com a grande movimentação de veículos.
Mas preferiu não dar muita atenção para tal fato, talvez fosse até mesmo por isso que pensou que alguma divindade estava ao seu lado de tal forma que usou de seus poderes divinos e aliviou o tráfego de carros. Desta forma, conseguiria chegar mais rápido do que imaginava em seu destino.
Saindo da avenida, ela pegou a rua principal e seguiu para outra rua, depois virou em outra, até que estacionou seu carro próximo ao local que sabia que ele estaria ali.
Respirando profundamente, Tsunade desceu de seu carro e andou até o restaurante do outro lado da rua, com uma fachada elegante, típica de um restaurante, ou qualquer outro comércio daquele lado da cidade, onde os policiais apelidaram de “Área Azul” . Na certa fazendo piada ao tal sangue nobre, que alguns, senão todos, daquela região tinham o prazer de esfregar e se gabar para qualquer um que julgavam inferior.
As portas do restaurante abriram-se para ela, que entrou em seguida, não dando atenção para o maitre, que veio em sua direção. Se importou apenas em mostrar seu distintivo, o que o fez recuar.
A detetive adentrou o local, vendo as mesas muito bem distribuídas pelo espaço, algumas poucas pessoas sentadas em seus lugares, desfrutando de uma boa, se não excelente, refeição, até que o avistou, sentado em uma das cadeiras daquela mesa mais próxima da janela. Até mesmo naquela distância que ela estava dele, Tsunade pode ver a “paz” que o homem tinha, o que serviu apenas para alimentar seu ódio por ele.
A detetive teve que respirar mais uma vez, não podia se descontrolar, tinha que manter o foco se quisesse alguma informação, por mais que soubesse bem que Kakashi Hatake era extremamente fiel e que era muito mais fácil toda a água do mundo secar de uma só vez do que ele trair os Harunos, tinha que tentar, “Jogar verde” como alguns diziam. Era melhor do que interrogar, ou investigar, todos os cidadãos com olhos verdes.
— Kakashi Hatake… Que prazer encontrá-lo aqui - disse a detetive ao parar próxima ao homem que comia de sua refeição
— Nem preciso olhar para saber quem é - ele respondeu, tomando um gole de seu café — Como tem passado, detetive Senju? Com muitos casos para investigar, suponho
— Nem tanto assim, só um em especial na verdade - ela sentou-se na cadeira de frente para ele, sendo encarada pelo homem que possuía um olhar calmo
— Hmmm, espero que consiga resolver logo
— Eu vou conseguir e foi por isso que atravessei a cidade e me meti nesse ninho de gente de nariz em pé… Conversar com meu velho amigo sobre o caso que estou de frente — um sorriso de canto surgiu no rosto da detetive que usava de um tom totalmente irônico
— Que honra - disse o Hatake, dando mais uma garfada em seu café da manhã — Então me diga, detetive, em que esse humilde cidadão pode lhe ajudar?
—… Estou investigando a organização Haruno - Tsunade respondeu de forma séria, observando bem as expressões do homem à sua frente, na tentativa de pegar qualquer resquício de “surpresa”, mas como imaginava, ele não esboçou nada, o que significava uma coisa… Ele já sabia
— Achei que tinha sido encerrado com a morte do líder da organização
— Estava… Eu reabri - ela encostou-se no encosto da cadeira, esboçando um singelo sorriso um tanto orgulhoso
—… Por que fez isso? - Kakashi perguntou, tomando mais um gole de café, ficando pensativo. Pelo visto, sua informante na polícia estava certa
— E por que não? A organização está bem ativa, o que significa que tem alguém comandando e, se tem alguém comandando…
— Por que falar disso comigo, detetive? - uma das sobrancelhas do Hatake arqueou-se, enquanto a encarava com o mesmo olhar calmo — Com todo o respeito, além desse assunto com certeza ser confidencial, se precisa desabafar com alguém, sugiro que arrume um parceiro ou procure ajuda com um profissional da área da saúde
O sorriso cresceu no rosto da Senju que, respirando profundamente, ela apoiou seus cotovelos na mesa e se inclinou um pouco sobre a mesma, na direção do Hatake, que apenas a observava com seriedade.
— Eu gosto que meus inimigos saibam que eu estou chegando - ela disse para ele em um sussurro, apenas para ele ouvir — Eu já tenho descoberto coisas, Kakashi… Minha suspeita é que Kizashi teve um filho e esse filho tem olhos verdes, os olhos de um Haruno e, por isso ele não foi morto pelo pai
Sim, naquele momento ela conseguiu algo nos olhos do Hatake, algo bem singelo mas que foi o suficiente para fazer a Senju sorrir ainda mais.
— Não vai demorar, logo eu vou ter o nome, o rosto, onde fica, onde mora, onde está neste momento, o que está fazendo, o que planeja, o que o motiva… Eu vou ter tudo - disse Tsunade sem deixar de olhar nos olhos dele — Depois disso, o resto vai vir fácil… O mandado de prisão, a condenação que, na certa vai ser pena de morte e eu vou ter o prazer de ficar lá e ver ele tomar uma injeção letal. Ver seus olhos se apagando aos poucos e percebendo que não conseguiu viver mais que o pai… Se bem que eu torço por enforcamento. Ainda bem que ainda é permitido a escolha na nossa legislação… Depois vai ser você, eu vou mostrar pra todos que Kakashi Hatake não é um simples profissional de relações públicas… Seu disfarce vai cair
— Que interessante seu uso de palavras. “Eu gosto que meus inimigos saibam que eu estou chegando”... Kizashi também dizia muito isso - o Hatake voltou a comer de sua refeição, tendo a mesma calma de antes — Ele fez isso com seu filho, Konohamaru, não é?... Kizashi fez ele saber que estava chegando e, o terror psicológico que foi posto no seu filho foi tanta que ele tirou a própria vida, não foi isso?
Kakashi pode ver os olhos da Senju escurecerem e toda a ironia sumir diante de seus olhos, assim como o sorriso que ela quase esbanjava, havia sumido e tudo que restou foi uma expressão fechada, composta de sobrancelhas franzidas e um olhar mortal. Ele sabia muito bem que o assunto do filho da detetive era um assunto extremamente delicado. Era o ponto fraco dela que ele usaria com prazer.
— Eu sinto muito por você não ter um túmulo para chorar mas, se quiser, eu te dou a localização de onde os pedaços do corpo de seu filho foi despachado - Kakashi usou o mesmo tom baixo que ela havia usado consigo, tento um singelo sorriso no rosto — Não foi a morte que Kizashi tinha em mente para um drogado como seu filho mas, mesmo assim, Kizashi conseguiu ser bem criativo
Em uma explosão de raiva, Tsunade ergueu sua mão rapidamente e agarrou o colarinho do Hatake, o puxando para si, ficando os dois inclinados sobre a mesa e com seus rosto bem próximos, de maneira que a respiração rápida da detetive chocava-se contra o rosto calmo do homem.
— Eu juro, juro pela minha vida que irei caçar e destruir cada um de vocês - disse a Senju entre dentes — Eu colocarei essa organização a baixo
— Pode vir, detetive, você não sabe com quem está lidando - a calma do Hatake apenas irritava mais a Senju — Nós também estamos chegando… Fique sabendo disso
Com força, a detetive soltou o colarinho do homem, que apenas a observou arrastar a cadeira, se levantar e lhe dar uma última olhada mortal, com desejos de matá-lo ali mesmo para depois virar-se e ir embora.
(...)
“ A organização Haruno ainda tem tido grande força sobre Raccoon Pine, mesmo com a morte de Kizashi Haruno completando quase um ano. As drogas não param de chegar na cidade por locais que a polícia nem suspeita. A prostituição está em alta, assim como o armamento. Tudo isso tem alimentado um poder que parece que nunca terá fim. E nossa polícia? O que elas tem feito por nós, cidadãos dessa cidade que um dia já foi uma ótimo lugar para morar? Quanto nós poderemos ter finalmente alguma paz?... Para responder essas e outras perguntas, convidamos o prefeito da cidade, Minato Namikaze…”
O leve som de um “bip” incessante chamou a atenção da Haruno, que deixou de olhar para a tv para encarar a gaveta de baixo de sua mesa. Sabia exatamente o que era.
Calmamente, Sakura pegou uma das canetas, dentro de um pequeno suporte em sua mesa, e a girou levemente até que se dividiu, revelando uma chave na ponta de dentro de uma das partes. Colocou a chave no cilindro da gaveta, Sakura a abriu e logo retirou o fundo falso, pegando o celular que ali estava, com a tela já brilhando com uma simples mensagem de texto:
“Hatake
Tsunade Senju”
Era apenas isso que dizia a mensagem, apenas um nome de alguém totalmente desconhecido pela Haruno mas, ela sabia que não seria mais assim dali em diante, aquilo era o sinal, sabia exatamente o que tinha que fazer em seguida.
Ela colocou o celular de volta e fechou a gaveta, colocando a caneta de volta no lugar, ela sentou-se melhor em sua cadeira. Seus olhos voltaram para a tv, onde a âncora do jornal da manhã entrevistava seu convidado mas, naquela altura ela já não ouvia, sua mente só conseguia pensar em uma coisa e era naquele nome.
Suas mãos fecharam-se em punho em seu colo, aquela conhecida coceira já estava ali, assim como a ansiedade que sempre a “atacava” quando o desejo de saber tudo era, ou não, necessário. Mas teria que esperar até que chegasse em casa, pois ainda estava na Investimentos Haru e teria duas reuniões naquela manhã, sem falar no monte de papelada burocrática que viria em seguida. Sua casa era o local mais seguro para hackear a vida de alguém.
Seus olhos rapidamente foram para a tela de seu notebook, aberto em sua mesa à sua frente, quando ela viu algo aparecer no canto da tela. Uma notificação do email com o nome “locadora” , o que a fez franzir o seu cenho levemente, estranhando tal mensagem.
“Re: Locadora
Não, não é a locadora e não precisa ficar preocupada, vc não está com nenhum filme dela, pelo menos é o que eu acho ‘-’
É o Sasuke Uchiha, o atendente do café Kono que te chamou pra dar uma volta quase meia-noite de ontem e te levou pra uma locadora que, além de vender umas drogas, estava fechada kkkk… ‘-’ mas está aberta hj! eu já conferi isso.
Eu só estou mandando uma mensagem pra vc não se esquecer de mim ou, sei lá, talvez só dar um bom dia.
Então, bom dia
--
As sobrancelhas da Haruno franziu-se ainda mais diante de tal mensagem, ela leu e releu a mesma até que um sorriso surgiu em seu rosto, que foi aumentando até que uma leve risada escapou por sua boca.
Quem era Tsunade? O que devia fazer quando chegasse em casa? Seus compromissos com a organização que estava planejando a dias… Tudo aquilo pareceu sumir em um piscar de olhos, aquela simples mensagem teve o poder de tirar a Haruno, nem que fosse por um momento, do mundo conturbado em que vive.
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