Um jantar no Mundo Inferior. Nimuë, a filha mais nova de Poseidon, havia acabado de jantar em uma mesa de magno cromada localizada dentro do Castelo do Mundo Inferior. Com o próprio Hades. E com Perséfone. Finalmente havia conhecido a Deusa do Submundo, e esposa do Deus da Morte. Nimuë havia acabado de finalizar um jantar incrivelmente delicioso, e até mesmo divertido. Nunca imaginou que se daria tão bem assim com Hades, e que gostaria tanto da sua companhia. Das suas piadas, do seu bom humor. Até mesmo do seu sarcasmo.
O Deus do Mundo Inferior os conduziu, após o final da refeição, para um sala de leitura mais aconchegante e privada. Longe dos funcionários do castelo, longe dos olhares curiosos em cima da filha de Poseidon. Kael di Maggio segurou sua mão, e lhe ajudou a sentar em uma das cadeiras forradas com pele de ovelha. Mais a frente, a lareira queimava a madeira e aquecia o ambiente. Nimuë pegou um livro, e tornou a escutar as conversas entre Kael, Hades e Perséfone. Eles falavam sobre guerra. Sobre o mesmo assunto de sempre. Analisavam, juntos, todos os caminhos a serem percorridos. Todos os becos, as vielas, o que poderia dar certo. O que poderia dar errado. Absolutamente todas as hipóteses.
— Sabe, tem uma coisa que eu acho muito estranha. Vocês colocam toda essa expectativa em cima dele, mas o que um semideus vai poder fazer contra um Deus? Ainda mais o maior de todos eles? — a sereia os questionou, pegando-os desprevenidos. Hades lhe encarou com uma ruga de incompreensão no meio da testa.
— Um semideus? — ele perguntou. Ué, Nimuë pensou.
— Sim, meu filho. — ela respondeu, com uma expressão de quem respondia algo óbvio. Ao falar isso, sentiu uma pontada no quadrante direito. Já era para ter se acostumado com as dores, mas ainda sim tinha vontade de xingá-lo toda vez que ele lhe chutava.
— Seu filho não vai ser um semideus. — Hades falou, como se estivesse revelando que 2+2 é 4. Nimuë franziu o cenho e encarou Kael, procurando por respostas. Entretanto, Di Maggio parecia tão confuso quanto.
— Como não? — a sereia perguntou, por fim. Ela era uma semideusa e Kael di Maggio era um semideus. Como é que o senhor filho não seria um semideus?
— Qualquer um, munido da arma adequada, pode ferir um Deus. Mas somente um Deus pode matar outro Deus, minha cara criança. — Hades lhe falou, apoiando-se na mogno que revestia a lareira da sala de descanso do Palácio. — O seu filho está destinado a ascender ao Olimpo e guerrear com o Todo-Poderoso. Ele jamais conseguiria fazer isso, se não fosse um Deus ele próprio. — o Deus dos Mortos finalizou. A sereia estava boquiaberta, e completamente chocada. Seu coração se acelerou. Kael se aproximou e colocou a mão no seu ombro, para tentar lhe acalmar. Havia percebido que ela ficara nervosa.
Ele estava mesmo dizendo que seu filho, aquele que estava lhe chutando dentro da sua barriga naquele exato momento, seria um Deus? Como Hades, como Poseidon, como o próprio Zeus?
— Isso é impossível — foi Kael di Maggio quem falou dessa vez, parecendo seguir a sua mesma linha de raciocínio.
— O seu filho é a única criança descendente dos Três Grandes Deuses ao mesmo tempo. Ele é descendente de Hades por parte de pai, descendente de Poseidon por parte de mãe e descendente de Zeus por parte dos avós. E é em consequência disso que sozinho Zion reunirá o único ponto em comum que nós três já tivemos. — Hades explicou pacientemente, citando o nome que Nimuë havia escolhido para o seu filho pela primeira vez.
— Que seria? — Kael perguntou, incentivando-o a continuar.
— Nossa origem! — Hades finalizou, sorrindo. Como ele sabia dessas coisas Nimuë não fazia ideia alguma. Perguntaria depois. Agora estava mais interessada em saber que história maluca era aquela.
— Zion será o novo Deus Supremo do Tempo. O Deus soberano de todo o Cosmos. Ele herdará o título de Senhor Primordial, bem como todos os seus poderes. — o Governante do Mundo Inferior abriu os braços ao finalizou a sua afirmação como quem finaliza a apresentação do TCC na faculdade.
— Não... — Kael e Perséfone falaram ao mesmo tempo, chocados e aparentemente nervosos. Nimuë não entendeu absolutamente nada, mas a reação do filho de Hades e da Deusa do Mundo Inferior foi o suficiente para lhe apavorar.
— O que? O que isso quer dizer? Como assim? — a sereia perguntou, olhando ao redor desesperada. Em busca de alguma resposta.
— Você sabe quem foi o poderoso Deus do Tempo e do Cosmos, Nimuë? — o Deus da Morte lhe questionou, com a voz tão poderosa que lhe arrepiou completamente.
— Não, eu não sei. Quem foi? — a sereia respondeu, forçando a voz a sair dos pulmões comprimidos.
Silêncio. E mais olhares trocados entre os presentes na sala.
— Kael. Quem foi? — Nimuë praticamente berrou, exigindo saber. Seu namorado lhe olhou, e pela primeira vez a sereia percebeu medo no olhar dele.
E perceber medo no olhar de uma pessoa poderosa como Kael di Maggio era algo extremamente aterrorizante.
— Cronos! — ele respondeu.
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