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História A Destruição do Olimpo - Nova Era.


Escrita por: MiniNicc

Notas do Autor


BEM-VINDOS A SEGUNDA TEMPORADA!!!! Espero que gostem do Capítulo 1.

Edit: E de presente resolvi compartilhar com vcs a representação (finalizei hoje) do Zion, futuro filho de Nimuë e Kael di Maggio, com 18 anos. As características dele serão: cabelos loiros iguais ao da mãe, e os olhos negros do Mundo Inferior como os de Hades.

Capítulo 52 - Nova Era.


Fanfic / Fanfiction A Destruição do Olimpo - Nova Era.

 

⌑    2 meses e 15 dias depois   ⌑

 

— Você tem que entender que não pode lidar com isso sozinha, Nimuë — a sereia anciã de Cathlon falava, enquanto nadava de um lado para o outro dentro dos aposentos reais. A filha de Poseidon estava deitada na cama, olhando para o teto de ouro luxuoso do seu quarto.

— Mayda, você me conhece desde que eu tinha apenas quatro dias de vida. Você sabe de absolutamente tudo que eu já enfrentei, e superei. Sozinha! — ela respondeu, sentando-se na cama e encarando a sereia incrivelmente bela e poderosa ao seu lado. Mayda possuía uma cauda longa em um tom azulado que combinava perfeitamente com seus olhos claros, e contrastava com o cabelo castanho escuro. Ela parecia aquela atriz famosa de Hollywood. Qual era mesmo o nome? Megan Fox?

— Isso é diferente, minha querida. Isso é muito diferente — Mayda lhe respondeu, com o olhar zangado e a voz firme.

— Pra mim não é. Ao meu ver é apenas... — Nimuë tentou argumentar o mesmo que estivera argumentando nos últimos 5 dias. Na verdade já estava cansada de discutir sobre esse assunto. Estava cansada de ouvir o mesmo sermão sobre a responsabilidade de ser m...

— Você é uma adolescente de 17 anos, Nimuë. Você não tem experiência de vida pra construir um parecer lógico, assim como não tem conhecimento o suficiente para lidar com a complexidade dessa situação. — Mayda elevou a voz, praticamente lhe apontando o dedo. Ela estava nervosa, e parecia estar prestes a se descontrolar. — Eu estou te afirmando que isso não é algo que você possa fazer sozinha! Não importa o quanto você e sua teimosia achem que sim. — a sereia-anciã finalizou, ofendendo a filha de Poseidon.

— Você não pode falar comigo desse jeito. Eu sou sua Rainha! — Nimuë respondeu, valendo-se do seu título para se sobrepor. A filha de Poseidon, desde que fora entregue ao reino de Cathlon há 17 anos atrás, recebera o título de Princesa-Sacerdotisa. Por ser, apenas atrás do Deus dos Mares, a autoridade mais alta da realeza. Porém, quando ela tivera que abandonar o Reino e ir para o Acampamento Meio-Sangue em razão das ameaças de Zeus, a sereia-anciã Mayda-Tamiel fora nomeada Princesa-Regente. E, uma vez nomeado a um título, não é costume que essa pessoa seja rebaixada ou o perca sem algum motivo contundente. Portanto, ao retornar para Cathlon há 2 meses atrás, o Gabinete e o Parlamento chegaram a conclusão de que a filha de Poseidon não poderia dividir o maior título do Reino com outra pessoa. E qual é o único título da realeza maior que o de uma princesa?

Isso mesmo. A filha de Poseidon fora coroada Rainha de Cathlon em uma cerimônia gigantesca e esplendorosa. O Reino não poupou gastos, e a Nimuë agora atendia pelo chamado de Vossa Majestade, ao invés de Vossa Alteza.

— Eu sou a sua mãe desde que você mijava nas calças. Eu posso falar com você da forma que eu quiser, principalmente se for pra colocar juízo na sua cabeça. —Mayda bradou, irritada. Nimuë chegou a se encolher com o poder da voz dela. — Quer que eu lhe trate como a Rainha que é? Então aja como tal. Porque no momento a única coisa que você está demonstrando ser é uma criança irresponsável e inconsequente. — ela finalizou, deixando sua experiência de vida e soberania transparecer em mil anos. Perto dela, Nimuë parecia uma criança sem conhecimento de vida. E realmente não tinha conhecimento algum. Bem como ela havia dito. Era apenas uma adolescente de 17 anos. O que ela haveria de saber melhor que uma sereia adulta de quase 500 anos de existência?

Ali, em Cathlon, absolutamente ninguém falaria consigo dessa forma. Ninguém lhe ofenderia, ou levantaria a voz para si. Ninguém teria colhões ou coragem. Mas Mayda era muito mais do que apenas uma autoridade do Parlamento. Ela era sua mãe. Não de sangue, mas de coração. Na sua frente, a sereia anciã respirou fundo e passou a mão pelos longos cabelos escuros como tinha mania de fazer. A filha de Poseidon sabia que isso a acalmava. E, depois de longos segundos, a encarou novamente. Dessa vez com uma expressão mais compreensível e afável.

— Eu sei que você não quer voltar para o Acampamento, meu amor. Eu sei o motivo pela qual você não quer voltar. Mas existem coisas na vida que, infelizmente, nós não controlamos. — ela lhe disse, firmemente. — E se tentamos controlar... falhamos. Você vai falhar e depois vai se arrepender de não ter feito o que era certo na hora correta. — Mayda sussurrou, com uma pontada de dor na voz.

— E se a falha fosse apenas lhe prejudicar tudo bem, você teria que arcar com as consequências das suas próprias escolhas. Mas esse fracasso não vai afetar apenas você. E essa culpa? Acredite em mim... você não vai querer carregar! — a Princesa-Regente estava se referindo ao fato de que prejudicaria a si mesma, prejudicaria a Kael e prejudicaria seu...

— Tudo bem! — Nimuë finalmente concordou, depois de longos minutos calada e raciocinando. Estava há praticamente uma semana pensando dia e noite sobre esse mesmo assunto, e já sentia-se esgotada. Mayda nunca lhe deixaria em paz, então era melhor aceitar logo. Era melhor simplesmente abraçar o seu destino, não importa o quão difícil ele se tornaria.

— Eu vou enviar uma mensagem para o Sr. Diretor do Acampamento logo mais. Ele vai querer uma explicação, então falaremos que estamos sob ataque e você não está mais segura aqui. — ela explicou rapidamente, como se já tivesse com as providências todas tomadas. Como se já tivesse conversado até com o Parlamento sobre isso. Nimuë não duvidava. Mayda era extremamente responsável e meticulosa com essas coisas. Provavelmente já tinha um plano traçado do primeiro ao último passo.

— E o meu pai? Ele sabe que não estamos sob ataque. — a Rainha de Cathlon falou, atraindo o olhar da sereia-anciã que já estava se dirigindo para o corredor. Mayda virou-se, e a encarou. — O que eu vou dizer pra ele quando ele me perguntar porque eu voltei ao Acampamento? — a filha de Poseidon a questionou, por fim.

— Você vai dizer a verdade! — Mayda respondeu, com um aspecto seguro no rosto.

A verdade, Nimuë pensou. A única verdade era que havia ido embora do Acampamento por causa de Kael di Maggio. E retornaria por causa dele também.

 

-#-

 

Durante os últimos três meses no Acampamento Meio-Sangue, a situação tornou-se monótona e entrou nos eixos que costumava estar. Aulas durante a manhã e a tarde, eventos como o Caça à Bandeira e o Campeonato dos Dez, turnos de patrulha ao redor do Pinheiro de Thalia viraram costume também, bem como as tradicionais festas na fogueira, nos Chalés de Ares e de Apolo, reuniões e sociais. O mesmo de sempre. Como se nada tivesse mudado. Exceto para Kael di Maggio que, por mais que agisse como se não tivesse passado pelo maior trauma da sua vida, ainda sim sabia que nunca mais seria o mesmo. Há três meses que sentia-se morto por dentro e não conseguia livrar-se dessa sensação. Conseguia apenas maquiá-la. Conseguia apenas levantar todos os dias da cama e seguir a sua vida como se não tivesse uma segunda opção. Viver um dia após o outro, fingindo sorrisos, fingindo estar bem, fingindo que havia sobrevivido.

Que havia sobrevivido à ela. O assunto ‘filha de Poseidon’ era, atualmente, um tabu para Kael di Maggio. O filho de Hades não aceitava falar sobre isso com absolutamente ninguém, e evitava ao máximo pensar a respeito disso. Evitava qualquer coisa que lhe relembrasse dela porque sabia que, só assim e talvez nem assim, conseguiria superar essa fase da sua vida. Conseguiria seguir em frente de verdade, ao invés de simplesmente estar fingindo. Não falava sobre o seu trauma nem mesmo com Hector, e havia se enfurecido com o Diretor Quíron quando este lhe sugerira que frequentasse o psicólogo do Acampamento. Um semideus poderoso como era, líder do Acampamento, frequentando um psicólogo? Patético. Era mais forte do que isso. Era capaz de lidar com seus problemas e seus traumas do seu próprio jeito. E até agora estava indo razoavelmente bem.

Ocupava-se tanto durante o seu dia, que o único momento que possuía para sofrer e chorar pelo fato de ter sido abandonado pela única garota que amou na vida, era a noite. Durante os seus inúmeros pesadelos, que insistiam em lhe rondar a mente. Fora isso, passava o dia distraído ao máximo. Hoje, por exemplo, já havia dado três monitorias de luta pela manhã. Havia feito um treino físico com os filhos de Ares e Apolo, depois a tarde participaria da organização da próxima feira do livro que ocorreria no Acampamento e por último iria dar um pulo na enfermaria para visitar os feridos e internados.

Havia, de bom grado, estendido suas tarefas e responsabilidades como líder do Acampamento justamente para se manter ocupado e sempre em movimento. Percebera a necessidade de fazer isso depois que passara uma semana inteira, justo a semana após a partida de Nimuë, encerrado no Chalé de Hades com vontade de morrer. Sentindo a falta dela mais do que tudo. Chorando, sofrendo, e quebrando tudo o que via pela frente para extravasar sua raiva. E, após isso, se deu conta de que não poderia ficar assim para sempre. Precisava tentar, e passar o dia lidando com tarefas do Acampamento era uma boa forma de manter a mente ocupada. Então, havia se voluntariado para dar aulas e lidar com qualquer situação administrativa, social ou educacional do Acampamento. Agora se encarregava até mesmo de anotar e tabelar os nomes de todos os semideuses que davam entrada na Enfermaria, seus prontuários de saúde e ainda os visitava na hora de dar alta para demonstrar interesse, em nome de todas as autoridades do Acampamento, na sua pronta recuperação e bem estar. Iria fazer isso mais tarde inclusive, porque as Caçadoras de Ártemis haviam retornado de uma missão externa e trouxeram uma semideusa nova para o Acampamento. Como líder do Acampamento, era responsabilidade de Kael di Maggio dar as boas-vindas a qualquer campista novo que ingressasse pelos limites da Barreira de Thalia.

Porém, exatamente nesse momento, Di Maggio estava se dirigindo à Casa Grande. O diretor do Acampamento havia convocado uma reunião emergencial, e Kael estava curioso e até um pouco atrasado.

— Oi amor, tá indo pra reunião? — a voz da filha mais velha de Afrodite chegou aos seus ouvidos quando Kael estava dobrando a esquina da Casa Grande pela Floresta do Norte. — Eu vi Percy e Hector indo em direção ao escritório de Quíron agora pouco, parece que eles foram convocados também. — ela deu de ombros, lhe encarando. Di Maggio a analisou. A loira que atendia pelo nome de Ino era, atualmente, sua namorada. Sim, você leu certo. O filho de Hades não lembrava-se em que momento dos últimos três meses havia pedido-a em namoro. Talvez fosse porque não tinha pedido. Ino simplesmente começou a lhe cercar, dormir no seu Chalé cada dia mais, o que Kael até gostava porque se ficasse sozinho mergulhava num estado depressivo deplorável. E, quando se deu por conta, não estava ficando ou transando com mais ninguém além dela. Ino percebeu o mesmo e então, num dia aleatório, apareceu na sua porta com um par de alianças douradas compradas pelo GreekMarket e lhe perguntou: Nós estamos namorando né?

— Percy? Que estranho. To indo pra lá agora — Kael respondeu, ignorando o selinho que ela tentou lhe dar ao ficar na ponta dos pés. A filha de Afrodite era uma pessoa que, no fundo, Kael não compreendia totalmente. E nem tentava. Porque todos tinham consciência de que Di Maggio não a tratava bem, lhe ignorava muitas vezes, era grosso e nada carinhoso. Às vezes até de propósito. Mas mesmo assim ela ignorava e agia como se, juntos, eles formassem o casal mais romântico e perfeito do mundo. Mesmo quando Kael a pedia para ir embora do seu Chalé de noite, após o sexo, ela ainda sorria e fingia que isso era a atitude que um namorado normal teria. Ela sempre sorria, e agia como se não tivesse reclamações nenhuma. Tudo isso somente para não lhe perder. Para que Di Maggio não se afastasse. E, como para Kael era confortável ter alguém ao seu lado para satisfazer absolutamente todas as suas vontades e ainda lhe impedir de se afundar em solidão, ele permitia. Era a sua zona de conforto.

— O que será que ele quer? — Ino perguntou, referindo-se à Quíron. Ela estava curiosa, principalmente pelo fato de que Percy e Kael foram convocados para uma mesma reunião. Ino tentava afastar Kael o máximo possível do seu passado, e consequentemente da sua famosa ex-namorada. Já Percy Jackson era a principal ligação com Nimuë, então a filha de Afrodite praticamente impedia Kael de ter qualquer tipo de conversa ou relação com Percy. Os dois, que antes eram próximos, agora mal se viam ou se falavam pelo Acampamento. Kael também não fazia questão alguma. Sabia que o filho de Poseidon ia duas vezes por mês para o fundo do Oceano visitar a irmã, e mesmo assim Di Maggio nunca o procurou para saber notícias dela. Não fazia questão alguma de saber se a sereia estava viva, se estava bem, se estava tão destruída ou triste quanto ele. Nimuë fazia parte do seu passado, e é no passado onde ela deveria ficar.

— Não sei, Ino. Eu to atrasado já, preciso ir — Kael respondeu para sua namorada, que ainda estava segurando seu braço e impedindo que ele fosse em direção a Casa Grande. Ela franziu as sobrancelhas, e Di Maggio percebeu que ela estava nervosa. Talvez preocupada, ou algo do tipo. Mas, como sempre, ela não falou nada. Apenas sorriu, e lhe deu um beijo no pescoço como tinha costume de fazer.

— Você me conta depois então, tá bom? — ela pediu, com a voz manhosa e mimada.

— Tá, tá — Kael respondeu, já virando-se para seguir em frente. Deixando a loira para trás. 

Caminhou por entre as árvores da Floresta Norte, passou pelo punho de Zeus na ala oeste do Acampamento, pelas quadras de vôlei e então finalmente avistou a Casa Grande. Local onde o Diretor e o Vice-Diretor, Quíron e Dionísio, comandavam absolutamente tudo o que acontecia no Acampamento. Era o centro vivo da Colina Meio-Sangue. Um local que possuía mais de 4 andares de altura, revestidas por madeira e mogno pesados, com diversas salas e escritórios na parte interior. A maior de todas pertencia ao Diretor e Kael di Maggio sabia bem onde ficava. Então subiu as grandiosas escadas de madeira, atravessou o corredor principal e bateu na porta.

— Pode entrar! — a voz do centauro surgiu lá de dentro, abafada pelas grossas portas do escritório.

Quíron observou quando o filho de Hades adentrou o ambiente, vestindo roupas e uma armadura completamente preta como era de costume. Como se o cabelo e os olhos extremamente pretos já não fossem o suficiente para entregar sua identidade obscura. Kael bateu os olhos em Percy Jackson e Hector que estavam com expressões assustadas e espantadas, e franziu as sobrancelhas confuso.

— O que está acontecendo? — ele perguntou, sentindo a tensão no ar. Encarou Quíron, que estava com o rosto duro e sério.

— Você está atrasado! — o Diretor murmurou, carrancudo. Percy Jackson cruzou os braços, e Hector coçou a cabeleira loira. Ambos estavam bem nervosos e Kael não precisava ter poder algum para perceber isso.

— Eu tive um imprevisto — Kael deu uma desculpa qualquer. Realmente não costumava se atrasar para nada, mas hoje havia perdido a hora e Ino ainda lhe tomara alguns minutos a mais no meio da Floresta.

— Bom, nós começamos a reunião sem você. — o Diretor explicou, dando de ombros. E contornou a mesa do fundo da sua sala, para se aproximar mais dos três semideuses. — E eu estava os informando de que... — o centauro tentou falar, mas deixou as palavras morrerem como se não conseguisse as pronunciar. Kael começou a ficar nervoso, imaginando que fosse algum ruim e eles não estavam querendo lhe contar. Mas por que? O que poderia ser tão ruim a esse ponto?

— Informando...? — o filho de Hades, impaciente, incentivou o centauro a continuar. Mas quem lhe respondeu foi Percy, que se virou e lhe encarou com seus olhos verdes frios.

— Cathlon está sob ataque. — ele falou as palavras que Kael di Maggio demorou alguns segundos, talvez minutos, para digerir. Cathlon? O Reino de Cathlon? O Reino em que sua ex-namorada, e o grande e único amor da sua vida, vivia? O que isso significava? O filho de Hades sentiu seu coração acelerar, e o nervosismo tomar conta do seu corpo. Se eles estavam sob ataque, será que ela havia sido ferida? Ou...morta? Era isso que eles não queriam lhe falar?

— O quê? — foi a única coisa que Di Maggio conseguiu perguntar, depois que forçou a voz a sair dos seus pulmões.

— Recebemos uma mensagem informando que o Reino Afundado está sendo violentamente atacado e ameaçado. — o Diretor falou, mas Kael já havia entendido isso. Já tinha entendido isso, porra. Mas não era isso que queria saber. Será que alguém podia lhe dizer como que a sereia estava? Era a primeira vez em meses que Kael di Maggio queria saber notícias dela. Que estava desesperado para saber sobre ela. Por mais que tentasse se enganar repetindo para si mesmo e para todos que Nimuë era seu passado e que não tinha mais sentimento algum por ela além de decepção e desgosto, aquele momento ali lhe mostrou o quanto estava enganado. Hector pareceu ler o desespero no olhar do seu amigo, e se apressou em falar:

— Ela está bem — o filho do Deus da Guerra se referiu à filha de Poseidon, com uma sensação estranha tomando conta do seu corpo. Há meses que não falava com Di Maggio sobre Nimuë. Parecia até errado. Sabia, mais do que ninguém, o quanto o amigo sofrera e ainda sofria por causa dela, mas mesmo assim nunca falava com ele sobre. Apenas deixava que ele explodisse, chorasse no seu ombro, e depois conversavam sobre outros assuntos para fingir que o surto não acontecera.

— A Princesa está a salvo! — Quíron complementou a fala do filho de Ares, e balançou algo na sua mão. Era uma carta, com a mesma insígnia que Kael já havia visto tantas vezes no quarto de Nimuë. O símbolo do Reino de Cathlon. — Mas... — o Diretor continuou, endurecendo a expressão e olhando para o chão. Kael já estava se irritando com essa falta de objetividade. Que falasse logo, caralho. Queria saber se ela estava bem, o que tinha acontecido. Um ataque é algo sério. A última vez que o Acampamento havia sido ameaçado e acometido por monstros, uma pessoa tinha perdido a vida.

— Mas, devido as atuais circunstâncias, foi decidido que filha de Poseidon irá retornar ao Acampamento Meio-Sangue. — Quíron falou de uma vez só, levantando olhar para lhe encarar. Assim como Hector e Percy. Todos pareciam curiosos com a sua reação, e a tensão no ar cresceu palpavelmente. Kael ficou paralisado, sem mexer um músculo sequer do rosto ou do corpo. Tentando, com muito esforço, acreditar no que acabara de ouvir. Achou que nunca mais a veria na vida. E agora ela iria simplesmente retornar? Assim? Depois de simplesmente lhe destruir e acabar com a sua vida? Não, Kael pensou. Não iria se permitir a pensar sobre esse assunto. Havia estabelecido regras para si, a fim de se salvar da depressão completa, e a principal de todas elas era não falar ou pensar sobre Nimuë. Era não se descontrolar e deixar o turbilhão de sentimentos e emoções lhe dominar. Não podia se dar o luxo a isso. Senão estaria perdido, e tinha medo de não aguentar a pressão. Então Kael desligou rapidamente o cérebro e lidou com aquilo da única forma que sabia lidar. Com frieza e rispidez.

— Eles informaram quando ela retornará? — quem perguntou foi Percy Jackson, gesticulando para a carta na mão do centauro. Hector ainda encarava Kael, preocupado que ele fosse ter algum tipo de surto ou colapso nervoso.

— Amanhã. — o Diretor respondeu, com a voz pesada. Kael saiu do transe, e os encarou.

— O senhor me chamou aqui pra que? — o filho de Hades perguntou, de repente. Todos o olharam, com as sobrancelhas franzidas.

— Eu te chamei aqui porque você é o líder do Acampamento e deve estar a par de todas as movimentações, situações, cenários e circunstâncias. — o Diretor o respondeu, valendo-se de sua autoridade e experiência. — E, além disso, eu imaginei que esse assunto seria do seu interesse pessoal. — ele finalizou, cruzando os braços sob o peitoral de centauro. Kael pensou alguns segundos, e então resolveu tentar tirar seu corpo de jogo.

— Não é do meu interesse. E eu apreciaria se o Sr. pudesse me deixar de fora nas próximas reuniões. Percy pode me substituir, tenho certeza. — ele falou, gesticulando para o filho de Poseidon. Quíron compreendeu que o filho de Hades estava tentando se esquivar do assunto, como o Diretor soube que ele vinha fazendo há meses. Ninguém falava sobre a filha de Poseidon perto de si, e a única vez que um garoto havia lhe provocado Kael lhe agredira e fora suspenso por 2 dias de todas suas atividades como líder do Acampamento.

— Ok, você está dispensado por hora então. — o Diretor respondeu, depois de alguns segundos lhe analisando. Percy Jackson revirou os olhos, e bufou alto o suficiente para todos ouvirem. Odiava a forma que Kael di Maggio lidava com esse assunto, mas não se atrevia a se meter porque o respeitava. Respeitava sua dor, e sua forma de superar e vivenciar o luto. O problema é que agora Nimuë iria retornar, e se ele resolvesse agir como um filho da puta pra cima dela então sim, Percy seria obrigado a se meter. Ficaria do lado dela nessa. Sempre.

— Obrigado! — Kael respondeu, virando-se para puxar as portas pesadas do escritório atrás de si. Deixou elas baterem atrás de si, e desapareceu pelo corredor da Casa Grande.

— Aposto que ele vai ir chorar no banheiro agora — o filho de Poseidon debochou, falando baixinho mais para si mesmo do que para qualquer pessoa. Mas Hector ouviu.

— Babaca. — o filho do Deus da Guerra resmungou, referindo-se à Percy.

— Como é que é? — Percy Jackson o perguntou, lhe encarando com o cenho franzido e a expressão furiosa.

— Você não sofreu ou passou por um terço de tudo o que Kael já passou. É fácil julgar os outros do pedestal de privilégio em que você vive, rabinho de peixe! — Hector bradou, ajeitando a postura ameaçadoramente. Percy deu um passo em frente, com raiva.

— Quem você pensa que é pra falar assim co... — tentou questionar, mas foi brutalmente interrompido por Quíron.

— Basta! — o Diretor bradou, desencostando-se do balcão em que estava e ficando em pé. O centauro possuía quase dois metros assustadores de altura, e sua voz era intimidadora demais quando ele queria. Percy e Hector encolheram-se automaticamente, e voltaram as suas posições.

— Vocês dois estão dispensados por hora também. Convocarei outra reunião quando necessário. — Quíron falou, gesticulando com a mão para que eles saíssem. Percy queria conversar melhor com o Diretor sobre aquilo, queria ler a carta, entender bem o que estava acontecendo. Saber os detalhes mais minuciosos sobre sua irmã, sobre que tipo de ataque fora esse. Poseidon e Zeus haviam entrado em um acordo, então porque é que o Todo-Poderoso havia o descumprido? Desgraçado.

— Percy, quando sair avise Dionísio que ele pode entrar. — Quíron pediu, puxando o filho de Poseidon das suas preocupações e devaneios mentais. Percy assentiu, e seguiu Hector pelo corredor da Casa Grande. Andou até a sala de Dionísio, o Deus do Vinho e Vice-Diretor do Acampamento, e bateu na porta de vidro que já estava entreaberta.

— O que que é dessa vez? — a voz rabugenta do Deus do Vinho surgiu lá de dentro. Ele estava de pé em frente a uma prateleira enorme de livros. Eram tão coloridos e lindos que exerciam quase um efeito hipnotizante em quem gostava de leitura em si.

— O Sr. Quíron está chamando o senhor! — o filho de Poseidon respondeu, encarando os olhos amendoados de Dionísio.

— Obrigado, Peter Johnson — o Vice-Diretor lhe respondeu, chamando-lhe pelo nome errado como tinha o costume de fazer. Percy revirou os olhos, e saiu da sala o mais rápido possível.

Precisava encontrar Annabeth, e lhe contar que sua irmã iria retornar para o Acampamento. Andou até o pavilhão dos Chalés e, antes que pudesse abrir a boca para falar a novidade pra Filha de Atena, descobriu que ela já sabia.

Descobriu que todos já sabiam.

Porque se tinha algo que voava extremamente rápido ali naquele Acampamento não eram os Pégasus não.

Era a fofoca. 

 


Notas Finais


E aí amores, gostaram? Espero mt que sim.
Expectativas para os proximos caps? Oq vcs querem que aconteça?


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