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História A Destruição do Olimpo - Pacto Maldito.


Escrita por: MiniNicc

Notas do Autor


Desculpem a demora, amores!!!!!!!! Mas vem aí capítulo bombaaaa, espero que gostem.

AMO VCSSS

Capítulo 73 - Pacto Maldito.


Fanfic / Fanfiction A Destruição do Olimpo - Pacto Maldito.

 

— Você está um pouco adiantada — a voz do Rei dos Deuses chegou aos seus ouvidos, vindo lá de trás.

Nimuë não se virou, receosa e com medo de vê-lo...pelado. Será que ele ainda estava pelado? Meu Deus. Estava sozinha numa sala com o Deus mais poderoso de todos os Deuses, ele estava nu, havia acabado de lhe flagrar transando com uma garota na sua frente, teria que conversar com ele sobre o futuro da sua vida...tinha como piorar? TINHA COMO PIORAR?

— Eu não to adiantada. Você que está atrasado. Nós combinamos meia noite e meia! — a sereia praticamente gritou, dando-se conta de que estava berrando logo com ele. Isso era bem perigoso. Muito perigoso, na verdade. Mas estava frustrada demais para falar com um tom baixo e controlado.

— Tudo bem — ele falou, entrando no seu campo de visão pela lateral. Zeus já estava vestido, embora estivesse com a camiseta para fora da calça e os cabelos bagunçados. O Rei dos Deuses caminhou até as grandiosas portas douradas, e as fechou parcialmente. Depois, pacificamente, virou-se para a loirinha que estava pálida e com o rosto apavorado.

Nimuë o encarou, arrepiando-se por completo. Havia esquecido o quanto Zeus era atraente e hipnotizante, com seus olhos azuis duros e uma aura de poder inigualável. E o mais bizarro era que, embora toda aquela situação flagrante fosse constrangedora, de alguma forma, isso deixava-o mais desejável ainda.

— Sinto muito que você tenha visto isso! — o Todo-Poderoso falou, caminhando até uma das mesas mais a oeste e tentando visivelmente esconder um sorriso convencido. É sério que ele estava se divertindo com aquilo? Que ridículo.

— Mas acredito que chegou a hora de conversamos sobre o que realmente interessa! — Zeus, o Rei de todos os Deuses, bradou por fim. Mudando completamente a expressão, e assumindo um olhar perigoso. Ameaçador.

Nimuë tremeu.

Merda. 

A sereia respirou fundo algumas vezes, e virou-se frontalmente para ele pela primeira vez. Tirou completamente da sua mente a imagem dele transando com a tal ninfa, e consequentemente traindo sua esposa, e focou no que interessava. Focou no principal assunto que rodeava sua mera existência. Nimuë era um dos nomes envolvidos na grande Profecia da Última Arma. Uma filha das águas, e um filho das trevas. Ela era a única filha de Poseidon, e Kael era o único filho de Hades. Juntos, eles estavam destinados a gerar a Última-Arma. Uma criança poderosa o suficiente para salvar ou destruir o Olimpo. Poderosa o suficiente para tomar o trono e a coroa de Zeus, assumindo seu lugar como o Rei de todos os Deuses. Aí, exatamente nesse ponto, era que a coisa complicava. Zeus jamais deixaria que tal ameaça ao seu poder saísse impune. Jamais permitiria que isso acontecesse. Por esse motivo, já havia mandado lhe assassinar duas vezes. E falhara em ambas. Agora ele estava ali, frente a frente consigo, lhe encarando com aqueles olhos azuis cruéis e frios.

Por instinto, a sereia olhou para a porta trancada. Droga. Estava sozinha mesmo com ele. Se o Todo-Poderoso resolvesse lhe assassinar ali e agora, poderia fazê-lo. No fundo, Nimuë não estava nem com medo por si mesma. Se esse era pra ser o seu destino, então que fosse. Um dia iria morrer de qualquer jeito. O medo que estava sentindo...era por seu filho. Queria desesperadamente sair correndo dali, e colocá-lo em segurança. Se a sereia deixasse de existir ali, seu filho teria o mesmo destino. Jamais chegaria a nascer, jamais experimentaria o doce sabor da vida, jamais correria ao ar livre com coxas grossas e fraldas. Nunca daria aquela risada gostosa que a filha de Poseidon sonhava constantemente. Somente de pensar nessa possibilidade, uma onde eletrizante de pavor e desespero lhe fechava a garganta. A sereia tentou disfarçar.

— Sim, acredito que chegou a hora! — Nimuë respondeu, depois de alguns segundos calada. Zeus desmanchou um pouco da expressão severa, como se quisesse acalmá-la e torná-la mais apta a aceitar sua proposta. E caminhou até o centro da sala, parando numa distância respeitável da loirinha. O Rei dos Deuses encarou os olhos verdes de Nimuë, que refletiam exatamente os mesmos olhos de sua mãe, a esposa de Cronos e titã responsável por dar à luz a si e todos seus irmãos Olimpianos.

— Você sabe porque está aqui? — Zeus lhe perguntou, com a expressão profunda e a voz poderosa. A sereia engoliu em seco e travou a voz que insistia em responder: pra você poder me matar com maior facilidade.

— Por que o senhor quer me oferecer um acordo. — a filha de Poseidon afirmou, observando que ele revirou levemente o rosto ao ouvi-la lhe chamando de senhor. Mas era exatamente esse efeito que Nimuë queria passar. De afastamento, e formalidade. Não lhe trataria como se ele fosse apenas um cara atraente normal de poucos anos mais velho que si, como ele realmente aparentava. Se fizesse isso, poderia muito bem dar a impressão de que...enfim, a sereia não queria acabar como a ninfa. Sentada no colo do Rei, transando na parede. Traindo a Deusa do Casamento, do Lar e da Família. Patético. Iria lhe tratar assim, formalmente e fingindo que ele tinha idade para ser seu pai ou avô. Isso provavelmente afastaria todo o teor sexual ou a forma que ele lhe olhava...como se a sereia fosse exatamente o tipo de garota que ele gostava de levar para cama.

— Que tipo de acordo você acha que eu poderia lhe fomentar, considerando as atuais circunstâncias da nossa animosidade? — ele perguntou, a tempo da filha de Poseidon perceber que ele estava usando um vocabulário rebuscado e de requinte propositalmente. Coisa que apenas membros da realeza, e talvez Deuses, conseguiam fazer. Para sua sorte, Nimuë era princesa desde que se entendia por gente e atualmente Rainha. Tinha conhecimento o suficiente para fazer parte daquela conversa sem se deixar envergonhar. Desde os seus 12 anos que aprendera a se comportar diante de membros políticos de parlamento e gabinete. Aquilo ali não era diferente. Mesmo que estivesse com o coração acelerado pelo medo e a garganta seca de pavor, ainda sim a sereia respirou fundo e o encarou. Diretamente em seus olhos azuis e seu belo e harmonioso rosto.

— Eu não consigo pensar em nenhum que não seja a total eliminação do que o senhor entende como ameaça. Ou seja, o meu decesso! — a sereia foi o mais sincera possível, usando uma palavra requintada para se referir a sua morte. Ao seu falecimento, ou assassinato. Era a única coisa que passava pela sua mente. A única forma de acabar com a Profecia era lhe matando, ou matando o outro lado. Que era Kael di Maggio, o filho de Hades. Coisa que Zeus inclusive já tinha feito, mas o Deus do Mundo Inferior interferiu e trouxe o filho de volta à vida há meses atrás.  

— Eu sim consigo pensar em uma. — Zeus falou, desviando o olhar de si e caminhando pela sala ao redor como se estivesse pensando. A sereia aguardou ele concluir a linha de pensamento.

— Você não é minha inimiga, filha de Poseidon. Não deveria ser. És apenas porque estás em condição de poder gerar e trazer ao mundo uma ameaça ao meu trono. Mas e se não pudesse? — ele parecia falar mais consigo mesmo do que com qualquer outra pessoa. A sereia franziu as sobrancelhas loiras, e tentou compreender o que ele estava sugerindo.

— E se você não pudesse gerar e trazer ao mundo uma Última-Arma? — Zeus fez o questionamento final, parando em sua frente com os braços cruzados atrás das costas. A sereia não compreendeu a profundidade e a importância do que ele estava lhe falando, e acabou retrucando no segundo seguinte.

— Enquanto eu viver, eu vou poder gerar.. — ela falou, dando de ombros como se aquilo fosse algo óbvio — Afinal eu sou mulher! E tendo uma vida sexual ativa hoje ou quando eu me casar vou continuar tendo condições físicas para ter filhos e... — Nimuë se auto interrompeu. E deixou suas palavras reverberarem no ar, perdendo-se na imensidão do silêncio.

— Ah! — ela arfou, depois de finalmente se dar conta. Depois de finalmente compreender o que é que ele estava lhe oferecendo. Meu Deus. A filha de Poseidon deu um passo para trás, e levantou o queixo para encará-lo novamente e ter a certeza de que aquilo era verdade. Zeus estava com um olhar satisfeito, de quem havia conseguido passar a mensagem que queria. Nimuë colocou os pensamentos no lugar, e se permitiu pensar sobre a proposta do Rei dos Deuses. A única forma dela não poder gerar e trazer ao mundo uma Última-Arma, como ele tinha dito, ou era com a sua morte...ou com a sua incapacidade física para tal. Ele queria lhe tornar infértil. Queria aniquilar sua possibilidade de ter filhos, para o resto da vida. No fundo, fazia sentido...era uma forma de resolver e cessar a ameaça sem causar guerra e destruição. Era uma forma inteligentíssima de fazer isso na verdade, a própria sereia não tinha sequer pensado nessa possibilidade antes. Mas ainda sim...era aterrorizante. Nimuë sentiu que seu corpo tremia internamente dos pés a cabeça.

— O que eu quero de você é simples, filha de Poseidon — Zeus se manifestou, cruzando os braços dessa vez na frente do corpo e peitoral — Eu quero o seu útero! — ele finalizou, referindo-se ao órgão principal do sistema reprodutor feminino como se isso não fosse nada demais. O órgão cuja única função é armazenar e sorver desenvolvimento para um embrião e feto que, futuramente, torna-se um bebê. Órgão esse que, se removido, não altera ou afeta em nada a saúde de uma mulher. Exceto pelo fato de que esta torna-se incapaz de ser mãe biologicamente falando.

— Eu só tenho 17 anos. Você tiraria a chance de uma garota ser mãe? — a sereia perguntou, enchendo os olhos de água. Piscou algumas vezes para se controlar, e conciliou com a respiração e a diminuição de seus batimentos cardíacos. Zeus lhe encarou, percebendo o quanto ela estava abalada.

— Você entende que eu não posso permitir que a Profecia se realize, não entende? Então é isso, ou eu vou encontrar outros meios para impedi-la. — ele explicou, deixando a voz soar mais ameaçadora e perigosa logo em seguida. Tanto que a sereia chegou a tremer com a onda de poder ilimitado que emanou do Rei dos Deuses —Você vai deixar de existir, sua família vai sofrer, e a guerra vai se espalhar pelos três mundos que hoje coexistem em paz — ele complementou, referindo-se a sua morte. A sereia arrepiou-se completamente, e quase fez xixi vestido abaixo. Mas segurou, e deixou sua mente trabalhar.

O problema todo daquele acordo...era que Nimuë já estava grávida. Se aceitasse o acordo dele...teria que dar um jeito de enrolá-lo por pelo menos mais cinco ou seis meses. Até que seu filho nascesse, sem o conhecimento do Rei dos Deuses. Mas seria a forma mais segura e inteligente de proteger Zion. Depois de aceitar a proposta e fazer o que Zeus estava lhe propondo, ele jamais desconfiaria de um filho. Jamais desconfiaria de que a Última-Arma existe ou existirá. Mas será que a sereia era sagaz e astuta o suficiente para conseguir enganar o maior e mais poderoso de todos os Deuses? Será que era esperta e inteligente, além de sangue frio, o suficiente para tal?

Bom..só tinha um jeito de descobrir.

— Eu estou lhe oferecendo sua liberdade. Se aceitar minha proposta, poderá viver o resto da sua vida sem medo de ser ameaçada ou caçada — o Todo-Poderoso completou, e então lhe lançou um olhar intenso e sugestivo que fez a sereia franzir o cenho. Confusa.

— Poderá...se relacionar com quem você quiser! — ele complementou, estudando sua reação com muito cuidado. Nimuë ergueu o queixo, e as sobrancelhas. Ele havia...propositalmente...cutucado o seu ponto mais fraco.

O seu ponto mais fraco era Kael. O filho de Hades. O garoto que a sereia mais amou na vida, e teve que se separar justamente por causa das ameaças de Zeus. Sem ameças e sem a possibilidade de cumprir a Profecia...poderia voltar com ele. Poderia ser feliz ao lado do garoto que amava, sem se preocupar. Só de imaginar isso as pernas da sereia fraquejaram, e ela precisou bater o pé no chão para sentir que ainda estava de pé. Para não cair. Tudo bem que estava decepcionada com o filho de Hades, e completamente arrasada com as coisas que ele havia lhe dito lá no refeitório. Provavelmente nunca mais confiaria nele, e provavelmente nunca mais voltaria a namorar com Kael. Mas só de ter a possibilidade...Só de ter a liberdade para escolher...

Só de poder...

A sensação era indescritivelmente boa. A sensação da liberdade! Nimuë queria isso mais do que tudo. Desde criança vivera escondida em um Reino Aquático, nas sombras, depois fora transferida para um Acampamento que sofreu ataques por sua causa, toda sua vida do início até o presente momento fora cercada de ameaças e sofrimento. Tudo por causa da maldita Profecia. Tudo por causa da obsessão de Zeus em manter sua coroa e seu poder. E agora...existia a chance de tudo isso cair por terra. Eu estou lhe oferecendo sua liberdade, ele havia dito. Sua liberdade.

A sereia respirou fundo, e de forma decidida encarou o Rei dos Deuses olho no olho e adotou uma expressão adulta e séria.

— Eu aceito! — Nimuë respondeu, por fim. Dando a palavra final. Seu corpo e a voz até tremeu com a importância daquele momento, mas a sereia não deixou se abalar. Manteve a pose. Zeus franziu as sobrancelhas, e deu um passo para trás. Aparentemente surpreso, ou até mesmo pasmo. Ele definitivamente não imaginou que a filha de Poseidon fosse tomar uma decisão tão rápida assim, de forma simples e ligeira.

— Não quer um tempo pra pensar? Talvez falar com seu pai? Temos a noite toda — ele falou, com a voz hesitante e razoavelmente desconfiada. Nimuë se auto policiou. Droga. Não podia parecer que essa era uma decisão fácil. Tinha que convencê-lo do que porque tomara essa decisão assim. Abrir mão do seu direito como mãe? Deveria ser algo difícil, doloroso. E no fundo era, mas o que Zeus não sabia era que Nimuë não estava abrindo mão do direito de ser mãe. Estava apenas abrindo mão de ter outros filhos além de Zion. Seria mãe de filho único. Não lhe daria irmãos. Mas um era o suficiente. Um filho para lhe dar amor, e carregar o seu legado em direção ao futuro.

— Não, o corpo é meu então a decisão deve ser só minha — a sereia falou, rezando para que ele caísse. Para que ele acreditasse. — Se sacrificar a possibilidade de ser mãe significa salvar minha família e milhares de inocentes de uma guerra então eu sacrificarei. Eu aceito a sua proposta! — Nimuë complementou, dessa vez tendo a certeza de que havia conseguido formular um motivo nobre.

Zeus sabia que ela era nobre. Já havia sacrificado outras coisas em prol do bem de seus entes queridos. Havia sacrificado...seu amor. Seu único e grande amor. Tinha abandonado o filho de Hades, por medo de que ele fosse novamente atacado ou morto. Bem como Percy Jackson e todo o resto do Acampamento. Então se havia sido capaz de sacrificar isso, porque é que não sacrificaria um órgão?

— Eu preciso do seu sangue — Zeus falou, enquanto caminhava em direção à mesa atrás de si. Da primeira gaveta, ele retirou uma adaga pequena porém afiadíssima. Nimuë arregalou os olhos, e deu um passo para trás. Nervosa, e com medo.

— O que? — ela perguntou, referindo-se a afirmação dele de precisar do seu sangue. Pra que isso? A sereia não estava entendendo. Será que ele queria tirar seu útero ali? Assim? Mas antes que a filha de Poseidon começasse a surtar pensando em mil e uma possibilidades de fugir porque se ele chegasse perto do seu útero descobriria que já estava grávida. Antes que a filha de Poseidon pudesse reagir de qualquer forma, o Rei dos Deuses aproximou-se de si e passou a faca lentamente pela sua própria palma da mão. Abrindo um talho, fazendo o líquido dourado jorrar. Sim, dourado. O sangue dos Deuses Antigos possuía o fluído eterno chamado Icor. Uma substância poderosíssima que tornava seu sangue dourado e amarelado. Só depois de alguns segundos que a sereia percebeu o que estava acontecendo.

Ele queria selar o pacto com sangue. Costume tradicional entre os seres da mitologia. Uma promessa selada com sangue jamais deveria ser quebrada.

— Ah! Ok — Nimuë falou, erguendo a palma da mão em direção ao Rei dos Deuses. Gentilmente, Zeus encostou a adaga na sua pele fina e fez pressão para rasgar a carne. Nimuë sentiu uma dor aguda, e contorceu o rosto, mordendo o lábio inferior para não gritar. O Todo Poderoso fez um corte de cerca de 7 centímetros, de um lado a outro na sua palma. E então estendeu a sua própria mão, para um cumprimento. Nimuë o cumprimentou, selando sangue com sangue. Olhando profundamente para dentro dos seus olhos. Nunca se esqueceria dessa imagem. Dessa cena poderosa e significativa. Ali, naquele exato momento, estava decidindo o futuro de milhares e milhares de pessoas. Fossem elas Deusas, Semideusas ou Humanas.

— Agora sua palavra! — Zeus bradou, ainda segurando seu punho ensanguentado e parado há menos de 4 centímetros do seu rosto. Niimuë engoliu em seco. Sabia que precisava jurar, verbalmente. Era a tradição! Os Deuses valorizavam isso mais do que qualquer coisa. A palavra, e o pacto com sangue.

— Eu, Nimuë, Rainha de Cathlon e Filha das Águas, aceito a proposta de me submeter a uma cirurgia para retirada completa do útero — a sereia bradou, de forma simples mas decidida. Era isso que ele precisava ouvir, e nada mais. Tomou cuidado com as palavras. Não poderia jurar, por exemplo, que nunca iria trazer ao mundo uma criança capaz de destroná-lo e matá-lo. Nunca poderia jurar que a Profecia da Última-Arma não se cumpriria. Porque iria sim se cumprir. Mas podia jurar que iria se submeter a cirurgia de retirada do útero. Poderia jurar que estava aceitando a proposta, e tornaria-se infértil para todo o sempre. Isso era verdade, e sua palavra não estava sendo mentirosa.

— E assim será — Zeus falou, sem desconfiar de absolutamente nada. Nimuë sorriu um meio sorriso, e complementou:

— Assim será!

O Rei dos Deuses lhe alcançou, após alguns segundos, um paninho branco para que a sereia pudesse enrolar no ferimento. E depois caminhou até a mesa novamente para guardar a faca pontiaguda. A sereia sentiu o peso do silêncio e para quebrar seu nervosismo, resolveu emendar a parte burocrática no assunto.

— Depois só temos que combinar data e local, mas desde já eu adianto que gostaria de passar pelo procedimento em um hospital normal, com médicos humanos e mortais, capacitados através da medicina para tal — ditou, torcendo para que o Rei dos Deuses não percebesse as nuances da sua voz. Queria parecer adulta, metódica e cem por cento certa do que falava. Determinada.

— Não precisa. Deméter pode lhe ajudar com isso! — Zeus respondeu, referindo-se à Deusa não só da Agricultura e das Plantas, como também a Deusa da Fertilidade e da Gestação. Se tinha alguém que poderia lhe tornar infértil ou retirar seu útero com um simples estalar de dedos, esse alguém era ela. Nimuë ficou mais nervosa ainda, imaginando se conseguiria escapar dessa. Se conseguiria dar um jeito de enrolá-lo. Precisava enrolá-lo na verdade, não havia outra opção. Já havia aceitado o acordo, e agora tinha que guiar a situação da melhor forma possível para que seu plano corresse bem.

— Eu prefiro que seja em um hospital, sem ritos sobrenaturais e mitológicos envolvidos — a sereia falou, fingindo descaso e tranquilidade. Olhou para o corte na sua mão, e passou o pano branco para limpar o sangue. Tentando disfarçar.

— Porque? — o Rei dos Deuses lhe perguntou, porém felizmente ele parecia somente curioso. Ao invés de desconfiado. A sereia resolveu ser mais firme, e o encarou com seus olhos verdes hipnotizantes.

— Porque sim. É o meu corpo, e nisso eu tenho total poder de decisão! — ela bradou, valendo-se da honra feminina sobre seu próprio corpo. Isso era algo que Nimuë sabia que o Rei dos Deuses respeitaria. Não que Zeus fosse muito respeitador com mulheres em geral, sua esposa que o diga. Mas em relação a esse tipo de coisa sim. Até porque o Rei dos Deuses não precisaria do seu aceite para lhe amaldiçoar com a infertilidade. Poderia simplesmente ter feito, solicitando ou ordenando à Deméter. A Deusa da Fertilidade. Mas o fato dele ter lhe perguntado já demonstrava o mínimo de respeito.

— Justo — ele bradou, concordando consigo. Nimuë soltou o ar preso em seus pulmões, aliviada.

— E quanto a data? — ele perguntou, referindo-se ao fato de que a sereia havia comentado sobre agendar local e data. Mas só havia falado sobre o local. Nimuë deu de ombros e aproveitou para caminhar de forma tranquila até as grandes portas douradas do escritório.

— Eu tenho um banquete e um baile inteiro para aproveitar, afinal hoje é meu aniversário. Será que podemos combinar isso mais adiante? — ela lhe perguntou, torcendo para que parecesse uma proposta casual. O mais adiante teria que ser daqui a seis meses, mas deixaria ele pensar que pudesse ser no final da festa. Ou nos próximos dias. Em alguma data próxima. Depois arranjaria um jeito de postergar. Falaria que os hospitais estavam cheios e sua cirurgia só poderia ser agendada daqui um tempo. Qualquer desculpa. Daria um jeito.

Tinha que dar um jeito!

— Como quiser, filha de Poseidon — Zeus falou, aparentemente convencido — Vamos, eu lhe acompanho de volta ao Salão! — o Rei dos Deuses falou depois de alguns segundos, abrindo as grandiosas portas douradas com um toque rápido e forte. E gesticulando para o corredor. Nimuë deu um meio sorriso, satisfeita com o rumo que tinha conseguido tocar aquela reunião, e caminhou pelo corredor ao lado dele. Em direção ao Salão do baile.

Juntos, passaram pelos Tronos gigantescos da sala de Tronos. Pelas lacunas brancas e grossas da acrópole, e seguiram até a entrada a oeste do Salão de baile. Todos que passavam por si, curvavam-se. Funcionários, convidados, empregados, Deuses. Nimuë estava acostumada com isso, devido ao fato de ser ela própria uma Rainha e antiga Princesa. Mas depois de alguns segundos se deu conta que eles estavam se curvando em reverência a Zeus, o Rei do Olimpo e de todos os Deuses. Não para si. Whatever.

Quando estavam adentrando o Salão pela porta principal à oeste, Nimuë sem querer esbarrou em alguém. Estava se preparando para pedir desculpas, quando levantou o queixo e seus olhos encontraram um par de olhos azuis esverdeados lindíssimos. Os olhos mais lindos que já tinha visto. Bem como o rosto. O homem era loiro, possuía uma aura dourada ao redor de si, que lhe iluminava e lhe deixava arrebatadoramente atraente e lindo. Seu rosto era milimetricamente desenhado para ser atraente, bem como seu corpo alto e musculoso. Ele estava usando um terno marrom claro, com uma camiseta branca. Bem dentro da paleta de cores que ele costumava portar. Nimuë o encarou, e sentiu seu corpo inteiro se arrepiar quando ele lhe encarou de volta.  

— Apolo! — ela bradou, policiando-se para não abrir um sorriso bobo e idiota de estar vendo-o pela primeira vez desde que chegara ao Olimpo. O Deus Sol lhe olhou, estudou seu rosto, e então suavizou a expressão. Mudando para aquele tom cativante e familiar que a sereia estava habituada.

— Oi, raio de sol — ele respondeu, mas seu aspecto facial retornou à obscuridade e seriedade assim que Apolo bateu os olhos em quem estava atrás da sereia. Assim que ele bateu os olhos no Rei dos Deuses. Seu pai, mais precisamente. A sereia não compreendeu de um todo o porque uma aura perigosa e estranha se instalou entre eles, mas não teve como deixar de notar a hostilidade entre os dois. Apolo não era o filho preferido de Zeus? Estranho. O Rei dos Deuses deu um passo em frente, ficando no exato intervalo entre a sereia e o Deus Sol. Pai encarou filho, e filho encarou o pai de volta. Nimuë constatou que a semelhança entre os dois era realmente gritante. Possuíam exatamente a mesma altura e porte físico, e se não fosse pela cor de cabelo e olhos diferentes, poderiam ser considerados irmãos.

— Vocês estavam...? — Apolo tentou perguntar, com a expressão extremamente desconfiada, alternando olhares entre a sereia e o Todo Poderoso, mas se calou no meio da frase. Nimuë compreendeu qual era a dúvida dele. Sério mesmo que ele estava imaginando isso? Ele achava o que? Que a sereia era uma vagabunda que transaria com pai e filho? Com dias de diferença? Porque não fazia nem 2 dias que dormira com Apolo, no seu próprio Chalé. Zeus ignorou a pergunta do Deus Sol, e virou-se para a sereia. Dirigindo-se somente a si, porém com a voz em alto e bom tom.

— Obrigado pelo seu tempo e disposição, filha de Poseidon! — ele falou, erguendo a mão para que a sereia estendesse a sua. Lhe encarando tão profundamente com aqueles olhos azuis duros, que Nimuë se arrepiou. Estendeu a mão em direção a ele, e ele a beijou como um cavalheiro da idade média ou antiga faria. — Tenho certeza que nos encontraremos novamente muito em breve! — Zeus complementou, lhe dando por fim uma piscadinha leve e tranquila. A sereia não falou nada, apenas acenou com a cabeça e percebeu algo de diferente na sua mão. Um formigamento. Algo...estranho!

Quando virou-a percebeu que seu ferimento, antes aberto, estava se fechando. Demorou cerca de 3 segundos para sumir completamente, deixando a pele intacta tal qual estava antes da adaga. Será que...tinha sido ele? Ao tocar sua mão? Não deu tempo de agradecer o gesto generoso do Rei dos Deuses. Ele logo se afastou, lançando um olhar sugestivo para Apolo. Um olhar até mesmo divertido. O Deus Sol o ignorou, e concentrou-se somente na sereia. Na loirinha parada em sua frente, com um vestido preto lindíssimo e parecendo uma Deusa de tão bonita e arrebatadoramente espetacular.

— Você está bem? Ele... — Apolo lhe perguntou, referindo-se ao seu pai. Porém não conseguiu terminar a frase. A sereia logo o interrompeu, sanando suas aparentes preocupações.

— Ele foi respeitoso, Apolo. Não precisa se preocupar! Nós conversamos e entramos em um acordo para resolver a situação antagônica em que nos encontrávamos — Nimuë explicou, sem dar mais detalhes. E sem abrir oportunidade para que ele lhe perguntasse qual fora o acordo. Não sabia se queria compartilhar com o Deus Sol aquilo. Ele havia terminado consigo! Havia lhe dito que não queria mais estar em um relacionamento, e lhe deixara sozinha no Acampamento Meio-Sangue. Não guardava ressentimentos por isso, mas também não estava ávida para sair contando da sua vida e compartilhando seus segredos com ele. Precisava, primeiramente, contar para o seu pai. Isso sim.

— Fico feliz! De verdade — Apolo falou, olhando para o lado. De perfil, ele era mais lindo do que o normal. Nimuë teve até que baixar o olhar para não se desconcentrar. Ela limpou a garganta, e tentou não parecer nervosa na presença dele. No fundo nem acreditava que já tinha beijado um homem lindo daqueles. Que já tinha...transado com ele. Transado até demais. Havia feito anal, todas as posições possíveis, tinha se acabado de tanto fuder com o homem mais lindo do Olimpo e da história da mitologia grega. Isso era ou não era extremamente surreal?

— Eu...não vi você mais cedo — a sereia falou, ainda olhando para o chão e tentando controlar seus pensamentos sujos.

— Eu cheguei agora. Estava resolvendo uns assuntos pendentes — Apolo respondeu, dando um passo na sua direção. Nimuë levantou o queixo, e o encarou. Ele estava tão próximo...tão...

— Você está linda, se me permite o elogio — o Deus Sol lhe disse, colocando a mão no seu queixo e fazendo carinho. A sereia chegou a fechar os olhos com o tanto que seu corpo tremeu. Droga.

— Obrigada — ela respondeu, e desejou ter ficado quieta para o que sua boca falou a seguir — Eu...ainda sinto a sua falta!

Apolo sorriu, e colocou uma mecha do seu cabelo loiro de sereia para trás da orelha. Ainda lhe encarando, ou mais precisamente encarando sua boca, ele falou:

— Eu sinto a sua falta também, raio de sol. Queria muito dormir ao seu lado hoje.

— Então porque não dorme? — Nimuë fez a pergunta óbvia, imaginando que poderia muito bem dormir ali hoje. No Olimpo. Já conhecia o quarto dele mesmo. Não havia aceitado a proposta dele de dormir ali na primeira vez, por causa do medo que sentira de estar no Olimpo. Mas agora com certeza aceitaria. Não tinha mais esse problema.

— Você sabe o porquê! — o Deus Sol lhe respondeu, tirando o sorriso do rosto. — O seu coração já tem dono, e eu não entro em batalhas já vencidas! — Apolo complementou, referindo-se novamente ao filho de Hades. Nimuë suspirou fundo, e o olhou.

— Isso não é verd... — ela tentou falar, mas foi interrompida pelo loiro. Que colocou um dedo na frente da sua boca, lhe calando.

— Shhh! Que tal atravessarmos a noite sem mentir um pro outro? — ele sugeriu, de forma amena e tranquila. Sem brigar, sem um clima ruim, sem adversidades, sem hostilidade. Só o fato de Apolo, um Deus famoso por ter problemas com ex-namoradas, estar lhe tratando bem assim...já mostrava que ele realmente gostava de si. Que ele realmente estava lidando bem com esse assunto.

— Tudo be... — a sereia estava prestes a falar, quando uma voz masculina e forte surgiu pela esquerda. Agora sim num tom hostil, agora sim num tom ameaçador e perigoso. Nimuë chegou até a achar que era Zeus, inclusive a voz era parecida. Mas quando virou para o lado, percebeu que era outro Deus.

— Apolo! — o homem falou, dirigindo-se diretamente ao Olimpiano de olhos esverdeados e cabelo loiro.

— Poseidon! — o Deus Sol respondeu, encarando de cabeça erguida o Deus dos Mares e Oceanos que se aproximou e praticamente postou-se em frente a filha. Separando os dois.

— Não tens outro lugar para estar? — Poseidon lhe perguntou, depois de alguns segundos tenebrosos e ameaçadores em silêncio. A sereia chegou a tremer. Mais uma vez estava diante de um Deus poderoso, encarando outro. Mais uma vez a aura de hostilidade e ameaça estava no ar, entre duas pessoas capazes de explodir e aniquilar metade de população humana.

— Na verdade não — Apolo respondeu, sem perder a pose para Poseidon. Embora fosse bem claro que, por ser um dos Três Grandes, o Deus dos Mares era muito mais poderoso. Todos sabiam disso, inclusive o Deus Sol. Mas como ele mesmo dissera uma vez para a sereia, ele não tinha medo de ninguém. Em parte isso lhe lembrava de Kael di Maggio, e do embate entre os dois lá no refeitório do Acampamento Meio-Sangue. Kael, mesmo sabendo que Apolo era imortal e infinitamente mais poderoso, ainda sim não teve medo de encará-lo ou de lutar contra ele.

— Pai, por favor... — a sereia pediu, segurando o braço do Deus do Mares que estava parado na sua frente. Poseidon lhe olhou por cima do ombro, e abandonou um pouco da postura agressiva. Apolo aproveitou a deixa e lhe olhou. Era impressionante a forma que o olhar deve mudava quando lhe olhava, e quando olhava para Poseidon ou Zeus...ia, em segundos, de ameaça e hostilidade total para amabilidade e gentileza.

— A gente se vê depois, então! — o Deus Sol murmurou, lhe dando uma piscadinha rápida e se afastando em direção ao buffet.

— Ok — foi o máximo que a sereia conseguiu responder, mas quando se deu por conta ele já tinha ido. Nimuë bufou, e encarou o pai a sua frente.

— Você realmente vai continuar ameaçando qualquer homem que se aproximar de mim? Até quando? — ela o perguntou, percebendo que aquilo era um padrão. Poseidon já havia encarado Kael, quando o conheceu lá no Acampamento. Depois Zeus, há horas atrás no Baile. Hades também entrara no pacote. E agora Apolo. Era como se seu pai quisesse lhe colocar em uma caixinha de vidro e lhe isolar de todo e qualquer homem. Será que ele não perceberia que isso era impossível? E que a sereia era uma mulher, não uma criança que não pode se cuidar sozinha?

— Até o dia que eu morrer — Poseidon falou, com uma expressão dividida entre a severidade e a brincadeira. Nimuë bufou.

— Ou seja, nunca! — ela concluiu, porque o Deus do Mares era imortal. Seu pai sorriu, formando uns traços de idade nas pálpebras bem disfarçados pelo lindíssimo olhar verde dele.

— Feliz aniversário, minha filha! — Poseidon mudou de assunto, puxando-se para um abraço carinhoso e cheio de significado. A sereia aceitou os braços fortes e seguros do seu genitor ao redor de si, e sentiu-se sendo abraçada pelo mundo. De tão segura que ficava ali, naquele lugar.

— Obrigada, pai — ela falou, descansando a cabeça no ombro forte dele.

— Eu te amo — Poseidon falou, afagando seu cabelo loiro e suas costas.

— Eu também te amo! — a sereia lhe respondeu, levemente emocionada. Porém depois de alguns segundos desvencilhou-se do Soberano dos Mares e se deu conta de que...precisava contar para ele. Precisava dizer que havia feito um acordo com Zeus, sem nem ao menos lhe informar primeiro. Um acordo perigoso. Precisava pedir sua ajuda para conseguir enganar o Rei dos Deuses pelos próximos meses e dar andamento no seu plano. Na teoria, era um plano bom. Mas na prática tinha consciência do quanto seria difícil, e do quanto seu pai ficaria brabo no início. Droga.

E o pior de tudo é que essa nem era sua missão mais difícil para hoje. A missão mais difícil seria mais tarde, quando a sereia teria que retornar ao Acampamento Meio-Sangue e....dar um jeito de chamar o filho de Hades para conversar.

De acordo com o ultimato dado pelo Deus do Mundo Inferior, estava na hora de revelar para Kael seu segredo. Estava na hora de contar que ele iria ser pai. 

Mas será que conseguiria? Depois de tudo o que ele havia lhe dito? Depois de praticamente ter seu coração pisado e esmigalhado pelas palavras cruéis que foram direcionadas a si? 

 

Só havia um jeito de descobrir.

 


Notas Finais


GOSTARAM AMORES????????????? Os próximos vao ser babaaaaaadooooooo
ANSIOSOS?


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