História A doença de hanahaki. - A quarta pétala.

Mesmo quando as folhas secarem, mesmo quando o chão for coberto apenas por neve; não deixará de ser bonito.

Jimin não sabe amar só pela metade, não sabe viver na mentira, muito menos enganar para ser amado. Se for para voar que seja totalmente, se for para amar que seja verdadeiramente, se for para provar que seja até a última gota, se for para sofrer que seja por algo irreparável e também que se for para morrer que seja vivendo. Pois nada é tão prazeroso quanto.

Não existe viver pela metade. A vida é muito mais do que você imagina.

Um livro não se torna bom só por uma capa bem editada, um jogo de futebol não é ruim só porquê o seu time favorito perdeu.

Emoções fazem tudo valer a pena; expectativas, sorrisos, choros, tudo é apenas um globo trancado com emoções.

Todos se dizem tão diferentes, mas Jimin os acha tão iguais.

Jeon não é culpado por tudo isso acontecer, nem Jimin.

Talvez o culpado seja o cheiro de pétalas de cerejeira que entopem suas narinas desde a primavera. Ou, então, esse fim de outono que o trouxe tantas surpresas.

Park Jimin não sabe ao certo, mas apesar de estar morrendo por dentro; ele ainda continuará amando Jungkook de uma maneira intensa e inocente.

Talvez não seja recíproco, mas quem se importa?

A vida, de qualquer forma, é uma caixinha de surpresas.

[...]

Já se passaram algumas poucas horas, Taehyung não permite Jimin ler o quê está no livro, pois ele próprio já tem medo do que pode achar.

Mesmo que seja inacreditável e imbecil para qualquer ser humano, ele acredita.

Só pelo fato de Jimin ter dito mesmo que não conhecendo tal história;

Pobre Jimin; pensa Kim Taehyung.

Sempre sendo trouxa.

– Me deixe ler isso, Tae! – Exige o mais baixo arrastando-se pela lateral da mesa numa tentativa falha de espiar o quê o louro está                  lendo.

Taehyung solta um chiado e em seguida um estalo de frustração.

– Para de encher o saco, porra! – Grita em pura raiva. Jimin estremece com o grito repentino e se aquieta em sua cadeira. Taehyung se arrepende do modo como tratou o outro.

– Desculpe, mas é pro seu bem... – Massageia suas têmporas enquanto encara o moreno com um sorriso nervoso. – O que tem demais nesse livro? – Pergunta em tom de negação; como se de fato não houvesse nada interessante ou importante nele. – Eu ainda não posso te contar. – Esquiva Tae. Ele não poderia contar sem antes ter uma resposta para isso. Precisará então ler o livro inteiro? Corre os olhos pelos capítulos tentando encontrar um que lhe mostrasse a cura, os sintomas, qualquer coisa.

 – “Um amor não correspondido há anos resulta em flores em seu peito. Que conto de fadas, não? Min Jae não teve o amor correspondido e agora tosse pétalas de rosas; que é à flor da espécie favorita de sua amada.” – Lê em seu pensamento, apenas para si.

 – Jimin. – Chama Taehyung monótono. – Uh? – Toma a atenção do moreno. – Qual a espécie da flor que Jungkook mais gosta? – Jimin não entende a pergunta repentina e solta uma risada. – Uh? – Ri mais um pouco. – Por que? Quer presentear ele? – Coça detrás de sua cabeça. – Não é necessário. Nós já temos uma árvore cheia das flores que ele mais ama em nosso quintal. – Solta a respiração. Taehyung quase bate no outro por te lhe provocado; mas, ao invés disso, tenta se lembrar de que espécie é a árvore instalada no quintal do moreno.

E então se lembra.

E se arrepende profundamente de perceber que tudo se conecta.

Jimin de fato está doente.

Taehyung larga o livro na mesa com toda sua força e corre até Jimin o abraçando.

 – E-e-eu... – Lágrimas das mais salgadas e tristes descem por suas bochechas o deixando corado. Jimin não entende absolutamente nada. – Eu não quero te perder, chimchim. – Soluça alto e aperta o moreno com mais força. – Por favor, chimchim. – implora entre os soluços – Eu não quero te perder. 

 E ficam ali, naquela noite quase madrugada na biblioteca apenas trocando afeto enquanto Taehyung chora. Jimin não perguntara nada, não ainda.

No fundo, de qualquer maneira, ele já sabia a resposta.

Jimin gostaria de encher o coração de Jeon com todas as pétalas de sua alma.
 Mas está morrendo aos poucos, perdido em teus pensamentos diáfanos.
 E o que pode fazer agora? Senão o amar por inteiro, o desejar por agora?

X

Jungkook observa a noite perfeita já formada.

Bloqueia seu pensamento do mundo externo e conecta-se a si próprio.

Ele também precisa pensar, precisa descobrir uma resposta.

A árvore de cerejeira está ficando mais seca cada vez que o inverno se aproxima.

 Ainda restam algumas pétalas, mas em breve estará apenas o tronco pedindo por sol; e ele sabe disso.

Não deixa de ser bonito acompanhar o desenvolvimento das estações e o quanto isso afeta aquela árvore.

– Jimin está demorando, não acha? – Pergunta Hoseok largando o videogame portátil no carpete. – Uh? – Jeon tira seu olhar da janela e encara Hoseok, cortando seus devaneios.

– J-I-M-I-N E-S-T-Á D-E-M-O-R-A-N-D-O – Soletra Hoseok. – Ah. – Jungkook ri pela idiotice do outro. – Ele está com Taehyung, deve estar bem.  – Hoseok concorda. Levanta-se do sofá e chega por trás de Jungkook cutucando sua nuca, em seguida tomando sua atenção.

– Você e Jimin são bem próximos. – Ri sem graça. Jungkook nada responde, até porquê não foi uma pergunta. – Mas acho que Jimin é mais próximo de você do que você dele. – mexee no próprio cabelo a fim de arruma-lo. – Como assim? – Pergunta sem entender. O que Hope queria dizer com isso? – Ah, sei lá... – cospe as palavras.

– Às vezes eu acho que ele quer ter algo a mais com você. – Fala da forma mais natural possível. – Como assim? A-algo a mais? – Jungkook não pensara de tal forma sobre o amigo. Nunca reparou algo “gay”. A troca de afetos nunca se tornou algo fora do normal e ele nunca levou na maldade, afinal, são amigos há tantos anos que é quase um afeto de irmãos. Nada fora do comum. – É sério que você nunca reparou nada estranho nele? – Debocha Hoseok. – Vamos lá, Kookie. – cutuca a testa do amigo.

– Aish, Jimin ainda não chegou? – Acende a tela de seu celular e observa que já são 04:48 da madrugada. Rola o dedo pelos contatos e liga para Taehyung; que era sua última esperança – Onde está Jimin? – Pergunta frustrado. – Já são quatro horas da manhã e ele ainda não chegou. – cospe as palavras de tão rápidas e emboladas que saíram. Ouve um bocejo do outro lado da linha e sua irritação aumenta. – Eu não estou com ele. – responde monótono desligando a chamada antes do outro responder. – Filho da puta – Bufa.

Anda apressado de um lado para o outro pensando em onde Jimin está.

Aquieta seus passos quando ouve um barulho vindo de seu quintal.

Corre para ver da onde o barulho saiu até que, da janela, avista Jimin bêbado e abraçado na árvore de cerejeira. – Jungkook-ah – Chama entre os soluços. – Por que você não me ama como ama ela? – pergunta para a árvore. Jungkook ri baixinho e apenas observa. – JUNGKOOK-AH! – Grita e bate no tronco da árvore. Resmunga pela dor que causara em seu punho. – P-por que você... – Solta a árvore do abraço e deita ali.

Jungkook ri em como facilmente o outro pegara no sono.

– “Por que você não me ama como ama ela?” – repete para si mesmo.

Não tinha uma resposta concreta para dar a Hoseok, então apenas virou-se em direção a janela e ficou observando o céu nublado da noite de outono.

Para ele não importa se Jimin é ou não algo.

 Ele só quer o ver feliz.